sábado, 28 de fevereiro de 2015

O antigo "admirável mundo novo"...

Eis-me aqui, outra vez. 

Depois de meu último post inflamado e furioso, quero continuar no mesmo espírito audacioso - mas, dessa vez, não li nada que me despertou indignação nas redes sociais. Sem mais demora, vamos adiante. 


Primeiramente, o título desse post é um tanto ousado, pois faz uma sutil alusão ao livro do Aldous Huxley chamado "Admirável Mundo Novo", bastante ovacionado entre certos intelectuais - eu, na verdade, nunca li o livro [e, exatamente por isso, não falarei dele em si como se soubesse exatamente do que se trata] mas, de maneira mais lúdica (porém racional), tentarei falar a respeito do que seu título talvez queira nos dizer, mas que poucos conseguem ver.

Admirável mundo.

Considerando a época em que o livro foi escrito, suponho que o autor tenha vivenciado de perto a efervescência de muitas ideias intrigantes e revolucionárias, especialmente quanto à sociedade, política, religião e afins. Além disso, imagino que algumas dessas ideias estejam presentes na obra - particularmente, a busca de um mundo futuro perfeito e ideal, totalmente diferente de tudo que vivemos até agora, como um sinal de rompimento com toda a tradição antiga (seja social, seja cultural, seja religiosa etc.) para alcançar algo novo, o "admirável mundo novo". Partindo-se desse pressuposto, podemos associar esse pensamento à busca mais ávida da humanidade atual, cada vez mais insatisfeita com tudo e com todos, sempre correndo atrás de "novos paradigmas", "novos direitos" e "novas modalidades sociais", porém cada vez mais sem sucesso - ora, quanto mais se ocupa espaços, mais se faz "mimimi". Algo nesse provável "admirável mundo novo" está errado ou, por outro lado, esse "mundo" futuro simplesmente é uma ilusão. 


Porém, esse texto tem um título aparentemente inusitado, pois o que seria um "antigo admirável mundo novo"? Se é antigo, não pode ser novo e vice-versa, não é? Não, não necessariamente.

De fato, sempre que penso nesse tipo de coisa (em velho e novo, repetições e descobertas), me vem na mente uma frase do rei Salomão, que certa vez disse:

O que foi, isso é o que há de ser; e o que foi feito, isso se tornará a fazer; de modo que não há nada de novo debaixo do sol. [Eclesiastes 1:9] 

O sábio está com a razão - por mais que as molduras mudem, os quadros são os mesmos. Por mais que as coberturas mudem, são os mesmos bolos com os mesmos recheios de muitos anos atrás. O que aconteceu ontem se repete hoje, e o que se faz se fará outra vez semana que vem. Não há nada de novo diante de nossos olhos e, mesmo assim, eles "não se fartam de ver" as mesmas coisas bem como "os nossos ouvidos de ouvir". Ou seja, o que é provavelmente descrito por Huxley como o "Admirável Mundo Novo" já deve ter passado pela mente de alguém antes dele ou mesmo depois (mas que nunca tenha lido o livro). Em suma, se faz oportuna a citação do Cazuza, que dizia que "via um museu de grandes novidades" - isto é, os "grandes inovadores" simplesmente exibem suas descobertas nos "museus das esquinas de cada dia"


Mas... existe mesmo esse tal "antigo admirável mundo novo"?

Se algo é antigo e novo ao mesmo tempo, esse algo não pode ser limitado à esfera temporal da vida - ou seja, é atemporal, eterno. Ora, se algo é eterno em sua natureza, ele só pode ser proveniente de uma Única Fonte - O Eterno, O Atemporal, O Ilimitado, Deus. Deus?

O que Deus pode ter a ver com esse "admirável mundo novo" - o qual, até onde sei, foi idealizado por um escritor provavelmente humanista e ateu?

Na verdade, as Escrituras Sagradas falam de uma espécie de "admirável mundo novo", porém bem diferente daquele mundo onde as coisas "antigas" deveriam ser consideradas obsoletas, retrógradas e opressivas e, por isso, algo novo utópico e hipotético precisa ser buscado como substituto dessa "velha ordem". Em vez de uma "nova ordem", as Escrituras falam de uma ordem que desde sempre foi estabelecida por Aquele que é Eterno, Deus, o Criador, a qual não pode nem precisa ser mudada, visto que um Ser perfeito não precisa repensar os Seus próprios atos, como se houvesse o risco de equívoco. Que seria esse "antigo admirável mundo novo"?

Jesus Cristo, conforme registrado pelo evangelista Mateus, disse que virá o dia em que Ele mesmo convidará a todos os Seus escolhidos, os "benditos de Seu Pai", para "virem e tomarem posse do reino que está preparado desde a fundação do mundo" (Mateus 25:34). Um reino preparado desde a fundação do mundo - não havia céus, não havia terra, não havia galáxias, não havia mares, não havia animais nem plantas, não havia homem, não havia nada, exceto Deus e Sua solitude. Meio que de repente, Ele prepara um reino, o Seu reino, preparado para que num futuro seja desfrutado por um povo que Ele mesmo criaria e chamaria para Si mesmo, os "benditos do Pai", os "Seus escolhidos". Em outros lugares, o mesmo Jesus disse que "o reino de Deus está entre nós" e que "foi do agrado do Pai dar-nos o Reino" - isto é, o mesmo Reino que está pronto desde o princípio já começou a ser uma realidade [desde a vinda de Jesus, o Filho de Deus] e foi dado por Deus de graça a todos os que O seguem verdadeiramente. É o "antigo admirável mundo" - pois "o que o olho não viu, o ouvi não ouviu e jamais penetrou no coração do homem, é isso que Deus tem preparado para aqueles que O amam" [1 Coríntios 2:9].


Entretanto... se esse "reino" já foi preparado desde a fundação do mundo, como pode ser "novo"?

Nesse caso, o reino que Deus preparou (conforme as próprias palavras de Jesus) ainda não está estabelecido plenamente, pois algumas das várias profecias presentes nas Escrituras sobre o "fim do mundo" falam que só naqueles últimos dias "todos os reinos do mundo passarão a ser de nosso Senhor e de Seu Cristo, que reinará para todo o sempre" (Apocalipse 11:15). Ou seja - chegará o dia em que ninguém subsistirá diante do poder Daquele que tem todo o poder. Nada vai adiantar para promover escape, fuga ou refúgio, pois quando isso vier a acontecer será "o dia da ira do Cordeiro" [o mesmo Cordeiro que tira o pecado do mundo, mas que agora virá para emitir seu justo julgamento], diante da qual ninguém pode permanecer, a não ser aqueles que já foram livrados dessa mesma ira - uma ira violenta, voraz, furiosa e flamejante, que será derramada sem misericórdia. Em que grupo você está? No daqueles que permanecem ignorando a Cristo e, assim, estão sob a iminente condenação divina, ou no grupo dos que creram Nele e foram perdoados e, por isso, estão livres de qualquer punição? 


Finalmente, o "Antigo Admirável Mundo Novo" [antigo porque foi preparado pelo Seu supremo Arquiteto desde sempre, e novo porque ainda virá de maneira plena e gloriosa] falado nesse texto não é mais um tema literário qualquer - é aquilo que o próprio Deus disse ser Sua Palavra, pela qual muitos, desde os primeiros séculos até hoje [talvez hoje mais que antigamente], têm dado a própria vida. Muitos foram [e ainda são] serrados ao meio, mortos ao fio da espada, queimados vivos, assassinados pelos próprios compatriotas, presos em masmorras até a morte, decapitados, crucificados, desprezados pelas suas famílias, saqueados ou mesmo castrados - fazendo isso em paz, resignação e até mesmo com alegria. Será mesmo possível alguém passar por essas coisas e ser resignado, ter paz e expressar alegria? Sim, mas apenas quando a alegria que se tem é superior a toda perda, dor, aflição ou sofrimento. Em outras palavras, quem sabe que é somente um "peregrino em busca de uma pátria melhor" [mesmo que essa "pátria" seja precedida de "ilhas solitárias" ou "serpentes do mar"], sabe que nada poderá ser mais gratificante do que "completar a jornada" e chegar no destino para o qual foi determinado.

Enfim, o "antigo admirável mundo novo" é onde as "velhas verdades" continuarão sempre sendo atuais [uma vez que são eternas], onde não haverá espaço para "novos paradigmas" ou "novas ordens sociais" que não sejam conforme a decisão Dele e, especialmente, é um "mundo" realmente admirável - ora, um lugar em que não há morte, choro, pranto ou dor, em que a luz do sol bem como a da lua serão desnecessárias por causa do resplendor do Seu Rei e, sobretudo, onde haverá felicidade eterna e plena, só pode ser, no mínimo, admirável; porém, mais admirável e digno de ser eternamente apreciado não é o "mundo" em si, mas Aquele que o preparou, para Quem são todas as coisas e a Quem é devida toda a honra.



E então? Que mundo te espera depois dessa vida aqui? Ou, que tipo de "admirável mundo" você tem procurado?
Um mundo "novo" utópico em que o destino é a ilusão e o sofrimento, ou o mundo "antigo", prometido por quem não pode falhar nem mentir?





Pela certeza de ser herdeiro do "antigo admirável mundo novo",





Soli Deo Gloria!

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