quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O doce som do silêncio...

Após navegarmos pelos rios tortuosos mas sem perdermos o rumo, vamos para as novidades.

Na verdade, não há nada de novo debaixo do sol, como dizia o sábio rei Salomão - mas, por assim dizer, tenho algumas coisas novas para colocar aqui.


Pelo título do post, eu não deveria escrever ou dizer nada aqui - pois a ideia é falar do silêncio como algo agradável, como se fosse uma bela música... E daí? Por que eu estou insistindo em escrever? Talvez porque o pouco que tenho a dizer acabe inspirando a cada leitor deste texto (a começar de mim) a valorizar mais o silêncio.

Bem, vamos ao que interessa.

Ontem, navegando pelo facebook, vi uma frase que me chamou muito a atenção...


Verdade.
Uma grande verdade.
A frase é autoexplicativa.

Como li certa vez em outro lugar: "...só use palavras quando tiver certeza de que elas serão melhores do que o seu silêncio".

Primeiramente, sabemos que as palavras conferem beleza e graça, trazem a verdade à tona, nos confortam e nos ensinam - quando elas são bem usadas, claro. Por outro lado, elas também podem ferir e machucar trazendo, desse modo, amargura e sofrimento pra quem as ouve. Entretanto, pensando melhor, aqueles que fazem mau uso das palavras também são vítimas de si mesmos, visto que não percebem que o que dizem vem do coração e, portanto, estão cheios de amargura, frieza e insensibilidade


Saindo de minha opinião particular e me prendendo somente ao que a Bíblia diz, pode-se ver que:

"...a boca fala do que está cheio o coração..." [Mateus 12:34b]

"...Não saia da boca de vocês nenhuma palavra torpe, mas apenas a que for útil para promover edificação para os outros, conforme a necessidade, a fim de conferir graça aos que a ouvem..." [Efésios 4:29]

"...a vida e a morte estão no poder da língua..." [Provérbios 18:21a]

"...Pois quem quiser amar a vida e ver os dias bons, guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade..." [1 Pedro 3:10]


O que sai da boca vem do coração. Por isso, Jesus afirma em outro trecho dos evangelhos que "...são essas coisas que contaminam o homem...". Portanto, se as nossas palavras são duras, áridas, ausentes de graça e de verdade, estamos nos contaminando - a nós mesmos e aos outros. Logo, a orientação das Escrituras é clara: nós devemos abrir a nossa "linda boquinha" apenas quando o que vamos dizer for edificante, válido, proveitoso e venha trazer graça a quem nos ouve, ao invés de amargura e dor. Fui claro?

Mais do que isso: a vida e a morte estão no poder da língua. Ou seja: as palavras podem trazer vida e podem matar. Não quero aqui defender o pensamento da "confissão positiva" ou "confissão negativa"- isso não tem base nas Escrituras - , mas as palavras deixam marcas profundas que muitas vezes permanecem. E permanecem mesmo. Se forem boas marcas, a lembrança faz bem. Se forem más, a dor sempre volta a aparecer. Portanto, devemos ser cuidadosos com as palavras. Melhor é, muitas vezes, ficar em silêncio e dar um sorriso. Verdadeiramente, um dia sem um sorriso é um dia perdido.



Finalmente, quero relembrar os dois momentos de silêncio [em minha modesta opinião]
mais impressionantes da história.

1. Jesus Cristo, numa conversa com Pôncio Pilatos, depois de dizer que "...todo aquele que é da verdade ouve a Sua voz... [João 18:37b], é questionado por este que diz: "...o que é a verdade?". Jesus não responde a Pilatos. Que silêncio estarrecedor!

2. Na cruz, sofrendo todas as dores possíveis - físicas, emocionais e espirituais, por causa dos pecados cometidos por mim e por você -, Jesus diz as duas palavras mais insanas da história: "Está consumado!" [João 19:30b]. Depois, seguiu-se um total silêncio. 



Tudo havia terminado. Deus prova o Seu amor de forma inquestionável para com homens pecadores. O justo Filho de Deus dá voluntariamente a Sua vida pelos injustos, como você e eu. Não temos outra reação senão nos silenciarmos em admiração diante de tudo isso - um Deus que decide tomar a forma de uma de Suas criaturas a fim de morrer por amor a muitas delas. Ah, isso me lembra um velho hino do século XVIII que diz: "...Incrível Graça, quão doce o som que salvou um verme como eu...". Sem comentários.

Quero encerrar este post recordando algo que vi no filme "O som do coração": A música está em todo lugar, basta fechar os olhos e escutar...



E você? Já ouviu esse "doce som" da graça Dele? 
Se ouviu, simplesmente silencie e se deleite Nele.
Se não ouviu, esqueça tudo ao seu redor e ouça... A Graça está em todo lugar, basta sentir e se render.



Pela doçura de estar em silêncio diante da Graça Dele,




Soli Deo Gloria!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Sem perder o rumo...

Sábado, 16 de fevereiro de 2013. 

Aqui estou para tentar escrever algo que está em minha mente desde o final do ano passado mas, por alguns motivos de força maior, só pude expor agora. Mais uma vez, como sempre digo, espero fazer algo válido neste post.

Há uma semana pessoas do mundo inteiro estavam em clima de festa, devido ao feriado de carnaval. No caso do Brasil, víamos os sambódromos lotados e cheios de alegorias, pessoas fantasiadas e muito samba no pé. Outras cidades estavam com suas ruas tomadas de blocos, trios elétricos e muito som. Era um verdadeiro "ziriguidum" [risos]! Mas, como diz certa canção, "todo carnaval tem seu fim". Agora a vida voltou ao normal - trabalho, faculdade, família. Sejamos bem-vindos à realidade, se ainda estamos vivos.


Bem, dessa vez eu não quero falar sobre o carnaval - já fiz isso no ano passado neste mesmo período. Vou ousar um pouco.

Ultimamente, tenho pensado bastante nos versos de uma música onde se diz:

"E é por isso que vou nesse rio torto
Sem fronteiras pra ninguém
Sem perder o rumo vou me encontrar também..." [Rio torto, Palavrantiga]

Sempre que ouço essa música me concentro em duas coisas: nos seus arranjos de metais (muito bonitos, por sinal) e nessa parte da letra que, para mim, poetiza um dos princípios mais importantes da vida: considerando que a vida de cada um de nós seja um "curso de um rio", nem sempre o percurso do seu "leito" é regular - existem pedras, locais de erosão ou assoreamento, quedas d'água, afluentes etc. - e, por isso, os rios se "entortam" ao longo de sua extensão. Traduzindo: a vida nem sempre caminha em linha reta, sem desvios ou declives. Em alguns momentos tudo fica torto mesmo e, como diz um dos meus sábios favoritos, "...o que é torto não se pode endireitar...". Não adianta tentarmos mudar as coisas. Elas são como precisam ser. O que nos resta é saber lidar com isso. Simplesmente. 


Por outro lado, o poeta da música expressa seu desejo de ir "nesse rio torto...". Além disso, ele diz na mesma letra que esse rio é um "rio que corre sem pressa". O que isso quer dizer? Para mim, o poeta não tem medo de aproveitar a vida como ela é ao desfrutar um dia de cada vez, remontando a um dos salmos bíblicos mais belos, onde se lê:

Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios. [Salmo 90, vs. 12].

A vida humana é, em certo sentido, um rio sem fronteiras. Não sabemos com exatidão (ou seria precisão? Estatísticos, me ajudem! rs] até onde podemos ir ou, na prática, quais os limites que descobriremos no decorrer dos dias ou aqueles que superaremos. Mas, apesar de não termos esse controle, devemos reconhecer que nossos dias devem ser "bem contados". De acordo com o salmista, não sabemos "contar bem" os nossos dias; logo, ele suplica ao Único que é verdadeiramente sábio para nos ensinar. Eu estou no mesmo barco: não sou capaz de viver com um coração sábio se Deus não me conceder esse coração. Mais do que isso: nem você nem ninguém é capaz disso. Só por Ele.


Sem perder o rumo.

O rio é torto e sem fronteiras, mas não perdemos o rumo. Isso faz sentido? Sim, totalmente. "Insanamente". 

Ao se percorrer um caminho tortuoso e sem fronteiras ou demarcações, espera-se que se perca o rumo em algum momento. Ora, se existem desvios ao longo da caminhada e não existem metas ou alvos a serem alcançados, como manter o rumo? 


O rumo é mantido porque, em última instância, não somos nós que determinamos o caminho pelo qual seguimos. Por mais que sejamos seres conscientes e responsáveis por nossas ações, o mesmo sábio mencionado antes no texto também disse:

O coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; Ele o inclina para onde quer. [Provérbios de Salomão, cap. 21, vs. 1]

Nesse verso, Salomão fala do coração do rei referindo-se a si mesmo (ele era rei do povo israelita nessa época). Isto é, a ideia central dessa passagem é que o coração de todo ser humano é como um rio nas mãos de Deus, e este o dirige como quiser. Nós continuamos tendo um coração [com todos os nossos desejos, valores, vontades etc.], mas Deus o dirige segundo o Seu desejo. Se assim não fosse, Ele não seria totalmente Deus. E, exatamente pelo fato de que Ele é totalmente Deus, podemos estar certos de que os "rios tortos" pelos quais navegamos têm, cada um, o seu rumo certo. 


Finalmente, a música termina dizendo que "...sem perder o rumo vou me encontrar também...". O fim de todo "rio torto" é a descoberta de quem de fato somos, de onde viemos e para onde iremos. 

Nesse sentido, quero dizer que alguns vão "se encontrar" de um jeito e outros vão "se encontrar" de outro jeito. Você sabe onde você vai "se encontrar"? As Escrituras dão somente duas alternativas: "se encontrar" com Deus numa eternidade sem sofrimento ou "se encontrar" sem Deus numa eternidade com tormento [Mateus 25:46]. Antes de tudo, todos nós estamos na segunda opção [Efésios 2:2-3] mas, se crermos de todo o coração em Jesus Cristo como o Filho de Deus que morreu pelos nossos pecados, mudaremos de opção.

 

Deus amou o mundo e deu o Seu Filho para que todo o que Nele crê tenha a vida eterna. Ele não precisa fazer mais nada; agora, nos resta reconhecer o Seu amor e ir ao encontro DEle - somente assim poderemos, de fato, "nos encontrar também". Como li em outro lugar: "...agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente como também sou conhecido". Você quer se encontrar? Não perca seu rumo; encontre-se Nele.



Pela certeza de que estou no Rumo Certo,



Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O Sertão vai virar mar...

Um mês se passou e eu estou de volta.

No post anterior, falei sobre o Projeto Férias no Sertão [um trabalho organizado pela Associação Agape Sertão e pelo projeto Plantar Igrejas no Sertão em parceria com a Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo] e todas as expectativas e intenções relacionadas a mais um janeiro em missão. 


Como sempre, todas as expectativas foram supridas, mas muito do que aconteceu me surpreendeu. Nunca me esquecerei dos vários momentos preciosos e divertidos. Entretanto, terei também lembranças muito dolorosas. Enfim, depois que se vai para o Sertão, não se pode permanecer mais o mesmo.


8 de janeiro de 2013, 4:30am.
Aqui se iniciou, oficialmente, minha jornada rumo a Quixaba, sertão pernambucano. 

Após muito tempo de espera, entrei no ônibus que levava a equipe do Projeto Sertão e comecei a encarar a estrada. 
Após cerca de 20h de viagem, chegamos ao nosso destino. E, para tornar a viagem mais legal, no primeiro dia eu fui dormir nas primeiras poltronas do ônibus. Já eram mais de 4h da madrugada.
No primeiro dia, ficamos a maior parte do tempo em treinamento e momentos devocionais incluindo, no final do dia, um bate-papo com a nossa psicóloga Graça [sem trocadilhos teológicos, rs]. 

Por outro lado, a partir do segundo dia de projeto, começamos a atuar em regiões específicas da cidade [bairros de São Sebastião, no centro e no Sítio Barros]. Nossa equipe era dividida em grupos e, por sorte, fiquei no grupo que iria atuar na área mais pobre. 

Mas você pode estar se perguntando: sorte? Que sorte? 

Sim, sorte. Mais do que isso: privilégio. Conhecer aquelas ruas de terra sem iluminação noturna, aquelas casas bem simples e, acima de tudo, conhecer pessoas que, apesar da situação em que vivem, sempre andam com um sorriso no rosto ou jogam futebol no campo de terra como se estivessem no Delle Api [estádio da Juventus de Torino], me relembram o quanto eu devo ser grato pela vida que tenho e, dessa forma, o quanto devo reconhecer o amor e o cuidado de Deus em tudo. 


Nossa rotina foi bem agitada: acordávamos quase sempre às 7h para o café e, logo em seguida, tínhamos o tempo devocional. Em seguida, saíamos pela cidade para o evangelismo e, na medida em que as pessoas com quem conversávamos mostravam interesse em aprender mais sobre o Evangelho, marcávamos um tempo de ensino a posteriori [discipulado]. Voltávamos para o almoço e, após um tempo livre, saíamos novamente para o evangelismo/discipulado toda tarde. Finalmente, as noites também eram preenchidas [exibição de filmes para evangelismo, reuniões de oração, tempo de homens e tempo de mulheres etc.] e, em alguns momentos, realizamos impactos em localidades próximas [Sítio Carnaubinha e Coqueiro Alto]. Nas noites de domingo, nos uníamos à Igreja Batista de Quixaba para o culto - nesse caso, tivemos a oportunidade de servir junto àqueles irmãos nos momentos de louvor. 

Enquanto escrevo este texto, tenho vontade de voltar no tempo e fazer tudo de novo. Nada pode trazer mais satisfação a mim do que a certeza de estar me unindo ao que Deus está fazendo pelo mundo - seja na Itália, seja em Minas Gerais ou no meu querido sertão. Nele vivemos. Nele nos movemos. Nele existimos. 


Diante de tantas coisas que aconteceram neste projeto - evangelismo, discipulado, impactos, Tarde da Beleza para mulheres, trabalhos com a igreja etc. -, minhas lembranças mais valiosas estão nos momentos mais simples [especialmente o futebol com as crianças do Sítio Barros e a Escola Bíblica de Férias/EBF]. Embora eu não seja talentoso com a bola nos pés, foi muito bom me sujar de terra e fazer dois gols pelo meu time no dia do futebol. Detalhe: estava de camisa branca e meias brancas... Sacaram o resultado? Além disso, me fantasiar para tocar as músicas infantis e dar um pouco de alegria àquelas crianças tão sofridas me fez ver que eu posso ser útil para trazer um pouco de Deus para elas. Cada dia era um visual novo. Certamente, se um dia eu voltar ali, serei lembrado por muitas daquelas crianças. Isso é verdadeiramente gratificante. 


Em último lugar, encerramos nosso tempo de projeto com um evento na praça principal da cidade - com música, teatro e pregação. Foi bom ter a oportunidade de fazer com que as pessoas que nos receberam tão bem em suas casas [quase sempre com direito a biscoitos, refrigerante e frutas] ouvissem, mais uma vez, a mensagem de Cristo - aonde o som chegasse. 

Voltamos para o ônibus e pegamos novamente a estrada.
Viajamos cerca de 22h e chegamos em Andaraí/BA, local já conhecido de muitos de nosso grupo. Lá reencontramos algumas pessoas da igreja com a qual sempre fizemos parceira em projetos e ficamos lá no dia seguinte.


28 de janeiro de 2013. Horário de almoço. 
Lembrar disso me corta o coração pois, nesse dia e horário, perdemos alguém muito precioso. 
Não gostaria de me prender a detalhes. 
Quero somente ratificar que a nossa vida é um sopro e que, desse modo, temos de vivê-la intensamente. Mais do que isso: temos de vivê-la intensamente em Deus, por Ele e para Ele. 
A lembrança desta pessoa especial [que agora está perto Daquele a quem serviu com tanta seriedade durante sua vida tão curta] me reacendeu a chama do temor sincero e do primeiro amor. E não somente em mim, mas em todos que a conheceram durante o projeto.
Mesmo com a dor da perda, sabemos que Deus continua no controle de tudo. Sempre.


Após quase um mês fora de casa, estou plenamente convicto de que fiz o que deveria fazer. Por mais que meu coração estivesse triste por não ter retornado à Itália para continuar a fazer missão [ou por ter, mais uma vez, adiado meu retorno a um projeto integral do Brasil Música e Missão/BMM], sei que fiz a coisa certa. Deus esteve o tempo todo em tudo. 

Autoconfrontação. Crescimento pessoal. Valorização da vida que tenho. Amor pelos mais humildes. Resgate das lembranças da infância. Oportunidade de compartilhar Cristo num contexto bem diferente do que estava acostumado. Fazer novos amigos e estreitar os relacionamentos existentes. Poderia falar de várias outras coisas, mas resumo o Projeto Sertão em uma palavra: gratificante. Espero voltar em breve, se assim tiver de ser. 

Meu desejo é somente um: que o Sertão vire mar, quando a Água da Vida no coração de cada nordestino entrar... 




Pela satisfação de levar a Água Viva para o Sertão,



Soli Deo Gloria!