sexta-feira, 31 de agosto de 2012

E setembro vem chegando...

Demorei mas estou aqui.

Após dias bastante agitados (trabalho, mestrado, igreja, reforma em casa, rinite etc.) e a falta de inspiração para escrever aqui [risos], surgiu uma ideia e decidi escrever de novo. 


Mais um mês do ano está chegando ao fim hoje e um novo mês começa a partir de amanhã. Setembro está às portas e, por isso, relembro os seguintes versos:

"Quando entrar setembro
E a boa-nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão onde a gente plantou
Juntos outra vez..."
[Sol de primavera - Ronaldo Bastos e Beto Guedes]


Essa música traduz bem o que tenho pensado nos últimos dias. Mas deixem-me dizer quais pensamentos são esses. Vamos em frente. 

De um modo geral, todos nós temos um certo fascínio pela primavera. Ela é conhecida como a estação das flores, do romantismo e do clima agradável. Além disso, ela é descrita como símbolo de uma mudança de vida para um melhor estágio - a transição do inverno frio e sem cores para um tempo novo e feliz. Entretanto, não é esse o meu objetivo. Ora, este blog é um blog de subversão. Mesmices não combinam comigo. 

Primeiramente, quando penso na questão de que existem momentos da vida melhores do que outros, sempre me recordo do que o rei Salomão disse em seus escritos, registrados no livro de Eclesiastes, onde se lê:

"Não digas: porque os dias anteriores eram melhores do que estes? Porque não é sábio questionar isto. [...] Considera a obra de Deus: porque quem pode endireitar o que Ele fez torto? No dia da prosperidade goza do bem mas, no dia da adversidade, reflete. Deus fez tanto este quanto aquele, para que o homem não saiba o que há de vir depois dele". 
[Eclesiastes 7:10, 13-14]


Do nosso ponto de vista, existem dias melhores do que outros. É bem melhor passar alguns dias fazendo um tour pela Europa do que no hospital cuidando de algum parente. É bem melhor acordar tarde durante um mês de férias da faculdade do que passar alguns meses acordando cedo durante o período de preparação para o vestibular ou o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Mas a nossa perspectiva não é a que prevalece. Ela não pode permanecer. 

Não há conselho contra o que Deus determinou. Nada subsiste, a não ser o seu desígnio (Provérbios 21:30). 

Do ponto de vista das Escrituras, todos os dias foram feitos por Deus. Logo, todos os dias são perfeitos da forma como se nos apresentam, a despeito de como os enxergamos. Ele faz os dias bons e os dias maus. Ele nos dá tempos de prosperidade e alegria e também nos faz viver dias difíceis e de escassez. Deus é Deus. Ele faz dessa maneira para que ninguém presuma sobre o próprio futuro. Como se pode ler em outro lugar das Escrituras: a nossa vida é como um vapor que aparece por pouco tempo e depois se desvanece. Isso nos mostra que "...se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isso ou aquilo..." [Tiago 4:15]. Tudo depende de Deus. Se Ele quiser, viveremos; se vivermos, faremos isso ou aquilo. Simples assim. 


Voltando para os versos do início, setembro está entrando e a boa-nova está andando pelos campos. Boa-nova é o mesmo que boa notícia. E, como diz a música, ela anda pelos campos a partir de setembro... Será que é só em setembro mesmo? Permitam-me discordar.

A canção base dessa postagem é linda [versão do Catedral: http://www.youtube.com/watch?v=Nh9GR5DyHu4] mas, na verdade, a boa-nova não passa a se espalhar de setembro em setembro. Na verdade, a boa-nova, a Boa Notícia, a melhor notícia que existe, sempre esteve aí. Ela existia antes que o mundo existisse, e se manifestou na plenitude dos tempos (1 Pedro 1:20 e Gálatas 4:4-5). Hoje, a Boa Notícia é semeada nos campos, NO CAMPUS, nas ruas e praças. Em terras áridas e em terras geladas. Em locais livres e locais fechados. Em todo "canto" e lugar, em cada canto, tom e gesto, a Boa Nova permanece viva, pois ela é a própria Vida [João 14:6 e Colossenses 3:4]. Nada mais nada menos. A Boa Notícia é o Deus Eterno encarnado. A Boa Notícia é Cristo. Sem acréscimos. Nada pode ser melhor do que Ele. 


Finalmente, a música também diz:

"Mesmo assim não custa inventar uma nova canção
Que venha nos trazer o sol de primavera...
A lição sabemos de cor, só nos resta aprender..."

A Boa Notícia, que é Jesus Cristo, só faz sentido porque existe a má notícia. A má notícia é que todos nós merecemos a punição de Deus por causa dos nossos pecados contra Ele. Punição eterna, porque a justiça de Deus é eterna. Condenação eterna, porque um Deus totalmente santo não pode tolerar o pecado. Separação eterna de Deus, porque um Deus completamente puro não pode contemplar o mal (Habacuque 1:13 e Salmos 119:142).

Mas há um esperança. A Boa Nova chegou a nós. "Àquele que não conheceu pecado, Deus O fez pecado por nós, para que Nele fôssemos feitos justiça de Deus" [2 Coríntios 5:21]. Deus fez de Seu Filho, santo e justo, algo impuro e pecaminoso. Ele fez de Cristo pecado. Qual o fim disso? A nossa justificação Nele mesmo. Para que fôssemos Sua justiça. Graça incompreensível. Amor indecifrável. Salvação sublime. 


Agora já sabemos a lição de amor que Ele nos deu... Só nos resta aprender. Só nos resta apreender. Só nos resta viver a boa-nova! Deixe-me vivê-la, viver a Boa-Nova! 



Pela certeza da Boa Nova,



Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

E eu vou subvertendo o mundo...

"E eu vou subvertendo o mundo...
Amando a Esperança que salta os muros..." [Sobre o mesmo chão - Palavrantiga]

Subverter. Um verbo que assusta. Um verbo que causa ódio em alguns. Um verbo que inspirou [e ainda inspira] muitos. A despeito das variadas visões e reações diante dessa palavra pitoresca, eu gosto muito dela. Se você reparou bem, subverter é a essência deste blog - o seu website diz tudo. 



Eu sou subversivo. Um cristão subversivo. Não me importo muito com o que as pessoas vão pensar a meu respeito quando a verdade das Escrituras está em jogo. Sou chato às vezes por causa desse meu jeito radical de ser. Mas isso faz parte da vida. Melhor: isso é uma marca da verdadeira Vida, da vida dos que andam com Jesus, o exemplo mais sublime de subversão - pode haver algo mais subversivo do que um Ser Eterno, Todo-poderoso e infinitamente glorioso se fazer em forma de um bebê palestino (um bebê que se tornou criança, adolescente e adulto) e, em todo esse tempo, se fazer o mais humilhado entre os homens para ter um fim de vida terrena numa cruz entre dois ladrões? (Mateus 1:20-25, Isaías 53:3, Lucas 23:39-43). E mais: Ele se dizia Rei. Onde já se viu um Rei crucificado? Ultrajado? Envergonhado? Isso é subversão total, loucura absoluta. 


Entretanto, a subversão não acaba aí. 


Esse Jesus, que se declarou Rei de um reino que não é desse mundo, não somente deu sua própria vida espontaneamente em favor de pessoas injustas e dignas de condenação (Romanos 5:6-8), mas foi vitorioso sobre todos os que o zombaram na mesma cruz que o fazia parecer vencido. Pois está escrito:

E quando vocês estavam mortos nos pecados, e na incircuncisão da sua carne, Ele os vivificou juntamente com Ele, perdoando-os todas as ofensas;
Havendo riscado o escrito de dívida que era contra nós, nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz;
E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em Si mesmo. [Colossenses 2:13-15]



Esse é o único episódio em que o mais envergonhado e aparentemente derrotado é o vencedor. Que subversão maravilhosa! O Deus Eterno, O Alto e Sublime, o que habita na luz inacessível, o Santo de Israel, O Todo-poderoso, O Princípio e o Fim, se fez fraco, se humilhou ao máximo e, na sua "fraqueza", demonstrou todo o Seu supremo poder. Sublime!

Mas, uma vez que digo que sou seguidor Dele, não tenho o direito de almejar nada mais elevado do que uma vida subversiva, uma espiritualidade subversiva, como dizem as Escrituras: "... estes, que estão alvoroçando o mundo, chegaram também aqui..." [Atos 17:6]. O mundo precisa de pessoas subversivas. 



Esse é o meu desejo... Alvoroçar o mundo com a verdade irrevogável Dele, com a Graça irresistível Dele, com o amor infinito Dele. 

Para inspirar os amigos leitores, deixo esse link a seguir (assistam, pois o texto fará todo o sentido com o vídeo):


http://www.youtube.com/watch?v=LjB8-RHuPDg



Ame a Esperança que saltou os muros que te separavam do Eterno e te trouxe para o outro lado. Para o lado Dele mesmo. Subverta o mundo pela Verdade que te libertou do pecado, de você mesmo e te levou até Ele. A fé está na Vida. A fé vem Dele e é para voltar para Ele. O Amor já se espalhou em todo lugar. Veja! Acredite! Renda-se! Reconheçamos nossa insignificância e corramos para o Único que tem valor em Si mesmo. Queira conhecer o Caminho puro, o Caminho Eterno. O tempo se abrevia!



Pela Esperança que saltou os muros do meu pecado e me resgatou,



Soli Deo Gloria!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O que vi não é tudo que preciso aprender...

Dessa vez não vou escrever nada de mim mesmo.

Nestes últimos dias tenho sido intensamente confrontado com algumas coisas e, nesse meio tempo, experiências muito boas e proveitosas têm feito parte de meu dia a dia.

Mas, como diz o título deste texto (inspirado numa música do grupo Palavrantiga), eu ainda tenho muito a aprender. Mais do que isso, como se pode ler nas Escrituras:

"...O conhecimento incha, mas o amor edifica. 
E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber.
Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido Dele..." [1 Coríntios 8:1b-3]


Quero resumir todas esses novos "aprendizados" por meio da única coisa que é relevante por si mesma, que independe dos "achismos" pessoais, que é válida devido à idoneidade de sua própria fonte: Deus. Deixo com vocês algumas passagens das Escrituras que foram bem oportunas nos últimos dias.

João 15:18-21
Se o mundo os odeia, saibam que, primeiro do que a vocês, odiou a Mim.
Se vocês fossem do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não são do mundo, antes Eu os ESCOLHI do mundo, por isso é que o mundo os odeia.
Lembrem-se da palavra que lhes disse: não é o servo maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também os perseguirão; se guardaram a minha palavra, também guardarão a de vocês.
Mas tudo isso farão a vocês por causa do MEU NOME, porque não conhecem Aquele que me enviou.


Não são necessárias interpretações.

Ezequiel 36:26-27
E Eu lhes darei um coração novo, e porei dentro de vocês um espírito novo, e tirarei de sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne.
E porei dentro de vocês o meu Espírito, e farei com que vocês andem nos Meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os observem.


Deus transformando. Deus somente. Ele muda tudo dentro de mim. Toda a resistência e dureza não prevalece contra o Seu poder. Ele opera maravilhosamente; nós refletimos essa obra maravilhosa.

1João 4:7-11
Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. 
Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.
Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: em que Deus enviou o Seu Filho unigênito ao mundo, para que vivêssemos por meio dele.
Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o Seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.
Amados, se Deus assim tanto nos amou, também devemos nos amar uns aos outros. 

O cumprimento da Lei. A essência dos dois maiores mandamentos. A maior dentre as coisas que permanecem. A primeira característica do fruto do Espírito. Amor. Simplesmente Amor. Simplesmente Deus. Simplesmente Jesus. 


Romanos 8:28-39
E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que foram chamados por seu decreto.
E aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou.
Que diremos, pois, diante destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Aquele que nem a seu próprio Filho poupou, antes O entregou por todos nós, como não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?
Que intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, que ressuscitou dentre os mortos, o Qual está à direita de Deus e também intercede por nós.
Quem nos separará do amor de Cristo? Será a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito: por amor de Ti somos entregues à morte todo o dia; fomos reputados como ovelhas para o matadouro.
Mas, em todas estas coisas, somos mais que vencedores, por Aquele que nos amou.
Porque eu estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.


Sublime. Alucinante. Desconsertante. Graça incompreensível. Segurança sem fim. Esperança firme. Salvação perfeita. Como não me desapegar das coisas temporais e não empenhar a minha vida para as coisas eternas?

Isaías 40:25-31
A quem, pois, me fareis semelhante, para que Eu lhe seja igual, diz o Santo.
Levantem os seus olhos ao alto, e vejam quem criou estas coisas; foi Aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número, Ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das Suas forças, e pela fortaleza do Seu poder, nenhuma delas faltará.
Por que dizes, ó Jacó, e por que falas, ó Israel: o meu caminho está encoberto ao Senhor e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?
Não sabes, e não ouviste que o Deus eterno, o Criador dos fins da terra, nem se cansa e nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.
Dá forças ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.
Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão,
Mas os que ESPERAM NO SENHOR renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão, caminharão e não se fatigarão.

Soberania total. Majestade imensurável. Nada está fora de sua atenção. Ele não está alheio. Ele sempre é presente. Esperar Nele é o requisito para ir alto. Quando os vôos não forem mais possíveis, esperar Nele nos ajudará a correr para o alvo certo. E, na maioria das vezes, esperar Nele consistirá em caminhar um dia de cada vez. Esperar e caminhar. Esperar. Caminhar. Esperar é caminhar.



Enfim, às vezes é melhor falar pouco de si mesmo e simplesmente mostrar o que Deus já disse. Porém, tem muito mais pela frente, pois Jesus disse: "...Eu lhes fiz conhecer o Teu nome e lho farei conhecer mais..." [João 17:26]. Logo, meu desejo é o mesmo do compositor da letra da música citada no início do post:

"Dá-me um coração que ainda tem sede de Ti... Dá-me um coração que ainda tem fome de Ti..." 
(Tudo o que eu vi não é tudo que eu preciso aprender/Palavrantiga)



Pela esperança de que Ele me fará conhecer mais,




Soli Deo Gloria!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Eu sou o meu maior problema...


E lá se foi mais um mês do ano. Estamos em agosto. Não se assuste. 2013 vem logo ali.

Depois de um texto bastante leve, no qual relatei resumidamente as minhas experiências no Projeto Férias no Sertão em Andaraí/Chapada Diamantina (BA), vou ser um pouco mais confrontador neste texto. As últimas circunstâncias que vivi me inspiraram a escrever o texto que se segue. Se tiver coragem, pode continuar. Se não, é melhor voltar ao mural de seu facebook para evitar ficar com raiva de mim. Sério.


Desde ontem, estou com uma frase em minha mente: eu sou o meu maior problema. Não apenas isso: cada um de nós é o maior problema de cada um. Se pensarmos bem, por mais que existam ocasiões complicadas de serem superadas ou problemas cujas soluções, muitas vezes, se mostram quase impossíveis, nada é mais difícil com que se lidar do que nós mesmos. São os nossos defeitos, os nossos traços de personalidade, o nosso caráter (ou seria mau caráter?) que, no mais íntimo, são a causa mater dessas ocasiões complicadas e desses problemas insolúveis. São nossas atitudes erradas, individualistas e desmedidas que implicam ou que justificam todas essas coisas. Como dizia Renato Russo na música “A montanha mágica”: “[...] Não é coincidência a minha indiferença, sou uma cópia do que faço...”. Nada mais, nada menos.

Por outro lado, como os próprios versos da música dizem, nossas más ações são evidências de quem somos. Isto é: o meu modus vivendi é resultado de quem sou. É o meu caráter que determina as minhas ações e, na medida em que essas ações se repetem, meu caráter é cada vez mais conformado a um determinado molde. Nesse sentido, me recordo de Fernando Pessoa, que em um de seus poemas (não me lembro se ele escreve como “Pessoa” ou como um de seus heterônimos) disse: “[...] Põe quanto és no mínimo que fazes...”. Entretanto, para pormos o quanto somos no mínimo que fazemos de modo benéfico, é necessário que haja bondade e virtude em quem somos... É aí que entra a má notícia: nós não temos virtude ou bondade em nós mesmos ou por nós mesmos. No fim das contas, até as nossas melhores ações podem ter uma pitada de maldade. Logo, se colocarmos tudo quanto somos no mínimo que fizermos com base em nossos conceitos e inclinações, a ruína é total. Já dizia o sábio Rei Salomão: “Há caminhos que para o homem parecem direitos, mas o seu fim são os caminhos da morte”. (Provérbios 14:12). Não poderia ser mais claro. 


Saímos durante todo o dia para resolvermos nossos afazeres ou para nos divertirmos e não nos importamos com algumas necessidades de nossa própria casa. Marcamos um cinema ou um restaurante por ocasião de nosso aniversário e, às vezes, não convidamos os nossos parentes para compartilharem de bons momentos conosco. Pensamos apenas no nosso almoço de domingo a despeito da pouca comida para as outras pessoas da casa. Por outro lado, lançamos no rosto dos outros as coisas que fazemos em favor delas com aspereza e com orgulho. Somos estúpidos com aqueles que, muitas vezes, suportam nossos defeitos e estão sempre ao nosso lado. Ao julgarmos os outros como “pessoas que se fazem de vítimas”, ironicamente nos fazemos de vítimas. Na verdade, esses exemplos são os menos problemáticos. Como sempre salta à minha memória quando penso a respeito desses assuntos, somos piores do que julgamos ser, como Renato disse em outras duas músicas:

“Nos deram espelhos e vimos um mundo doente...” [Índios, 1986]
“Este é o nosso mundo: o que é demais nunca é o bastante...” [O Teatro dos Vampiros, 1991]


Os espelhos que seguramos nas mãos mostram a enfermidade do mundo. Nós somos, de certa maneira, o vírus que se espalha a cada nascimento. Desculpe a dureza das palavras, mas o mundo está doente. A maldade, a crueldade, a falsidade, a injustiça, o orgulho, a inveja, a mentira, a violência, a corrupção e a indiferença crescem assustadoramente e preenchem as capas dos jornais, a TV e as páginas da internet. E, por falar em TV, a música “O Teatro dos Vampiros” foi feita em “homenagem” (se é que eu posso usar essa palavra) à televisão. Com toda razão. Esse é o nosso mundo: ganância, avareza, poder. Eu sou o centro do universo. Eu preciso estar nos holofotes. Eu quero sempre mais que ontem. Eu quero sempre mais que hoje. Eu quero sempre mais. Estamos em maus lençóis – tecidos em nosso próprio tear.

Para todos os fins, eu não posso pensar em “eu sou o meu maior problema” sem citar as palavras de Jesus Cristo registradas pelo evangelista Mateus, onde se lê:

“Portanto, pelos seus frutos vocês os conhecerão. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros e figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz frutos bons e toda árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos nem uma árvore má pode dar frutos bons. Toda árvore, pois, que não dá bom fruto, é cortada e lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos vocês os conhecerão”. [Mateus 7:16-20]


Assim como uma árvore boa não pode dar maus frutos, pessoas nas quais existe um bom caráter não podem praticar ações injustas. E vice-versa. Portanto, como todos nós somos maus por nós mesmos [ver Salmo 14, Salmo 53, Isaías 64:4, Romanos 1:18-32 e 3:9-20] e, por isso, estamos inclinados a fazer o que é mau contra Deus e diante das pessoas [Romanos 8:5-8], precisamos de uma mudança radical em quem somos. Se não passarmos por esse processo de transformação radical, continuaremos a ser como árvores más e sofreremos duras consequências. O evangelista João registra algumas das palavras mais “insanas” de Jesus, que disse:

“Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. [...] Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer da Água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: necessário é nascer de novo”. [João 3:3, 5-7]


É necessário uma mudança profunda. Uma mudança sobrenatural. Uma mudança que não é possível sem Deus. Só Deus pode mudar a maldade de quem sou na virtude que vem apenas Dele mesmo. O que se chama de “novo nascimento” nada mais é do que um morto voltando à vida. A morte que há em mim é substituída por Cristo, que é a própria vida (Efésios 2:1 e 5 e Colossenses 3:3-4). Sabendo do risco que todos nós corremos por desacreditar da Bíblia, o que nos cabe é o reconhecimento de que “somos os nossos maiores problemas” e que o Evangelho [isto é, Deus encarnando em Cristo para salvar os pecadores] é a solução para cada um de nós, pecadores, injustos, maus, egoístas e fadados a caminhar nos caminhos da morte [1 Timóteo 1:15].


Por mais que sejamos complicados e necessitados de inúmeros “reparos”, ainda existe uma esperança. Aquele cujos caminhos são incompreensíveis e cujos propósitos não podem ser impedidos não dorme. Ele está trabalhando desde o princípio. Ele não se cansa. Ele completará o que Ele começou em cada um que verdadeiramente está Nele e caminha com Ele, pois está escrito:

“Tendo por certo isto: Aquele que em vocês começou a boa obra é fiel para aperfeiçoá-la até o dia de Jesus Cristo”. (Epístola aos Filipenses, cap. 1, vs. 6)


PS: ano que vem terá PROJETO ITÁLIA 2013! Só me resta usar, a partir de agora, um desfibrilador ambulante.




Pela esperança de “deixar de ser um problema”,



Soli Deo Gloria!