quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Em todo lugar, no mesmo Lugar...

Estou novamente por aqui.

Após a primeira postagem do ano, estive bastante atarefado - seja com questões pessoais, seja com as últimas responsabilidades acadêmicas (assim espero) - e, portanto, apenas hoje, já em um novo mês do ano, parei por um tempo para escrever. 


Como tem sido comum ultimamente, pretendo basear esse texto numa música que faz parte de minha "trilha sonora pessoal". A música à qual me refiro é de uma banda bastante peculiar chamada Crombie, que combina ritmos brasileiros com influências do rock, indie, folk e certas originalidades [eu recomendo!], cuja primeira estrofe diz:

Uma experiência que nos toque
Uma placa que indique a direção
Um remédio pra sarar a dor
Uma porta que se abra logo ali... [Tudo no mesmo lugar - Crombie]

Experiência que toca. Placa que indica. Remédio que sara. Porta que se abre.


Primeiramente, visto que todos nós, seres humanos, somos seres sociais, conclui-se que as experiências são parte fundamental da vida, sejam boas ou ruins. Na verdade, todas as experiências, independentemente de sua natureza, nos tocam - ou de modo positivo, ou de modo negativo. No entanto, algumas experiências inicialmente dolorosas acabam sendo muito mais benéficas do que muitas outras que pareciam prazerosas no começo e, dessa forma, acabam funcionando como "placas que indicam" a direção para a maturidade. Por outro lado, precisamos igualmente vivenciar coisas boas, pois a lembrança delas nos ajuda a manter a "esperança" - ou seja, as experiências alegres são o "remédio pra sarar" as dores que ainda sentimos ou são a "porta que se abre" diante de nós para enxergarmos novas perspectivas

Dando continuidade, próxima estrofe da música diz:

"Uma fresta que ventile o ambiente
Uma tranca que nos livre do ladrão
Uma joia que nos sirva de enfeite
Uma novidade que nos ilumine a escuridão..."


Neste trecho, o poeta continua descrevendo algo que traz refrigério [como uma "fresta por onde o vento passa"], que protege do perigo [a "tranca que livra do ladrão"], que confere beleza [a "joia que enfeita"] e que "ilumina a escuridão" [como uma boa notícia em tempos de destruição e desânimo]. Nesse sentido, considerando-se que todas essas dádivas ou virtudes [refrigério, proteção, beleza e iluminação] sejam possíveis de serem experimentadas ao mesmo tempo [ou no mesmo lugar], dificilmente será possível imaginar algo melhor do que isso - ora, todos procuram e precisam de alívio (visto que o sofrimento é algo real), assim como [de] proteção (basta considerarmos a violência desenfreada que nos amedronta), beleza (ainda que, de certa forma, esta esteja "nos olhos de quem vê") e luz (nada é mais aterrorizante do que andar na escuridão, pois quem caminha em trevas não sabe para onde vai). Quanto a isso, me recordo de algumas palavras registradas no Livro Santo, onde se lê:

O Senhor é meu pastor, e de nada tenho falta.
Ele me faz repousar em pastos verdes, guia-me mansamente a águas tranquilas e refrigera a minha alma... [Salmo 23, vs.1-3a]

Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. [Salmo 46:1]

O Senhor está exaltado acima de todas as nações, e acima de todos os céus está a sua glória. [Salmo 113:4]

O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e sobre os que viviam na terra da sombra da morte a luz raiou.
Desde então Jesus começou a pregar: arrependam-se, pois o reino de Deus é chegado. [Mateus 4:16-17]

Refrigério, proteção, beleza e luz - tudo no mesmo Lugar, tudo em um mesmo Alguém. Assim, restam duas alternativas: ouvir a música ou tapar os ouvidos e se fazer de surdo.


A terceira parte da música diz:

"Uma voz que cante uma bela cantiga
Um dizer que nos alegre o coração
Uma colcha de retalhos colorida
Uma história que nos prenda a atenção..."

No mesmo raciocínio do trecho anterior, o autor continua poetizando a respeito desse "algo" que se manifesta de várias maneiras e que, portanto, pode ser semelhantemente remontado a outros trechos do mesmo Livro mencionado, onde também se lê:

No último dia, o mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: se alguém tem sede, venha a mim e beba. [...]
Ouvindo as suas palavras, alguns no meio do povo disseram: certamente este homem é O Profeta. [João 7, vs. 37 e 40]

E, começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito Dele em todas as Escrituras. [...]
Quando estava à mesa com eles, tomou o pão, deu graças, partiu e o deu a eles. 
Então, os olhos deles foram abertos e O reconheceram, mas ele desapareceu da vista deles.
Perguntaram, então, um ao outro: não estava queimando o nosso coração enquanto Ele nos falava pelo caminho e nos expunha as Escrituras? [Lucas 24:27, 30-32]

Alguém cuja voz se ergue e diz coisas que ninguém jamais disse e que, quando fala, faz arder o coração de quem O ouve. O mesmo Lugar, o mesmo Alguém. 


Finalmente, a música termina com os seguintes versos:

"Tudo o que a gente mais deseja
Mesmo não sabendo bem do que se trata
Tudo que é sorriso de felicidade
A gente encontra no mesmo Lugar...
E quem saiu a procurar, chorando solidão
Voltou em paz, feliz da vida
Lembrando da canção..."

Todos procuram satisfação, alegria, realização ou, como se diz, um sentido para a vida. Quase sempre, nem sabemos o quê procurar, nem como procurar e, especialmente, não sabemos onde podemos encontrar o que procuramos. E, parafraseando o autor da música, nós saímos por todo lugar em busca dessa "satisfação ou sentido" e, como sempre tendemos a buscar isso no lugar errado (dinheiro, prazeres, poder, em outras pessoas ou mesmo dentro de nós mesmos), choramos a nossa solidão. Todavia, quando alguém descobre que "tudo o que ela mais deseja" e que "todo o sorriso de felicidade" se encontra no mesmo Lugar - Deus, Aquele que nos criou e em quem vivemos e nos movemos, para quem são todas as coisas e em Quem reside toda a plenitude - , ela deixa a tristeza pra lá e volta feliz e em paz, com uma bela cantiga em seus lábios, cantiga que provevelmente seria chamada pelo Bob Marley de "Redemption Song" ou "Canção da Redenção". 

Mas, que canção de redenção é essa? É a canção que faz soar o amor de Deus pelos homens pecadores, a ponto dEle ter dado o Seu Filho para morrer por eles, a fim de livrá-los da Sua própria ira e reconciliá-los consigo mesmo. 


Um dia desses eu chorava a minha solidão quando, de repente, essa canção rompeu a minha surdez e eu voltei em paz de minha procura [até aquele momento, sem sucesso] - a Canção chegou aos meus ouvidos e, assim, descobri que minha alegria e sentido de viver não depende do que tenho ou do que perco, nem mesmo de quem sou ou deixo de me tornar, mas reside no Mesmo Lugar... Reside no meu Criador, Naquele que se fez homem, que morreu e ressuscitou. 

E você? Já deu ouvidos a essa mesma canção, pela qual Deus canta aos ouvidos dos homens sobre Seu amor e redenção?
Ou você continuará surdo, ignorando a única possibilidade de satisfação eterna e verdadeira, preferindo chorar sua própria solidão?






Pela alegria de saber que todas as coisas se encontram Nele,







Soli Deo Gloria!

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