Ó Eterno e Soberano,
Não ouso acreditar
que posso te convencer.
Tu, que habitas na
Luz inacessível,
E que fazes tudo o
que Te apraz
Não estás vulnerável
a qualquer influência.
Eu, portanto, como um
mero pecador,
Ao me aproximar de
Ti, visto que és santo e puro,
Devo olhar apenas
para a minha própria miséria.
Nem mesmo a minha
postura mais piedosa
Ou a atitude mais
humilde
Interfere em Seus
desígnios e propósitos.
Tu és Deus e isso diz
tudo.
Mas, apenas como uma
confissão,
Suplico: guarda-me de
mim mesmo
E protege-me de minha
própria maldade!
Pois, ao tentar
transformar pedras em pão,
Talvez eu esteja
fazendo a coisa errada; ora, pedra é pedra.
Livra-me de buscar
avidamente
A sensação de estar
sempre com a razão
Pois, como Tu mesmo
revelaste,
O orgulho precede a
ruína
E a arrogância de
espírito conduz à queda.
Sim, perdoa-me por
sempre apontar a vaidade alheia
Em vez de lutar
contra aquela que pulsa dentro de mim.
Derramo a minha alma ante
a Ti
Pois não tenho outra
Esperança.
Ajuda-me a estar
realmente pronto e decidido
A mudar o que for
preciso,
Pois, embora eu seja
fraco e vacilante,
Tua graça é poderosa
e suficiente.
Concede-me, ó Fonte de
todo amor verdadeiro,
A honra de aprender a
amar o outro
Até quando penso ter motivos
para ignorá-lo.
Livra-me, igualmente,
De ser inchado pelo
meu próprio saber
Ainda que este seja
correto e justo.
Ora, não sabemos como
convém saber,
Mas Tu conheces
aqueles que Te amam.
Miserável homem que
eu sou!
Quem me fará escapar
de mim mesmo?
Às vezes, o
sofrimento advindo do autoconfronto,
Traz o crescimento do
qual tanto necessito.
Meu Deus e Amigo
Fiel, que o meu coração se recorde,
Do quanto sou
perdoado por Ti
A fim de ser amável e
misericordioso
Com quem eu possa
estar sendo cruel e impiedoso.
Não me permitas
deixar o sol se pôr
Sem que a ira
insistente e relutante seja removida.
Antes do final, antes
de tudo, perdão.
Que eu inspire no
outro o amor que anseio receber.
Perdão, Senhor!
Perdão por minhas
palavras ásperas e implacáveis.
Eu, que não posso
domar a minha língua,
E nem mesmo os meus
pensamentos e revoltas da alma,
Disponho-me a Ti, a
fim de ser manso e temperante,
Por meio do Seu
Espírito que habita e trabalha em mim.
Eu estou em obras e,
por isso mesmo,
Devo ser constantemente
reformado e transformado.
Clamo a Ti do meu
lugar de impotência
Para que eu seja um
praticante do que me ensinas
E não apenas um
conhecedor de Tua sã doutrina.
Embora não saiba os
caminhos do futuro,
Bem sei que Tu me
guias.
Que dos meus erros
visíveis e ocultos
Seja eu purificado
mediante o sangue de Teu Santo Filho.
E a cada caminho mau
que, porventura, vier a trilhar,
Seja eu sondado por
Ti
Para que meus passos
débeis e um tanto inconstantes,
Permaneçam firmados
no Caminho Eterno.
Finalmente, livra-me
de pretensões egoístas;
Que eu seja
desapegado de mim mesmo e busque o bem do outro.
Que Tua bondade seja
sobre mim, ó Rei de justiça e de paz,
Para que toda aliança
quebrada
Seja reconstruída e
alicerçada no Amor que nunca acaba.
Estou à mercê de Tua
compaixão e soberana vontade;
Faça-se em mim o que
trará toda a glória apenas a Ti.
Soli Deo Gloria!