quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Guarda-me de mim mesmo - uma oração

Ó Eterno e Soberano,
Não ouso acreditar que posso te convencer.
Tu, que habitas na Luz inacessível,
E que fazes tudo o que Te apraz
Não estás vulnerável a qualquer influência.
Eu, portanto, como um mero pecador,
Ao me aproximar de Ti, visto que és santo e puro,
Devo olhar apenas para a minha própria miséria.
Nem mesmo a minha postura mais piedosa
Ou a atitude mais humilde
Interfere em Seus desígnios e propósitos.
Tu és Deus e isso diz tudo. 


Mas, apenas como uma confissão,
Suplico: guarda-me de mim mesmo
E protege-me de minha própria maldade!
Pois, ao tentar transformar pedras em pão,
Talvez eu esteja fazendo a coisa errada; ora, pedra é pedra.
Livra-me de buscar avidamente
A sensação de estar sempre com a razão
Pois, como Tu mesmo revelaste,
O orgulho precede a ruína
E a arrogância de espírito conduz à queda.
Sim, perdoa-me por sempre apontar a vaidade alheia
Em vez de lutar contra aquela que pulsa dentro de mim.


Derramo a minha alma ante a Ti
Pois não tenho outra Esperança.
Ajuda-me a estar realmente pronto e decidido
A mudar o que for preciso,
Pois, embora eu seja fraco e vacilante,
Tua graça é poderosa e suficiente.
Concede-me, ó Fonte de todo amor verdadeiro,
A honra de aprender a amar o outro
Até quando penso ter motivos para ignorá-lo.
Livra-me, igualmente,
De ser inchado pelo meu próprio saber
Ainda que este seja correto e justo.
Ora, não sabemos como convém saber,
Mas Tu conheces aqueles que Te amam.


Miserável homem que eu sou!
Quem me fará escapar de mim mesmo?
Às vezes, o sofrimento advindo do autoconfronto,
Traz o crescimento do qual tanto necessito.
Meu Deus e Amigo Fiel, que o meu coração se recorde,
Do quanto sou perdoado por Ti
A fim de ser amável e misericordioso
Com quem eu possa estar sendo cruel e impiedoso.
Não me permitas deixar o sol se pôr
Sem que a ira insistente e relutante seja removida.
Antes do final, antes de tudo, perdão.
Que eu inspire no outro o amor que anseio receber.


Perdão, Senhor!
Perdão por minhas palavras ásperas e implacáveis.
Eu, que não posso domar a minha língua,
E nem mesmo os meus pensamentos e revoltas da alma,
Disponho-me a Ti, a fim de ser manso e temperante,
Por meio do Seu Espírito que habita e trabalha em mim.
Eu estou em obras e, por isso mesmo,
Devo ser constantemente reformado e transformado.
Clamo a Ti do meu lugar de impotência
Para que eu seja um praticante do que me ensinas
E não apenas um conhecedor de Tua sã doutrina.


Embora não saiba os caminhos do futuro,
Bem sei que Tu me guias.
Que dos meus erros visíveis e ocultos
Seja eu purificado mediante o sangue de Teu Santo Filho.
E a cada caminho mau que, porventura, vier a trilhar,
Seja eu sondado por Ti
Para que meus passos débeis e um tanto inconstantes,
Permaneçam firmados no Caminho Eterno.


Finalmente, livra-me de pretensões egoístas;
Que eu seja desapegado de mim mesmo e busque o bem do outro.
Que Tua bondade seja sobre mim, ó Rei de justiça e de paz,
Para que toda aliança quebrada
Seja reconstruída e alicerçada no Amor que nunca acaba.
Estou à mercê de Tua compaixão e soberana vontade;
Faça-se em mim o que trará toda a glória apenas a Ti.




Soli Deo Gloria!

sábado, 9 de novembro de 2013

Meu chão é o mundo...

Estou de volta, mas não se alegre com isso.

Esse post é um post duro e árduo - não é para "pessoas de mimimi" que só criticam os outros por se julgarem melhores e nem para patricinhas que se acham adultas mas não passam de "aborrescentes" mimadas, só para resumir. 

Esse post é um grito, um suspiro da alma de alguém saturado e cansado de ser suprimido e apertado contra as paredes. Este post é um desabafo-mor - se você tem amor a seu estômago, saia desse blog AGORA MESMO.


Eu não aguento mais.

Como dizia certo poeta: "...Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito... chega de opressão! Quero viver a minha vida em paz...". Nosso mundo pode ser considerado como um "reino de dois lados", e eles estão em guerra. Sendo mais claro, só existem os "opressores" - os que se colocam acima de tudo e de todos e podem até fingir zelo, mas na verdade só oprimem - e os oprimidos - que são sempre os errados e inferiores e que são rotulados como os "conformados" com seus erros. E, ao longo da longa jornada de cada dia, os opressores sempre oprimem mais e os oprimidos sofrem mais - seja nas relações sociais, familiares, políticas e, particularmente religiosas e/ou interpessoais. 

Você sempre tem que "fazer e acontecer", mostrar que tem "atitude", ser "o cara que manja de todos os paranauês"... Sabe de uma, ninguém manja de nada nessa vida! Todos nós, no fim das contas, somos igualmente débeis, frágeis, incompletos, vacilantes, ignorantes a respeito de muitas coisas, cheios de medos e incertezas e, certamente, os que parecem ser "os manjadores dos paranauês" simplesmente assumem os riscos e seguem em frente, do jeito que deve ser. Mas, depois de mais uma barreira superada, todos nós continuamos ainda imperfeitos; ora, somos seres humanos, antes de tudo. E, por isso, não somos Deus e não podemos exigir que os outros o sejam... Sacam?


Faz algum tempo que venho pensando sobre como a vida tem sido levada e "cultivada" a meu redor e a minha terrível (porém verdadeira) conclusão é que estamos nos adaptando alopradamente a "realidades virtuais" - sem contar com o avanço avassalador das tecnologias de comunicação móveis. O nosso mundo hoje se reduziu ao WhatsApp, ao Instagram, ao Facebook e a outros aplicativos (nada contra eles em si, lógico) que nos viciam, entorpecem e nos esfriam da graça de experimentar a "vida na vida" - a vida real, dentro dos ônibus lotados (ou não, risos), nas filas da xerox na faculdade e do restaurante universitário, a vida à beira do mar no fim de tarde, em casa no silêncio e na solidão do quarto nas madrugadas... Vida, sob a perspectiva de realidade humana, é isso! Logo, devido ao fato de que estamos numa busca desesperada e egoísta pelo "ideal" e por aquilo que nos deixe na "sombra e água fresca" (isto é, eu estou certo(a) e você que se vire pra mudar), críticas e observações como "...falta postura...", "...você não faz nada pra atingir um objetivo...", "...você se refugia em uma bolha.." são cada vez mais insuportáveis. Eu realmente não quero saber se você está se ofendendo ao ler isso. Ofenda-se com o texto; o problema é seu.

De forma cada vez mais ridícula, não existe tolerância nem a compreensão saudável de que a história de cada um é a "história de cada um" e, sabendo-se que existe Alguém soberano que já escreveu cada uma dessas histórias e que sabe bem como tudo vai/deve ser, é absolutamente intolerável e patético ver que até mesmo aqueles que dizem conhecer e andar com o Autor Soberano das histórias de todos nós querem e exigem que as coisas sejam como eles querem. Até quando as pessoas vão brincar de ser "deus" a fim de querer mandar nas vidas dos outros e dizer o que eles têm que sentir, pensar e fazer? Até quando vão continuar com os seus binóculos sempre prontas a olhar em volta e passar a rasteira em quem sair do "padrãozinho delas"? Chega. Eu estou cansado. 


Meu mundo é esse chão.

Na minha época de ensino médio, estudei em Literatura algumas escolas literárias e, dentre essas, queria citar o Arcadismo (ou Neoclassicismo, característica dos séculos XVII-XVIII e que falava de coisas "ideais", "belas" e "bucólicas") e o Realismo (característico do século XIX, o qual mencionava os "podres da burguesia" e as coisas que todos os aparentemente bons queriam esconder da sociedade). Fazendo uma alusão ao texto, eu estou enojado de tanto "arcadismo" no cotidiano e nas relações entre as pessoas - tudo tem que ser bonitinho, organizado, adequado, padronizado e ideal etc. quando, na verdade, é o realismo que se aproxima das coisas como elas são. 

A vida, no âmbito do homem, é imperfeita. Relembrando Agostinho, a "cidade dos homens" - onde tem gente que consegue ler, ouvir, olhar e dizer mas os outros estão néscios, surdos, cegos e mudos - é bem diferente da "cidade de Deus". O dia a dia é árduo e cheio de imprevistos, e as pessoas são, sucintamente, pecadoras de mão cheia - por isso o "realismo" e a veracidade de nossos "podres", os erros que nos envergonham e as dificuldades que podem sempre nos acompanhar durante a vida. Meu mundo não é um "país das maravilhas" e, se existe algo do qual quero distância, é de uma "Alice" e de seus continhos de fada [nesse contexto]. Meu mundo é real; se o seu é um conto de fadas onde tudo é arrumadinho, continue dormindo e me deixe ser feliz por viver, simplesmente por viver. 


Enfim. 

Enquanto "me apontam as cercas e os muros" que estão "ao redor de muitos" - ou seja, as cercas que nos prendem nos "países das maravilhas" e os muros da opressão e dos "padrõezinhos falsamente sábios" que parecem intransponíveis - , eu quero o Caminho e rogo pela Vida. Eu quero o Caminho onde só se passa sem fardos desnecessários e sem coisas demais - ora, o Caminho é Estreito mas é aquele que conduz à Vida pela qual eu rogo a cada momento e sem a qual estou perdido. Eu rogo pela Vida que estava oculta com o Eterno mas que me foi manifestada - a Vida que se pode tocar, a Vida acessível a todo aquele que se aproxima Dela e A invoca, a Vida que me faz pleno e satisfeito em Si mesma, a Vida que me liberta por meio da Sua verdade inerente, a Vida que me diz que "eu não preciso me tratar..." de coisas bobas por me fazer saber que, apesar do meu desgaste exterior, eu estou sendo renovado, vivificado e aperfeiçoado interiormente. Que coisa maravilhosa... estou em êxtase!

Sabe, eu tenho uma Viva Esperança! Uma Esperança que salta os muros da intolerância e da arrogância humanas e me alcança no meu estado de dor, solidão, abandono, incertezas e até mesmo de ruína. Ora, a Esperança só faz sentido quando existe o sofrer, a aflição e a falta de controle sobre as coisas. Por isso, embora eu caminhe em meio às angústias, eu sei que o Eterno (aquele que me fez, que me guia e em quem eu vivo, me movo e existo) me refaz à VIDA! VIDA... VIDA! Nunca essa palavra fez tanto sentido para mim - um mero estudante que expõe suas inquietações e pensamentos neste blog. Eu não preciso ter pretensões elevadas - me contento em ser a cada dia "menos" para que Aquele que deve ser TUDO em mim seja visto.

 

Minha Viva Esperança tem nome - ela se chama Jesus Cristo. Aquele mesmo que andava entre os piores da sociedade de sua época, que escolheu como discípulos homens cheios de problemas (e, com uma santa ironia, fez do mais inconstante, medroso e aparentemente fraco o primeiro líder dos Seus seguidores após ter ressuscitado) - não é legal ver que Deus escolhe os improváveis de propósito para que os que se acham os "manjadores dos paranauês" calem a boca? - e que, acima de tudo, amou e perdoou os piores pecadores. Ah... me sinto tão perdoado, tão amado e tão valorizado por Ele - que não tinha motivo algum para se importar com um miserável verme como eu. Esse amor se espalhou de uma cruz pesada e ainda hoje está se espalhando por aí... Eu já fui alcançado por esse amor e estou convicto disso. E você? 

Não espere mais para se arrepender dos seus pecados e crer nesse Jesus que morreu, foi sepultado e ressuscitou para garantir uma Esperança Viva para todo aquele que vier até Ele. Você só será livre para desfrutar da Vida Real com Ele.




Pela sublime alegria de viver Nele, com Ele e para Ele,



Soli Deo Gloria!