terça-feira, 29 de novembro de 2011

Como encontrar os eleitos - por Kenneth D. Johns


Com freqüência, ouvimos a acusação de que a doutrina da eleição sufoca o espírito de evangelismo. Reivindica-se (e isto sem dúvida já ocorreu) que essa doutrina paralisou algumas igrejas ou departamentos missionários em seu alcance evangelístico. Eles disseram: "... não é nossa tarefa salvar os pagãos; quando Deus estiver pronto para salvar os eleitos, Ele o fará por Si mesmo..." Por isso, assentaram-se e nada fizeram. E, como resultado, a doutrina ganhou má reputação. Presume-se que a letargia de tais homens é causada por sua crença na eleição. Mas será que isso é verdade? É a doutrina ou os homens que merecem a culpa? Será que homens bons às vezes não fazem uso errôneo de uma doutrina correta? Não é possível que homens indiferentes e cabeças-duras torçam a verdade em benefício de si mesmos?

Os eleitos estão em nossas comunidades. Podemos encontrá- los à medida que oramos e confiamos na orientação do Espírito e na capacidade da Providência. Um incrédulo haverá de se mudar para morar ao lado de um verdadeiro cristão e encontrará a vida. Uma mudança em nossos compromissos de trabalho, em uma loja, colocará uma alma vazia ao lado de uma alma plena. Após algum tempo, ambas estarão plenas. Uma conversa casual no cabeleireiro resultar á em uma alma sedenta encontrando água viva. Inconsciente do poder que o controla, um orientador pedagógico do 2º grau colocará uma jovem perdida em uma classe onde ela se assentará ao lado de uma cristã piedosa. Através da amiga cristã, a jovem perdida encontrará o Grande Amigo. Estas são coincidências? A fé declara: Não! O Pai está atraindo a Si mesmo aqueles a quem escolheu. Uma parcela de júbilo é prometida àqueles que oram e dependem do Espírito. Portanto, os eleitos em nossa comunidade serão encontrados. 

O que Jesus disse a Paulo, em Corinto, Ele o diz a nós hoje: Tenho muito povo em sua cidade. Os eleitos estão vivendo nessas ruas corrompidas. Os apartamentos, os lares de sua cidade são habitados por aqueles que são os escolhidos de Deus. Neste exato momento, você não pode identificá-los. Não pelo endereço, estilo de vida ou moralidade deles. Tampouco por estarem buscando a verdade. Para você, eles parecem mortos. Mas incuti em seus corações que venham a Mim; e eles virão. Apenas creia e seja fiel. Reconheça a sua própria incapacidade e ore. 

"...Permita que meu Espírito o guie à rua Trôade; alguns dos eleitos moram ali. Você encontrará outro na cadeia que fica na Av. Filipos. Eles o expulsarão daquele lugar, mas, ao fazerem isso, você encontrará mais eleitos na alameda Tessalônica. Faça uma visita à casa de Jasom. Novamente você terá de fugir para não ser morto, mas será extremamente frutífero na rodovia Nobre, em Beréia; não perca essa oportunidade.O Condomínio Cultural de apartamentos em Atenas será um teste árduo e não muito produtivo. Mas ali eu tenho uma pessoa sofisticada, Dionísio, e uma mulher, Damaris, e um casal de outros que pretendo trazer ao aprisco. Por isso, passe por lá e anuncie a minha Palavra. Não se preocupe com o que lhe chamarão; já lhe dei um novo nome. Seja forte nos condom ínios de Corinto. É um lugar maligno. Mas naquelas casas habitam muitos que viverão em minha casa eternamente. Eu lhe asseguro que o administrador, Gálio, não o perturbará..." 

Seja forte. Não deixe de pregar a mensagem. Estarei com você em todos esses lugares. Juntos, Eu e você, encontraremos os meus eleitos. Todos que o Pai me deu virão a Mim através de você. Os únicos precedentes neotestamentários para a proclamação do evangelho são: vida santa, oração e testemunho ousado. 

Enfim: Evangelização é um mendigo contando ao outro onde encontrar pão (D. T. Niles). 





Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A arte não precisa de justificativa...

Caros leitores, 

Inspirado num livro do nobre filósofo cristão holandês Hans Rookmaaker, gostaria de pensar um pouco sobre a arte e a relação dela com a fé cristã...

Será que todo tipo de arte agrada a Deus? Será que existe algum talento artístico que não é de Deus? Será que é pecado usar elementos artísticos característicos de minha cultura ou da cultura de outros povos como meio de me aproximar das pessoas como estratégia para levar o evangelho a elas? Isso é, de fato, "enfeitar a pregação"? Essas perguntas não são simples de serem respondidas, mas vou tentar esclarecer algumas coisas aqui com base nas Escrituras e no bom senso... Espero ter sucesso! (risos)... 



Bem... o primeiro conceito que devemos levar em conta quando pensamos na arte e em suas diversas expressões (música, dança, pintura, dramaturgia, fotografia, artesanato etc.) é que as variadas formas de se expressar artisticamente refletem a natureza do Deus Criador, pois a Bíblia diz que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus (Gên. 1:26 e 9:6). 

Visto que, por meio das coisas criadas, todos os homens são indesculpáveis no que se refere a ter certo conhecimento de Deus (Rom. 1:20), posso afirmar com toda a certeza que Deus é o Ser criativo por excelência (o que dizer da sublime complexidade, da notável  beleza e do surpreendente mistério intrínseco ao universo e a tudo o que nele existe?) e que, por tudo isso, pode ser parafraseado como o "Grande Artista" - como diz a minha nobre amiga, missionária e cantora Klécia Corcino (muniiiitaaaa! *-*) e, como consequência, também temos "centelhas" dessa criatividade em nós (basta nos lembrarmos de Bach, Amadeus Mozart, Frida Kahlo, Boticelli, Copolla, Tolkien, Lewis, Rodin, Villa-Lobos, Tom, Vinícius, Stênio Marcius, Juninho Afram, Steve Vai, João Carlos Martins etc.)... Faltaria espaço para citar tantos que, em sua particularidade e talento, ratificam a grandeza do Deus Único que domina sobre todas as coisas (Sal. 103:19). 

Logo, todo talento digno de ser apreciado e belo por si mesmo (seja um exímio pianista, um cineasta inteligente, um bailarino preciso em seus movimentos, um ator de teatro que transmite vida enquanto atua ou um fotógrafo que escolhe o melhor ângulo para registrar algum momento de nossa rotina) veio de Deus e, de algum modo, revela a Sua glória. E, aproveitando o ensejo, gostaria de fazer um destaque e parabenizar todos os músicos pelo seu dia ontem (ou melhor, pelo "nosso dia", pois eu também estou nesse grupo) pois, de todas as manifestações artísticas, a música é a que mais nos enobrece, uma vez que nos traz para mais perto do Único que é realmente Nobre!

Bem... gostaria de me deter aqui na área da música, a qual, infelizmente, é a forma de arte mais demonizada (ou sacralizada) pela igreja (nem quero falar da dança aqui, pois a polêmica seria ainda maior)... Mas, você pode estar se perguntando: 
- Como assim? A igreja demoniza a música e ao mesmo tempo a sacraliza?
Deixe-me ser mais claro: a igreja demoniza normalmente aquilo que nunca fez parte de seus costumes ou aquilo que ela acredita não ser necessário para o louvor a Deus e sacraliza aquilo que foi recebido como uma herança histórica por considerar essa herança como "divinamente inspirada".

De início, nada é "divinamente inspirado" no seu sentido pleno a não ser as Escrituras (2 Tim. 3:16). Embora eu goste muito dos hinos antigos (Cantor Cristão, Hinário para o Culto Cristão - esses hinos são simples, belos e possuem quase sempre um excelente conteúdo teológico), eles não podem ser vistos como "divinamente inspirados" na mesma extensão das Escrituras... Isso é heresia! Isso é que deve ser "demonizado" ou exterminado do pensamento da igreja! [perdão pelo desabafo!]

Ora, se a arte reflete a glória de Deus e é uma dádiva do próprio Deus para os homens (sejam eles cristãos ou não, salvos ou não), ela não precisa de justificativa... Faz sentido considerar a necessidade de se justificar alguma coisa advinda de Alguém que é a Justiça em pessoa? Se Ele é absolutamente justo, tudo o que vem Dele é justo, puro e perfeito em si mesmo e, por isso, não há a menor necessidade de se "justificar" a arte ou qualquer outra coisa que venha Dele... Na verdade, isso é ignorância.

A Bíblia diz que TODAS as coisas são puras para os puros e que NADA é puro para os contaminados e incrédulos (Tito 1:15), que a minha liberdade não pode ser julgada pela consciência do outro e que TUDO que fazemos deve ser feito para glorificar a Deus (1 Cor. 10:25-31), que TODAS as coisas criadas por Deus são boas, sendo santificadas pela Palavra de Deus e pela oração (1 Tim. 4:4-5), que devemos abandonar os rudimentos do mundo por eles serem somente para satisfação da carne (Col. 2:20-23), que o sangue de Cristo é suficientemente poderoso para purificar os nossos corações para servirmos ao Deus Vivo (Heb. 9:11-14), que Cristo nos fez livres e nos tirou do jugo de escravidão (Gál. 5:1)... Faltaram muitos outros versículos aqui, mas acredito que esses já podem nos ajudar a entender que a nossa vida deve ser dedicada a Deus "na íntegra", isto é, quando oramos, quando lemos a Bíblia, quando nos reunimos como igreja, quando vamos trabalhar, ao sair com os amigos, quando ouvimos música, quando vamos ao teatro etc... Como dizia Spurgeon: "...para quem vive para Deus, nada é secular: tudo é sagrado..."!

Embora seja inquestionável o fato de que a arte tem sido cada vez mais depreciada, transgredida e vulgarizada (como resultado do pecado, não por ser assim em si mesma) e que, por isso, nem tudo que é considerado artístico é artístico em sua essência - pelos motivos que citei agora há pouco -, ainda vejo Deus nas diversas maneiras de se expressar e acho que todas as formas de arte podem e devem ser usadas para glorificar a Deus, sendo também um meio de nos aproximarmos das pessoas para levarmos o Evangelho a elas (contanto que não haja modificação alguma na mensagem bíblica nem qualquer depreciação da arte, é claro)... "...em tudo vejo o Teu amor, em tudo vejo Tuas mãos..."

Finalmente, todos os BONS ritmos musicais (sejam brasileiros, italianos, africanos, gregos, judaicos, orientais, ocidentais ou uma mistura de todos eles etc.) juntamente com um BOM CONTEÚDO (com poesia, beleza, profundidade e, no caso da música cristã, com uma teologia saudável e cristocêntrica) podem e devem fazer parte da vida do cristão... Desse modo, vou intercalando Bach com Beatles e, depois de um tempo, ouvir um pouco de Los Hermanos com Stênio e, no fim do dia, curtir a poesia da Legião Urbana junto com os hinos antigos nas versões do Thalles Roberto! 

Enfim, como diz outra amiga cantora e também "muniiiitaaa" (só não é missionária, né Juliana Ribeiro? rsrs), "silêncio é bom, mas é vazio"...

Viva a arte genuína... Viva a boa música... Dele, por Ele e para Ele são TODAS as coisas!



Soli Deo Gloria!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ajudando os Crentes a Terem Segurança da Salvação - por John Piper

Caros leitores,


Esse post se faz bem oportuno nesse 15 de novembro, quando os brasileiros relembram a "Proclamação da República" (outorgada em 1889), evento que se constituiu o marco do fim do império e, finalmente, do domínio colonial sobre o Brasil... Mais precisamente, foi o início do que hoje chamamos de "República Federativa do Brasil"...

Mas, o que isso tem a ver com o post?

A república tem a ver com liberdade, e a certeza da salvação traz a verdadeira liberdade para o viver cristão... Pois, quando entendemos que estamos guardados pela fé no poder de Deus (1 Pedro 1:3-5) e que Deus preparou de antemão as boas obras para praticarmos (Efésios 2:10), podemos estar certos que Ele é suficiente para nos fazer perseverar até o fim sendo frutíferos em nossa caminhada... Glória somente a Ele por isso!

Boa leitura!




Os crentes são chamados a lutarem por sua própria certeza de salvação e a ajudarem os outros a lutarem por esta mesma certeza. Deus almeja que tenhamos certeza de que já somos salvos e desfrutemos de ousada confiança diante de oposição e ameaças. “Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus” (1 Jo 5.13). O que podemos dizer uns aos outros para ajudar-nos a manter a segurança de salvação? Eis o que eu diria:

1. A plena segurança é a vontade de Deus.
Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança (Hb 6.11).

2. A segurança é sustentada parcialmente pelas evidências objetivas da verdade cristã.
A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus (At 1.3).

3. A segurança não pode negligenciar a dolorosa obra de auto-análise.
Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados (2 Co 13.5).

4. A segurança diminui na presença de pecado escondido.
Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia (Sl 32.3).

5. A segurança resulta do ouvir a Palavra de Deus.
E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo (Rm 10.17).
Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (Jo 20.31).

6. Focalizar-se repetidamente na suficiência da cruz de Cristo é crucial para a segurança.
Tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura (Hb 10.21-22).

7. Temos de orar suplicando olhos para vermos as verdades que sustentam a segurança.
Iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder (Ef 1.18,19).

8. A segurança não é mantida no isolamento pessoal.
Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós (1 Co 12.21).
Exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado (Hb 3.13).

9. A segurança não é destruída pelo desprazer ou pela disciplina de Deus.
Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz. Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça (Mq 7.8-9).

10. Freqüentemente, temos de esperar com paciência pelo retorno da segurança.
Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro. Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos. E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no Senhor (Sl 40.1-3).

11. A segurança é uma luta que perdura até ao dia de nossa morte.
Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado e de que fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas (1 Tm 6.12).
Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé (2 Tm 4.7).

12. A segurança é um dom do Espírito Santo.
O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.16).
Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho. Aquele que não dá crédito a Deus o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca do seu Filho. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho (1 Jo 5.10,11).


Extraído do livro "Penetrado pela Palavra" -  Editora Fiel, 2009.


Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O culto deve ser divertido? - por Bob Kauflin


Hebreus 10.24,25 – “E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia.”
Mais de uma vez ouvi cristãos afirmando que o culto deve ser divertido, ou agirem como se eles tivessem uma responsabilidade de provar que os cristãos sabiam como “curtir” na igreja. Sempre me senti desconfortável com essa conexão, então comecei a pensar sobre o lugar da “diversão” no culto, e se isso realmente existe. Gostaria de tratar a questão respondendo como eu a fiz, e então considerando duas maneiras pelas quais ela pode ser reescrita.
O culto deve ser divertido? Se tomarmos o testemunho exaustivo da Escritura, a resposta poderia ser um ressoante NÃO. “Diversão” não parece caracterizar muitas das cenas onde o povo encontra Deus na Bíblia. Somos ensinados a adorar a Deus com reverência e respeito, pois ele é fogo consumidor (Hb 12.28-29). Ter “diversão” nunca deveria ser nosso motivo principal quando nos reunimos. Nosso alvo é lembrar a grandeza de Deus, apresentar nossas petições diante dele, e agradecê-lo por suas misericórdias abundantes em Jesus Cristo. Celebração certamente deve ser incluída nisso, mas existem também momentos em que adorar a Deus produz temor, lágrimas de arrependimento, e um profundo silêncio.
Mas, deixe-me refazer a questão. O culto pode ser divertido? Depende de como definimos “diversão”. Eu sei que alguns de vocês não acreditam que eu esteja realmente levando em consideração essa ideia. E é possível que ganhe alguns comentários a esse respeito. Mas acredite: não estou tentando ser leviano. Adoramos a um Deus santo.
Se “diversão” for definida como uma atividade leve, sem propósito ou significado, estritamente a fim de entreter, então a resposta a “o culto pode ser divertido” deve certamente ser não. Quando adoramos a Deus juntos, não estamos procurando ser meramente entretidos ou momentaneamente distraídos dos cuidados deste mundo. Recreação não é o mesmo que adoração. Nossa alegria e prazer devem estar sempre fundamentados e formados pelos atos, natureza e atributos de Deus.
Entretanto, quando procuro por “diversão” em meu dicionário, o primeiro significado é “agradável”. Se estamos perguntando “adorar a Deus pode ser agradável?” então certamente a resposta deve ser sim. Isaías 6 não é o único capítulo da Escritura que descreve como nos relacionamos com Deus. Houve inúmeras vezes em que estive liderando o culto ou cantando como parte da congregação e pensei “eu amo fazer isso!”. O prazer inundou minha alma, e eu pude legitimamente dizer que eu estava tendo “diversão”!
Talvez isso seja semelhante ao que os israelitas experimentaram em 2 Crônicas 30. Eles estavam gostando tanto de celebrar a Festa dos Pães Asmos por sete dias que Ezequias e o povo espontaneamente decidiram manter a festa por mais sete dias (2 Cr 30.22,23)! Deve ter sido uma bela celebração! Em outra ocasião, Esdras e os sacerdotes disseram ao povo para que não se entristecessem ou chorassem porque aquele dia era “consagrado ao Senhor”, e que a alegria do Senhor era a força deles (Ne 8.9,10). Santidade e alegria não são necessariamente exclusivas.
Quando meus filhos estavam crescendo, eu queria que eles desejassem cantar músicas de louvor, e não vissem o relacionamento com Deus como algo que era apenas sério, sóbrio e solene. Afinal de contas, cantar ao Senhor deveria ser prazeroso (Sl 135.3; Sl 147.1). Davi dançou na presença do Senhor com toda sua força enquanto trazia a arca de volta a Jerusalém (2 Sm 6.12-15). O Salmista alegrou-se quando lhe disseram: “Vamos à casa do Senhor!” (Sl 122.1). Então, sim, quando definido como prazer, e não visto como o único aspecto do culto, adorar a Deus pode ser muito “divertido”. As pessoas não deveriam achar nossas reuniões sombrias ou sem vida. Sorrisos e mesmo risadas deveriam fluir enquanto consideramos quão bom, misericordioso e gracioso Deus tem sido a nós (Sl 126.2)!
Mas, deixe-me reescrever a questão mais uma vez, para expandir a aplicação. “Nossa diversão deveria ser um culto”? Bem, agora a resposta deve ser certamente “sim”. Somos ensinados em 1 Co 10.31 que quer comamos ou bebamos ou façamos qualquer coisa, façamos tudo para a glória de Deus. Ao invés de enfocar ou fazer a nossa adoração corporativa divertida, deveríamos dedicar mais tempo tendo certeza de que nossa “diversão” é adoração.
Aqui estão algumas questões que podem nos levar nessa direção:
Eu escolho uma atividade divertida porque não há nada mais para fazer ou porque eu creio que de alguma forma ela levará ao crescimento do meu amor pelo Senhor?
Quando eu jogo algo, participo de esportes ou me dedico a um hobby, minha atitude demonstra o fruto do Espírito?
Quando eu saio com um grupo de amigos, estou apenas procurando divertir-me, ou glorificar a Deus através de encorajamento, luta contra o pecado e serviço a eles?
As atividades que eu considero “divertidas” aumentam minhas afeições pelo Senhor ou a diluem?
Eu enxergo meu tempo livre como pertencente a mim ou ao Senhor?
A diversão que o mundo oferece é insatisfatória, enganosa e temporária. Não vamos idolatrá-la ou cair por causa dela. Como cristãos, podemos desfrutar de atividades divertidas sem acreditar que elas são as raízes de nossa alegria. A diversão, alegria, prazer e celebração que experimentamos quando adoramos a Deus é maior que o mundo poderá conhecer, porque a raiz dela é saber que somos completamente perdoados através do sacrifício substitutivo de Jesus Cristo. Nossa alegria está no próprio Deus. Seríamos tolos de procurá-la em outro lugar.


Soli Deo Gloria!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A invenção do Brasil - por Marcos Almeida

Falando um pouco sobre a arte e brasilidade... sim, sou artista e sou brasileiro! 

Espero que gostem!

Toda criação neste nosso horizonte temporal, aqui, neste chão empoeirado onde  nós pisamos, é feita a partir de algo já pronto, portanto; criar é tecer com os fios coloridos da dádiva! É organizar materiais, descortinando pré-conceitos, abandonando estes conceitos ultrapassados à medida que estamos mais certos da liberdade. É ver o antigo atravessando gerações ao ser atualizado por aqueles sujeitos que não desprezam suas raízes mas também não se ocultam diante do novo. Toda novidade, meu leitor, é invenção e essa tal invenção é isso mesmo que acabei de falar. 


“O mais importante é inventar o Brasil que nós queremos” , determinou com coragem o antropólogo e conselheiro nacional Darcy Ribeiro. Disse isso com dedo em riste, prenunciando um tempo onde nós teríamos a ousadia de imaginar! E o que estamos tecendo com esses inúmeros fios? Com essas brasilidades a nós apresentadas e aglutinadas nessa sopa cultual que é o Brasil? Muita forma ainda precisa de debate e é por isso que abri esse espaço para palpiteiros de plantão, estudiosos, artistas, professores, intelectuais, religiosos, ateus e desocupados que possam contestar toda essa invenção, como também compartilhar seus caminhos e ideias. 
Sim! Daqui, deste lugarzinho bem simples onde habito, casado com Débora, amando sua companhia e seu frango com quiabo, correndo de vez em quando na Praia da Costa, rabiscando composições, rodando o Brasil com uma banda de rock, pregando o Evangelho lá no Templo, fazendo tudo isso em português, em solo brasileiro, como cidadão brasileiro, daqui consigo inventar um país diferente daquele que me deram. 
Não! Não se precipite em chamar isso de atrevimento descabido. Entro nessa aventura logo depois de rejeitar aquele dualismo hipócrita que dividia o mundo em gospel e secular. Como se isso fosse o mesmo que santo e profano! [Pensou que eram sinônimos (?), esquece]. Entro nessa depois que gravadoras viciadas naquelas enferrujadas estruturas de mercado me pedirem para ser mais secular (cortando expressões como ‘Tú és’, ‘Deus’ e ‘Senhor’ desse nosso rock brasileiro ‘?’), queriam me inculcar uma auto-censura típica de militares golpistas. Embarco nessa viagem depois de ver que a guerra do movimento gospel já está ganha pois, apesar de tanto fogo, meu amigo, ele conseguiu vencer  seus desafios internos e se mostrou vitorioso principalmente no campo da mídia. Uma guerra que durou pelo menos duas gerações. Hoje, por diversos fatores objetivos apresentados no processo civilizatório brasileiro, na formação do nosso povo, no amadurecer das nossas explicações para a vida (religião e filosofia), a nossa polivalente geração nasce num outro mundo. Menos distantes, esses espaços antes tão determinados e tão bem repartidos estão mesmo é se misturando.

É por isso que consigo imaginar um Brasil onde artistas cristãos recebam sua cidadania artística por causa da sua arte e não por causa da força de um mercado. Onde os parâmetros para classificar sua música sejam musicais ao invés de confessionais -  pois é verdade meu paciente leitor, somente aqui a confissão afro é chamada de brasileira (a famosa Umbanda Music que ampara 90% das letras da MPB contemporânea) mas  a confissão cristã (dos 90% de brasileiros, aquela inacreditável maioria católica e evangélica) é chamada de religiosa – MRB Música Religiosa BrasileiraEncaro esses obstáculos assumindo o conselho do grande Darcy Ribeiro, certo de que um Brasil mais justo na esfera social, mais transparente na sua administração pública, mais próspero economicamente, também deve ser mais cordial e generoso com qualquer um dos filhos, e com qualquer um dos artefatos produzidos por seus filhos, não interessando aqui a sua condição financeira, sua raça, sua  cor ou religião! 
Sim! É claro que isso não acontecerá através de um decreto constitucional, mas somente quando outros brasileiros sonharem em inventar esse Brasil que acabei de falar. Um sonho só de todos nós.


Soli Deo Gloria!