quinta-feira, 27 de junho de 2013

Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira...

Estou de volta.

Desde a última postagem referente ao Dia dos Namorados, muita coisa aconteceu por aí - manifestações populares por todo o Brasil e ao redor do mundo para dar apoio aos brasileiros que estão lotando as ruas das grandes capitais e também das cidades do interior, a Copa das Confederações, votações históricas em Brasília derrubando as PECs da vida... Mas, contrariando um pouco o que está em voga no país, vou falar de algo que tem me feito pensar bastante há algum tempo. Vamos adiante.


Primeiramente, numa época em que a juventude brasileira está mostrando para o mundo e para si mesma que não é tão alienada, apática ou mesmo alheia à política e à cidadania quanto normalmente parece (há algum tempo o que estava na moda eram os quadradinhos de 4 e de 8, não é?), os poetas e alguns ícones da música têm sido relembrados [como Geraldo Vandré, Chico Buarque, Cazuza, Renato Russo etc.] e os cartazes que são levados às ruas mostram um pouco da obra de cada um deles. Coisas como "Pai, afasta de mim este cale-se", "Vem vamos embora que esperar não é saber", "Vamos celebrar a estupidez humana" e outras frases de efeito têm se tornado gritos de guerra e de luta popular. Mas, no mesmo clima poético, queria relembrar outra frase de Renato, que na sua canção Quase sem querer (presente no álbum Legião Urbana Dois, de 1986), disse:

"Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira
Mas não sou mais tão criança
A ponto de saber tudo..." 


Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira. Verdade? Sim, por certo. Vamos aos porquês.

O trecho acima faz alusão de forma poética o episódio da queda de Lúcifer (do hebraico "estrela da manhã"), que segundo a tradição doutrinária cristã era um ser angelical, perfeito e repleto de luz criado por Deus mas que, devido ao seu orgulho e soberba, foi punido severamente por Deus juntamente com todos os que se rebelaram e, por isso, perdeu todo o seu esplendor e formosura. Na Bíblia existem duas passagens que (segundo os estudiosos de teologia) podem estar relatando com detalhes como foi a expulsão de Lúcifer do céu - o qual, depois disso, se tornou "satanás" ou "maligno". Dessas passagens, queria me restringir a uma delas, como segue:

"Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. 
Estiveste no Éden, jardim de Deus; te cobrias de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que tu fostes criado foram preparados.
Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o santo monte de Deus; andaste no meio das pedras de fogo. 
Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade.
[...]
Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura e corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei... para que olhem para ti". 
[Livro de Ezequiel, cap. 28, vs. 12-15 e 17]


A passagem bíblica é muito clara - mesmo que não seja exatamente sobre a queda de Lúcifer que o texto esteja falando, a lição deixada é: o orgulho corrompe qualquer virtude que eu possa ter e me conduz à ruína e à vergonha. Não adianta o quanto eu seja bondoso, habilidoso, talentoso e virtuoso - se nos orgulhamos disso, se somos cheios de nós mesmos por isso, se somos esnobes, desprezamos os outros (que sempre nos parecem inferiores a nós) e queremos nos mostrar sábios aos nossos próprios olhos, as virtudes são destruídas. Um velho sábio judeu já disse que o orgulho precede a ruína e que diante da honra vai a humildade e o mais sábio de todos os homens que já passou por aqui disse que o reino dos céus é dos pobres de espírito - ou seja, dos que sabem que não são nada, que não têm nada de que se gabar ou em que se fiar... Como os pobres de espírito estão livres de todas os entulhos do orgulho, eles estão prontos pra receber o Reino. Que coisa maravilhosa! Logo, me vem uma canção na mente: "...Eu quero ser mais 'menos', eu quero ter paz...". 


Eu não quero mentir pra mim mesmo.
Eu não quero achar que eu sou o "melhor melhor do mundo" quando, na verdade, sou o que sou pela bondade de Deus.

Por outro lado, a música ainda diz: "...já não sou mais tão criança a ponto de saber tudo...". Acho que o poeta foi muito feliz nesse trecho, pois o que me vem à mente ao ler essa frase é que a verdadeira sabedoria está com quem é simples, sincero, autêntico e que não se preocupa em ser mais do que se é. Que coisa bela é uma criança - a pureza no sorriso, o olhar doce, o jeito desengonçado mas despreocupado com isso, a alegria contagiante (alegria que se satisfaz com um cano de bica jorrando água num dia de chuva no sertão ou com uma tarde na pracinha do bairro com os pais num dia frio do inverno europeu)... Mas, normalmente, não somos mais tão crianças a ponto de sabermos tudo. Preferimos crescer, saber mais, fazer e acontecer e ter nosso ego inflado. Somos realmente medíocres, quase sempre. Portanto, prefiro relembrar algo que Aquele Sábio mais sábio também disse:

"Antes, qualquer que entre vocês quiser tornar-se grande, será esse o que os serve... E  qualquer que entre vocês quiser ser o primeiro, será servo de vocês... Bem como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir a dar a Sua vida em resgate de muitos". [Evangelho segundo Mateus, cap. 20, vs. 26-28]


Não tem acordo - se alguém se diz seguidor de Jesus Cristo, tem que se considerar/se tornar/se fazer como o mais insignificante, o menor, o menos digno de honras e tem que abandonar a busca pelos holofotes. Ele não dá lugar para os orgulhosos. Ele não dá vaga para os "melhores melhores do mundo" em tudo. Com Ele, tem que ser como criança mesmo - crianças precisam de ajuda pra tudo, não sabem "se virar" sozinhas, são dependentes e frágeis. Ora, o reino dos céus é dos pobres de espírito e também é das crianças - tudo se encaixa, né?

Finalmente, queria dizer que todos nós, um dia, como anjos caídos, fizemos "questão de esquecer e mentimos pra nós mesmos" - nos julgamos bons o suficiente para dirigirmos as nossas próprias vidas e ignoramos a Deus. Seguimos a dica de uma serpente que nos seduziu com a mentira de que poderíamos ser como Ele e, dessa forma, tudo deu errado. Até hoje continuamos a fazer isso todos os dias - mentimos pra nós mesmos e queremos ser os nossos próprios deuses... E o fim de tudo isso? A separação Dele, do Autor da Vida, da Vida que existe desde a eternidade e que Se manifestou para nos mostrar que ser grande é ser o menor, que ser nobre é se tornar como o mais desprezado, que ser importante é algo para quem sabe que não tem valor nenhum em si mesmo, mas sim Naquele que é o Único Digno. 


Mas a história não acabou assim... Jesus afirma que veio e nos deu o exemplo - mais que isso, Ele se deu para que muitos fossem resgatados de si mesmos e dos seus pecados para que pudessem verdadeiramente viver, viver Nele, por Ele e para Ele. 

E você? Vai continuar "mentindo pra si mesmo" e achar que é autossuficiente? Talvez esse texto chegou até você pra que você se volte para Deus enquanto você está vivo... Ou talvez pra você, que já é religioso e sempre se sentiu superior por ser assim, o texto veio para o relembrar da real mensagem de Jesus Cristo. Seja você quem for, não fique indiferente a Ele - pois Ele deu Sua própria vida por você.




Pela alegria de ser livre da mentira pela Verdade,



Soli Deo Gloria!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Bem dentro e lá fora...

Estive ausente por uns dias mas estou aqui de volta.

Dessa vez, pretendo ser realmente mais sucinto em minha postagem, pois o assunto do qual vou tratar deve sair das páginas dos blogs, dos comentários do facebook e das discussões ideológicas para ser concreto, prático, real... Tipo vida na vida.


No último feriado, estive com um grupo de cerca de 500 estudantes do Brasil e de vários países (Guatemala, Guiné-Bissau, Angola, Argentina, Peru, Estados Unidos, Venezuela etc.) em um congresso para universitários organizado pelo Movimento Estudantil Alfa e Ômega, na cidade do Rio de Janeiro. A palavra de ordem era: "Venha o Teu reino", fazendo referência à oração ensinada por Jesus Cristo nos evangelhos de Mateus e Lucas. Logo, o assunto ao qual me referi acima é o reino de Deus.

O reino de Deus é a mensagem central de Jesus Cristo. Ele era o Proclamador do "Evangelho do Reino de Deus" ou da "Boa Notícia do Reino de Deus" e, após escolher os seus 12 discípulos mais próximos, os ordenou a pregar o "Reino de Deus". Sim... Mas por onde começamos? Vamos em frente. 


Reino significa "domínio" ou "governança". Logo, a mensagem primordial de Jesus ao mundo é a de que Deus reina, domina, governa sobre tudo. As criaturas que Ele mesmo fez devem saber disso: Deus é Deus. Sem esse entendimento, não poderemos saber quem é Deus de fato. Tudo começa desse ponto - existe um Reino, logo existe um Rei; existe um domínio, logo existe alguém que domina tudo. 

Mas como é esse reino de Deus? Em que ele se baseia? Quais as suas características?

A Bíblia diz muitas coisas sobre o reino de Deus [ou reino dos céus]... Vamos a algumas delas:

Salmo 45:6 - "O teu reino é um reino eterno..."
Salmo 97:2 - "Justiça e juízo são a base do Seu trono..."
Salmo 103:19 - "...o Seu reino domina sobre tudo..."
Hebreus 1:8: "...o cetro do Teu reino é um cetro de justiça..."
Romanos 14:17 - "...o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo..."
Lucas 17:20-21 - "...o reino de Deus não vem com aparência exterior... porque o reino de Deus está entre vocês..."
João 18:36 - "...Disse Jesus: o meu reino não é deste mundo..."
Hebreus 12:28 - "...Portanto, tendo recebido um reino que não pode ser abalado..."
Mateus 5:3 - "...Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus..."
Mateus 6:33 - "...Busquem primeiramente o reino de Deus e a Sua justiça..."
Mateus 5:10 - "...Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus..."
Mateus 18:3-4 - "...Se não se arrependerem e não se fizerem como crianças, de modo algum entrarão no reino dos céus... Aquele que se faz menor como esta criança, este é o maior no reino dos céus..."


Eu poderia ficar durante vários parágrafos comentando cada versículo, mas eu acredito que a simples leitura deles é suficiente para nos dar uma ideia de que o reino de Deus não tem nada a ver com os "reinos" terrenos. 

No reino de Deus, não há espaço para aparências e glamour - ora, o Reino não vem de modo visível... O reino de Deus é eterno - todos os reinos humanos que já se constituíram ao longo da história já acabaram ou ainda vão ter fim... O reino de Deus não tem nada a ver com materialismo e coisas banais - o Reino é justiça, paz e alegria [mas tudo isso no Espírito Santo, não de forma natural e humana]... No reino de Deus, o maior é aquele que se faz o menor de todos - nada, nada, nada de sermos esnobes, vaidosos e cheios de nós mesmos! Quanto mais orgulho, mais nos afastamos deste Reino... O reino de Deus deve ser a prioridade da vida - Deus é Deus e deve ser temido, adorado, conhecido e servido e, como todas as coisas que existem são para Sua glória, o Reino deve ser buscado antes de tudo e sobre tudo... O reino de Deus não pode ser abalado - as novas ideologias, filosofias naturalistas e humanistas, o relativismo e o antropocentrismo que procura tornar o homem o seu próprio "rei" não pode prevalecer contra Deus [o reino Dele está firmado desde a eternidade]... Finalmente, Jesus disse que o reino dele não é desse mundo - são valores diferentes, propósitos diferentes e, acima de tudo, um Rei totalmente singular e incomparável - Jesus Cristo.


No entanto, tudo isso é muito belo e atraente na teoria - por exemplo, neste blog. Meu objetivo, na verdade, é simplesmente transmitir aquilo que o próprio Deus [por meio de Sua palavra] nos disse a respeito de Seu reino e, a partir desse conhecimento, sermos moldados e inspirados a viver à luz dessa realidade - não temos mais desculpas para sermos omissos, pois o "reino está entre nós" e, se nos consideramos filhos de Deus, devemos ser também canais pelos quais o Reino Dele se estenderá para ser plenamente estabelecido num futuro que somente a Ele pertence. O reino é agora e aqui mas também é amanhã e na eternidade. 

Nesse sentido, visto que ainda existe maldade, injustiça e crueldade no mundo, não podemos dizer que o reino de Deus está "totalmente" em nosso meio. Porém, podemos ter a esperança de que o dia a partir do qual o Reino será pleno e visível chegará - um dia em que uma voz dirá: "...os reinos do mundo passaram a ser de nosso Senhor e de Seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos..." [Apocalipse 11, vs. 15].


Finalmente, diante de tudo isso, eu não quero correr o risco de ter de ser subjugado ao domínio de Jesus à força. Pelo contrário, quero viver cada vez mais intensamente a realidade do reino de Deus no meu dia-a-dia - na escola, na faculdade, no trabalho, na igreja, no cinema com os amigos, num show de Jazz, tomando banho, pegando ônibus lotado, viajando etc... E, para que esse reino seja cada vez mais notório, a palavra de ordem é JUSTIÇA - pois justiça é o mesmo que retidão ou verdade e, portanto, onde há retidão e verdade, existe amor, graça, compaixão e bondade. Foi assim que Jesus pregou o "reino de Deus" - falando e praticando; logo, só me resta fazer o mesmo pois, se eu sei a teologia certa, o outro passo é praticá-la - ou seja, o reino vai moldando quem eu sou e o que eu faço reflete essa mudança. 


Deus, ouça a minha oração... Que venha o Teu reino, bem dentro e lá fora... Que a Tua vontade seja feita, pra sempre e agora!




Pela alegria de ser parte desse Reino,



Soli Deo Gloria!