sexta-feira, 30 de novembro de 2012

E o sagrado... ?

Sim.
O provável último mês da história da humanidade - se os Maias estiverem corretos em seu calendário - está chegando ao fim.

Restam apenas 21 dias para o fim do mundo... Será?

Mas... e se for verdade? Como iremos aproveitar as últimas 3 semanas do mundo?


Não. Não é disso que eu quero falar aqui. 

Tenho pensado em algumas coisas nos últimos dias e, após ouvir uma canção muito interessante de uma banda de rock brasileiro de raiz cristã chamada Palavrantiga (o nome da música é "Sagrado", presente no álbum recém-lançado "Sobre o mesmo chão"), decidi falar um pouco sobre o conceito de "sagrado" e tudo o que está relacionado a isso. Como sempre, me desejem sucesso na abordagem - eu não sou formado em comunicação nem sou um linguista. 

Primeiramente, o termo "sagrado" está ligado ao termo "sacro", o qual pode ser considerado uma forma contracta de "sacrossanto" - isto é, um termo ligado a coisas religiosas, consagradas, separadas do comum e trivial etc. Sendo mais simples, sagrado é tudo o que não deve ser levado sem seriedade ou sem respeito, pois o que é sagrado normalmente é associado à espiritualidade e à divindade - logo, em se tratando de Deus, o temor e a reverência são conceitos inseparáveis.


Entretanto, o que queria destacar aqui é a nossa percepção ou concepção errada do que é "sagrado" e do que é "profano", no sentido de que isso significa que existem as coisas que "são de Deus" e as que "são do diabo". Como diz a letra da música que citei acima, "o sagrado se tornou hilário". É isso mesmo. Nunca houve um tempo em que o "sagrado" foi tão ridicularizado como nos nossos dias e, devido a uma dicotomia que reflete a falta de compreensão de que Deus é Senhor de todas as coisas, isso tem sido cada vez mais real. Na verdade, eu fico com as Escrituras, onde se lê:

"Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam". [Salmos 24:1]

Tudo na terra é Dele. Um certo teólogo já dizia que "...não há nenhum centímetro no Universo em relação ao qual Cristo não possa dizer: isso é meu!". As Escrituras afirmam que "...Dele, por Ele e para Ele são TODAS AS COISAS". Todas. Logo, por mais que o pecado tenha feito um estrago tamanho na natureza humana, Deus ainda espalha centelhas de Sua imagem em todo canto --- nas artes (e como isso é verdade!), na ciência, no cotidiano etc... Se todas as coisas que expressam a imagem de Deus nas Suas criaturas e nos trazem à realidade de Sua glória vêm do próprio Deus, todas elas são santas - são sagradas. Não há motivos para divisões dicotômicas. Ele é Senhor de tudo. 


Enfim... o que eu quero enfatizar é: tudo o que Deus criou é bom, sendo santificado pela Palavra de Deus e pela oração (1 Timóteo 4:4-5). Ou, nas palavras do poeta da canção:

"E agora? Tanto faz...
O que é sagrado?
Nada importa se isso tudo não for antes santificado
Bem no interior do meu peito..."

É isso que importa.

Se estamos num ambiente religioso, temos a má tendência de nos julgar mais "santos" do que os demais porque fazemos as coisas "certas" e porque não nos envolvemos com o "profano" ou com as "coisas do mundo". Bem, se fazemos aquilo que chamamos de "coisas de Deus" sem que as nossas afeições sejam purificadas e transformadas pela Palavra do próprio Deus - ou seja, Cristo - , nada importa. São apenas boas ações do ponto de vista humano. Deus não se convence com nada disso. Melhor: Ele não é persuadido por nada nem ninguém; Ele só faz algo conforme os Seus próprios padrões e, nesse caso, o "sagrado" é aquilo que Ele mesmo santifica pela Sua palavra e pela oração.


Enfim.

Encerro minhas palavras citando Paulo em sua carta aos crentes de Corinto, onde se lê:

"Portanto, quer comais, quer bebais ou fazeis outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus". [1 Coríntios 10:31]


Todas as coisas foram criadas Nele. Nos céus e na terra. As visíveis e as invisíveis. Tudo deve ser para a glória Dele. Se fazemos qualquer coisa que não tem como fim principal e supremo a glória de Deus, estamos desobedecendo ao que Ele diz para fazermos. Logo, a minha vida inteira - estudos, artes, conhecimento, teologia, namoro, família etc. - deve buscar uma coisa e tão somente uma: a glória de Deus. Já dizia o nobre Spurgeon: "Para quem vive para Deus nada é secular; tudo é sagrado". 




Pela certeza de que tudo é sagrado se é feito Nele,



Soli Deo Gloria!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Felicidade é só questão de ser...

Lá se foram quase três semanas sem nada por aqui mas... eu voltei.

Depois de um tempo fora do blog - resolvendo coisas do mestrado, curtindo momentos com os amigos e viajando para a Cidade Maravilhosa 2 (ou seja, o Rio de Janeiro) - , tive um pequeno insight e decidi escrever novamente. Como sempre, espero ter sucesso.


Sem mais delongas, vamos lá.

O título deste texto se baseia nos versos de uma canção chamada "Felicidade", interpretada por Marcelo Jeneci, artista de um segmento também chamado de "Nova Música Popular Brasileira" (NMPB), cujas influências remontam ao pop, ao RandB, ao Jazz, Bossa Nova etc. Precisamente, estes versos aos quais me refiro dizem:

"Você vai rir sem perceber
Felicidade é só questão de ser
Quando chover, deixa molhar
Pra receber o sol quando voltar..."

FELICIDADE É SÓ QUESTÃO DE SER. E daí? É isso mesmo? O que isso quer dizer?


Primeiramente, felicidade pode ser definida como "alegria, estado de contentamento e de satisfação, gozo etc...". Partindo-se desses conceitos, normalmente tende-se a associar felicidade com o "ter isso" ou "ser aquilo outro". Isto é: ser feliz é ter dinheiro, ter muitos amigos, ter uma família estruturada, ser respeitado na sociedade, ser bonito, ser inteligente etc. Entretanto, por mais que ter uma vida financeira estável, ter amigos e uma boa família sejam coisas boas e valiosas bem como ser respeitado, belo e inteligente tenham seu lado positivo, continuamos insatisfeitos. Podemos ter e ser tudo isso e muito mais, mas permanecemos infelizes. 

Por quê?

A questão é simples: na medida em que assumimos como verdade a ideia de que felicidade depende do que se tem e de como somos vistos e adjetivados por nós mesmos e pelos outros, estamos nos afastando cada vez mais do que se poderia chamar de "real felicidade". Ora, nós nunca TEREMOS tudo o que achamos que nos fará "felizes" e muito menos SEREMOS os modelos de uma total autossatisfação. Se você entendeu o que eu quis dizer, não sei porque ainda permanece iludido... É simples assim. 


Trocando em miúdos: eu não tenho que buscar impressionar os outros ao exercer um papel de "pessoa perfeita" apenas porque, se eu mostrar os meus defeitos, elas se afastarão de mim. Que se afastem! Se elas não sabem lidar com as diferenças dos outros ou, na melhor das hipóteses, não sabem ajudar os outros a se tornarem "pessoas melhores" por meio de uma convivência saudável, não servem para conviver. Eu não devo tentar parecer algo que não sou. Nem eu e nem você que está lendo esse texto. A vida não é uma peça de teatro (desculpas ao Charles Chaplin). Na vida não é possível ser um ator; hipocrisia não funciona. Na verdade, prefiro acreditar que a vida é mais do que o sustento diário e que o corpo é mais do que as coisas que vestimos. A vida de qualquer um de nós não consiste na quantidade dos bens que temos. Prefiro pensar na vida como disse Caetano Veloso em uma de suas músicas: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.


Quando pensei em "felicidade é só questão de ser" para esta postagem, me veio à mente um dos diálogos mais surreais da história, no qual havia um homem atemorizado diante de um fogo que não consumia o que estava ao redor por mais que fosse terrível. Esse homem se chamava Moisés e, nesse episódio, ele estava diante de uma voz grandiosa e temível - Deus, como se fosse um fogo, se manifesta e começa a conversar com Moisés em um monte chamado Horebe. 


Eis uma parte do diálogo:

E vendo o SENHOR que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui.
E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés, porque o lugar em que tu estás é terra santa.
Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus. 
[...]
Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?
E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. 
[Êxodo 3: 4-6 e 13-14]



Deus conversa com Moisés e se revela como "Eu sou o que sou". Ou seja: por mais que a Bíblia mostre Deus como um Deus que é santo, eterno, soberano, rei, salvador, fiel, justo, perfeito, imutável, digno de louvor, glorioso, todo-poderoso, exaltado, amoroso, benigno, paciente, bondoso, piedoso, misericordioso, grande, forte, vencedor, vingador, fogo consumidor, onisciente, onipresente etc., nenhuma desses adjetivos [por mais que eles sejam nobres, visto que se referem ao Criador e Sustentador de tudo, em quem tudo se move e existe] pode ser comparado a essa passagem. Como disse John Piper em seu livro "O legado da alegria soberana", a expressão "eu sou o que sou" significa dizer que Deus é "Aquele que simplesmente e absolutamente é". Não é possível descrever Deus, pois as descrições limitam aquilo que é descrito. Um Ser infinito não pode ser limitado por pobres adjetivos humanos. Bem, se Deus é "Aquele que simplesmente e absolutamente é", eu só preciso ser o que sou. Sem personagens ou máscaras. Eu só preciso SER. Você também.


Jesus também disse o mesmo em um de seus discursos, conforme registrou o evangelista João:

"Disseram-lhe pois os judeus: ainda não tens 50 anos, e viste Abraão?
Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu sou". 
[João 8:57-58]

Jesus Cristo é Deus. Logo, todos os atributos mencionados anteriormente também se referem a Ele. Entretanto, para retificar a sua deidade, Ele disse: "...antes que Abraão existisse, Eu Sou". Jesus simplesmente É. Se alguém está sendo conformado à Sua própria imagem, esse alguém não deve buscar nada mais do que SER. Sem querer impressionar os outros, sem buscar parecer melhor do que se é, sem fingimentos ou mentiras. Alguém já disse certa vez: "autenticidade é coisa de Deus".


Enfim: se a "real felicidade" está somente em Deus - isto é, está Naquele que simplesmente e absolutamente é - , felicidade é só questão de ser. Felicidade é apenas viver, se mover e existir Naquele que É. Você quer ser verdadeiramente feliz? Abandone todas as pretensões de "parecer" ou de "ser isso ou aquilo outro". Somente viva Nele. Somente esteja Nele. Somente seja alguma coisa Nele. Isso é felicidade.




Pela felicidade de ser quem eu sou Nele,



Soli Deo Gloria!