quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

O que você vai contar [para seus netos]?

Após quase dois meses de ausência, finalmente pude voltar aqui.

Nesse tempo, estava muito atarefado com outras coisas e, realmente, não consegui dar atenção ao blog. Talvez, por outro lado, faltou inspiração mesmo. Mas, na verdade, não é isso que importa agora.

De fato, este deve ser o último texto do ano [para alegria de muitos!] e é preciso "trabalhar enquanto é dia, pois a noite logo vem, quando ninguém pode trabalhar".

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O título desta postagem é inspirado numa propaganda de TV "não muito recente", a qual falava sobre a idéia de "aproveitar bem a vida" e "curtir os amigos e os bons momentos", cujo final trazia a pergunta "o que você vai contar para os seus netos?", indicando que uma vida sem boas aventuras ou lembranças agradáveis será "sem graça" quando estivermos mais próximos da morte. Na verdade, nem todas as coisas das quais a propaganda falava eram de fato "boas" em si, mas acredito que esse senso de "ter o que transmitir" para as gerações futuras é mais do que urgente.

Nesse sentido, uma observação honesta e cuidadosa [ainda que rápida] de nosso mundo nos permitirá concluir que "nunca antes na história" [parafraseando um nobre canalha, carinhosamente apelidado de "nine fingers"] houve tão pouco respeito e apreço pela tradição, pela herança cultural, familiar, religiosa, civilizacional, literária, artística ou qualquer espécie de legado que nos remeta aos "tempos passados" - ora, a moda é "fazer revolução", é "desconstruir padrões", é "ser diferente", é "quebrar o tabu", é a onda do "meu corpo, minhas regras" com todo tipo de jargão infantil que não passa de histeria auto-hipnótica de quem acha que "seu cabelo é o novo poder social" bem como que o DCE de sua universidade é o "supra-sumo intelectual" do país e o "detentor da verdade e da moral"... Mas a verdade e a moral são construções sociais dos cristãos euro-americanos fascistas! Enfim, adaptando uma citação do filósofo Sir. Roger Scruton - esse sim, digno de ser mencionado como "nobre" -, não vou perder meu tempo dando atenção a quem só merece riso ou desprezo, pois o que interessa é: em uma época em que tudo que tem sustentado nossa sociedade e civilização está sendo destruído à velocidade da luz, "o que eu vou contar 'para meus netos'"? ou, em outros termos, o que eu tenho feito para preservar o que recebi de bom dos meus antepassados? 

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Desse modo, creio que podemos aprender com a tradição israelita/judaica [que também é estendida à tradição cristã] ao mencionar o seguinte trecho dos Salmos, onde se lê:

Não me abandones, ó Deus, agora que estou velho e de cabelos brancos, para que eu possa falar de Tua força aos nossos filhos e do Teu poder às gerações futuras. [Salmo 71, vs. 18]

Nesse salmo, o rei Davi [que o escreveu] já estava idoso e, portanto, ao longo deste texto faz declarações como "...em Ti está a minha confiança desde a minha mocidade..." (vs. 5), "...desde o ventre materno dependo de Ti; Tu me sustentaste desde as entranhas de minha mãe..." (vs. 6) e "...desde a minha juventude, ó Deus, Tu tens me ensinado, e até hoje eu anuncio todas as Tuas maravilhas" (vs. 17), as quais mostram claramente que, aquilo que ele havia aprendido a respeito de Deus a partir de sua infância foi conservado por ele até a sua velhice, de modo que o seu interesse era que isso fosse preservado para que seus descendentes também tivessem o mesmo conhecimento que ele tinha

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Ora, nossos dias estão cada vez mais perversos e tenebrosos, pois comemorar o Natal já tem se tornado um "discurso de ódio islamofóbico" em alguns países da Europa [enquanto isso, o Islam através de seus "embaixadores" continua sendo a causa de mortes, estupros, atentados e toda sorte de crimes na Europa e na América do Norte - ah, e o que dizer dos efeitos nefastos do Islam no próprio Oriente Médio?], tradicionais canções cristãs de Natal estão tendo suas letras mudadas para "não ofender os imigrantes muçulmanos" na Noruega, os "jogos públicos de estupro coletivo" feitos por imigrantes africanos e árabes na Alemanha e na Suécia tem sido tolerados [mas, o que pode ser mais perverso do que alguns tweets denunciando esse tipo de crime bárbaro?] em nome da "tolerância e respeito ao diferente"... E o que dizer de todos os ataques meticulosamente engendrados contra a estrutura convencional de família, a perversão infantil pela erotização precoce intencional feita pela mídia e pelos meios de educação públicos e, obviamente, a desonestidade e desinformação generalizadas expressas na adulteração da história em prol de uma determinada hegemonia ideológica e culturalIsto é, gradativamente todos os símbolos e ícones que são associados ao divino, à Bíblia e ao legado cultural cristão estão sendo eliminados do Ocidente e, dessa maneira, se faz pertinente levar a sério a missão de "contar para os filhos, netos e quem mais estiver ao alcance" sobre o que já nos tem sido dado há 2000 anos [o que pode chegar perto de 4000 anos, contando com a herança judaica].

Mas... o que exatamente devemos "contar"? 

Embora eu tenha destacado algumas situações recentes específicas que mostram o ataque direto a tudo que aponta para o cristianismo e às suas tradições instiladas na sociedade ocidental [cuja importância deve ser salientada], meu objetivo principal é me deter ao conteúdo do próprio texto bíblico, o qual nos informa sobre o que devemos "contar" para a nossa gerações e para aquelas que virão: a força e o poder de Deus.

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Força e poder.

Inicialmente, força é uma palavra relacionada à capacidade de realização e de resistência [na física, essa capacidade é relativa ao conceito de trabalho, sendo matematicamente representada através de um ou mais vetores, de modo que possui intensidade, direção e sentido]. Nesse contexto, poder é um termo usualmente referente à idéia de autoridade, habilitação para algo, controle e domínio. Portanto, quando as Escrituras falam a respeito da "força e do poder de Deus", elas querem nos dizer que Deus tem capacidade plena para realizar todo o trabalho/obra que quiser [inclusive com "intensidade, direção e sentido" específicos] bem como que Ele é livre para exercer controle total sobre toda a realidade a Ele exterior, de forma que não há qualquer disputa entre Deus e qualquer outra criatura no universo quanto ao domínio absoluto sobre tudo o que existe, pois "...o Senhor estabeleceu o Seu trono nos céus, e o Seu reino domina sobre tudo" [Salmo 103, vs.19].  

Nesse caso, quando o salmista suplica a Deus para que "não o abandone a fim de que ele possa proclamar a força e o poder divino à geração presente e às futuras", ele afirma seu anseio de fazer com que todos os que o cercavam enquanto ele estava vivo bem como alguns dos que ficariam vivos após sua morte pudessem conhecer a Deus como Ele de fato é - um Deus forte, poderoso, soberano e que não é afetado pelas circunstâncias mas sim as governa em Sua providência, de modo que em seguida ele escreve:

Tua justiça chega até as alturas, ó Deus, Tu, que operas grandes coisas. Quem é semelhante a Ti, ó Deus? [Salmo 71, vs. 19]

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Justiça elevada. Grandes obras. Deus incomparável.

Pensar nessas três assertivas - "justiça elevada", "grandes obras" e "Deus incomparável" parece bastante oportuno há 3 dias do Natal, pois talvez esse seja um dos momentos que mais expressam com perfeição a união desses três conceitos, pois é no Natal que lembramos com mais vivacidade que, num dado momento da história, o "mistério que esteve oculto desde todos os séculos e por todas as gerações", o "grande mistério da piedade", foi então "manifestado na carne" - sim, o Verbo Eterno, que estava no princípio com Deus e era Deus, sem O qual nada do que foi feito se fez, em quem estava a Vida, que trazia consigo a Luz verdadeira que ilumina a todo homem, o Qual, embora esteve no mundo, não foi conhecido pelo mundo, que veio para os Seus e foi rejeitado por eles, mas que concedeu o poder de serem feitos filhos de Deus a todos os que crêem em Seu nome, que habitou entre nós de modo que vimos a Sua glória, sendo cheio de graça e de verdade, de Quem recebemos plenitude e "graça sobre graça" e que nos fez conhecer o Deus que nunca foi visto por alguém. Ele, chamado Cristo [que significa ungido, escolhido], ao nascer da virgem Maria naquela estalagem em Belém da Judéia, em meio aos animais e sem qualquer ostentação, recebeu o nome Jesus, pois "Ele salvaria o Seu povo dos pecados deles". Ou seja, o "Deus incomparável" veio à terra em forma humana, como um bebê judeu, para realizar a maior das "grandes obras" do Eterno - a redenção dos pecadores que outrora andavam "como ovelhas sem pastor, desgarrados e errantes" - a fim de que a "justiça elevada" desse Deus fosse satisfeita, justiça pela qual nenhum pecado deixou ou deixará de ser punido bem como nenhum pecador arrependido de seus pecados deixou ou deixará de ser perdoado. 

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Finalmente, ainda que o Natal seja um período onde normalmente trocamos presentes, ornamentamos nossas casas com os enfeites típicos, viajamos de férias ou fazemos a ceia com a família - tudo isso é lícito e tem o seu valor -, o Natal ["Navidad", "Noël", "Natale", "Christmas" etc.] é algo maior e mais significativo do que isso, pois [embora Jesus possa não ter nascido no dia 25 de dezembro] é nesse momento que somos levados a recordar a gloriosa intervenção divina - por assim dizer, claro, já que a história não ocorre à parte de Deus - por meio da qual uma virgem [ou provavelmente "jovenzinha", no original] concebeu por obra do Espírito de Deus "...que a envolveu com a Sua sombra..." e, assim, ocasionou a manifestação de um anjo que anunciou a alguns pastores...

Não temais! Eis que vos trago boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: hoje, na Cidade de Davi, vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. [Lucas 2, vs. 10-11]

... a qual foi acompanhada de uma grande multidão do exército celestial, que louvou a Deus dizendo:

Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens a quem Ele concede o Seu favor. [Lucas 2, vs. 14]

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Em suma, Deus manifestou o Seu favor aos homens de uma maneira singular através da Encarnação, de modo que incontáveis anjos O louvaram por tal ato de misericórdia. Eis a "velha notícia" que é sempre "nova" quando me lembro dela [a qual estão buscando extinguir da minha civilização a todo custo, ou mesmo desvirtuá-la como fazem com a Páscoa], notícia essa que devo desejar compartilhar com alegria e zelo, não apenas mediante esse post e nessa época do ano, mas ao longo de toda a vida - pois, se não houvesse Natal [ou melhor, se não houvesse a Encarnação] não haveria qualquer esperança quanto a experimentar "vida eterna" e, com ela, o fim de todo o mal, pois por intermédio dela Deus... 

"...Ergueu uma poderosa salvação para nós... salvando-nos de nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam, para mostrar sua misericórdia aos nossos antepassados e lembrar Sua santa aliança: [...] resgatar-nos da mão de nossos inimigos para O servirmos sem medo, em santidade e justiça diante Dele, todos os nossos dias... por causa das ternas misericórdias de nosso Deus, pelas quais do alto nos visitará o Sol Nascente, para brilhar sobre aqueles que estão vivendo nas trevas e na sombra da morte, e guiar nossos pés no caminho da paz..." [Lucas 1, vs. 69, 71-72, 74-76 e 78-79]

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E você? Se identifica com essas palavras? Se identifica com o Salvador revelado nelas?

Se sim, o que você vai esperar para começar a contar para seus contemporâneos sobre a força e o poder de Deus, manifestos plenamente por meio da Encarnação do Verbo?

E, caso você já tenha família (filhos, netos etc.) e também se identifica com o que leu aqui, você vai se esquecer de que está escrito que devemos ensinar essas coisas aos filhos e aos filhos de nossos filhos "...deitando e levantando, colocando-as nos umbrais das portas e atando-as até mesmo ao próprio corpo..." para que eles saibam que "o Senhor é o nosso Deus, o Deus único, a Quem devemos amar de todo coração, alma e forças"?




Pela alegria de ter o que contar ao mundo,




Soli Deo Gloria!

domingo, 30 de outubro de 2016

[Ante et in] et "Post Tenebras, Lux"

Mais um mês se passou [ou está se concluindo] e já é hora de escrever novamente. 

Inicialmente, acredito que tenho sido um pouco mais amigável do que o convencional em meus últimos textos - no entanto, agora, pretendo fazer diferente. De fato, quando percebo que estou sendo "doce demais", algo está errado... Portanto, parafraseando Santo Agostinho, meu pedido de hoje é: "dá-me serenidade, mas agora não"

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O texto de hoje, como já é o costume neste blog, traz como background o aniversário de 499 anos da Reforma Protestante, comemorado neste dia 31 de outubro de 2016 [embora o Halloween seja mais popularmente "celebrado" em nossa sociedade há algum tempo nesta mesma data]. Nesse sentido, quero trazer como fundamento do que pretendo abordar a frase presente no altar da Cathédrale de Saint-Pierre em Genève/Genebra, na Suíça, na época em que João Calvino [considerado o maior teólogo e mentor da Reforma] exerceu seu ministério pastoral, a qual diz:

POST TENEBRAS LUX! [ou, em bom português, "Após as trevas, Luz!"].

Em primeiro lugar, vale delinear os significados práticos de "trevas" e de "luz", de modo que pode-se definir "trevas" como sinônimo de "escuridão", "obscuridade" ou mesmo "cegueira" e, por outro lado, pode-se dizer que "luz" é algo relativo a "claridade", "esplendor", "visão" e "beleza", uma vez que o sábio antigo já dizia que "...verdadeiramente suave é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol..." [Eclesiastes 11, vs. 7]. Contudo, o significado atribuído [provavelmente por João Calvino] a "trevas" e a "luz" na frase "POST TENEBRAS LUX" não diz respeito a algo material ou natural apenas, mas sobretudo espiritual - na verdade, a frase expressa a natureza do que foi a Reforma Protestante, um movimento que, pelo resgate da majestade e da suficiência da Bíblia como revelação divina ao mundo e aos homens, mudou a face da Europa radicalmente, criou nações para além do Velho Continente, transformou outras na própria Europa e [digam o que disserem] que possui um honorável legado que até hoje perdura em nosso "mundo ocidental"

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Nesse sentido, gostaria de fazer um breve parêntese: estou totalmente ciente de que, de maneira indubitável, Deus não ficou "em silêncio" e "sem fazer nada" na história do povo cristão durante esses 15 séculos que precederam a Reforma em si, pois Jesus disse que "...Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" [João 5, vs. 17] - ou seja, nem tudo era "trevas". Ora, muitas das doutrinas mais importantes da fé cristã [como a Trindade, a Deidade de Cristo, a Divindade do Espírito Santo, dentre outras] foram ratificadas na época da Patrística mediante alguns concílios [Éfeso, Calcedônia etc.] e credos [Apostólico, Niceno etc.] fundamentais para o Cristianismo, bem como diversas das características que tornam a Civilização Ocidental a mais livre, benéfica, admirável e justa das civilizações humanas [como a criação das escolas e universidades na época da Escolástica, além dos hospitais e orfanatos, a preservação das obras clássicas nos monastérios, a arte gótica e bizantina, a noção da dignidade do indivíduo e o respeito ao próximo, o direito de propriedade privada etc.] - "s'il vous plaît", não me venha com aquele papo progressista/multicultiralista/marxista cultural de que "todas as culturas são igualmente boas e belas" e de que "todas as civilizações são igualmente justas à sua maneira"; não seja estúpido nem idiota - foram conquistas obtidas antes da ocorrência da Reforma no começo do século XVI. 

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Porém, em contrapartida, não há como negar [a não ser que você também seja tão cretino quanto os progressistas supracitados, embora sob a máscara da "verdadeira religião"] que muito do cristianismo anterior à Reforma [com suas exceções notáveis, é claro - como não admirar Agostinho de Hipona e sua "Teologia da Graça Soberana", Anselmo de Cantuária e sua "Inteligência Humilhada", Tomás de Aquino e sua "argumentação de Deus como 'causa primária não-causada'" ou Tomás de Kempis e sua encantadora devoção a Cristo?] foi somente "trevas" - trevas segundo as quais a salvação podia ser comprada com documentos e "moedas tilintando no cofre, para que as almas saíssem do purgatório" [purgatório, em que Bíblia está escrito isso?], nas quais a Bíblia era uma "patente do clero" e totalmente ocultada do povo [uma tática clara de manipulação intelectual e espiritual que tem efeitos nefastos até hoje] e heresias incontáveis [a exemplo do próprio purgatório, da transubstanciação - a hóstia e o cálice se transformam a cada eucaristia no corpo e sangue literais de Cristo... o que fizeram com João 6? -, da infalibilidade do Papa ou "sucessor do apóstolo Pedro" (sério mesmo?) ou mesmo da equivalência de autoridade entre a Bíblia e a "santa tradição da Igreja" (não sabia que eu podia inventar dogmas e dizer que foi Deus quem me revelou!) etc.] que não cabem no espaço deste post. Eu posso não ser um "intelectual, professor, filósofo, jornalista, escritor de vários livros, restaurador da alta cultura de meu pais ou qualquer coisa parecida", mas defenderei o que disse nas próximas linhas, fazendo minhas as palavras de Lutero [o odiado!]: "...a não ser que seja convencido pelo testemunho das Escrituras, não me retratarei..."

ANTES, AS TREVAS.

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Neste sentido, não quero falar sobre o que eu não sei, mas posso mencionar alguns aspectos que caracterizam essas "trevas" que antecederam a "luz". 

Em primeiro lugar, onde a Bíblia não é acessível, as trevas espirituais serão inevitáveis, pois "...lâmpada para os meus pés é a TUA PALAVRA, e LUZ para os meus caminhos..." [Salmo 119, vs. 105] - eu não quero saber de desculpas como "o povo não poderia entender a Bíblia sem a explicação de um "erudito da Igreja", pois aqueles a quem Deus unge com Seu Espirito "...não têm necessidade de que alguém os ensine, mas a unção que vocês receberam Dele os ensina todas as coisas, e ela é verdadeira, e não é mentira..." [1 João 2, vs. 27], de modo que a Bíblia por si mesma tem o poder necessário para alcançar a mente do homem, pois "...os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, e TORNAM SÁBIOS OS INEXPERIENTES..." [Salmo 19, vs. 7]. Além disso, em nenhum lugar da Bíblia há qualquer autorização divina para considerar a Palavra inspirada por Deus [ou "soprada", no grego original] equivalente a qualquer outra fonte de verdade espiritual, pois está escrito que "...quando lhes disserem para procurarem um médium ou alguém que consulte espíritos e murmure encantamentos, pois TODOS RECORREM A SEUS "DEUSES" E AOS MORTOS EM FAVOR DOS VIVOS, respondam: à LEI e aos MANDAMENTOS! Se eles não falarem conforme ESTA PALAVRA, vocês jamais verão a LUZ" [Isaías 8, vs. 19-20]. Eu poderia passear pela Bíblia inteira mostrando outros versos para fortalecer meu argumento, mas esse é suficiente para derrubar qualquer arrogância insolente pela qual a "santa tradição" também é "palavra de Deus" - isto é, ou você crê em SOLA SCRIPTURA, ou você está em trevas; esqueça seus "gurus de Youtube e redes sociais" e se volte para a palavra do Deus [mas é a Palavra dele mesmo, sem acréscimos de livros controversos e heréticos] que você diz ser o seu Deus, antes que você vá para o inferno sem passar pelo purgatório [já que ele nem existe mesmo]. Tradição só é boa se é conformada à verdade e, como Jesus já disse, "...a Tua Palavra é a verdade" [João 17, vs 17]. A "Tua Palavra", e nada além dela

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Para terminar esse tópico, não poderia falar sobre as trevas "mais densas" - ou seja, aquelas segundo as quais a salvação foi, por muitos séculos, uma moeda de troca, uma barganha com Deus por interesses espúrios (como a arrecadação de rios de dinheiro pela venda de indulgências em massa para a construção da Basilica di San Pietro no Vaticano - a qual é, apesar dessa questão, uma inestimável e fascinante obra de arte) a fim de se enganar as pessoas com falsas promessas de vida eterna, como dizia o abominável Tetzel: 

"Quando um moeda tilinta no cofre, uma alma sai do purgatório... tens uma moeda para Cristo?"

Quanto a isso, faço a citação precisamente exata do salmita, onde se lê:

Homem algum pode redimir seu irmão ou PAGAR A DEUS O PREÇO DE SUA VIDA,
Pois o resgate de uma vida não tem preço. 
NÃO HÁ PAGAMENTO QUE O LIVRE PARA QUE VIVA PARA SEMPRE e não veja a corrupção. [Salmo 49, vs. 7-9]

A Bíblia não poderia ser mais explícita - todos os que pagaram alguma indulgência pensando que poderiam comprar a própria salvação ou a de algum familiar ou amigo que [supostamente] estivesse no purgatório foram enganados, de forma que tanto estes como aqueles devem estar no inferno agora mesmo, junto com o próprio Tetzel e os demais corruptores daqueles tempos escuros [a não ser que houve, em algum deles, arrependimento de pecados e fé exclusiva em Cristo como suficiente Salvador]. Se você ainda está resistente ao fato de que esses aspectos dessa "religião" são justificáveis e aprovados por Deus, eu creio que devo fazer com você o mesmo que o apóstolo Paulo fez como Himeneu e Alexandre, como se lê que "...os quais entreguei a satanás, para que aprendam a não blasfemar..." [1 Timóteo 1, vs. 20]. Portanto, mais uma vez, Lutero vem muito a calhar, pois ele disse: "...pelo fato de vocês confundirem a verdade de Deus, o Senhor hoje confunde vocês: que sejam lançados ao fogo"

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DEPOIS, A LUZ.

Como já foi dito, a "luz que veio depois das trevas", na verdade, sempre esteve ali presente, embora estivesse sendo esquecida, adulterada, manipulada ao bel-prazer de muita gente perversa e mentirosa até que, por uma intervenção divina bastante irônica, voltou a brilhar primeiramente na mente de alguém que era "de dentro da religião, da Igreja da História". Sim, o monge agostiniano alemão Martin Luder (Martinho Lutero em português), após muitos anos de caminhada teológica, erudição e formação acadêmica, vivia atormentado quanto ao juízo divino iminente e até mesmo "detestava" a justiça de Deus, até que num dia, preso numa torre de um castelo [se não me falha a memória] ele lê:

Porque no Evangelho é revelada a justiça de Deus, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá da fé. [Romanos 1, vs. 17]

Nas próprias palavras de Lutero, esse texto "...lhe abriu os portões do Paraíso..." - ora, aqui se diz que a justiça de Deus é revelada na BOA-NOVA, isto é, o fato de que Deus é justo é a MELHOR NOTÍCIA que se poderia ouvir, pois essa justiça é aquela pela qual o Eterno Deus, três vezes Santo, temível, fogo consumidor, que não tem o culpado por inocente, que se ira todos os dias e cuja indignação perturba os mais poderosos dos homens, decidiu justificar pecadores merecedores do inferno por meio da morte voluntária de Seu próprio Filho [pois está escrito que "...ninguém tira a minha vida de mim, eu a dou de espontânea vontade..." - João 10, vs. 18], morte que é também vicária [Jesus é o "segundo Adão", representante de todo que Nele crê diante do Pai, 1 Coríntios 15, vs. 45], substitutiva [Ele assume a penalidade que nós deveríamos sofrer, 1 Pedro 3, vs. 18], eficaz [Sua obra redentora é suficiente para dar a salvação a todo pecador que vai a Ele com fé, Hebreus 7, vs. 25], propiciatória [Sua morte satisfez completamente a justiça de Deus, visto que Ele de fato levou os pecados sobre Si e, assim, sofreu a ira do Pai sem deixar uma gota do cálice para nós, Romanos 3, vs. 24-26] e penal [a culpa que era nossa pelos nossos pecados foi assumida por Ele, de modo que "Ele foi feito pecado por nós", 2 Coríntios 5, vs. 21]. No Evangelho, Deus se mostra plenamente santo e plenamente misericordioso de uma só vez ou, por assim dizer, "Grace is Everywhere" - SOLA GRATIA.

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A partir daí, nem Lutero e nem a Europa foram mais os mesmos - o movimento que havia começado em séculos anteriores pelas influências dos Valdenses, Wycliff e Huss assume-se forte e, ao se espalhar pelo Velho Mundo [junto com traduções da Bíblia nas línguas do povo europeu], chegou na França e também mudou a vida de outro "ex-membro da Igreja da História" chamado Jean Cauvin ou "João Calvino", o qual foi a mente brilhante da Reforma, cuja vida foi diligentemente dedicada a levar a "Luz que dissipa as trevas e que não pode ser derrotada por elas" - ele fundou a Escola/Universidade de Genebra [também] para teólogos e missionários que se espalharam pelo mundo [inclusive o Brasil, cujos enviados foram martirizados], passou anos a fio pregando em Saint-Pierre, escreveu muitas obras, gastava muito tempo em oração, cuidou de sua esposa até a morte e, quando morreu, nem quis que marcassem o local do sepultamento, para que, segundo suas palavras, "...a glória de Deus não fosse dada a outro...". Em outras palavras, SOLI DEO GLORIA. 

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E quanto a você? 

Será que essas breves palavras te fizeram enxergar que a Reforma Protestante não é apenas um acontecimento histórico distante, mas que possui implicações conceituais e concretas para sua vida hoje e também para a sua eternidade?
Até quando você poderá ficar nas "trevas" sem enxergar a "luz" do Evangelho, pelo qual sabemos que "Deus enviou o Seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele" [João 3, vs. 17]?

Em outras palavras, porque não fazer de sua oração as mesmas palavras de um antigo hino irlandês, que diz (no inglês):

Be Thou my battleshield, sword for the fight
Be Thou my dignity, Thou my delight
Thou mine soul's shelter, Thou mine High Tower
Raise Thou me in heavenward, O Pow'r of my Power
[Be Thou my vision, hino irlandês do século VII-VIII]

"Sejas Tu meu escudo na batalha, espada para a luta
Sejas Tu minha dignidade, Tu o meu deleite
Tu, o meu escudo para a alma, Tu a minha torre forte
Erga-me Tu até os céus, ó Força da minha força..."

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Por saber que depois de viver em trevas, eu vi a Luz,




Soli Deo Gloria!