quinta-feira, 11 de abril de 2013

Como dizia Jean-Paul Sartre...

Voltei.

Depois de estar meio sem tempo para escrever aqui, vou falar sobre algo que tenho pensado há algum tempo. Vamos lá, sem mais delongas.


Ultimamente, tenho pensado sobre uma determinada frase atribuída ao filósofo Jean-Paul Sartre [considerado por muitos como o principal ícone do existencialismo], o qual disse certa vez:

"O inferno são os outros".

Frase forte, não? 
Um tanto esnobe e sarcástica.
Entretanto, apesar de tudo isso, não deixa de ser verdadeira - sob certo ponto de vista, claro.


Nos meus posts mais recentes, tenho tratado de um assunto complicado [para os leitores assíduos e mais detalhistas, isso é bem perceptível] mas necessário: a necessidade de se despreocupar com a "paranoia" de ter que agradar a todos ou agradar à "maioria" e estar focado na convicção de que "felicidade é só questão de ser" na medida em que Deus vai conformando a todos os que creem Nele à Sua própria imagem. Os textos "Fora do sistema" e "De onde vem a minha calma" são bem claros em falar dessa temática... Logo, dando seguimento à mesma linha de raciocínio, quero analisar a citação de Sartre sob essa ótica.


O inferno são os outros.

Quando penso nessa frase, a primeira ideia que surge é a de que, se nos tornarmos escravos da necessidade de bajular as pessoas com nossos comportamentos, ideias, princípios e sentimentos, viveremos uma espécie de "inferno" temporal. Conforme a sabedoria "folk" ou popular, "não se pode agradar a todos". Nem mesmo aqueles que defendem ardentemente o pensamento de que "o que importa é estar dentro das convenções do sistema social e antropológico" agradam a todos. Eu, definitivamente, acredito que nasci para desagradar a muitos - sou irredutível em minhas convicções, intenso na hora de defender minhas ideias, irado quando ferido ou contrariado e totalmente despreocupado com o fato dos "outros" gostarem ou não de mim como eu sou [esse blog é um sinal evidente disso]. Por outro lado, sei que preciso ser mais moderado nesse sentido, mas não é você e nem ninguém que deve e pode fazer com que isso aconteça - Deus é quem pode e já está fazendo isso, se é que você ainda não se tocou. 


Além disso, numa sociedade cada vez mais "pseudotolerante" - tanto fora quanto dentro dos ambientes religiosos (os quais deveriam ser acolhedores, e não opressores) - , somos educados (ou seriam obrigados?) a entrar de cabeça nos "modismos" que "ascendem em abril e se espatifam em maio" constantemente. Ou seja: basta surgir uma "nova onda" [na qual todos estão surfando] ou um novo "ponto comum" para o qual todas as "Marias vão com as outras" se dirigem e... Já era. Os que simplesmente são "diferentes" ou que não são "massas de manobra" estão errados - são quase criminosos, às vezes. Chega de tudo isso! Eu prefiro ficar com as sublimes palavras de Jesus, que disse:

Vocês julgam segundo a carne; eu a ninguém julgo. [Evangelho de João, cap. 8, vs. 15].
Não julguem segundo a aparência, mas julguem segundo a reta justiça. [Evangelho de João, cap. 7, vs. 24].

E porque você atenta no argueiro que está no olho de teu irmão e não vê a trave que está em seu olho?
Ou, como dirá a teu irmão: deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no seu?
Hipócrita, tire primeiro a trave de seu olho, e então cuidará em tirar o argueiro do olho do seu irmão. [Evangelho de Mateus, cap. 7, vs. 3-5]


Jesus diz claramente que é lícito julgar ou exercer juízo sobre as coisas e situações, mas esse juízo deve ser baseado na justiça e na verdade em vez de baseado na aparência, no que está por fora. Em vez de acharmos que somos os "melhores melhores do mundo em tudo" e que temos toda a "moral" pra dar lições nos outros (muitas vezes, só criticamos coisas inúteis), devemos nos preocupar com nós mesmos antes. Sabe, é realmente "deixar pra lá" toda essa cultura do "exterior", de "agradar a gregos e troianos", de ser amigo de "espartanos e atenienses", de dar presentes aos "Aliados" e também ao "Eixo" [para os bons em História, está tudo tranquilo...]. Isso é falsidade. Isso é falta de caráter. É o que alguns chamam "farisaísmo" - em referência ao grupo de religiosos que Jesus sempre condenou pela hipocrisia deles. Pensando bem, os "outros" que vivem dessa forma é que estão criando um "inferno" pra si mesmos e, na pior das hipóteses, podem estar caminhando a passos largos para aquele outro inferno que todos devem temer.  


Finalmente, eu estou tranquilo.

Tranquilo porque, apesar dos conflitos inevitáveis que terei de enfrentar na medida em que me relaciono com as pessoas, sei que Aquele a quem eu devo tudo o que tenho e sou já me recebeu, já me aceitou. Ele, que tinha (e ainda tem) todos os motivos para me desprezar, veio ao meu encontro e me acolheu - como o pai da história do filho pródigo. O Único que tem toda a moral para me corrigir (e que faz isso de fato, mas faz para que eu seja participante de Sua glória, conforme se lê em Hebreus 12:10-11 - quanta graça! ) é o mais paciente e amoroso. Portanto, se queremos ser como Ele é - ou se ao menos nos julgamos Seus seguidores - , devemos fazer o que Ele diz:

"Portanto, recebam-se uns aos outros, assim como Cristo os recebeu para a glória de Deus" [Epístola aos Romanos, cap. 15, vs. 7].


Aceitação mútua.
Amor compartilhado.
O reino de Deus manifesto na prática como fruto da mudança do coração.

Minha esperança é saber que Ele é soberano e que, em algum momento, esse "inferno" do qual Jean-Paul Sartre falou vai ser transformado numa comunidade onde reinará a paz, a justiça e o amor - Apocalipse 21:4-7. Sem dores. Sem fardos de bajulação. Apenas Um será  alvo de adoração, atenção e reverência. O Único que é digno de todas as coisas. Mas, para "os outros" que não se importaram com seus próprios vícios e pecados e viveram julgando e condenando, o destino será bem diferente. 

E então? Você está no grupo dos "outros"? Pense e faça algo o quanto antes, caso seja preciso.



Pela satisfação de ser feliz por quem eu sou Nele,



Soli Deo Gloria!