sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Antífonas ao "Verbo Antigo" - um escrito de Natal

A Ti, ó Deus, que ouves as orações,
Quero dedicar essas breves palavras.
Sei que acolhes a quem Te busca
Por fé e com coração quebrantado,
Ainda que "alcatéias de juristocratas"
Nos queiram totalmente censurados.
Aceita, pois, estes versos suplicantes,
Advindos de um coração inquieto, porém confiante


  Achega-Te a nós, Sabedoria Eterna,
E desce do alto para nos encontrar,
Concedendo-nos os Teus bons frutos
A fim de sermos pacificadores e justos.
Tu foste formada desde a eternidade
    E, antes que houvesse mundo, nasceste;
Estavas presente na criação dos céus,
Bem como do horizonte, dos abismos e seus limites.
És o Arquiteto do Senhor, que em Ti se deleita,
E Tu, em resposta, Nele te alegras,
Assim como em todas as Suas obras.
Que guardemos, pois, os Teus caminhos
Para que sejamos bem-aventurados,
E, tendo verdadeiramente Te encontrado,
Acharemos a vida e seremos favorecidos.

Guarda-nos junto a Ti, ó Adonai, 
Pois és nosso Deus e possuidor,
Uma vez que nos compraste por alto preço
Através da morte de Teu Filho Unigênito. 
Tens guiado aqueles aos quais remiste
Desde os dias antigos até hoje,
E, como um pastor zeloso e fiel,
Nunca abandonarás quem a Ti pertence. 
Visita-nos, pois, com Tua salvação,
Estendendo-nos o Teu braço forte,
Visto que muitos são os adversários
Que, continuamente, procuram a nossa morte.
Levanta-Te, Senhor, e julga com eqüidade
A todos que contra Ti se rebelam,
E protege-nos com Tua verdade,
Pela qual para sempre nos libertaste. 

Ó Raiz de Jessé, Filho de Davi,
Que brotaste como um renovo,
Sê o estandarte em nossas batalhas,
Trazendo descanso para nossas almas.
Sobre Ti está o Espírito do Senhor
E, assim, a prudência e o discernimento;
De Ti provém todo conselho e fortaleza,
Bem como todos os tesouros do conhecimento.
Ensina-nos, por graça, o Teu temor,
A fim de não vivermos segundo a aparência
Mas, conforme a Tua justiça,
Andarmos firmes em nossa viva esperança.
Diante de Ti os poderosos se calarão
E o Teu nome as nações invocarão,
Pois delas Tu és o grande "Desejado"
E, muito em breve, voltarás - como fora anunciado. 


A nosso mundo quebrado e imerso no pecado
Traz redenção, Libertador dos cativos,
Posto que tens a Chave de Davi
Para abrires e fechares o que for de Teu agrado.
Nas Tuas mãos também estão
As chaves da morte e do inferno,
De modo que somente Teu é o poder
De decretar o nosso destino
Segundo o Teu beneplácito eterno.
Ó Tu, que vives pelos séculos dos séculos
E que és a Porta de Tuas ovelhas,
Conduz o Teu povo sob o Teu cetro
Para que a Ti sejamos obedientes,
E, ao amar a retidão e odiar a iniqüidade,
Demos testemunho de Tua graça onipotente

Envia-nos a Tua Luz, ó Estrela do Nascente,
E faz-nos contemplar o Teu esplendor,
Para que adentremos o lugar onde habitas 
E, ante a Tua face, tenhamos plena alegria.
Tu brilhas como o sol em seu fulgor
E, como herói, percorres toda a terra;
Assim, dá-nos a conhecer a Tua glória,
Sem linguagem, qualquer som ou discurso,
Manifestando-Te até os confins do mundo.
Contudo, maior glória avistamos ao olhar
Atentamente para o Salvador crucificado,
Que no Calvário outrora foi levantado,
A fim de atrair a Si os piores pecadores
Resplandece, pois, sobre nós com bondade,
Para dissipar as trevas e as sombras da morte
E, assim, mudarás para sempre a nossa sorte

Venha o Teu reino, ó Rei das nações,
Pois estamos cansados de ser desprezados
Pelos soberbos, que a Ti têm afrontado,
Mas cuja condenação não tarda.
És a Pedra Angular, em que firmamos os pés,
E sobre a qual temos casa segura,
Pois, embora rejeitada pelos "construtores",
Para o Senhor és eleita e preciosa.
Em Ti há redenção para todos os povos,
Posto que na cruz desfizeste a inimizade
E, reunindo judeus e gentios num só corpo,
Começaste a criar uma nova humanidade
Tuas obras são grandes e admiráveis,
Teus caminhos, justos e verdadeiros;
Assim, todos Te temerão e Te adorarão,
Quando salvares os que do pó formaste
Para Ti mesmo, conforme predestinaste. 


Santo de Israel, que és grande no meio de nós,
A Ti louvamos, nossa força e salvação,
Pois desviaste de nós a Tua ira
E nos deste real consolação.
Proclamamos às nações os Teus feitos,
E notificamos Tuas obras gloriosas,
Para que saibam que só Tu és exaltado
E, com alegria, no mundo sejas celebrado.
Tu nos foste dado como um sinal do céu
A quem, outrora, não Te deu ouvidos -
"A virgem conceberia, dando à luz um Filho,
O qual seria chamado Emanuel". 
Veio, enfim, a "plenitude dos tempos"
E Te fizeste carne, para habitar entre nós;
Em Ti enxergamos a glória do Pai,
Visto que és cheio de graça e verdade,
Cuja contemplação é a nossa felicidade.

Ó vem, ó vem, Emanuel,
Tu que ascendeste ao mais alto céu
Para preencher todas as coisas!
Nosso Rei, Juiz e Legislador,
Sê dos povos o único Salvador,
Pois, sem Ti, somos todos sem forças.
Verbo antigo, Palavra viva,
Guia-nos por Teu caminho,
Raiando sobre nós com Tua Luz - 
Assim, a noite chegará ao fim
E, em breve, um novo dia alvorecerá. 
Ali não haverá morte, nem qualquer dor,
Nem mais lágrimas, choro ou pranto,
Pois toda maldição terá sido vencida
Por Aquele que julgará o mundo com justiça.
Maranata! 



Soli Deo Gloria!