sábado, 3 de março de 2018

Losing my fake religion...

Mais uma vez ousei estar escrevendo aqui.

Não digo isso exatamente por causa de uma "autocensura" ou por medo do que outras pessoas podem pensar a respeito do que escrevo, mas tão-somente por sempre encarar o pensamento de que minhas palavras podem ser inúteis ou pura temeridade - entretanto, como sempre, desejo estar equivocado a respeito.

É hora, portanto, de deixar essas impressões e ir adiante.

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Sem perda de tempo, o título desse texto faz referência a uma canção da banda de rock chamada R.E.M., a qual fez muito sucesso entre os anos 80 e a primeira década dos anos 2000 (até encerrar as atividades como grupo), embora, certamente, ainda possa lograr outros fãs mais recentes. A canção à qual me refiro se chama "Losing My Religion" ou "Perdendo minha Religião" e, ainda que não pretenda tratar da letra da música com detalhes nesta postagem, intentarei discorrer sobre o que esse título significa (e quais as suas implicações), incluindo breves considerações que possam ser pertinentes. 

Perder a religião.

Usualmente, quando esse tipo de expressão aparece ou é posta em voga no contexto social e civilizacional no qual estou inserido - i.e., o mundo ocidental que, conforme o senso comum, é considerado como "pós-moderno" (apesar das controvérsias daí decorrentes) - verifica-se que, quase sempre, o imaginário popular associa o "perder a religião" com algo positivo [ou seria positivista?] ou como evidência de progresso intelectual ou pessoal, visto que também está enraizado em nossa mentalidade o pensamento de que "ser religioso" é "não pensar", é "acreditar em um amigo imaginário", é estar "atrasado nos séculos passados" ou, de outra maneira, é estar na "Idade das Trevas" ou ser um obscurantista - assim como qualquer outra palavra com sufixo "-ista" que você certamente escuta em qualquer universidade, escola, nos veículos de mídia "mainstream", nas "intervenções artísticas" ou em qualquer outro lugar onde os "novos iluminados" destilam seu amor e tolerância através de seus discursos de "paz universal" e "amor para todos", enquanto espalham a sua utopia como se fosse a realidade. 

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Além disso, acredito ter evidências concretas que, no que diz respeito à idéia apresentada no parágrafo anterior, é fundamental salientar que "perder a religião" não significa, necessariamente, abandonar "qualquer religião" para se assumir uma postura "não-religiosa" ou "antirreligiosa", mas significa majoritariamente superar o "passado judaico-cristão" ainda presente na civilização através da eliminação/substituição gradual de todo e qualquer símbolo, herança, legado, valor, princípio ou traço proveniente dessa fonte para que, no lugar, sejam introduzidas novas construções sociais, outros ideais, novos comportamentos e novos paradigmas - ainda que, como disse o sábio, "...nada há de novo debaixo do sol...". Em suma, essa nova práxis sócio-antropológica é a suplantação ou usurpação de uma concepção da existência, da natureza como um todo e das realidades física e metafísica baseadas na religião cristã [ou na moral judaico-cristã associada ao pensamento filosófico clássico] por outra cosmovisão [e, por que não dizer, por outra "religião"?], de sorte que os discursos de que "não devem haver padrões" ou de que "o que ficou atrás em outros séculos deve ficar em outros séculos... o mundo é diverso!" são tornados os novos padrões dos que são "sem-padrão" assim como se constituem a vitória da "diversidade do pensamento e modus vivendi únicos"

Dessa maneira, a "perda da religião" mencionada pelo eu-lírico da canção possivelmente deve ser referente à perda de valores ou crenças cristãs (ainda que, na realidade, a sua intenção tenha sido outra ao escrever a letra) ou, no mínimo, a elas análogas - uma vez que os componentes da banda são norte-americanos/britânicos, cujas sociedades foram determinantemente forjadas pela presença do Cristianismo e ainda são influenciadas por ele. Nesse sentido, o compositor certamente evoca o sentimento e pode representar a vida de muitos outros de nós, ocidentais, especialmente aqueles mais jovens, dado o fato de que a juventude nos torna mais propensos a viver de modo passional e a ceder irrefletidamente a muitas ilusões ideológicas - incluindo as mais destruidoras já vistas na história humana, de acordo com o testemunho inegável do século XX e desses primeiros 17 anos do século XXI -, de tal sorte que, em última instância, se confirma a máxima do filósofo holandês Herman Dooyeweerd, que afirmou que "...o homem é religioso por natureza e, por isso, sempre que ele rejeita a crença ou a religião verdadeira, ele colocará uma falsa em seu lugar"

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Contudo... onde estão as evidências de que tudo o que foi exposto acima é verdade?
Como é possível ratificar a defesa das idéias segundo as quais as pessoas enxergam a "superação da religião" como um avanço existencial?
Como se pode provar (por assim dizer) que a religião contra a qual mais se lançam ataques severos - e, por isso, é a mais rejeitada - é o cristianismo?
E, finalmente, seria mesmo razoável afirmar que somente uma religião é verdadeira por si mesma? Caso afirmativo, por que o cristianismo e não qualquer outra?

Que eu não use de vãs repetições, pensando que, por muito escrever, eu serei lido.

Para tanto, usarei o exemplo da França, país da Europa Ocidental conhecido pela elegância de sua língua materna, pela beleza e riqueza de sua arquitetura, pelos seus vinhos saborosos, pelo nacionalismo (por vezes exacerbado) de seu povo - ainda que, para mim, defender as próprias raízes e a identidade nacional seja algo muito válido, caso essas raízes sejam boas em si mesmas - e, finalmente, por produzir pensadores e personalidades consideravelmente antagônicos entre si, a exemplo dos teólogos Bernard de Clairvaux e Jean Cauvin (conhecido como João Calvino), os cientistas Blaise Pascal e Louis Pasteur, os escritores Victor Hugo e René Girard (os quais possuem muitas coisas em comum, destacando-se a fé cristã ou a influência dela em suas vidas) em contraste com nomes como os dos filósofos Voltaire e Sartre, além de Michel Foucault, Simone de Beauvoir, Napoleão Bonaparte, Robespierre e tutti quanti, cujas semelhanças se dão no âmbito da atitude de insurreição contra símbolos de autoridade, da mentalidade revolucionária e megalomaníaca e da resistência veraz à religião cristã bem como a tudo que provém dela. 

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A esse respeito, é importante destacar que, dentre as pessoas citadas, a maioria das que pertencem ao grupo alinhado à tradição cristã que caracterizou mais fortemente as sociedades ocidentais viveram, no máximo, até o século XIX (exceto o Girard) e, em contrapartida, quase todos os mencionados que foram alocados no outro grupo são personagens que nasceram depois do século XVIII - o que, de algum modo, aponta para o fato de que a visão de mundo dessas sociedades tem mudado muito radicalmente e num período relativamente curto, confirmando o pensamento do filósofo inglês Roger Scruton de que [paráfrase minha] "...a tendência natural do homem moderno é não valorizar as boas tradições a ponto de desejar destruí-las, visto que destruir o que já existe é muito mais fácil do que construir algo que seja permanente, de sorte que aqueles que querem preservar o que há de bom no passado - i.e., os conservadores - são visto como chatos e enfadonhos, embora estejam do lado da beleza, da bondade e da verdade, enquanto os progressistas são empolgantes e despertam "boas vibrações", porém são falsos...". 

Além disso, segundo um artigo que li recentemente sobre a presença de legado cristão nas culturas do mundo, constatou-se que a França é o 3º país mais secularizado do planeta, indicando que aquela sociedade onde floresceu os ideais de "liberté, égalité et fraternité" está cada vez mais impregnado de uma concepção materialista, naturalista e ensimesmada - ou seja, a "liberdade" é apenas para aqueles que "estão do nosso lado do jogo", a "igualdade" nada mais é do que a atitude mascarada de "lutar pelo bem-comum" para que somente os que são do "nosso time" sejam privilegiados e, por fim, a "fraternidade" é destinada somente para aqueles que não nos ofendem com seus "hatred speeches", pois, contra estes "inimigos da justiça social", nós contamos com a ajuda terrorista, com a instituição deliberada da fome geral ou com qualquer outra estratégia que, ao menos, os silencie - de preferência, os silencie para sempre. 

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Resumidamente, os personagens franceses do grupo mais "moderno" possuem alta relevância nos círculos intelectuais, estudantis, sociais e políticos que defendem as concepções supracitadas - seja por meio da propaganda maciça e massificada, seja por meio da prática da engenharia comportamental e social - e, como resultado, países ocidentais como a França tem tido suas civilizações remodeladas de acordo com uma "nova consciência" (usando esses termos), o que não é nada mais do que uma religião secular [que inspira mais credibilidade por possuir uma "aura científica" ou algo semelhante] que está lançando o cristianismo com todos os seus valores e heranças para o ostracismo e o descrédito públicos ou, no mínimo, à reclusão na esfera privada - ora, você pode até ser crente ou religioso, mas não venha escrever agradecimentos a Deus em tese de doutorado ou falar da pseudociência do Design Inteligente! Se não me falha a memória, o pensamento laicista crítico da religião na vida pública também tem origem na França... Vejam que notável! Viva o estado laico! Viva o "livre pensamento"! Será mesmo?

No entanto, não existe possibilidade de se estabelecer um laicismo absoluto em qualquer civilização humana, uma vez que a história prova de forma cabal que todo/cada ser humano sempre, sem exceção, acaba se inclinando para reverenciar/venerar/cultuar/adorar alguma coisa, alguém ou alguma entidade transcendente, qualquer que ela seja - em outras palavras, nós somos religiosos e, sem titubear, não faz sentido considerar como verdadeiro o que diz a canção-base desse texto, pois ninguém pode "perder uma religião" sem assumir outra logo depois. Ninguém que passou por essa terra, que está passando ou que ainda nascerá viveu, vive ou viverá "sem religião"; logo, o máximo que pode acontecer é abandonarmos uma religião verdadeira e trocá-la por uma falsa, ou vice-versa

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Por tudo isso, nota-se que, embora uma boa parte das pessoas que habitam nessas sociedades/civilizações ainda afirme categoricamente que "estamos evoluindo para um patamar onde nada mais irá importar - nem a cor da pele, nem classe social, nem orientação sexual, nem a religião e tudo o mais", sabe-se igualmente que aqueles que acreditavam que a religião [diga-se "cristianismo" - ora, admitamos que nenhum neo-ateu militante se declara ateu porque quer desmoralizar Shiva ou Tupã!] iria desaparecer por completo na medida em que a ciência destruísse todas as crenças retrógradas da Idade Média [como diziam os positivistas e os naturalistas] estavam errados, pois a realidade mostra que o homem continua buscando o lado espiritual da vida, seja se envolvendo com todo tipo de superstição, misticismos e esoterismos, seja através de diversas modalidades de sincretismo, seja através do cientificismo [sim, a supervalorização da ciência é religiosa] ou, finalmente, através de alguma religião mais doutrinal ou confessional - como o Islam, o Judaísmo e, particularmente, o Cristianismo. 

Todavia, mesmo que faça sentido afirmar que estamos vivendo numa época que ainda exalta a intelectualidade e a atuação pública em detrimento da religião, em que os valores e normas mais perturbadoras para a mentalidade vigente pertençam ao cristianismo e que, conseqüentemente, os ataques direcionados a ele sejam cada vez mais implacáveis [o que dizer, por exemplo, do fato de que cristãos morrem aos centenas de milhares todos os anos por causa de sua fé?], isso não necessariamente torna o cristianismo a única religião verdadeira, de forma que todas as outras seriam falsas... Antes de tudo, na verdade, por que a verdade sobre a religião tem que ser a existência de uma única religião detentora da verdade?

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Nesse caso, o que se poderia fazer, hipoteticamente [já que minha sugestão reflete a estrutura do método científico e, por isso, pode ser inviável na prática numa situação como essa] é uma comparação honesta e (talvez) exaustiva entre todas as religiões existentes ou que já existiram no mundo - a qual, provavelmente, é impossível - e, assim, adquirir o conhecimento dessas religiões como elas são na realidade, e não como se fala ou se ouve dizer a respeito delas. Em seguida, certamente a maioria das religiões que tivessem sido estudadas se mostrariam esquisitas demais, sem sentido e/ou sem significância abrangente, de sorte que apenas algumas restariam e, dentre essas, possivelmente, apenas uma seria comprovada como verdadeira. Mesmo assim, como saber qual dentre as opções possíveis é, de fato, a religião verdadeira?

No caso do cristianismo, o ensino é que só é possível ter um real conhecimento de Deus (em si, mesmo que não seja total) e de tudo o que concerne à Sua natureza, à Sua criação, à Sua providência, a Seus desígnios para a criação [especialmente para o homem] e aos propósitos e finalidades para os quais tudo existe a partir do que Deus mostra de Si mesmo - Ele é quem se deixa ser conhecido pelas criaturas, e não as criaturas que conseguem apreendê-Lo por si mesmas. Quanto a isso, pode-se notar também que Deus usa uma linguagem de acomodação à mente humana para que ela possa compreendê-Lo e ter consciência de que essa compreensão é verdadeira - ora, em vez de Deus falar em uma linguagem celestial, Ele nos deu um livro [a Bíblia] para que os homens O conhecessem e, assim, conhecessem a si mesmos da maneira como realmente são e, dentre todas as passagens que poderia mencionar, cito apenas essas:

Seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso, como está escrito: para que sejas justificado nas Tuas palavras e prevaleças. [Romanos 3, vs. 4 - versão NVI]

De fato, por esta razão nasci e para isto vim ao mundo: para testemunhar da verdade. Todos os que são da verdade me ouvem. [João 18, vs. 37 - versão NVI]

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Provavelmente, em nenhum outro lugar você encontrará declarações tão aterradoras quanto estas, pelas quais todos nós somos levados a perceber nossa miséria e humilhação diante da santidade e verdade divinas em comparação com a impureza e mentira que nos são características, bem como a ter que responder para nós mesmos se somos da verdade ou da mentira - pois, como se lê, somente os que ouvem a voz de Jesus Cristo é que estão na verdade, de maneira que todos os demais estão completamente enganados e enganando os outros. Logo, a grande maioria de nós, seres humanos, sejam ocidentais ou orientais, ao Norte ou ao Sul do Equador, estão do lado da mentira, seguindo alguma religião falsa e, por isso, precisamos, individual e desesperadamente, "perder a nossa falsa religião" a fim de abraçar a religião verdadeira, da qual se diz que consiste em "...visitar os órfãos e as viúvas em suas aflições e guardar-se da corrupção do mundo..." [Tiago 1, vs. 27].

Mas, antes de pensar em nossas próprias boas ações para com o próximo e para com Deus, é necessário olhar para as obras do próprio Deus, sobretudo para a obra que Deus, o Pai, confiou a Seu Filho, quando O enviou ao mundo - obra essa que envolveu uma obediência absoluta, resignação absoluta, devoção absoluta, entrega voluntária absoluta e, finalmente, foi coroada com a perfeição absoluta, visto que a Sua vida sem pecado, a sua morte na cruz para pagar o preço pela redenção de Seu povo e, posteriormente, a Sua ressurreição em poder para justificação de quem Nele crê testificam que não houve nenhuma falha em tudo que Jesus, o Cristo, fez ao encarnar-Se, dar a Sua vida pelas Suas ovelhas e retomar a Sua vida conforme o mandamento que Ele mesmo recebeu de Seu Pai. Em suma, antes de tudo, precisamos ser redimidos de nossas "falsas religiões" e "falsas verdades" para sermos levados até a Verdade Viva e Eterna - Jesus Cristo.

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Finalmente, ao escrever esse texto, meu desejo é que não somente os franceses [os quais espero encontrar brevemente em sua terra!] - que foram particularmente mencionados aqui -, mas que todos os que tem deixado a religião verdadeira (sobretudo, o único Deus verdadeiro) para seguir religiões falsas, sejam levados pelo próprio Deus a desejar "...considerar todas as coisas como perda, para poder ganhar a Jesus Cristo..." [Filipenses 3, vs. 7 e 8 - resumo]. 

Dessa forma, ouso perguntar:

Qual falsa religião você ainda está seguindo?

Você já parou para pensar que não é possível deixar de ser religioso, por mais "ateu" e "científico" que você seja?

Finalmente, você já compreendeu que você não pode fugir [hoje] e nem poderá fugir [amanhã e até o fim de sua vida] de Deus? Isto é, você tem pensado que irá encontrar-se com Ele, seja desfrutando de Seu amor na vida eterna seja sofrendo a Sua ira eterna no inferno? 




Pela alegria de ter perdido "tudo" para ganhar a Ele,




Soli Deo Gloria!