terça-feira, 31 de maio de 2011

Meditação da segunda na terça...



Meditação Sobre a Sede na Manhã de Segunda-feira
 
por John Piper
 
Ao me ajoelhar naquela manhã de segunda-feira, durante meu devocional, disse: “Ó Senhor, tem misericórdia de mim, pecador! Ajuda-me. Por favor, vem e restaura a minha alma”. Em seguida, perguntei calmamente: “Senhor Jesus, o que querias dizer quando falaste: ‘Aquele… que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede’? Estou com sede nesta manhã. Ouvi meu colega David Livingston dizendo, ontem à noite, que ele tem sede. Quase todo crente que vem ao meu escritório tem sede. Qual era a tua intenção ao dizer que aqueles que bebessem da tua água não teriam mais sede? Não temos bebido? Esta promessa é vã?”

O Senhor respondeu. Ele me mostrou o resto do versículo, e derramou sobre ele uma luz que nunca vira antes. João 4.14 começa assim: “Aquele… que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede”. Isso foi o que me levou a clamar: “O que pretendias dizer? Estou tão sedento! Minha igreja está sedenta! Os pastores com quem eu oro estão com sede! Ó Jesus, o que querias dizer?”

Jesus respondeu da única maneira pela qual sei que Ele responde. Abriu-me os olhos para ver o significado do que disse na Bíblia. Eu já havia memorizado esse versículo na manhã do domingo, para a minha própria alma e para um possível uso na oração pastoral. Assim, enquanto eu orava, os elementos da comunicação divina estavam no seu devido lugar. (Oh! que percepção perdemos quando não memorizamos mais das Escrituras!)

Enquanto eu suplicava, a segunda parte do versículo falou por si mesma. Jesus disse: “Pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna”. Com estas palavras, veio a resposta. Não era uma voz audível, e sim, a voz de Jesus, na Palavra iluminada e aplicada pelo Espírito Santo.

A resposta era assim: quando bebem da minha água, a sede de vocês não é aniquilada para sempre. Se isso acontecesse, vocês sentiriam, posteriormente, qualquer necessidade de minha água? Esse não é meu objetivo. Não quero santos auto-suficientes. Quando bebem da minha água, ela se torna uma fonte em vocês. Uma fonte satisfaz a sede, não por remover a necessidade por água, e sim por estar lá, para lhes dar água sempre que têm sede. Vez após vez! Como nesta manhã. Portanto, beba, John. Beba.

Agora, enquanto escrevo, vejo esta verdade preciosa no Salmo 23: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará”. Apesar disso, clamamos: “Ó Senhor, hoje eu tenho necessidades! Conheço centenas de pessoas que têm necessidades e confiam em Ti como o pastor delas. Qual a tua intenção ao dizer que nada nos faltará?”

Agora, aprendemos uma lição. Primeiramente, clamamos. Depois, lemos: “Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma”. Refrigera-me. Isso significa que as necessidades surgem em minha alma, e, então, o Senhor Jesus as satisfaz. Elas surgem novamente; Ele as satisfaz. A vida é um ritmo de necessidade e suprimento — e, às vezes, um ritmo de perigo e livramento. “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte…”. O vale se tornará (novamente) em verdes pastos, e as águas tranqüilas fluirão (novamente!). Até agora, a fonte está jorrando do interior e o fará para sempre. Por que a fonte, em nosso íntimo, não é nós mesmos; é Deus. “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem” (Jo 7.38-39).

A sede é satisfeita pelo Espírito de Cristo revelando-nos a Si mesmo e as suas promessas, para a satisfação de nossa alma. Mas a sede não é obstruída, para que não percamos o impulso de vir a Ele vez após vez, em busca de tudo o que Deus prometeu ser para nós em Jesus.

Aquele que tem sede venha e continue vindo, até que nossa comunhão seja tão íntima, que não haja qualquer distância entre nós e o Senhor.




Soli Deo Gloria!

sábado, 28 de maio de 2011

Confissão...

Caros leitores,

Esse post mostra uma confissão em forma de oração musicada...
Na minha modesta opinião, acredito que essa bonita letra resume TUDO o que precisa ser dito ao compartilharmos a fé que temos em Cristo... SOLA SCRIPTURA!

Boa leitura!


Credo Apostólico - Stenio Marcius

"Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso
Criador dos céus e da terra...
Creio em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor...

O qual foi concebido por obra do Espírito Santo e nasceu da virgem Maria...
Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos
Foi crucificado, morto e sepultado, desceu em Hades...
Ressurgiu dos mortos ao terceiro dia
Subiu ao céu e está assentado à mão direita de Deus Pai, Todo-Poderoso...
De onde há de vir a julgar os vivos e os mortos...

Creio no Espírito Santo, na santa igreja universal...
Na comunhão dos santos
Na remissão dos pecados
Na ressurreição do corpo
Na vida eterna... Amém."

Segue o link com um vídeo da música, interpretada pelo João Alexandre:
http://www.youtube.com/watch?v=d0ELZFc6rSI



"...Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, a qual do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: o justo viverá da fé..." (Romanos 1:17)



Soli Deo Gloria!

terça-feira, 24 de maio de 2011

E a Bíblia nisso tudo?... (adaptado do "Cante as Escrituras")

Bem, caros leitores...

Após uma reflexão um tanto tumultuosa durante a noite de hoje, me veio à mente alguns textos  da Escritura sobre a nossa postura diante do que chamamos de conflito "sagrado x profano"...

E aí... o que a Bíblia diz sobre isso em relação aos cristãos, aos que desejam seguir a Escritura de forma zelosa e de livre consciência?

SOLA SCRIPTURA...

1Coríntios 10:23-31
"23. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.
24. Ninguém busque o proveito próprio; antes cada um o que é de outrem.
25. Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência.
26. Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude.
27. E, se algum dos infiéis vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência.
28. Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude.
29. Digo, porém, a consciência, não a tua, mas a do outro. Pois por que há de a minha liberdade ser julgada pela consciência de outrem?
30. E, se eu com graça participo, por que sou blasfemado naquilo por que dou graças?
31. Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para glória de Deus."

Colossenses 2:20-23
"20. Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como:
21. Não toques, não proves, não manuseies?
22. As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens;
23. As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne."


Bem, mais importa seguir as Escrituras do que as interpretações denominacionais, as quais quase sempre limitam, oprimem e enclausuram Deus em conceitos tacanhos em nome de um zelo superficial...
Eu fico com o Apóstolo Pedro: "...mais importa obedecer a Deus do que aos homens..."

Boa leitura!


Música secular(?) x Música cristã(?)

Bom, hoje quero falar sobre música. Uma das grandes questões abordadas no nosso mundo contemporâneo cristão é:  música cristã ou música secular? Será que é pecado escutar outros estilos? Só a música gospel agrada ao SENHOR? Quero começar dizendo que vou expressar a minha opinião, não significa que ela seja a perfeita ou muito menos a mais correta, porém procure seguir a que mais se enquadra na palavra de Deus.

Secular – é tudo aquilo que está fora da conduta cristã, tudo que é profano. Existe música secular? Existe, obviamente. Nossos ouvidos não nos deixam mentir. De uns anos pra cá toda imoralidade e pornofonia, tudo aquilo que não se amolda ao SENHOR, ou seja, tudo que é profano, tem tomado conta do nosso país. Cada dia surgem mais grupos com uma péssima musicalidade e letras vergonhosas. Então quer dizer que todas as músicas que não são “gospel” não podem ser ouvidas? Não.

Entenda. Quando estava pensando em escrever sobre isso, Deus me lembrou uma palavra em Filipenses 4.8: "Ei galera, comecem a pensar em tudo que é verdadeiro, respeitável, correto, puro, amável e de boa fama, que isso ocupe o pensamento de vocês". Com certeza, Paulo queria dizer para nós irmos além de pensar, viver, cantar, andar, falar, ouvir tudo que é composto por aquelas características. Nós sabemos muito bem que existem artistas que não são “gospel”, mas tem excelente qualidade musical e não chega a ser profano ou secular - é apenas boa música. Mas isso é muito pessoal, pois o que pode ser audível pra mim pode ser horroroso pra você, e essa questão musical é seu gosto e não merece ser discutido.

Chegamos enfim na parte mais importante, a música gospel brasileira. que os leitores fanáticos que me perdoem, mas ela é péssima em termos musicais e dona de uma intensa superficialidade. Na verdade esses cantores “profetas” abandonaram a essência e ficaram com o periférico. É uma verdadeira teatralização dos púlpitos, concorrência, manipulação das massas, espetaculosidade da fé, entre outras coisas. Mas o motivo do sucesso dessas pessoas certamente se transformará na razão do seu fracasso. Não adianta fabricar a onda do espírito de Deus, usando artifícios, programas ou técnicas de marketing para gerar crescimento. Isso não pode ser criado pelo homem. Só Deus faz a igreja crescer, só Ele pode soprar nova vida em um vale de ossos secos. E pessoas que querem ser usados verdadeiramente não poderão ir por esse caminho de superficialidade.

A onda do momento é fazer chover muito fogo e glória com aleluia e anjos ziguezagueando pela fé. É um verdadeiro mantra gospel, onde as pessoas são subestimadas a viver em mediocridade cultural e espiritual. O nosso propósito principal é amar a Deus de todo o coração. Para isso a palavra certa é adoração. Pois até onde eu saiba a Igreja existe para adorar a Deus. Como diz o admirável músico brasileiro João Alexandre: o louvor é o culto da vida, na vida de culto. É preciso que até no “gospel” onde você acha que está seguro você procure louvar com o que é condizente com aquilo que está escrito lá em Filipenses 4.8. Sabemos que existem o joio e o trigo e nós temos que ter a sabedoria e discernimento. Não podemos negociar nossa integridade diante do altar da popularidade.

E afinal, podemos ou não escutar música secular? Nada de fórmulas e frases feitas. Presta atenção, a resposta é simples. Queridos, fuja de tudo o que é imoral, que te afasta de Deus e pense, viva, cante com tudo o que é verdadeiro, respeitável, correto, puro e amável. Assim seja.



SOLI DEO GLORIA!

terça-feira, 17 de maio de 2011

O que fazer com Jesus Cristo? --- por C. S. Lewis


“O que fazer com Jesus Cristo?”. Esta é uma questão que tem, em certo sentido, um lado desesperadoramente cômico. A figura de uma mosca sentada decidindo o que vai fazer com um elefante possui elementos cômicos. Pois a verdadeira questão não é sobre o que nós vamos fazer com Jesus Cristo, mas o que Ele vai fazer conosco. Contudo, talvez, o questionador quis dizer o que fazer com Ele no sentido de “como resolveremos o problema histórico a nós lançado pelos ditos e feitos registrados desse Homem?”.

Esse problema envolve reconciliar duas coisas. Por um lado, tem-se a quase geralmente admitida profundidade e sanidade de Seu ensino moral, que não é muito seriamente questionado, mesmo por aqueles que se opõem ao Cristianismo. Na realidade, acho que, quando estou discutindo com pessoas extremamente anti-Deus, elas preferem fazer o seguinte apontamento: “Sou inteiramente a favor do ensino moral do Cristianismo” – e parece ser de aceitação geral que, no ensino desse Homem e de Seus seguidores imediatos, a verdade moral é exposta da maneira mais pura e melhor. Não é idealismo desleixado, é cheia de sabedoria e argúcia. O seu todo é realista, revigorado ao mais alto nível, o produto de uma mente sã. Este é um fenômeno.

O outro fenômeno é a natureza muito espantosa dos comentários teológicos desse Homem. Todos vocês entendem o que digo, e quero realmente ressaltar o ponto de que a afirmação espantosa que esse Homem parece fazer não é feita meramente em um momento de Sua carreira. Há, é claro, aquele momento que levou à Sua execução. O momento em que o sumo sacerdote Lhe disse: “Quem és tu?”. “Eu sou o Ungido, o Filho do Deus eterno, e me verás aparecendo no fim da história como o juiz do Universo”. Mas tal afirmação, de fato, não termina nesse momento dramático. Quando se olha para Sua conversa, será encontrado esse tipo de afirmação presente em toda a história. Por exemplo, Ele caminhava dizendo a pessoas: “Eu perdôo os teus pecados”. Ora, é bastante natural que um homem perdoe algo que se faça a ele. Assim, se alguém me trapaceia em cinco libras, é bastante possível e razoável para mim dizer: “Bem, eu lhe perdôo, não tocamos mais no assunto”. O que você diria se alguém a você devesse cinco libras e eu dissesse: “Tudo bem, eu perdôo a ele”? Daí, parece que algo curioso escapa quase por acidente. Em uma ocasião, esse Homem está sentado em um monte observando Jerusalém e de repente surge um extraordinário comentário: “Sempre vos envio profetas e sábios”. Ninguém comenta sobre isso. No entanto, muito repentinamente, quase incidentalmente, Ele está afirmando ser o poder que, pelos séculos, tem enviado sábios e líderes ao mundo. Eis aí outro comentário curioso: em quase todas as religiões existem desagradáveis observâncias como o jejum. Esse Homem, de repente, comenta em certa feita: “Ninguém precisa jejuar enquanto eu estiver aqui”.

Quem é esse Homem que observa que Sua mera presença suspende todas as regras normais? Quem é essa pessoa que pode, de repente, dizer à Escola que eles podem ter um período de meio-feriado? Às vezes, as declarações propõem a suposição de que Ele, o Orador, é completamente sem pecado ou culpa. Essa sempre é a atitude. “Vós, para os quais eu falo, são todos pecadores”, e Ele nunca, sequer remotamente, sugere que a mesma reprovação pode ser dirigida contra Ele. Ele diz novamente: “Sou o unigênito Filho do Único Deus; antes que Abraão existisse, Eu sou” (e lembre-se o que as palavras “Eu sou” significavam em hebraico. Eram o nome de Deus, que não devia ser falado por qualquer ser humano, nome que, se declarado, condenava à morte).

Bem, esse é o outro lado. De um lado, ensino moral claro, definido. De outro, afirmações que, se não verdadeiras, são as de um megalomaníaco, comparadas com as de que Hitler era o mais são e humilde dos homens. Não há meio-caminho e não há paralelo em outras religiões. Se você tivesse ido até Buda e lhe perguntasse: “Tu és o filho de Brahma?”, ele teria dito: “Filho meu, ainda estás no vale da ilusão”. Se você tivesse ido até Sócrates, e lhe perguntasse: “Tu és Zeus?”, ele teria rido de você. Se você tivesse ido até Maomé e lhe perguntasse: “Tu és Alá?”, ele teria primeiramente rasgado as próprias vestes e, depois, decepado sua cabeça. Se você tivesse perguntado a Confúcio: “Tu és o Céu?”, acho que ele teria provavelmente replicado: “São de mau gosto comentários estranhos à natureza”. A idéia de um grande mestre moral dizendo o que Cristo disse está fora de cogitação...

Em minha opinião, a única pessoa que pode dizer aquele tipo de coisa é ou Deus, ou um completo lunático sofrendo daquela forma de ilusão que solapa toda a mente do homem. Se você acha que é um ovo cozido, enquanto está procurando uma fatia de torrada para lhe cair bem, talvez você seja são, mas se você pensa que é Deus, não restam chances para você. Podemos notar, de passagem, que ele nunca foi considerado como um mero mestre moral. Ele não produziu esse efeito em qualquer das pessoas com quem Ele realmente encontrou. Ele produziu principalmente três efeitos: Ódio, Terror, Adoração. Não há resquícios de pessoas expressando aprovação moderada.

O que fazer para reconciliarmos os dois fenômenos contraditórios? Uma tentativa consiste em dizer que o Homem não disse realmente essas coisas, mas que Seus seguidores exageraram a história, e assim desenvolveu-se a lenda de que Ele lhes havia dito aquilo. Isso é difícil, pois Seus seguidores eram todos judeus; isto é, eles pertenciam à nação que, dentre todas as outras, era a mais convicta de que havia somente um Deus – de que não poderia existir outro. É muito estranho que tal terrível invenção sobre um líder religioso tivesse se desenvolvido no meio do povo, na face da terra, menos propenso a cometer esse engano. Pelo contrário, temos a impressão de que nenhum de Seus seguidores imediatos ou mesmo os escritores do Novo Testamento apegaram-se tão facilmente à doutrina.

Outro ponto é que, segundo essa visão, seria preciso considerar as narrativas do Homem como sendo lendas. Ora, como historiador literário, eu estou perfeitamente convencido de que, o que quer que os Evangelhos sejam, eles não são lendas. Tenho lido um grande número de lendas, e estou bastante certo de que eles não são o mesmo tipo de coisa. Não são artísticos o suficiente para serem lendas. De um ponto de vista imaginativo, eles são desajeitados, não se conectam a coisas adequadamente. A maior parte da vida de Jesus nos é totalmente desconhecida, assim como é a vida de qualquer um que viveu naquele tempo, e nenhuma pessoa construindo uma lenda permitiria que assim o fosse. Exceto por pedaços dos diálogos platônicos, não há conversas que conheço, na literatura antiga, como o Quarto Evangelho. Não há nada, mesmo na literatura moderna, até aproximadamente cem anos atrás, quando o romance realista veio à existência. Na história da mulher apanhada em adultério, é-nos dito que Cristo se curvou e rabiscou na areia com Seu dedo. Nada advém disso. Ninguém jamais baseou qualquer doutrina nisso. E a arte de inventar detalhezinhos irrelevantes para tornar mais convincente uma cena imaginária é uma arte puramente moderna. Ter realmente acontecido não seria, claramente, a única explicação dessa passagem? O escritor expôs a situação dessa maneira, simplesmente porque a havia visto.

Então, chegamos à mais estranha história de todas, a história da Ressurreição. É muito necessário deixá-la clara. Ouvi um homem dizer: “A importância da Ressurreição é que ela dá evidências de sobrevivência, evidências de que a personalidade humana sobrevive à morte”. Para essa visão, o que aconteceu com Cristo seria o que havia sempre acontecido com todos os homens, a diferença sendo que, no caso de Cristo, fomos privilegiados de ver tudo acontecendo. Isso, certamente, não é o que os escritores cristãos primitivos pensavam. Algo perfeitamente novo na história do Universo acontecera.

Cristo havia vencido a morte. A porta que sempre estivera trancada foi, pela primeira vez, deixada escancarada. Isso é bem distinto de mera sobrevivência do espírito. Não quero dizer que eles desacreditavam na sobrevivência do espírito. Pelo contrário, eles acreditavam nisso tão firmemente que, em mais de uma ocasião, Cristo teve de assegurar-lhes de que Ele não era um espírito. O ponto é que, enquanto acreditavam na sobrevivência, ainda consideravam a Ressurreição como algo totalmente diferente e novo. As narrativas da Ressurreição não são um retrato de sobrevivência após a morte; registram como um modo de ser totalmente novo surgiu no Universo. Algo novo apareceu no Universo: tão novo como o primeiro surgimento de vida orgânica. Esse Homem, após a morte, não fica dividido em “espírito” e “cadáver”. Um novo modo de ser surgira. Essa é a história. O que fazer com ela?

A questão é, suponho, se qualquer hipótese cobre os fatos tão bem quanto a hipótese cristã. Essa hipótese é a de que Deus desceu até o Universo criado, até a humanidade – e subiu novamente, puxando-a consigo. A hipótese alternativa não é lenda, nem exagero, nem as aparições de um espírito. É loucura ou mentiras. A menos que alguém possa aceitar a segunda alternativa (e eu não posso), volta-se para a teoria cristã. “O que fazer com Jesus Cristo?” Não existe questão quanto ao que podemos fazer com Ele, é inteiramente uma questão de o que Ele pretende fazer conosco. Você deve aceitar ou rejeitar a história.

As coisas que Ele diz são muito diferentes das que qualquer outro mestre disse. Outros dizem: “Esta é a verdade sobre o Universo. É por este caminho que deveríeis ir”, mas Ele diz: “Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida”. Ele diz: “Nenhum homem pode alcançar a realidade absoluta, a não ser por Mim. Se tentares reter tua própria vida, serás inevitavelmente arruinado. Dá de ti mesmo, e serás salvo”. Ele diz: “Se te envergonhas de Mim, se, quando ouves este chamado, tu te voltas para o outro lado, Eu também olharei para o outro lado quando voltar como Deus, sem disfarce. Se algo está te afastando de Deus e de Mim, o que quer que seja, lança isso fora. Se é teu olho, arranca-o. Se é tua mão, decepa-a. Se te colocares em primeiro lugar, serás o último. Venham a Mim todos os que carregam um fardo pesado, e Eu consertarei esse problema. Teus pecados, todos eles, são apagados, Eu posso fazer isso. Eu sou Renascimento, Eu sou Vida. Come-Me, bebe-Me, Eu sou Tua comida. E, finalmente, não temas, Eu venci o Universo inteiro”. Essa é a questão.





Soli Deo Gloria!



quarta-feira, 11 de maio de 2011

Quais são as suas influências (artísticas)? --- adaptado de Nelson Bomilcar

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Quando falamos de influências recebidas, como evangélicos, quase sempre negamos o que recebemos "dos de fora", ou negamos nossa história "pré-conversão", como se não fizesse parte da história de Deus em nossas vidas. Até por que isto não soa santo, espiritual, cristão, evangélico, puro, inspirado ou profético.

Há um sentido em que todos os agentes naturais, até mesmo os inanimados, glorificam a Deus continuamente, revelando os poderes que Ele lhes deu. E nesse sentido nós, como agentes naturais, fazemos o mesmo. Nesse nível, os nossos atos iníquos, no sentido em que eles exibem nossa perícia e força, pode dizer-se que glorificam a Deus, tanto quanto nossas boas ações. Uma peça musical executada com excelência, como operação natural que revela um grau alto dos poderes e habilidades dados ao homem, desta forma sempre glorifica a Deus, seja qual tenha sido a intenção dos executores"
C.S.Lewis, no capítulo "On Church Music", do livro Christian Reflections.

Muito desta postura e pensamento existe porque na base e no fundamento teológico de muitos, o mundo foi criado por Satanás e não por Deus, de que o diabo é criador e não criatura, que os homens são criaturas das mãos do diabo e não de Deus, distorcendo a revelação das Escrituras Sagradas. Demos indevidamente o copyright ao inimigo de nossas almas sobre a criação e sobre as artes, e não ao Senhor Deus, Criador, Senhor e Soberano sobre tudo e todos.

História é história, não há como negar ou fazer desaparecer influências que tivemos e ainda temos, e quando tentamos fazer isto, entramos em processos de sublimação, de alienação, de fuga da realidade, sinais de doença instalada e que sugerem a necessidade de processos terapêuticos e de aconselhamentos posteriores.

Alguns ainda sugerem uma tal e distorcida "cura interior" do passado, como se toda a herança e formação que tivemos fossem necessariamente ruins. A herança adâmica sim, em nossa natureza, que não nos ajuda no caminho da salvação e redenção. Mesmo assim, ela ainda nos acompanhará até o final dos tempos. Mas outras heranças, com outro foco, de formação cultural, por exemplo, podem ter sido excelentes e nos balizam ainda hoje no que somos, pensamos e fazemos na vida.

Isto não significa que estas pessoas, pensadores ou artistas, são exemplos em tudo de conduta, muitos com vidas e histórias cheias de crises e pecados (como os homens e mulheres da Bíblia). Mas tiveram ou têm alguma capacidade no que fizeram, ou um bom legado que deixaram, seja na área educacional, científica ou artística.

Eu, que não tive "berço evangélico" ou "maternidade evangélica" (afinal ouvia quase sempre de irmãos: "...eu nasci na igreja..."), fui menos preconceituoso com o que recebi através de pessoas não cristãs. Em minha formação familiar e estudantil, por exemplo, tive ótimos referenciais e professores que me ajudaram a absorver valores, cultura e informação. Louvo a Deus hoje por eles, e sei que foi Ele mesmo que planejou e os colocou em minha vida. Aprendi inclusive com os erros, limitações, "pisadas na bola" e enganos deles.

Tenho hoje também, como cristão, bons referenciais de artistas cristãos e de arte cristã, que alimentam minha fé, minha adoração, que formam minha CDteca e que ajudam a desfrutar da beleza da criação. Pimenta, Aristeu, Arlindo Lima, Camargo, Guilherme, Gerson Ortega, Quico Fagundes, Gladir Cabral, Daniel Maia, João Alexandre, Asaph, Phil Keaggy, Michael Card, Andraé Crouch, Keith Green, Maranatha Music, etc. Mas, esta abordagem é para outra reflexão que não esta.

Reflito hoje em minha história. Minha mãe Laura era cantora profissional, cantora do rádio em São Paulo, excelente pianista e artista sensível. Admirava música brasileira e colocou nome de duas filhas de músicas de Dorival Caymmi: Marina e Dora. Ensinou-me a tocar violão com músicas dele e de Inezita Barroso e até hoje curto e assisto o seu programa na TV Cultura. Silvio Caldas, Orlando Silva, Altamiro Carrilho e outros, tornaram-se conhecidos em nossa casa. Tínhamos uma "eletrola" Telefunken, valvulada, tipo armário, que ficava ligada grande parte do dia e por lá passavam os discos que meus familiares gostavam.

Meu pai Fenelon, com suas músicas clássicas, músicas de banda sinfônicas (aquelas que ouvia e via nos coretos de Limeira, cidade do interior de São Paulo) ligado no programa de rádio do Moraes Sarmento na Bandeirantes. Meu irmão Roberto, pianista e músico profissional, ouvindo Tom Jobim, João Gilberto, Gil, Elis, Bach, Beethoven, Bill Evans, Dave Brubeck, Quincy Jones, minha irmã Marina trazendo os discos dos Beatles, James Taylor, Bob Dylan, Elton John, Roberto Carlos; e eu ouvindo isto tudo e mais Mutantes, Terço, Guilherme Arantes, Emerson, Lake and Palmer, Yes, Focus, Deep Purple, Led Zeppelin, Tim Maia, e a tchurma do Clube da Esquina, vento maravilhoso de Minas Gerais.

Lembro-me do meu irmão Roberto me levando a um show com um público de umas 50 pessoas somente, no teatro da Fundação Getúlio Vargas para assistir um "tal" de Milton Nascimento, Lô e Marcio Borges, Wagner Tiso, Nelson Ângelo, Beto Guedes, Toninho Horta, cantando e tocando coisas maravilhosas deles e de Fernando Brant. De que planeta estes músicos maravilhosos vieram? Quanta beleza e criatividade!!! Eram do Clube da Esquina, hoje transformado em museu e espaço histórico.

Bom, minha mocidade foi definitivamente marcada por Lennon e McCartney e suas gravações no EMI´s ABBEY ROAD studio (minha e a de uma geração toda né? hehehe), do rock tradicional e progressivo, e pelos "garotos" repletos de musicalidade, poesia e brasilidade de Minas Gerais.

Daí, veio a conversão dos 17 para os 18 anos em 1972. Entro na igreja evangélica e tenho um choque cultural e musical. Começo a tomar contato com músicas do Cantor Cristão, hinário batista, ouvir todos os dias minha mãe tocar ao final de tarde hinos que viriam a fazer parte de minha vida, acompanhar cantatas tocando e cantando, gravar discos evangélicos, fazer parte de um momento na história da igreja no Brasil de avivamento em trabalhos com juventude e da experiência de Vencedores por Cristo.

Por imaturidade e ignorância, anos antes vendi minha guitarra Gibson por achar que não poderia usar "um instrumento que usava na velha vida". Mas tinha uma outra que guardei (pecador eu, não?), uma Fender Jaguar Branca, igual a do Jimi Hendrix, onde toquei e solei no dia do meu batismo dentro de uma igreja batista tradicional o "Vencendo Vem Jesus", com o histórico pedal Big Muff. Quando descobri que instrumento é só "um instrumento", comprei novamente uma Gibson, testemunha até hoje de boa parte da história recente da música cristã.

Um grande amigo nesta época, Gerson Ortega, músico e hoje pastor, ajudou-me muito a lidar com a questão da música. Sentia-me "menos culpado" de ainda gostar de música chamada secular ou "do mundo" quando encontrava na casa dele algum disco de conjuntos e músicos não cristãos que admirávamos.

Ajudou-me a ter critérios, a absorver o que é bom, junto com Guilherme Kerr, companheiro de canções, que viveu e foi influenciado também pela música dos anos 60-70. Os escritos de Francis Schaeffer ("O Deus que intervém"), C. S. Lewis ("Cristianismo Autêntico") e John Stott ("Contracultura Cristã"), foram balizadores em meu refletir e pensar de forma cristã.

Inclusive por que pensava e continuo pensando que a criatividade e inspiração têm sido dada a pessoas e artistas não cristãos, que de alguma forma manifestam a criatividade de Deus. Isto é, um incrédulo pode ser mais ou tão criativo do que um crente confesso. É o que constato quando analiso as artes de maneira geral, e quando ouço a mesmice e a falta de criatividade das composições e produções chamadas evangélicas de nossos dias.

O próprio João Calvino declarou (Lectures on Calvinism, de Abraham Kuyper) que "a arte é dada por Deus indiscriminadamente, tanto para crentes quanto para incrédulos", o que os teólogos chamam de "graça comum". Ele escreveu certa vez que "as irradiações da luz divina brilharam mais radiosamente entre pessoas incrédulas do que entre os santos de Deus".

Ainda, às vezes, ao ouvir uma música, composição de outros artistas ou minha mesmo, deparo-me com uma seqüência melódica ou harmonia que "já tinha ouvido em algum lugar". As inéditas ou consideradas por mim inspiradas por Deus, vem impregnadas de referências sonoras ou de letras, absorvidas por minha mente e sentimentos durante meu crescimento e história.

A inspiração divina é soprada em homens e mulheres com suas heranças culturais e realidades, movimentos que fazem a história de Deus na história dos homens. E o evangelho vem com seus valores e mensagem, transformar, redimir o homem, sua cultura, sua arte, sua história, balizando o Seu reino.

Agradeço a Deus pelo que vi, escutei e aprendi em minha história, agradeço por ser um simples mortal e terráqueo, que absorveu e gostou de muita coisa feita por não cristãos e ainda gosta. Pessoas a quem Deus ama profundamente. Tenho aprendido a discernir e reter o que é bom. Nem tudo é bom e edifica. Canalizo minha admiração por eles sem idolatria ou sem se tornarem objeto de culto, e consigo adorar a Deus pela capacidade criativa dada a cada um deles. Sinto-me livre para ouvir e apreciar.

Lennon e McCartney fizeram coisas lindas e revolucionárias (até os banais e descartáveis, com os arranjos do George Martin, o "quinto beatle", ficavam bonitas), mas não sou defensor do "Let it Be" como estilo de vida. Soube que George Harrison conheceu a Cristo antes de morrer (este buscou a Deus e o significado da vida). Se for verdade, agora desfruta da presença do Sweet Lord verdadeiro, não do Hare Krishna.

Sou mais hoje "plantar o trigo e refazer o pão de todo e cada dia, beber o vinho e renascer na luz de cada; a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada, o brilho cego de paixão e fé, faca amolada; deixar a Sua luz brilhar e ser muito tranquilo", cantada pelo Beto e Milton.

Quero mais o Deus amigo de Gladir Cabral, compositor e pastor: "bom é ter um prato cheio na mesa, a mesa farta de amigos, amigos plenos da vida, a vida em sopros divinos, sopros de luz, claridade, luzes que mostram caminhos, e sendas que dão liberdade, honra, juízo e atino...".

O Deus das Escrituras, O Grande Artista, está na simplicidade da vida, nos relacionamentos, no cotidiano, e manifesta sua presença e criatividade também nas artes e em artistas em toda a história. Precisamos é perceber e identificar Sua presença. "Repreender" menos o conteúdo de nossa história e APRENDER mais dela. E adorar a Ele, porque esteve sempre presente em nossa caminhada!




Soli Deo Gloria!


sexta-feira, 6 de maio de 2011

O caráter do reino de Cristo -- por Andrew Sandlin

"Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito." (Isaías 42. 2, 3)


Um tema principal dos profetas do Antigo Testamento com relação ao reino glorioso do Messias era a forma como ele iria se contrastar com os reinos meramente humanos. Os reinos do homem surgem com grande pompa e se apresentam com orgulho e poder, esmagando todos os que ousam se opor a eles. Eles constituem manifestações visíveis da glória do homem, e são geralmente acompanhados por uma arrogância para com Deus e o homem.
Alternativamente, foi predito que o reino de Cristo chegaria em humildade, longe dos centros do poder humano (Miqueias 5.2). Quando examinamos os relatos dos evangelhos sobre o nascimento, vida e morte de Cristo, descobrimos que as profecias do Antigo Testamento foram infalivelmente cumpridas: Cristo nasceu em pobreza e humildade, não sendo anunciado por arautos reais, mas por humildes pastores. Os reis da terra não o aclamaram; o principal governante em Israel naquele tempo tentou matá-lo. Nosso Senhor foi criado por uma família humilde e temente a Deus, em relativa obscuridade. Seu ministério adulto de cura e ensino, embora com a presença de milhares, não assumiram o caráter de realeza terrena. Sua morte cruel e ignominiosa, sendo castigado como um criminoso comum, era a execução mais humilhante conhecida no mundo antigo.
Na verdade, se considerarmos sua vida sobre a terra, o reino de Cristo tem pouca semelhança com os reinos humanos.
Há uma boa razão para isso. O reino de Cristo não é principalmente um reino político. Os judeus nacionalistas no primeiro advento de Cristo esperavam que esse homem que alegava ser o Rei e Messias cumprisse as Escrituras do antigo pacto que profetizavam que o Escolhido de Deus quebraria o jugo dos opressores gentios de Israel (Jr 23.5-9; Ez 34.24-31; Mq 5.5, 6). Nessa suposição eles estavam absolutamente corretos. Eles estavam grosseiramente equivocados, contudo, em sua suposição da maneira na qual o Messias faria isso. Eles presumiram – como os dispensacionalistas da era moderna – que o reino de Cristo é um reino político induzido de modo cataclismático e centralmente reforçado. Eles de alguma forma esqueceram aquelas Escrituras do antigo pacto que prediziam que o Messias-Rei cumpriria sua vontade através de meios regenerativos, humildes e não coercivos (Is 15.14, 15; 42.1-7; 52.13 – 53.12; Zc 9.9). Cristo de fato esmagará os seus oponentes (Sl 2); mas ele não os esmagará da maneira que o faz um rei meramente humano.
O primeiro erro é considerar que o reino de Cristo está limitado à família e igreja cristã, ou ao estado intermediário ou eterno. Ele não reconhece todas as promessas do reino messiânico que pertencem à Era Dourada e Piedosa em toda a terra, incluindo a política e o Estado (e.g., Sl 2; 22.27; 47.2, 3, 7; 72; Is 2.2-4; 11.1-10; 42.1-4; 65.17-25; Mq 4.1-5).
Por outro lado, outro grande erro está em supor que o reino de Cristo é um fenômeno fundamentalmente político. Os amilenistas e pré-milenistas anteveem Cristo retornando fisicamente à terra acompanhado pelos santos mortos com, por assim dizer, armas de fogo e olhos flamejantes, com a intenção de ceifar o Anticristo e os seus discípulos ímpios a sangue frio. Alguns pós-milenistas equivocados, porém, trilham um erro similar. Eles parecem pensar que se os cristãos puderem simplesmente capturar o poder do Estado, eles estarão prestes a inaugurar um milênio intensificado pela imposição da lei bíblica, punindo os inimigos de Deus, e criando um Estado cristão. Embora a sinceridade deles possa ser impecável, sua agenda é impensável.
O Reino de Cristo terreno começa no coração do homem regenerado (Lc 17.21; Cl 1.13). Sob o poder do Espírito Santo, à medida que o cristão reordena sua vida, família e todas as outras áreas que ele influencia em termos de uma fé cristã e lei bíblica, Deus gradualmente reverte o mal e seus efeitos em tudo da vida e sociedade humana. A política é uma dessas áreas, mas nunca a principal. É um erro fatal daqueles enveredados na heresia da importância máxima das soluções políticas supor que o reino de Cristo progredirá principalmente por meio da política. Não será assim! O reino avançará principalmente pela operação do Espírito na vida de cristãos crescentemente santificados, que guardam a lei, que praticam sua fé na família, trabalho, escola, igreja e em todas as áreas de suas vidas.
Os pais inculcam a fé cristã ortodoxa em suas famílias. Os pastores conduzem o seu rebanho à maior obediência. Os educadores instruem seus alunos em termos de um sistema de vida cristão abrangente. As igrejas revivem o diaconato e cuidam dos doentes, dos necessitados, das viúvas e dos órfãos. Os médicos cristãos praticam o ofício divino de cura natural (algumas vezes, talvez, sobrenatural) ao seguir a lei de Deus e os produtos da graça comum de Deus. Os empresários produzem riqueza começando novos negócios que beneficiam a outros. E assim por diante em todas as esferas.
Não se engane: a política (como a medicina, arte, mídia, tecnologia, economia, etc.) é uma área legítima de ação com base nos princípios cristãos. Entregar a política, ou qualquer outra esfera legítima de atividade cristã, ao Diabo e os seus discípulos é uma coisa perversa. Mas o estabelecimento de um Estado explicitamente cristão será o efeito de uma fidelidade cristã abrangente, começando com o indivíduo e a família regenerados. Ele não será o efeito de eleger uns poucos políticos cristãos (embora eles sejam necessários), nem mesmo de um Presidente cristão (não importa quão benéfico isso seria). Eleja um Presidente e um Congresso cristão e nomeie um Judiciário totalmente cristão, e os problemas morais mais vexatórios da nação não se evaporariam. É à medida que o reino de Cristo progride entre os homens – por meio do evangelho de Cristo e a submissão e obediência individual à lei-palavra de Deus – que a política e o Estado desfrutarão a redenção cristã.
O reino de Cristo é menos espetacular externamente do que os reinos terrenos, assim como o seu nascimento foi externamente menos espetacular que o nascimento dos reis meramente humanos. Mas a pequena semente de mostarda e a pitada do fermento do reino de Cristo (Mt 13.31-33) não falharão em sobrepujar todos os outros reinos em sua profunda eficácia na terra.
O reino de Cristo está avançando de maneira quieta e discreta.
Mas ele não pode falhar!





Soli Deo Gloria!