sexta-feira, 15 de abril de 2022

Here comes the Son...

Após mais de 3 meses ausente, finalmente preciso escrever novamente. 


De fato, como os poucos que visitam este blog sabem o que normalmente me motiva a retornar, vamos ao que interessa — e sem mais demora.












O título desse texto, para quem conhece um pouco de rock britânico e da língua inglesa, é um trocadilho com a música “Here Comes The Sun” (dos Beatles), uma vez que as palavras “sun” (sol) e “son” (filho) possuem a mesma pronúncia. Logo, a abordagem que pretendo fazer deverá combinar trechos da canção e o período em que se sucederam os eventos mais importantes de toda a história: a Semana Santa. Que Deus me ajude até o último parágrafo!


Primeiramente, uma análise superficial da letra de “Here Comes The Sun” indicará que, embora a música seja bem simples (ou até mesmo singela, fato que é ressaltado pelo seu instrumental), é possível extrair dela reflexões bastante ricas, tendo em vista o objetivo já mencionado. Dito isso, o primeiro trecho que posso destacar da música é:


“...Little darling

It's been a long cold lonely winter

Little darling

It feels like years since it's been here...”












Nesses versos, o autor se dirige a uma personagem a quem chama de “queridinha” (o que denota carinho e zelo), dizendo que “o inverno tem sido longo, frio e solitário” onde ele vive e que “parece que faz anos que o Sol esteve ali”. Portanto, se considerarmos o ambiente cultural de um inglês/britânico (ou de qualquer pessoa do norte da Europa), podemos imaginar que os “invernos” são realmente “frios” e, por vezes, “longos e solitários”o que jamais acontecerá na minha cidade, onde normalmente há um sol por habitante durante quase todo o ano! —, de maneira que a imagem aqui evocada pode ser entendida como um símbolo de tristeza, desesperança ou mesmo de abandonoEntretanto, como se pode notar, o refrão da música é como uma espécie de lembrete que o autor traz a si mesmo (e à sua “little darling”) de que “o sol vai voltar ali” e que, assim, “tudo ficará bem”, o que aponta para o fim do caos e da melancolia outrora presentes


Em outras palavras, a desordem, o desamparo e o desencanto com a vida não seriam permanentes, pois até a solidão dos “invernos demorados e rigorosos” daria lugar à felicidade de se estar na “companhia do ser amado” sob o “sol da primavera” — ou, como diz outra canção de rock, a “tempestade daria seu lugar a um dia de sol”.


Outro trecho que pode ser destacado diz: 


“...Little darling

The smiles returning to the faces

Little darling

It seems like years since it's been here...”











Nessa estrofe, o autor fala à sua “little darling” a respeito de “sorrisos que regressaram aos rostosdos que viviam ao redor dele e, de modo análogo aos versos anteriores, ressalta que tais sorrisos “pareciam não ter estado ali por anos a fio”. Nesse sentido, deduz-se que a situação inicial estava aparentemente sendo mudada, posto que a imagem de alegria apresentada aqui constitui um contraste em relação ao contexto de solidão e tristeza do início da música. Dessa maneira, a expectativa contida (e repetida) na mensagem do refrão passaria a ser mais concreta, uma vez que no lugar onde outrora havia somente uma tristeza gélida e constante pode-se, agora, ver o riso e a felicidade como símbolos de uma “nova estação”.


Finalmente, a última estrofe que queria considerar consta a seguir: 


“...Little darling

I feel that ice is slowly melting

Little darling

It seems like years since it's been clear...”












Nesse trecho final, o letrista diz à sua “queridinha” que “o gelo está derretendo lentamente” e, diferentemente das duas situações já mencionadas, “parecem que se passaram anos desde que tudo está claro”. As figuras trazidas à tona aqui indicam que o “inverno” já havia passado e que os dias já estavam mais claros — quem já foi à Europa durante o inverno sabe que o gelo começa a derreter apenas na primavera e que, nessa estação, os dias são mais longos que as noites —, o que denota que a mudança aguardada por ocasião da “chegada do Sol” já estaria concretizada


Dito isso, vale salientar que, antes desses versos derradeiros, a letra apresenta um tipo de proclamação na qual se diz “O Sol, o Sol, ele vem aí!”, o que aparenta comunicar a consumação do desejo expresso a cada vez que o coro é cantado, cujo resultado se expressa na transformação da realidade ali vigente.


Todavia, após esses breves comentários sobre cada estrofe da música, a pergunta que fica é: o que isso teria a ver com a Semana Santa? Leia até o fim e, talvez, você descobrirá.











A Semana Santa pode ser definida como o período do Calendário Cristão (ou litúrgico) referente aos últimos dias de Jesus Cristo antes de Sua morte, sendo iniciada no “Domingo de Ramos” e concluída no “Domingo da Ressurreição” — conforme consta nos Evangelhos. Esses registros (Mateus, Marcos, Lucas e João) nos fornecem relatos complementares desses acontecimentos, de forma que uma leitura cuidadosa e comparada desses documentos proporciona uma compreensão ampla e segura de alguns dos episódios mais importantes para a comunidade cristã — além do Natal, do Batismo, da Transfiguração, da Ascensão, do Pentecostes e, por fim, do Segundo Advento (o único ainda por acontecer). Desse modo, irei destacar os principais momentos que são recordados nessa semana e relaciona-los com o que já foi abordado anteriormente.


O Domingo de Ramos


O chamado “Domingo de Ramos” (também denominado “Domingo da Paixão”) é o dia em que Jesus se dirigiu com seus discípulos, pela última vez, a Jerusalém. Nesse dia, Ele veio à “Cidade Santa” montado em um jumento e foi aclamado pelo povo com brados de louvor e palavras de honra — como “Hosana nas alturas!” e “Bendito o que vem em nome do Senhor!” —, de tal modo que as pessoas tiravam seus mantos (juntamente com ramos de palmeiras) e os estendiam pelo caminho pelo qual Jesus passava.


Essa série de elementos possuem profundo significado para a narrativa bíblica e, conseqüentemente, para a fé cristã, visto que todos são, de forma particular, o cumprimento de profecias messiânicas do Antigo Testamento (p.ex., Zacarias 9:9 e Salmo 118:19-27) bem como de certos episódios que apontavam para a vinda do Messias (como a coroação de Salomão, o “filho de Davi” e rei de Israel, que fez uma procissão semelhante — vide 1 Reis 1:32-35). Isto é, assim como a “vinda do Sol” na canção dos Beatles foi celebrada, a “entrada triunfal” do “Sol da Justiça”, Daquele que é a “verdadeira Luz que ilumina a todo homem”, do verdadeiro “Filho de Davi” (e também “Senhor de Davi”) em Jerusalém foi motivo de regozijo para o povo que ali estava — visto que aquele era “o dia que o Senhor fizera” e, por isso, “todos deveriam alegrar-se nele” —, a tal ponto que diante das repreensões dos que se opunham à aclamação de Jesus como Rei, Ele disse: “se estes se calarem, até as pedras clamarão” (vide Lucas 19:40).













A Santa Ceia, a traição, a prisão e o julgamento


Nos três dias posteriores ao Domingo de Ramos, ocorreram vários momentos significativos dentro da Semana Santa: 1) Jesus purificou o templo ao expulsar os mercadores e vendilhões no chicotecomo eu queria me juntar a Jesus nesse dia memorável! —, 2) amaldiçoou a figueira infrutífera, 3) jantou com Marta, Maria e Lázaro e foi “ungido com nardo puro para seu sepultamento”, 4) se desvencilhou de todas as armadilhas em que os fariseus, saduceus, mestres da lei e demais poderosos tentaram apanha-Lo, 5) mostrou a hipocrisia dos fariseus sem “papas na língua” — o que uma “raça de víboras” mereceria ouvir, afinal? —, 6) ensinou muitas coisas sobre eventos futuros e proféticos e 7) ordenou a alguns discípulos que preparassem a Páscoa, pois em breve Ele “seria entregue para ser crucificado” (ver Mateus 21:12-13, Marcos 11:15-19, Lucas 19:45-48 e João 2:13-17; Mateus 21:18-19 e Marcos 11:12-14, 20-21; Mateus 26:6-13, Marcos 14:3-9 e João 12:1-8; Lucas 20:1-44; Mateus 23:1-39; Mateus 24-25, Marcos 13 e Lucas 21:5-37; Mateus 26:17-19, Marcos 14:12-16 e Lucas 22:7-13). 


No entanto, os momentos cruciais (e esse termo não é utilizado aqui sem razão) começarão após a “última ceia”, pois ali Jesus lavou os pés dos discípulos, anunciou quem seria o “traidor”, proferiu um de seus discursos mais sublimes (se não o mais belo!), instituiu a Nova Aliança e, finalmente, saiu para o Jardim do Getsêmani (o “lugar da prensa de azeitonas”), a fim de completar a obra Lhe havia sido confiada ao se submeter ao peso esmagador da ira de Seu Pai (vide João 13-17, Mateus 26:20-30, Marcos 14:17-26 e Lucas 22:14-38).


Ao chegar com os onze discípulos ao Getsêmani, Jesus diz que “a sua alma estava triste, como que à morte” e, por isso, lhes pede para ficar com Ele e vigiarem em oração. Ele convida Seus discípulos mais íntimos (Pedro, Tiago e João) e vai um pouco mais adiante para orar sozinho e, sob uma agonia que O levou a suar gotas de sangue (vide Lucas 22:44), faz a mesma súplica por três vezes: “se é possível, passa de mim este cálice; mas não seja como Eu quero, mas como Tu queres”. Durante esse período, os discípulos “caem no sono” repetidas vezes até que Jesus fala a todos: “Basta! É chegada a hora; o Filho do Homem será entregue nas mãos dos pecadores. Levantem-se, vamos; aquele que me trai se aproxima” (Marcos 14:41-42), cujo momento é descrito por Lucas como “a hora em que as trevas reinam” (cap. 22, vs. 53). 













Ou seja, o momento da traição de Jesus pode ser visto como a materialização mais cruel e desventurada do “inverno longo, solitário e gelado” mencionado ao longo do texto — ainda que não haja e nem possa haver qualquer comparação entre as situações —, pois nas próximas horas o Rei do Universo seria tratado como um verme, Aquele que deu vista aos cegos teria os olhos vendados e seria insultado, esbofeteado, cuspido e agredido sem que houvesse resistência e Aquele que é Luz do mundo seria acorrentado na “calada da noite” para ser julgado e condenado como um blasfemo e criminoso. Naquela madrugada, o Deus encarnado que “daria a Sua vida pelos Seus amigos” estava a ser traído com um beijo de um deles (e a quem Ele disse: “amigo, a que vieste?” — Mateus 26:50) e, posteriormente, seria abandonado por todos os outros, pois “o Pastor seria ferido e as ovelhas se dispersariam” (Mateus 26:31).


Após Jesus ser preso, Ele foi submetido a uma série de “julgamentos”: 1) com os judeus do Sinédrio (onde foi condenado à morte por ter se declarado o “Filho do Deus bendito”), 2) com Herodes (governante judeu submisso ao Império Romano, o qual queria ver algum sinal milagroso mas, não obtendo o que desejava, zombou de Jesus) e 3) com o próprio representante de Roma (Pôncio Pilatos), o qual não queria condená-Lo inicialmente mas, para agradar a multidão, “entregou Jesus à vontade do povo” (Lucas 23:25) para que fosse açoitado e crucificado. A partir daqueles instantes, o Juiz dos vivos e dos mortos, a Quem toda a autoridade para julgar havia sido dada pelo Pai, a própria “justiça de Deus para os pecadores” foi o alvo do julgamento mais fraudulento e absurdo da história (certamente de fazer inveja aos “iluministros” do STF ou a qualquer “tiranete de toga” por aí!) mas, curiosamente, tal atrocidade era parte do plano divino para que a “justiça fosse anunciada a todos os povos e prevalecesse” (ver Isaías 42:1-4).













A crucificação e o silêncio do sábado


Tendo Jesus sido severamente castigado com açoites e, em seguida, condenado à morte por crucificação, os romanos O obrigaram a carregar a própria cruz até que, num momento, Ele precisou ser ajudado (Mateus 27:32, Lucas 23:26 e João 19:17). Após chegarem no lugar chamado “Gólgota” (o “lugar da Caveira”), Ele foi crucificado entre dois malfeitores (ladrões), os quais O insultavam juntamente com a multidão ao dizerem: “se és o Filho de Deus, salva-Te a Ti mesmo e a nós” ou “salvou os outros, mas não pode salvar a Si mesmo; desce da cruz, se és o Filho de Deus, o Escolhido” (Lucas 23:35 e 39). Além disso, Jesus recebeu coroa de espinhos e um manto régio como prova do escárnio dos Seus detratores, teve suas roupas arrancadas e “sortes foram lançadas sobre elas”, recusou o vinagre e o fel que Lhe ofereceram após dizer “tenho sede!” até que, finalmente, o dia se fez noite e o Sol parou de brilhar durante as horas mais sombrias que o universo poderia testemunhar — ali, o seu Criador estava sendo morto num madeiro cuja árvore fora feita por Ele, sob as mãos de homens aos quais Ele deu o fôlego de vida, sobre uma montanha que Ele havia criado e colocado em seu lugar mas, sobretudo, de acordo com a determinação do Pai e por Sua livre vontade (Isaías 53:10 e João 10:17-18).


Nos últimos instantes antes de Sua morte, Jesus proferiu as palavras mais perturbadoras e incompreensíveis de toda a história: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Marcos 15:34 e Salmo 22:1). Esta declaração causou tal admiração no reformador Martinho Lutero que, ao tentar comentar essa passagem, ele chegou a afirmar que “Deus ‘abandonando Deus’ é algo tanto horrendo quanto sublime demais para ser entendido pela mente humana”, de modo que ele não conseguiu (naquele momento) continuar sua tarefa por estar profundamente impactado por essa realidade. De fato, quem pode entender plenamente o que Jesus expressou ao dizer essas palavras? Aquele que sempre foi o Amado do Pai e Seu deleite eterno se percebeu, em certo sentido, “deveras solitário” (infinitamente mais do que o personagem de “Here comes the Sun”) mas, em lugar de um inverno gélido e longo, Ele estava sofrendo as chamas da ira divina, como se sofresse o próprio inferno sobre Seus santos ombros, para que todos os salvos por Ele fossem livrados do seu destino merecido e recebessem a graça que lhes era imerecida — a vida eterna em vez do castigo do fogo eterno.


Por fim, algum tempo depois, Jesus fala Suas últimas palavras ao citar novamente os Salmos: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23:46 — vide Salmo 31:5). Em seguida, uma série de fenômenos espantosos acontece: túmulos de pessoas tementes a Deus/fiéis se abrem e muitos destes ressuscitam dos mortos, a terra treme, o véu do santuário se rasga em dois de alto a baixo e, como o ápice de tudo isso, Jesus não tem Suas pernas quebradas (o que sucedeu com os dois ladrões) e o centurião romano, ao ver seu lado furado com uma lança e confirmar que Ele estava morto, diz: “verdadeiramente este era o Filho de Deus” (Mateus 27:51-54 e João 19:31-37). Após todo aquele horror haver terminado, um judeu influente e rico (que também era seguidor de Jesus) pede a Pilatos que lhe conceda a permissão para sepultar o Seu corpo e, tendo obtido a permissão, Jesus é sepultado antes do início do sábado (o Dia da Preparação — ver Mateus 27:57-60 e João 19:38-42). Nesse momento, todos os discípulos já estavam escondidos, Pedro O havia negado por três vezes, Judas Iscariotes tinha cometido suicídio e, aparentemente, a esperança de que Deus redimiria o Seu povo estava destruída. Logo, restavam apenas as expectativas de libertação frustradas, a desilusão de que as “antigas promessas” haviam falhado, a sensação de derrota diante do poder dos religiosos judeus e dos pagãos romanos, o silêncio de um sepulcro e a dor do lamento pelo “Messias morto” — porém, para alegria dos discípulos e nossa, isso duraria pouco tempo, como Ele mesmo dissera: “um pouco, e vocês deixarão de me ver; outra vez um pouco, e vocês me verão novamente” (João 16:16). 













O Domingo da Ressurreição


Três dias depois da traição, prisão, julgamento, morte e sepultamento de Jesus, algumas mulheres que O seguiam foram levar especiarias para cuidar do Seu corpo (conforme os costumes judaicos da época). Contudo, nenhuma delas esperava encontrar o que viram: a pedra do sepulcro estava removida e anjos estavam ali, os quais lhes disseram: “...por que buscam entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui; ressuscitou...”! (Mateus 28:1-6, Marcos 16:1-8 e Lucas 24:5-6). Os evangelistas registram o espanto e o temor que se apoderaram de todas delas mas, em particular, uma permaneceu mais tempo ali — para, talvez, recuperar “o corpo de seu Senhor” — até que ouviu uma voz chamar “Maria!”, ao que ela respondeu “Raboni!” (ou “meu Mestre!”) — vide João 20:11-16. 


Durante os próximos quarenta dias, Jesus apareceu algumas vezes aos Seus doze discípulos quando reunidos (João 20:19-29 e cap. 21), assim como no caminho de Emaús (Lucas 24), no fim dos evangelhos de Marcos (cap. 16:9-20) e Mateus (cap. 28:16-20) e a vários irmãos de uma só vez (1 Coríntios 15:6), dando “muitas provas infalíveis” de que a ressurreição era real (Atos 1:1-4). A esperança supostamente frustrada agora se mostrava uma “esperança viva”, tão viva que nem mesmo a morte pôde vencê-la


Em suma, todos esses acontecimentos (inclusos os detalhes) encontram seu significado nas seguintes palavras do próprio Cristo, que disse que “tudo isso aconteceu para que se cumprissem as escrituras dos profetas” (Mateus 27:56) e que “era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos” (Lucas 24:44). Desse modo, diferentemente de uma narrativa poética ou de uma letra de música (que não é necessariamente verídica e concretizável, embora possa ter valor literário e simbólico), nenhuma profecia ou revelação concernente à pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, poderia não ser verídica ou concretizável, pois “Aquele que o enviara é verdadeiro” e jamais deixaria cumprir qualquer promessa que houvesse feito. À semelhança dos dias de Josué — cujo nome significa “Javé é a Salvação” —, quando nenhuma das palavras que o Senhor falou a respeito de Israel falhou, mas todas se cumpriram” (Josué 23:14), nenhuma Escritura referente Àquele que é o “verdadeiro Josué”, a “verdadeira salvação de Senhor”, o “General vencedor” que derrotou os nossos inimigos e nos garantiu herança e descanso eternos, também falhou. Que ditosa fidelidade!









Por tudo isso, assim como num determinado momento da música “o sol veio e tudo ficou bem” — pois, com a sua presença e a sua luz, ele dispersou o frio, a solidão e a escuridão outrora dominantes —, o verdadeiro “Sol Invictus” (não um mero ídolo fabricado pela arte e imaginação humanas, mas o “Sol da Justiça” prometido pelo Deus verdadeiro e por Ele “enviado a nós e para nossa salvação”) voltou do silêncio do sepulcro e da escuridão da morte “para não mais morrer” (Romanos 6:9) e “ficar conosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20). Assim, nenhum daqueles que Ele redimiu jamais estará solitário ao longo de sua peregrinação rumo à “Cidade Celestial”, a qual “não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina e o Cordeiro é a sua lâmpada” (Apocalipse 21:23). Como se pode ver, as mais belas canções que podemos compor para expressar nossos anseios pelo belo, bom e verdadeiro somente tateiam tais realidades, mas as palavras de Deus, conforme preservadas nas Sagradas Escrituras (a Bíblia!), nos mostram claramente como as coisas são e também como elas serão, de sorte que todos os que as guardam no coração “são como um homem prudente, que construiu a sua casa sobre a rocha” (Mateus 7:24) e, por isso, são igualmente bem-aventurados.


Finalmente, enquanto recordamos nesses dias os episódios da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, todos nós devemos lembrar de que em breve (espero que seja muito em breve mesmo!) esse mesmo Jesus virá outra vez de forma repentina mas, ao mesmo tempo, de modo que “todo o olho o verá, até aqueles que o traspassaram” (Apocalipse 1:7 e Zacarias 12:10). 


Nesse dia aterrorizante e glorioso, posso supor que alguns dos versos que estarão nos lábios daqueles que O aguardam ansiosamente poderão ser “Here comes the Son / And now it’s alright” — “Eis que o Filho vem, e agora tudo vai ficar bem”! A partir desse momento, nada mais estará “fora de ordem”: não haverá mais quaisquer injustiças sem a devida retribuição, nem perversos que escaparão impunes em seus pecados, nem qualquer necessitado que não seja amparado,  desprezado que não seja acolhido, “pobre de espírito” que não seja enobrecido ao entrar no Reino a ele prometido, perseguido que não seja recompensado ou qualquer servo fiel que “não entre na alegria de seu Senhor”.


Por tudo isso, devemos dar ainda mais atenção a tudo o que a Semana Santa nos comunica e significa, pois “como nós escaparemos, se não atentarmos para uma tão grande salvação?” (Hebreus 2:3). Ora, o Jesus que salvou os pecadores na Semana Santa por Sua morte e ressurreição é o mesmo que julgará os vivos e os mortos com justiça em Sua vinda, de maneira que somente os que foram resgatados por Ele e, consequentemente, santificados pelo Seu Espírito, escaparão da ira vindoura (1 Tessalonicenses 1:10).













E quanto a você? 


Você tem vivido “invernos longos, rigorosos e solitários” e não mais acredita que sairá deles? Onde está a sua real esperança?


Você reconhece que, sem verdadeira fé em Jesus Cristo, todos nós estamos afastados de Deus e, por isso, estamos em trevas, desamparo e morte?


Finalmente, diante de tudo o que a Semana Santa traz à tona e nos revela, até quando você continuará a desprezar a verdadeira Luz do mundo, cujos raios dissipam todas as nossas trevas e nos fazem ver o fim para o qual existimos? 





Pela alegria de que o “Son” já veio — mas também em breve virá novamente,





Soli Deo Gloria!