segunda-feira, 25 de junho de 2012

Por que as verdades tem autonomias?

Bem... vamos começar.


Primeiramente, o que é a verdade?



Sendo bastante simples, a verdade é aquilo que é, por si mesmo, legítimo, digno de crédito, autêntico, genuíno. Desse modo, a verdade independe do que eu penso ou do que deixo de pensar. A verdade não é invalidada se eu desacredito dela pois, de acordo com sua própria definição, ela é válida por si mesma. No mesmo sentido, a verdade não é verdade somente porque eu ou você acreditamos nela ou a defendemos. A verdade é "verdade" e ponto final. A verdade existe independentemente das opiniões, já dizia a minha quase-irmã Eluane. 

Mas não é assim que as coisas têm funcionado. Na verdade (risos), desde muito tempo que as "verdades têm autonomias". 


Hoje, provavelmente como nunca antes na história, a verdade se tornou a "verdade de cada um". Ou seja, a verdade foi transformada em "várias verdades" e, como resultado dessa pluralização, nós perdemos o senso de "verdade x mentira", de "certo x errado", de "bom x mau". Ora, não é "verdade" que aquilo que pode ser bom e apreciável para mim pode ser terrivelmente ruim e desprezível pra você? Por exemplo, eu sou corintiano e gosto de ser assim mas, se você não é corintiano, certamente você acha tudo isso um completo desatino, quase uma estupidez... certo? Sendo bastante sincero, não vejo problema algum no fato de pessoas torcerem para times de futebol diferentes, por exemplo - a diversidade é que faz o futebol ser divertido - mas, em contrapartida, esse princípio do "é bom para você, mas não é bom para mim" ou do "faz sentido para você, mas não faz o menor sentido para mim" talvez seja o sinal mais evidente do principal problema de cada ser humano: o desconhecimento da verdade e a aversão profunda por ela. 


Exatamente. As "verdades" estão cada vez mais "donas de seus próprios narizes" ---> melhor, os homens estão se achando cada vez mais donos de si mesmos e estão moldando, a seu bel-prazer, seus compêndios de "verdades", pelas quais "matam por amor", subornam em nome do "populismo político" ou se deixam subornar em troca de "pequenos privilégios" e, de modo vergonhoso para mim (como cristão), pedem ofertas especiais ou fazem megacampanhas  nas igrejas em nome de "cruzadas evangelísticas" ou "obras sociais" [tendo em vista, quase sempre, o enriquecimento próprio e ilícito] e, em âmbito mais restrito, demonizam o que não é do seu gosto pessoal (a música dita "secular", a literatura clássica e filosófica, certos tipos de alimentos e bebidas etc.), e sacralizam a sua "cultura religiosa" (a música gospel, a literatura de seu segmento religioso, as suas roupas dos cultos e reuniões de domingo etc.). Nós amamos nos sentir mais coerentes do que os outros. Amamos "ter a razão" em tudo. Amamos nos enganar e fingir brincar de Deus, que é o único que, verdadeiramente, está "acima de toda razão" [créditos ao Lucas Souza].


Por outro lado, precisamos reconhecer algo: a realidade da verdade está impressa em nossa consciência. Por mais que a "liberdade de pensamento" e a "tolerância" sejam alguns dos deuses desta sociedade, sempre estamos em busca da verdade. Precisamos de "verdades" para que a nossa vida tenha alguma razão de ser. Pensando bem, até aqueles que dizem que a vida não tem sentido algum e que não é possível se conhecer a verdade sobre alguma coisa de forma completa - os agnósticos e niilistas, por exemplo - não escapam da realidade da verdade, pois essa é a verdade deles (do ponto de vista ontológico, eu não posso conhecer nada perfeitamente e, por isso, a vida é sem sentido). Os que dizem que todos estão "errados" devem estar "certos" disso, não é? Portanto, não há como escapar. Embora as "verdades" sejam cada vez mais "autônomas", o ponto em comum é que todos os homens, sem exceção, acreditam em alguma verdade - seja ela qual for, seja ela uma verdade ou até mesmo uma mentira.


Finalmente, quando penso sobre a verdade, me lembro de um discurso registrado no Evangelho segundo João, onde se diz:

"Tornou, pois, a entrar Pilatos na audiência, e chamou a Jesus e disse-lhe: Tu és o Rei dos Judeus?
Respondeu-lhe Jesus: tu dizes isso de ti mesmo ou outros te disseram isso de mim?
Pilatos respondeu: porventura sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes  entregaram-te a mim. O que fizeste?
Respondeu-lhe Jesus: o meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse desse mundo, os meus servos pelejariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas agora o meu reino não é daqui. 
Disse-lhe, pois, Pilatos: logo tu és rei? Jesus respondeu: eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
Disse-lhe Pilatos: o que é a verdade?" (João 18:33-38a)

A pergunta de Pilatos é, provavelmente, a pergunta mais transformadora que pode existir. Se alguém encontra a resposta para essa pergunta, certamente a mudança será radical. A pergunta paira no ar... o que é a verdade? Que verdade é essa da qual Jesus disse que daria testemunho? Quem se atreve a me dizer? 


Na "verdade", foi Jesus mesmo quem já deu a resposta, quando falou: Eu sou o caminho, a verdade e a vida: ninguém vem ao Pai senão por mim. (João 14:6)



Ou seja: Jesus veio testemunhar de Si mesmo, pois Ele é a verdade (que afirmação estarrecedora, não? Muito audaciosa, eu diria!)... Um homem afirmando ser A VERDADE... Realmente, é além da minha compreensão, da sua compreensão, da compreensão de qualquer um. Todo o intelectualismo morre. Todos os anos de academia, PhD's., estudos e reflexões morrem. Jesus diz ser a verdade e que todos os que são da verdade (isto é, todos os que pertencem a Ele) ouvem a sua voz. Se alguém ainda não ouviu a voz de Jesus Cristo, esse alguém está na mentira. Simples assim. A única alternativa para este drama é Jesus ser um grande mentiroso ou um lunático pois, se Ele é quem diz ser, não há como ficar indiferente. Não; não são as verdades que têm autonomias... é A VERDADE que tem TOTAL SOBERANIA, pois está escrito: "...seja Deus sempre verdadeiro e todo o homem mentiroso...". (Romanos 3:4).




Pela verdade e em nome da verdade,



Soli Deo Gloria!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

The most beautiful of sciences...

18 de junho de 2012.

Talvez a maioria não saiba, mas hoje se comemora do dia do Químico.

Ora, como alguém com formação acadêmica em Química e, atualmente, mestrando na área de Química de Produtos Naturais (isso mesmo ---> eu não estudo teologia, nem literatura, nem filosofia ou algo parecido, apenas gosto de escrever sobre essas coisas aqui), não poderia deixar esse dia passar em branco. Logo, inicialmente, desejo um feliz dia do Químico a todos os estudantes, profissionais e professores (atuais e futuros) e, obviamente, a todos os que amam a mais bonita de todas as ciências --- que os físicos, biólogos e matemáticos me perdoem, mas a Química... é a mais incrível de todas.


A Química está em tudo o que existe no mundo material (o universo é formado por átomos, os quais se unem - ou não, a depender do tipo de entidade química - para formar moléculas e, como resultado, essas moléculas estão por toda parte). A Química está no ar que respiramos, nos alimentos que ingerimos (inclusive os orgânicos - ora, quem disse que a química se refere apenas aos produtos industriais?), na calçada em que caminhamos, no combustível de nosso carro, na poltrona do avião em que viajamos de vez em quando, nas flores que vemos nas árvores, no mar que contemplamos da janela do ônibus a caminho da universidade e, logicamente, em nosso organismo. Sim - nós somos, sob determinado ponto de vista, um aglomerado de átomos, moléculas e íons em plena e misteriosa atividade a cada momentum. Seja você físico ou historiador, biomédico ou nutricionista (certo, Ingra?), músico ou teólogo, poeta ou psicólogo: a química está em você de modo irreversível. E mais: agradeça todos os dias porque a coisa funciona assim.


A Química, desde seus primórdios históricos, tem ajudado o homem em sua sobrevivência. A descoberta do fogo, o uso das plantas e ervas para fins terapêuticos e medicinais, o trabalho com madeira e com metais e até mesmo o surgimento da alquimia (com seu aspecto espiritualizado e esotérico) apresentam significativa importância para a história e, de certa maneira, implica marcas ainda presentes nos nossos dias. De fato, não conseguimos viver sem o fogo pra esquentar os alimentos ou nos aquecer em um inverno rigoroso. A pesquisa com plantas e outros seres vivos (o que pode ser denominado de bioprospecção tecnológica) é fundamental para a indústria farmacêutica. A indústria de jóias não existiria sem a manipulação dos metais preciosos. É impossível imaginar a sociedade sem a química - sendo bastante ousado, eu poderia dizer que a Química é a ciência mais importante para o mundo. Mais uma vez, desculpas aos demais. 


Do ponto de vista didático, a Química é normalmente dividida em algumas áreas - química analítica, físico-química, química inorgânica e química orgânica. Embora isso facilite a compreensão e as diversas aplicabilidades da química, sempre defendo em minhas conversas com colegas da faculdade (ou com quem, porventura, dialoga comigo a respeito) que a química é uma só. Todas as áreas se relacionam. Mais do que isso: as sub-áreas de cada uma dessas áreas se mostram cada vez mais interdependentes na medida em que a ciência atual é reformulada (interdisciplinaridade). Dentre essas áreas, a química orgânica é a minha paixão pois, ao ver tamanha complexidade numa química feita basicamente com 6 elementos da tabela periódica (carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre e fósforo), minha reação imediata é de admiração e espanto. Na verdade, a molécula do DNA já é um exemplo suficientemente indecifrável para mim. Me faltaria tempo e caracteres para falar da beleza dos terpenos, dos policetídeos, dos compostos fenólicos, das proteínas (e as enzimas? elas são fantásticas!) e de tantos outras classes de substâncias classificadas como orgânicas... Ou seja, ou o acaso é soberanamente inteligente ou "acaso" é um outro nome para Deus.


Finalmente, eu poderia ficar restrito às diversas comprovações científicas que apontam para a existência de Deus - por exemplo, as constantes antrópicas - (e, mais do que isso, de um Deus consideravelmente próximo àquele revelado nas páginas da Bíblia) mas, dessa vez, não vou me aventurar numa jornada apologética meio "sem futuro" (como se diz na minha cidade da infância). Quero simplesmente me ater a uma passagem das Escrituras Sagradas, onde se lê (Evangelho segundo João, cap. 1, vs. 1-5 e 14):

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por Ele e, sem Ele, nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
...
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade".



O Verbo descrito na passagem é Jesus Cristo. Jesus Cristo é Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Jesus Cristo (isso mesmo, TODAS AS COISAS - inclusive eu, você e tudo o que há no universo ---> por que não dizer, então, que Jesus é o Químico Sintético por excelência?). Sem Ele, nada existiria. 

Porém, o mais louco de tudo isso é que...

O Verbo eterno, o Deus Supremo, o Criador de tudo o que existe (seja visível ou não) se fez carne - sim, Deus tomou a forma humana, Deus se fez em átomos, moléculas e íons, em aminoácidos, lipídeos e ácidos nucleicos, dentre outras substâncias - e habitou entre nós (o verbo original para habitar é "tabernaculou" entre nós ---> ou seja, Deus montou acampamento entre os homens, fez a sua barraca para ser como um de nós). A Sua glória foi vista. Uma glória incomparável, pela qual a Graça e a Verdade foram plenamente manifestas. Jesus: 100% humano e 100% Deus. Simplesmente. É absolutamente incompreensível.


Mas, afinal, por que Deus escolheu tomar essa forma?
A resposta mais clara e simples é: para nos revelar Deus, pois está escrito que "...ninguém jamais viu a Deus; o Filho, que está junto ao Pai, este O revelou..." (João 1:18).


Entretanto, por que a revelação de Deus para conosco teve de envolver tal atitude?
A resposta também é simples: foi esse o plano de Deus desde sempre pois, dessa forma, os homens seriam confrontados com a realidade da divindade do modo mais concreto e indesculpável e, tão somente por esta causa, seriam atraídos por Deus para Ele mesmo (João 6:44 e 12:32).


DEUS SE FEZ NA FORMA DOS ELEMENTOS QUÍMICOS QUE ELE MESMO CRIOU.


DEUS, NA FORMA HUMANA EM JESUS CRISTO, TAMBÉM MORREU A FIM DE SALVAR OS PECADORES.

DEUS, AO TERCEIRO DIA, RESSURGIU DOS MORTOS NO MESMO CORPO EM QUE "TABERNACULOU" ENTRE NÓS, PORÉM GLORIFICADO.




Sabendo de algo tão estarrecedor, o que fazer?


Uma sugestão imperativa é: arrependa-se e creia no Evangelho. 


Acredite na melhor das boas notícias - Deus se fez como um de nós, viveu uma vida à semelhança da que vivemos, morreu tomando sobre si mesmo a punição que eu e você merecíamos e hoje está vivo. Jesus Cristo - o Deus encarnado, o Deus feito em moléculas, átomos e íons por amor de mim e de você - é a melhor notícia que eu posso te dar. 



Logo, pela mais bonita das ciências,



Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Reflexos de uma vida incomum...

Voltei.

Depois de um final de semana "InComUn" e incomum também (para entender essa sutil diferença, leia o post anterior) - com muita diversão, conversas profundas na madrugada (não é, Cássia e Alice?), tocando violão com os amigos, tirando fotos em baixo d'água (não é Deyse Frozen?), aprendendo mais sobre intimidade com Deus, comunhão com o outro e unidade com Deus e com seus propósitos - , estou de volta.


É muito bom parar um pouco no meio do stress diário, ter a oportunidade de viajar e conhecer mais um pouco do Brasil e, de bônus, experimentar tudo o que eu mencionei anteriormente... 

...Mas a vida continua. A vida incomum continua. 

A "vida incomum" é agora. A "vida incomum" não acontece de feriado em feriado, de acampamento em acampamento. A "vida incomum" é agora porque Aquele que a concede está trabalhando desde sempre e continuará a fazê-lo, porque Ele mesmo declarou:

"E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também". (João 5:17)

"E Eu lhes fiz conhecer o Teu nome, e continuarei a fazê-lo, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja". (João 17:16)

Deus Pai está trabalhando. Deus Filho está trabalhando. Ora, visto que Jesus disse que "...tudo quanto o Pai faz o Filho o faz igualmente..." (João 5:19), a única conclusão sensata é que não há distinção entre o Pai e o Filho no final das contas... Ou seja: o Pai é Deus, o Filho também é Deus. Eu não posso imaginar a cena. Você também não pode. Ninguém pode. É exatamente isso: um carpinteiro da Galiléia se declara igual ao Deus eterno, aquele de quem os judeus temiam tão somente dizer o nome. Isso é verdadeiramente INCOMUM.


Mas é suficiente ter todos esses conceitos na mente e somente na mente?

Tomando como base o que as Escrituras ensinam, digo que não. 

De fato, fazer boas coisas não é tudo. Na verdade, fazer boas coisas não pode persuadir Deus nem nos habilitar a manipulá-Lo (quanta pretensão, não é?)... Pode, no máximo, impressionar os homens pois, como as Escrituras dizem: "...o homem vê o que está diante de seus olhos..." (1 Samuel 16:7). Nós, curiosamente, nos vangloriamos do que fazemos, de nossa performance espiritual, de nossa própria busca de intimidade com Deus, comunhão com o outro e por unidade com Deus e igualmente nos concentramos nas aparências mas, como se diz por aí, "as aparências enganam". Buscar essas coisas é lícito e saudável (trocando em miúdos, isso faz toda a diferença em nossa caminhada com Deus) mas, antes de tudo, devemos nos focar e sermos satisfeitos em quem Ele é para nós e no que Ele fez e faz em nosso favor. Nada pode ser mais precioso do que o próprio Deus e, consequentemente, nada é mais crucial para nós do que nossa satisfação Nele.


Por outro lado, as Escrituras dizem que fomos salvos pela GRAÇA, por meio da FÉ (a qual não vem de nós, mas é um dom de Deus) para a PRÁTICA das boas obras que Deus preparou de antemão (Efésios 2:8-10). Não há vida incomum sem implicação no dia-a-dia. Se, de fato, fomos regenerados pelo Evangelho de Cristo e, por isso, somos seguramente salvos e propriedade exclusiva de Deus (1Pedro 2:9), isso vai se refletir no nosso modus vivendi, no nosso modo de pensar, em quem somos na essência. "...A vida que agora vivo NA CARNE vivo-a NA FÉ DO FILHO DE DEUS..." (Gálatas 2:20). Eu vivo pela fé no Filho de Deus na carne. Eu vivo pela fé em Cristo assim mesmo como sou - humano, limitado, frágil, um miserável pecador redimido pela Graça e carente dela. Isso também é assustadoramente incomum. 


Comunhão e unidade. Palavras cujos significados se misturam e se completam. Não há comunhão sem unidade e vice-versa.

Comunhão é mais do que "experimentarmos os minutos durante o lanchinho depois do culto ou depois do quebra-gelo". Comunhão é mais do que curtirmos a piscina no tempo livre. Comunhão ou Koinonia é profundidade, é se deixar vulnerável para o outro, é pensar no outro antes de pensar em si mesmo, é se alegrar simplesmente porque o outro está feliz. Embora seja muito bom viver momentos divertidos com os amigos (e a Koinonia também envolve isso), o aprofundamento é a melhor maneira de comprovar se, legitimamente, existe uma comunhão genuína. Como diz uma bela canção:

"...Da multidão dos que creram era só um o coração e a alma...
Uma só mente, uma semente...
Somente uma esperança brotando dentro da gente..." 
(Unidade e diversidade - Guilherme Kerr Neto)

Isso é comunhão.

Unidade? Eu reconheço a minha absoluta incapacidade de descrever a sublimidade desse termo. A única resposta para isso é João 17 - a acrópole da unidade bíblica.


Isso é unidade.

Esses são os reflexos de uma vida InComUn... é o cerne de vida incomum, vivida somente em Cristo, por Ele e para Ele (1Coríntios 8:6).

Parafraseando o Apóstolo Paulo, encerro esse post dizendo:

"...Agora, pois, permanecem a intimidade, a comunhão e a unidade; estas três, mas a maior delas é a glória de Deus...".

Intimidade. Comunhão. Unidade. No fim das contas, isso só faz sentido se a glória de Deus se sobrepõe a tudo - inclusive a mim e a você. Ele é quem deve crescer, Ele é quem deve ser exaltado. Vida incomum só é incomum porque a glória de Deus é mais incomum do que qualquer coisa que você e eu poderíamos imaginar.



E, mais uma vez, pela vida InComUn,



Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

In-com-un...

Caros leitores remanescentes,

Depois do último texto ter sido deveras ácido e impopular, eu não vou mudar muito de ideia e continuarei a exprimir meu lado intelectualmente corrosivo (risos) nesse novo post... Mas, sinceramente, pretendo que meu radicalismo e minha expressividade sejam relevantes pra quem ler. 

Bem, vamos lá.


Estamos próximos de mais um feriado prolongado (algo típico dos brasileiros, que amam mais um dia de folga - ora, como brasileiro, eu também aprecio e aproveito esses momentos mais livres). Porém, esse é mais um daqueles feriados dos quais, normalmente, poucos entendem o significado - eu mesmo, na verdade, não sei porque esse período do ano é chamado de Corpus Christi (se alguém souber a história referente a essa data e quiser falar sobre isso aqui no blog, eu agradeceria muito). No fim das contas, tudo isso se torna, simplesmente, em mais um tempo livre estendido, no qual o nosso objetivo máximo é aliviar o estresse do dia-a-dia de trabalho, vida estudantil (dentre outros afazeres) e, enfim, parar por alguns momentos e "viver do ócio". 

No meu caso, eu estarei saindo de minha rotina acadêmica e me deslocando (ou seria "me deslogando"? rs) pra um lugar bem tranquilo a fim de aproveitar o feriado com muitos amigos num acampamento para universitários (não é nada disso que você está pensando) - um tempo de muita diversão, diálogos interessantes, boa música e, claro, procurando conhecer mais Àquele que é razoavelmente lembrado pelo seu "corpus" mas que, em contrapartida, está vivo e reina sobre tudo (Romanos 14:9). 


Por falar nisso, eu gostaria de fazer alguns destaques em relação ao título deste post.

Talvez você comece me corrigindo o português, pois o correto é dizer "incomum" e não "incomun", não é? Mas a minha intenção foi, de fato, escrever "errado", para que o post faça mais sentido. 

Incomum é uma palavra derivada do latim incommune e significa, basicamente, "não comum" ou "fora do comum". Fazendo um paralelo com o tema "mediocridade" do texto anterior, "ser incomum" pode ser exatamente o oposto de "ser medíocre". Entretanto, ser incomum é algo incomum pois, como já foi dito aqui, a mediocridade nos persegue a cada minuto ou, sendo ainda mais drástico, ela está em cada ato, cada gesto, cada respiro e sorriso nosso. Provavelmente, a única atitude não-medíocre de nossa parte é o reconhecimento de nossa própria mediocridade (Lucas 18:13). 


Em determinado sentido, não há ninguém incomum. Todos nós somos seres humanos. Todos, de certa forma, temos os mesmos traços de caráter - sejam bons ou ruins, do ponto de vista humano -, temos as mesmas aspirações (ainda que cada um procure satisfazê-las de formas diferentes) e, logicamente, temos as mesmas carências. Embora, devido ao nosso orgulho e necessidade de autoafirmação, tenhamos um apego compulsivo por "ser original" e por "ser diferente" (ou, pelo menos, parecer isso), continuamos a ser quem somos: seres humanos únicos, porém humanos como os demais. Me lembro de certa música, que diz: "...tanto clichê deve não ser..." Será? Pode ser.

Na verdade, a nossa busca desesperada por aparentar uma originalidade e por exibir uma "incomunidade" ratifica, de modo bastante irônico, que somos iguais aos outros:  medíocres, inflados em si mesmos, "autojustificadores", ávidos pelos holofotes e por estar no centro das atenções... enfim, comuns. 


Pensando bem, o que há de mais "incomum" em nossa sociedade (ou uma das coisas mais raras) é a compreensão, por nossa parte, de que somos todos iguais, embora diferentes. Os diversos movimentos sociais (sejam minoritários ou não) almejam a atenção e o respeito de todos - até mesmo por meio de uma pseudo-tolerância - e, por outro lado, nas relações do cotidiano, também procuramos o mesmo: proeminência, primazia, relevância, destaque, glória. Amamos nos achar nossos próprios "deuses" e, nesse engano desprezível, perdemos tempo e não nos focamos naquilo que, de fato, interessa - a consciência de que somos uma COMUNIDADE de seres humanos criados para conhecer a Deus e, como resultado desse conhecimento "incomum", vivermos uma vida incomum (Mateus 16:24-26).

Mas, como assim? Conhecer a Deus implica uma vida incomum?

Conhecer a Deus implica uma vida incomum porque, no esquema de Deus, viver é resultado do morrer. Isso mesmo! Você não está lendo coisas. Viver segundo Deus começa com a morte. 

Sabendo que fomos criados por Deus à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26-27), temos, de algum modo, sinais de sua obra criadora em nós (pensamos, temos vontade, somos criativos, temos consciência etc.). No entanto, após o episódio do Éden de Gênesis 3 (no qual o homem pecou conscientemente e, dessa maneira, é responsável por sua situação atual de condenação diante de Deus - Romanos 3:9-20), todos nós morremos. Mais do que a morte física, a vida de Deus saiu de nós porque o pecado passou a nos escravizar (João 8:34) e nos tornamos amantes de nós mesmos e seguidores do príncipe das potestades do ar (uma nomenclatura associada a satanás) - ver Efésios 2:2-3. Na contramão dessa situação catastrófica, Jesus aparece e diz que, se alguém quiser segui-Lo, deve negar a si mesmo e tomar a cruz. É mais do que negar os seus projetos de vida, é mais do que negar os seus desejos. VOCÊ deve desaparecer do mapa. EU também devo desaparecer do mapa, pois "aquele que quiser salvar a sua vida a perderá e quem perder a sua vida por amor de Mim a salvará". Simplesmente. Do ponto de vista de Deus, é preciso morrer pra viver. 


Mas, como isso funciona?

Simples: todos nós estamos mortos se estamos sem Deus (Efésios 2:11-12), pois Ele é o autor da vida (Atos 17:24-25). Por outro lado, a Escritura diz que "...Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou..." (2 Coríntios 5:15). Essa é a mensagem de Deus: Ele nos criou, nós o rejeitamos por achar que podíamos ser nossos próprios "senhores" e nos tornamos "zumbis" e, há alguns bons séculos, Ele (por meio de Seu Filho Jesus) deu Sua vida para que os homens voltem à vida para viver Nele e por Ele. Pode haver algo mais "incomum" do que  viver Naquele que é o Criador e Supremo Maestro do universo? "Nele vivemos, nos movemos e existimos", já dizia o Apóstolo Paulo a respeito de Cristo - citação inicialmente usada pelos poetas gregos em referência a Zeus, principal divindade do panteão grego. 

Finalmente, a vida "incomun" com Deus envolve INtimidade, COMunhão e UNidade (conhecê-Lo acima de tudo, caminhar com outros que o conhecem e torná-Lo conhecido àqueles que não O conhecem - tudo isso em comunidade, vivendo a nossa humanidade). O esquema é esse: reconheça que você está morto em si mesmo e que a única saída pra esse dilema é crer no poder de Deus em te dar essa vida incomum porque, embora você não perceba, ela é o que você mais precisa. (Efésios 2:4-7).


Pense nisso, pois a vida InComUn é a maior aventura que você pode experimentar!




Pela vida incomum Nele,



Soli Deo Gloria!