segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Reformando pela novidade antiga...

Caros leitores...

Hoje, 31 de outubro de 2011, é um dia bastante significativo... Mas não se enganem!
Não digo isso pelas comemorações pelo Halloween ou, como chamamos no Brasil, "Dia das Bruxas"... 
A questão aqui não são as "gostosuras ou travessuras", as abóboras em formato de careta ou mesmo a raiz dessa cultura promovida pelo "American Way of Life", a qual, na verdade, está na cultura céltica dos primeiros séculos da Era Cristã (os celtas deram origem aos povos anglo-saxônicos, isto é, irlandeses, escoceses, britânicos etc.). Não é nada disso.

Esse dia tem um nobre significado para nós, cristãos, visto que nessa mesma data (no ano de 1517) um monge católico chamado Martinho Lutero se revolta contra os ensinos da Igreja Romana que se mostravam contrários às Escrituras e coloca as famosas 95 teses na Catedral de Wittenberg, na Alemanha... Dessa atitude corajosa e que, mais tarde, lhe custara a própria vida, nasceu o cristianismo protestante, cujo nome decorre da atitude de "protesto" de Lutero frente aos dogmas católicos antes inquestionáveis. Como ele mesmo disse: "...a paz, se possível; a verdade, a qualquer preço..."


Depois desses 494 anos, ao olharmos para a situação atual da igreja cristã no mundo (e, particularmente, no Brasil), não seria menos oportuno e necessário que novos Luteros surgissem sabendo, é claro, que vivemos num contexto sócio-histórico bastante diferente do daquela época e que, por isso, seria igualmente necessário que esses "novos reformadores" se infiltrassem na realidade que os cerca sem perder de vista a essência da reforma iniciada por Lutero: a suprema autoridade e suficiência das Escrituras sobre qualquer dogma humano e, especialmente, a suprema excelência do Cristo por ela revelado e de Sua graça como a única causa da salvação de nossa humanidade caída e corrupta.

Sim, diante da (bos)teologia da prosperidade [me perdoem o termo], da banalização dos "sinais e prodígios", do utilitarismo religioso, da superficialidade do relacionamento com Deus, da absoluta falta de compreensão do real significado de conversão e de arrependimento de pecados, da ausência de uma pregação genuína, contundente e confrontadora como vemos no ministério de Jesus, no ministério da igreja do primeiro século e em tantos bons exemplos ao longo da história (Agostinho, John Knox, Johnathan Edwards, Calvino, Savonarolla, George Whitefield, Spurgeon e, mais recentemente, John Piper e Paul Washer, dentre outros) e de tantos outros desvios em relação ao evangelho verdadeiro e à sã doutrina, resta-nos uma coisa: fazer com que nossa revolta se transforme em missão!

Não adianta apontarmos os erros presentes em nosso meio e não falarmos a verdade... Melhor, falemos a verdade (ou seja, falemos sobre Cristo) e a própria verdade (ou seja, o próprio Cristo) se encarregará de destituir o engano que nos cerca e que tem aprisionado tantas pessoas conforme a Sua vontade e a operação do Seu poder! Transformar nossa revolta em missão é deixar de nos focar nos "ismos" para nos concentrar em Deus e em cumprir o Seu propósito, é ser convicto sem se considerar superior por causa disso... Enfim, é pregar o evangelho vivendo o evangelho!

Como disse o Paul Washer certa vez, está na hora de deixarmos um pouco os nossos blogs de teologia (não que eles não sejam lícitos e, em certa medida, edificantes) para irmos morrer por Cristo em algum lugar... Logo, lembremos da Reforma Protestante como um exemplo de coragem para resgatar a novidade antiga, a boa notícia do Evangelho, pois Salomão disse: "...Há alguma coisa da qual se pode dizer: veja, isso é novo? [...] Não há nada de novo debaixo do sol..." Precisamos a cada novo dia da Palavra Antiga (não estou falando do Palavrantiga, se bem que eles são muito bons!), ou melhor, precisamos a cada novo dia do Verbo Eterno que se fez carne e que habitou entre nós, cheio de graça e de verdade!

Eu quero reformar sim... Mas antes preciso ser continuadamente "reformado", moldado, transformado por Ele! Enfim, viva a Reforma!



Soli Deo Gloria!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Jesus e as expectativas frustradas - por C. M. Patton




Convenhamos: Cristo não satisfez as expectativas das pessoas. Ele deveria ser o salvador de Israel. Ele deveria ser o rei do mundo. Todavia, nasceu em uma cidade desconhecida, filho de pais desconhecidos, e levou uma vida bem desconhecida até que chegou aos trinta anos. Quando finalmente as coisas começaram a se encaminhar, não foi da forma como deveria ter sido. Pelo menos, não foi da forma que as pessoas achavam que deveria ir. Apesar de protestado por alguns, ele foi batizado por outra pessoa (João 3.14-15). Ele foi rejeitado em sua própria cidade natal (Mateus 13.57). Quero dizer, quem pode culpá-los? “Ah, é apenas Jesus. Troquei as suas fraldas. Agora ele acha que é alguém especial? Quando ele veste as calças, coloca uma perna após a outra, como qualquer um de nós.” Ele escolheu um grupo de pescadores rudes e zé-ninguém para serem seus principais seguidores. Outros provavelmente caçoaram, “Isso é o melhor que ele consegue!” Ele foi rejeitado pela instituição religiosa da época. Os aristocratas não queriam nada com ele.


Toda vez que ele ameaçava começar algo, logo em seguida voltava. Após realizar vários milagres, ele começou a chamar a atenção das pessoas. “Talvez haja algo nesse Jesus. Talvez ele seja o escolhido. Talvez ele seja o rei que vai salvar essa nação.” Então ele dava meia volta e dizia algo louco como “todo aquele come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim” (Jo 6.56) e os assustava. Então, acima de tudo, ele vai e morre. Não, na verdade há mais. Ele vai e morre em um pedaço de madeira. “Porque qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus.” (Dt 21.23). Cristo era o rei de não atender as expectativas das pessoas. Ele era o rei de trazer experiências que nos confundem.





Cristo te deixou confuso? Deus te deixou confuso? Seus atos não estão atendendo as suas expectativas? O grito do primeiro século que levou Cristo para a cruz era “Nós não queremos que este homem reine sobre nós.” Ou seja: “Ele não atende às nossas expectativas.” Muitas vezes, damos o mesmo grito. Muitas vezes, eu dou esse mesmo grito. Quando descobrimos quem realmente Cristo é – quem realmente Deus é – nós muitas vezes mudamos a estação, em busca de novas esperanças, alguma que atenda as nossas expectativas. Quando a doença mata o nosso filho, quando as contas não estão pagas, quando está difícil arrumar trabalho, quando a depressão não vai embora, nós muitas vezes, silenciosamente, dizemos, “Eu não vou ter esse homem governando sobre mim.” Esta é a situação que os Apóstolos enfrentaram quando todos os outros viraram as costas para Cristo.


Como resultado disso [isso é, quando Cristo não supriu as suas expectativas] muitos de Seus discípulos retiraram-se e não estavam mais seguindo Ele. Então, Jesus disse aos doze, “Vocês também não querem ir?” (João 6.66-67). Eles responderam: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus” (v. 69).



Resposta honesta. Não é como se eles não estivessem tão confusos quanto os outros. De fato, os Apóstolos tinham as mesmas expectativas não atendidas. Eles também estavam um pouco confusos. Contudo, sua resposta foi de total dependência e transparência: “Nós não temos nenhuma outra opção melhor. Por mais confuso que você seja, nós não temos nenhum outro lugar para ir. Você é Deus. Faremos o nosso melhor para ajustar as nossas expectativas”.


Deus, muitas vezes, não supre as nossas expectativas. A pergunta é: para onde mais iremos?




Extraído de: http://iprodigo.com/



Soli Deo Gloria!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que de fato vale a pena...

Caros leitores,

Dedicarei esse espaço a um post mais curto, o qual foi inspirado por um amigo, poeta, compositor e teólogo que tem feito parte de minhas audições rotineiras no ônibus, no trabalho, nos intervalos dos estudos e etc.

Para facilitar as coisas, segue o link de uma de suas canções que tem sido trilha sonora dos melhores momentos dos meus dias: 




Sem amor de nada valerá... se vivermos, será somente para saber que vivemos em vão...

Se tivermos amor na nossa vida, o pouco que fizermos não será em vão...

"...agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor; estes três, mas o maior destes é o amor..."
(1 Coríntios 13:13)



Soli Deo Gloria!

domingo, 16 de outubro de 2011

De que lado você está?




Caros leitores...
Após um determinado tempo sem atualizar o blog, decidi escrever (eu mesmo) o texto postado aqui...

Aproveitando a ocasião da semana em que se comemorou o Dia da Criança (último dia 12) assim como o Dia do Professor (dia 15), gostaria de escrever sobre como as crianças podem, em certa medida, ser um exemplo para nós... Mais precisamente, como que elas podem se tornar nossos “professores” no que se refere a uma vida mais simples e nobre...

Primeiramente, as crianças são sinceras. Embora exista um princípio segundo o qual “...a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice...” (conforme o livro do Gênesis), eu acredito na sinceridade das crianças... As crianças não fingem como nós fingimos. Quando elas não gostam, elas demonstram. Quando elas querem algo, elas pedem, imploram, esperneiam, choram até nos irritar... Além disso, elas confiam sem questionar, se contentam com pouco, são dependentes e, normalmente, não se importam muito com o que as pessoas (adultas) ao seu redor falam delas quando elas fazem as chamadas “coisas de criança” (dar várias gargalhadas quando brincam junto com outras crianças, se impressionar com coisas triviais, se sujar quando tomam sorvete ou comem chocolate etc.). Sim, eu tenho saudade dessas “coisas de criança”, de brincar pela rua ou ali na praça num dia de chuva, de uma vida simples e despreocupada... Mas um dia todos crescem; eu também cresci.

Sob um ponto de vista mais teológico/ideológico, lembro-me que em algum lugar do livro dos Salmos está escrito que “da boca de pequeninos, Deus suscita força” e o próprio Jesus Cristo (ao fazer nova menção a esse trecho dos Salmos) disse no Evangelho segundo Mateus que “da boca de crianças de colo Deus tira o louvor perfeito”... Considerando-se isso, podemos concluir que o próprio Deus faz nascer força daqueles que, de certo modo, são os mais frágeis e vulneráveis... Mais que isso, Deus extrai destes o louvor perfeito. O que isso significa? Tenho uma sugestão um tanto drástica, porém cada vez mais urgente: acho que está na hora de tirarmos nossas máscaras de superioridade, de deixarmos de nos iludir com nossa pretensa invulnerabilidade, de sermos autênticos mesmo... Um amigo meu (músico e poeta) disse certa vez: “autenticidade é coisa de Deus”... Mais nobre ainda é a afirmativa categórica de Jesus: “quem não receber o reino de Deus como uma criança de modo algum entrará nele”...

Exatamente... O reino de Deus é delas. Isso quer dizer que somente as crianças vão pro céu? Agora que eu cresci, eu estou fadado a passar a eternidade (se, de fato, isso existe) em algum outro lugar? Não. Não é nada disso.

O reino de Deus – ou reino dos céus – é delas (talvez também no sentido literal) no sentido de que os seus herdeiros são identificados pela autenticidade, humildade, desprezo pela autopromoção, desapego à reputação, dependência e pela ausência de malícia... Deus deseja e fará com que todos aqueles que caminham com Ele cresçam na graça e no conhecimento de Cristo, para que cheguem à unidade da fé e ao pleno conhecimento Dele, se tornando adultos no entendimento e aptos para darem razão de sua esperança. Mas Ele não irá tolerar a vaidade, autosuficiência, artificialidade, apego à reputação e maldade daqueles que se julgarem dignos de Seu reino e que, por não apresentarem qualquer evidência de um caráter semelhante ao Seu próprio, estarão de fora... Outro poeta músico (dessa vez, não é um amigo meu) pergunta em uma de suas composições: “...É o bem contra o mal... e você, de que lado está?”... Eu parafrasearia da seguinte forma: você está do lado de fora ou do lado de dentro do reino de Deus?

A resposta depende somente de uma coisa: você se arrependeu dos seus pecados e creu no evangelho (isto é, Cristo crucificado pelos seus pecados e ao terceiro dia ressuscitado dos mortos pelo poder de Deus)? Caso afirmativo, continue confiando na graça de Deus e caminhando com Ele... Se não, Deus ordena que você se arrependa de seus pecados e creia no evangelho – ou seja, no Seu Filho morto para te salvar, para perdoar os seus pecados e para te reconciliar com Ele mesmo.

Deus, um dia, julgará o mundo com justiça através de Jesus Cristo. Qual é o seu posicionamento diante dessa iminente realidade? Você será como uma criança que não reluta contra o lado mais forte ou será semelhante a um adulto obstinado que acha que pode resistir a alguém infinitamente mais poderoso?

O que você vai fazer diante da prova de amor que Deus te deu? Ou será que você quer correr o risco de não poder fazer mais nada quando o dia do julgamento chegar?


Soli Deo Gloria!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Reflexões sobre o livre-arbítrio - por John Piper




Antes da queda de Adão, o homem sem pecado era capaz de pecar. Pelo que Deus disse: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás”. (Gênesis 2:17) Assim que Adão caiu, o homem pecador não era capaz de não pecar, uma vez que éramos descrentes, e “o que não provém da fé é pecado”. (Romanos 14:23)
Quando nascemos de novo, pelo poder do Espírito Santo, somos capazes de não pecar, porque “o pecado não terá domínio sobre vós”. (Romanos 6:14) Isso significa que o que Paulo chama de “homem natural” ou “pendor da carne” não é capaz de não pecar. Paulo diz isso em Romanos 8:7-9.
A mente que está fixa na carne é hostil contra Deus, por causa disso não se submete à lei de Deus. De fato, não pode. Aqueles que estão na carne não podem agradar a Deus. (Veja também em 1 Coríntios 2:14) Então, o que devemos pensar sobre o livre arbítrio? Não é um poder salvador. Em sua liberdade de escolha, o homem caído não pode, por si próprio, fazer nada além de pecar. Tal “livre arbítrio” é uma realidade devastadora. Sem qualquer poder para superar sua tendência, nosso livre arbítrio somente nos maldiz.
Poderíamos parar por aqui e voltar com alegria à verdade do Evangelho de que Deus supera nossa resistência, nos dá vida, estimula nossa inclinação morta a Cristo, e livremente e irresistivelmente nos atrai a Ele. (João 6:44-65, Atos 13:48, Efésios 2:5, II Timóteo 2:25-26) Mas isso às vezes ajuda a responder objeções. Uma objeção comum é que, se nós “não podemos” fazer o que é certo e “só podemos” fazer o que é pecado, então nós não estamos agindo voluntariamente e não podemos ser exaltados ou culpados.

A questão é: Possui o homem algo chamado “livre-arbítrio”? Pode um ser humano, voluntariamente e sem qualquer ajuda, voltar-se para Cristo, para ser salvo de seus pecados?  Erasmo respondia com um “Sim!” Lutero, com um ressoante “Não!”


Lutero estava convencido de que o conceito do “livre-arbítrio” fere no âmago a doutrina bíblica da salvação exclusivamente pela graça divina. Necessitamos ter a mesma convicção. Precisamos combater o “livre-arbítrio” tão vigorosamente quanto o fazia Lutero. Erasmo, o seu opositor, dizia: “Posso conceber o ‘livre-arbítrio’ como um poder da vontade humana, mediante o qual um homem pode aplicar-se àquelas coisas que conduzem à eterna salvação, ou pode afastar-se delas”. A isso devemos replicar com um resoluto “Não! O homem já nasce como escravo do pecado!” O homem não é livre.



POR QUE O HOMEM NÃO É CAPAZ DE VOLTAR PARA DEUS?

“Suas ações não lhes permitem voltar para o seu Deus. Um espírito de prostituição está no coração deles; não reconhecem o Senhor”. Os 5:4

As duras palavras ditas por Deus através do profeta era dirigida aos religiosos, ao povo em geral e à família real, sem deixar ninguém de fora: “Ouçam isto, sacerdotes! Atenção, israelitas! Escute, ó família real! Esta sentença é contra vocês”(Os 5:1). As terríveis consequências da Queda não desviam de nenhum filho de Adão. “Todos pecaram e separados estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Mas o texto nos mostra que o problema com o pecado não é apenas sua extensão, atingindo a todos os homens, mas também a profundidade em que penetra em cada ser humano, afetando todas as suas faculdades.

As obras impedem de voltar para Deus - Is 59:2

O proceder do homem natural é corrompido de tal forma que ele só faz pecar e pecar. Nem mesmo uma reforma exterior ele pode apresentar de forma consistente, pois “suas ações não lhes permitem voltar para o seu Deus” (Os 5:4a). A prática do pecado se torna um hábito tão natural que o homem quase nunca percebe que sua natureza está dominada pelo pecado. Não raro as pessoas consideram seus pecados como sendo falhas desculpáveis, e as vezes os defendem como uma virtude. Na verdade, estão tão acostumados aos seus pecados quanto se acostumaram à cor da pele. “Será que o etíope pode mudar a sua pele? Ou o leopardo as suas pintas? Assim também vocês são incapazes de fazer o bem, vocês que estão acostumados a praticar o mal” Jr 13:23.

Contrariando os profetas citados, os homens acreditam que é tudo uma questão de escolha, que basta ao homem preferir o bem que é capaz de fazê-lo. Chamam a essa capacidade de livre-arbítrio. Porém, a Escritura não oferece nenhum respaldo a essa filosofia humanista, quando diz que “todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3:12). Isto é corroborado pela observação e a experiência de cada um, que não consegue encontrar um só homem na história que tenha superado sua inclinação para o mal e vivido sem pecar. E quando olhamos para nós, temos que confessar que o “porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7:19).

O coração é dominado pelo pecado - Mc 7:21-23

Num nível mais profundo, o pecado domina o coração das pessoas, “um espírito de prostituição está no coração deles” (Os 5:4b), diz o mensageiro do Senhor. No Gênesis o diagnóstico divino sobre o coração humano era de que “toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gn 6:5) e que tal condição não exclui nem as crianças, pois “a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice” (Gn 8:21). As palavras de Salomão sobre o ímpio de que “há no seu coração perversidade, todo o tempo maquina mal” (Pv 6:14) não se aplica apenas a Hitler e a quem esquarteja namoradas, mas também a pais de famílias honestos, pois “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso”(Jr 17:9).

Não é o homem que determina como seu coração deve ser, mas o coração é que determina como o homem é, “porque, como imaginou no seu coração, assim é ele” (Pv 23:7). Um homem sempre procederá de acordo com a natureza de seu coração. Se este for endurecido e mau, então tal pessoa resistirá ao Espírito e procederá de forma contrária à lei de Deus. Por isso que as pessoas dos dias de Oséias não podiam voltar para Deus, pois seus coração estavam dominados por um espírito de prostituição e dominavam o comportamento deles. E é por isso que o homem moderno não pode converter-se a Deus, pois a natureza de seu coração é má e o incapacita para o bem.

O pecado cega o entendimento - 1Co 2:14

O pecado afeta também a mente do homem, cegando-o para as coisas de Deus. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Co 2:14). Ao invés de se voltar para Deus “o povo que não tem entendimento corre para a sua perdição” (Os 4:14), ainda mais que “por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes” (Rm 1:28). Outro profeta descreve a cegueira do povo como sendo pior que a dos animais, pois “o boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (Is 1:3).


Como “tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas” (Tt 1:5), não são capazes de compreender a mensagem do evangelho. Precisam, antes, ter “iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos” (Ef 1:18), do contrário sua mente irá das trevas presente para as trevas exteriores, sem conhecer a luz do Senhor.

Conclusão

O livre-arbítrio como capacidade do homem se voltar para Deus é uma mentira de Satanás, que assim perverte o evangelho, levando homens a torná-lo persuasivo a defuntos. Pois os pecadores não experimentam outra realidade senão o pecar, tornando a rebelião a Deus um hábito que não podem mudar. Além disso, seu coração que determina suas ações é fonte de toda sorte de males, sendo enganoso e perverso, portanto desinclinado às coisas de Deus. E sua mente é corrompida de tal forma pelo pecado que o evangelho lhe parece loucura indigna de crédito, só aceitando naturalmente se a mensagem for modificada de tal maneira que não se pareça em nada com o evangelho da glória de Deus. Diante disso, eles até “voltam, mas não para o Altíssimo” (Os 7:16). Igrejas lotam, mas corações continuam vazios de Deus, ocupados somente com a prostituição espiritual “porque um espírito de prostituição os enganou, eles, prostituindo-se, abandonaram o seu Deus” (Os 4:12).



Extraído de: www.voltemosaoevangelho.com/blog



Soli Deo Gloria!


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O que é essencial...



O que é essencial?
Jeremias 9: 23, 24
Assim diz o SENHOR: “Não se glorie o sábio em sua sabedoria nem o forte em sua força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o SENHOR e ajo com lealdade, com justiça e com retidão sobre a terra, pois é dessas coisas que me agrado”, declara o SENHOR.

Vivemos em uma sociedade com tantos supérfluos que constantemente as pessoas se perguntam o que é essencial para a existência do Homem. Alguns dizem saúde, outros família, outros ainda amigos. Todos estes estão errados. O essencial, o principal, o mais importante é conhecer e compreender a Deus. Não há nada acima, nada ao lado e nem podemos falar que há algo abaixo disso, porque não há como comparar o conhecimento de Deus com qualquer outra coisa.

Deixe-me esclarecer algo (principalmente tendo em vista a degradação da pregação moderna em auto-ajuda): conhecer a Deus não é aprender alguns princípios para você ter “o melhor de sua vida hoje”. Não é ensinar a nós mesmo uma pretensa “sabedoria” para aplicarmos em nossa vida e termos sucesso. Conhecer a Deus não é um meio para alcançarmos nosso bem-estar egocêntrico. É o mais majestoso de todos os fins. Nós fomos criados para conhecer a Deus e nos gloriarmos nele.

Entretanto, também não é conhecimento somente pelo conhecimento. Não é nos gloriarmos em termos uma teologia correta. Não é buscar só a verdade. É buscar a realidade dessas verdades em nossas vidas. Um papagaio pode repetir palavras corretas. Um computador pode ler sermões. A verdade tem que formar raízes firmes que crescem e frutificam para a glória de Deus. Não é tudo sobre verdade! É tudo sobre Deus! A. W. Pink sintetizou magistralmente isso em seu livro “Os Atributos de Deus”:

“Necessitamos algo mais que um conhecimento teórico de Deus. Só conhecemos verdadeiramente a Deus em nossa alma, quando nos rendemos a Ele, quando nos submetemos à Sua autoridade e quando os Seus preceitos e mandamentos regulam todos os pormenores da nossa vida.”

O conhecimento, o orgulho e a humildade
Lendo o texto vemos que ele fala para o sábio não se orgulhar na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem o rico na sua riqueza.
Mas, por quê? Se ele falasse “não se orgulhe o tolo em sua sabedoria” seria de fácil compreensão, já que este não a possui.
O que creio que o texto quer dizer é o seguinte: o sábio não deve se orgulhar porque se sua sabedoria é humana então ela é vaidade, “porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens” (1 Coríntios 1: 25), contudo, se sua sabedoria vem de Deus então ele não tem do que se orgulhar, afinal, vem de Deus e não dele próprio.

1 Coríntios 4: 7
Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?

Porque se gloriar em sabedoria? Glorie-se naquele que dá sabedoria à pequena mente humana. Não há nada em você mesmo que você possa se gloriar. Nada! 

Ademais, quem em sã consciência alegaria ter contado todas as estrelas do céu ou as areias do mar? Quanto mais quem se gloriará em dizer que conhece tudo de Deus? A verdade é que quanto mais de Deus você souber mais você saberá que nada ou muito pouco realmente sabe. Esse texto não nos encoraja a nos gloriarmos em nosso conhecimento de Deus, e sim naquilo que Ele revelou de si mesmo a nós.

João 3: 27
João respondeu, e disse: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.

Não é o tipo de homem que diz: “todos os olhos foquem em mim e eu irei falar desse Deus”, como se ele fosse um mediador; mas, sim, o homem que diz: “olhem o que esse grande Deus fez na história; olhem o que Deus fala de si mesmo” e reconhece que sem Deus ele é absolutamente nada, que entendeu o que o conhecimento de Deus produz no ser humano. Este segundo tipo de pessoa fica apontando e apontado e apontando somente para Cristo e, em concordância com João Batista, afirma:

João 3: 30
É necessário que ele cresça e que eu diminua.

Portanto,

Oséias 6:3
“Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor…”




Soli Deo Gloria!