segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Atravessar o mundo com Você dentro de mim...

O ano está acabando e, obviamente, este é o último post de 2013.

Não pretendo escrever muito pois, muitas vezes, acho que sofri um pouco por escrever demais e sem rodeios. Entre reflexões sobre coisas da vida, desabafos pessoais e momentos mais românticos, este post pretende ser mais resumido.


Na verdade, um novo ano sempre traz novas perspectivas, responsabilidades, planos e desafios. E, como tem sido nos últimos anos, o primeiro desafio é de novamente deixar o lar, o conforto, os projetos pessoais e até mesmo quem se ama (ainda que durante um mês) para ir a um lugar desconhecido simplesmente por uma Causa maior do que qualquer coisa - maior especialmente do que eu mesmo. 


Missão. Paixão. Significado.

Há algum tempo meus janeiros têm sido a melhor época do ano - ter a oportunidade de rodar o Brasil dentro de um ônibus lotado de amigos ou fazendo algumas pontes aéreas pelo mundo para levar a Esperança realmente faz toda a diferença para mim. Saber que fui feito para a glória de Alguém que me ama e que prova esse amor pelo fato de ter dado o Seu Filho para morrer por mim quando eu ainda era pecador tem mudado todos os meus afetos e inclinações. Como diz certo poeta, "...gestos simples falam de Quem nos conduz...". 



Amor. Verdade. 
Jesus Cristo. Compartilhar.

Sabem de uma? O legal da vida é que as coisas acontecem exatamente como devem ser - pode ser um velho clichê mas, perceber que tudo se encaixa dentro do que foi planejado por Aquele que sustenta todas as coisas pelo poder de Sua palavra me traz paz e ânimo. Meu ano começará com algo que nunca imaginei fazer: ir ao continente africano para compartilhar com estudantes de Cabo Verde o Amor que me constrange a não viver mais para mim mesmo e a Verdade que me libertou de mim mesmo. Por mais que eu entenda que todos precisam ter a oportunidade de ouvir a respeito do Evangelho de Jesus Cristo, nunca me imaginei indo pra África... Porém, como é Ele que determina onde eu devo estar ao invés de eu mesmo dizer a Ele onde Ele deve me colocar, estou aqui pronto pra ir onde Ele quer que eu vá. Ele é o Senhor e eu o servo.


"Pra pregar Teu nome em toda a terra...
Desconsiderando os meus conflitos pra cantar no meio dos aflitos...
Pra pregar até a Tua volta e sem esperar ter nada em troca...
Diante de uma fé que se disfarça pra testemunhar da Tua graça..." 

Eu estou aqui.


Novas pessoas, novos lugares... Bem, novos rumos me esperam! É como tenho pensado ultimamente: "...eu não tenho um chamado; eu li uma ordem e obedeci...". Por mais que existam direcionamentos específicos para pessoas específicas, todos os que se consideram seguidores de Jesus Cristo têm sobre si o imperativo do próprio Jesus, que disse:

"Vão por todo o mundo e preguem o Evangelho a toda criatura..." - [Marcos 16:15]
"Toda a autoridade me foi dada nos céus e na terra... Portanto, indo, façam discípulos de todas as nações..." - [Mateus 28:18-19]


Está tudo claro. Cristo tem todo o poder e tão-somente Ele e, com base no poder Dele e somente nisso, devemos ir pelo mundo para "anunciar entre as nações a Sua glória e entre todos os povos as Suas maravilhas", como dizem os Salmos. Enfim... 4 dias e eu estarei me unindo a uma equipe de 14 pessoas para irmos a Cabo Verde a fim de nos juntarmos ao que Deus já está fazendo por lá. Somos simplesmente cooperadores; quem opera tudo é Ele. Que apenas Ele seja visto em nós, pois quando Ele é levantado, Ele atrai todos a Si mesmo. 

Atravessar o mundo com Você dentro de mim.
Levar na mala o Bilhete da Paz.
A Paz que eu vou carregar pra Cabo Verde é uma carta que não fala nada de mim. 


Bem... o que me resta mesmo é aproveitar o fim do ano ali em Fortaleza e, logo depois, partir e ir embora sem mais desculpas pra África!




Pela alegria de andar pelo mundo seguindo a Ele,



Soli Deo Gloria!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Além do horizonte distante...

Estou de volta mas, contradizendo o contexto desses últimos dias, não pretendo enfatizar o Natal neste texto. Acredito que mudar um pouco de foco pode ser mais válido para a leitura de quem passar por aqui. Logo, vamos “seguir o bonde”.

Sendo explícito e direto, eu tenho refletido sobre duas canções da MPB (uma delas dos anos 60-70 e outra mais recente, do ano de 2005) cujos versos se completam, como segue:

“Além do horizonte deve ter algum lugar bonito pra viver em paz...” [Além do horizonte – Roberto Carlos e Erasmo Carlos]
“A gente quer ver o horizonte distante...” [Horizonte distante – Los Hermanos]


Horizonte.

Eis uma palavra que me remete coisas boas. Ora, visto que morei durante um bom tempo no sertão nordestino e hoje moro numa cidade litorânea, sempre fui privilegiado por visões bucólicas do horizonte. A cada nascer do sol ou fim de tarde, ele estava ali à minha frente – colorido e terno, intrigante e belo. Sim, contemplar o horizonte (ainda que esteja distante) me fez e me faz bem.  Além disso, desde criança ouvi a respeito de lendas ou fábulas sobre “lugares além do horizonte” – como, por exemplo, o chamado “Eldorado” – e fantasiava ao imaginar onde seria o “além do horizonte” e como eu poderia chegar lá. Hoje, talvez, a passagem secreta para esse “lugar” esteja por algum guarda-roupa mágico ou através de um jogar de dados num tabuleiro esquisito. Bem, a imaginação é livre e cada um imagina como achar mais divertido.


Por outro lado, todo esse interesse do ser humano em “locais imaginários” ou “cidades ideais” reflete, no fim das contas, uma busca pela felicidade e certa esperança de que haverá um tempo de paz e alívio, ratificando a realidade de que temos alguma impressão ou traço de eternidade em nossa natureza ou consciência. Isto é, conforme disse certo sábio, “Deus pôs o senso de eternidade no coração do homem...” e, por causa disso, ouso afirmar que enquanto não há o reconhecimento de que existe eternidade e que, quer isso faça sentido para nós ou não, em algum momento estaremos “além” de algum horizonte – seja bom, seja mau.

A gente quer ver o horizonte distante. 


Eu não sei exatamente qual é essa distância – mas a frase mostra o anseio do poeta por contemplar esse “horizonte distante”. Na mesma letra, ele também diz: “só o amor é luz e há de estar aqui até alto e amanhã...”. 

Só o amor é luz.

Sem intenção, o escritor reitera numa mesma frase aquilo que já estava escrito há muito tempo, pois o apóstolo João em uma de suas cartas escreveu que “Deus é luz” bem como que “Deus é amor”. Resumindo, Deus é em Si mesmo (e ao mesmo tempo) Amor e Luz – ou seja, Ele é perfeitamente bom e gracioso e Nele não há engano ou trevas. Nesse sentido, aquele que conhece e reconhece Deus em sua jornada experimenta o Seu amor e é iluminado por Ele. Logo, ao sermos tomados por essa Luz, podemos saber quem de fato somos na medida em que se clareia diante de nós quem Ele é.


O amor há de estar aqui até alto e amanhã.

Aqui onde? Podemos pensar em várias hipóteses, mas, provavelmente, esse “aqui” onde o amor estará “até alto e amanhã” é em algum lugar “além de um horizonte distante”. Sem papas na língua, se existe algum lugar bonito pra viver em paz além do horizonte, lá deve haver amor hoje, amanhã e também depois de amanhã. Não pode haver paz nem beleza se não houver amor, pois toda beleza e paz verdadeiras são provenientes da mesma Fonte – Deus, que é Amor. Bem, se existe esse lugar bonito, onde se vive em paz e o amor é permanente, a questão é se nós estaremos lá ou não – ora, não basta saber que tudo isso existe e não estar lá quando passarmos para o outro lado do horizonte da vida.

A vida que experimentamos hoje pode acabar num piscar de olhos para qualquer um de nós. Desse modo, aproveito e cito novamente o apóstolo João, que registrou as seguintes palavras de Jesus Cristo:

Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu teria dito a vocês: vou preparar-lhes lugar. E, se eu for e lhes preparar lugar, virei outra vez e os levarei para mim mesmo para que, onde eu estiver, vocês estejam também. [Evangelho segundo João, cap. 14, vs. 2-3]


As Escrituras afirmam que na “casa do Pai” [uma figura do céu] há muitas moradas, o que nos indica que o “lugar bonito pra viver em paz” é exatamente onde Deus está. Além disso, Jesus disse que Ele mesmo virá até nós e nos levará para Ele, pois Seu desejo é que estejamos onde Ele estiver. No entanto, como Ele mesmo disse logo antes de falar das “muitas moradas”, é necessário crer Nele para ter a esperança de estar com Ele “além do horizonte” da vida de agora. Existe um “Reino” pronto desde a criação do mundo para quem de fato ama a Deus e confia inteiramente Nele.

Finalmente, em outro momento, Jesus declara que no futuro Ele convidará muitos para desfrutarem desse Reino e sentenciará muitos outros à condição de permanecerem eternamente afastados de lá. Traduzindo – “além do horizonte” da vida existe tanto o “lugar de paz e beleza” [céu] quanto o “lugar de tormento e tristeza” [inferno]. Sabendo-se que todos nós, por sermos pecadores por natureza, estamos naturalmente andando na direção do inferno, o imperativo de Deus é que “todos os homens, em todo lugar, se arrependam, porque um dia o mundo será julgado com justiça por meio Daquele que ressuscitou dos mortos”.


Deus julgará o mundo com justiça por meio de Seu Filho, Jesus Cristo. Eu, você e todos os demais homens estão incluídos nesse julgamento. Porém, a justiça aplicada não será a mesma para todos, pois alguns serão agraciados com a eternidade sem dor e de plena alegria na presença de Deus e outros serão condenados de forma justa a uma eternidade de sofrimento fora da presença amorosa de Deus. Se você não tem certeza de qual lugar “além do horizonte” te espera no futuro, reconheça o amor de Deus demonstrado na morte de Cristo para perdoar os seus pecados e tenha a viva esperança de estar um dia onde Ele estiver.

E aí, qual horizonte te espera?


Pela alegria de saber que um Belo Horizonte me espera,



Soli Deo Gloria!

sábado, 7 de dezembro de 2013

E por falar em Apartheid...

De volta, finalmente.

Após um novembro embalado por uma espécie de "Bitter and Sweet Symphony" [quem leu os posts do mês passado vai entender rs], decidi colocar novas reflexões para fora. Como se diz por aí, vamos em frente. Sempre.


Essa semana o mundo assistiu a morte de Nelson Mandela, personagem dos mais importantes do século XX, dada a sua importância na luta pelo fim do regime de segregação racial na África do Sul - o chamado Apartheid. Na verdade, Mandela não foi um ícone de uma luta armada (assim como Gandhi na Índia algumas décadas antes dele e Steve Biko na mesma África do Sul), mas sim um moblizador pacífico da mentalidade de seu povo na luta pela igualdade étnica, visto que a cor da nossa pele não nos faz melhores ou piores do que os outros. Isto posto, embora não tenha tanto conhecimento a respeito dessa luta em si, faço uma menção digna a um grande exemplo de consciência humana e de amor por sua pátria. "Rest in peace", "Madiba".


Mas não é exatamente sobre o "Apartheid" sul-africano que queria falar aqui.

Existem outros "Apartheids" disfarçados, camuflados ou até mesmo explícitos por aí e que ainda precisam ser combatidos e desfeitos. Pensando bem, desde o princípio das civilizações humanas, houve excluídos e privilegiados, descartados e acolhidos, ignorados e valorizados - uma postura que reflete quem de fato somos e o que de fato existe dentro de nós: sentimento de superioridade, indiferença, violência e maldade. 

Mas... E aí? O que seriam esses "apartheids"?


Dentre os diversos exemplos de "segregação" perceptíveis nas diversas camadas ou segmentos da sociedade, queria destacar o que eu poderia chamar de "Apartheid Religioso". Bem, desde já queria deixar claro que as diferenças religiosas sempre existirão e que, devido a isso, nunca haverá um consenso total entre as variadas manifestações de fé e crença - ou seja, apesar do respeito que deve existir entre as pessoas que professam crenças e princípios de fé e conduta distintos, não há nenhuma obrigação no sentido de se concordar com aquilo que é diferente em nome de uma "pretensa tolerância". Resumindo: cada um de nós tem uma forma de pensar e a "tolerância" consiste em considerar o direito do outro de pensar como ele julga ser correto e justo, bem como no direito de expressar as próprias convicções de forma contundente e firme, apesar das discordâncias. Espero ter sido claro (risos). 

Entretanto, quero ser mais particular e falar de "apartheid religioso" dentro dos denominados "ambientes cristãos". 


Primeiramente, desde os tempos bíblicos, existe exclusão em nome de uma "falsa superioridade". Os mais ricos desprezavam os mais pobres, os mais religiosos desprezavam os "pecadores", os mais intelectuais desprezavam os "sem instrução" e assim por diante. Em todo o Antigo Testamento (especialmente nos livros dos profetas), Deus manifesta através das mensagens proféticas sua indignação diante de todas essas coisas e anuncia a todos os que andavam nessas práticas para que se arrependessem e vivessem de maneira justa e bondosa. Por outro lado, no Novo Testamento, Deus não apenas falou por meio de profetas para que houvesse compaixão pelos desprezados, amor pelos esquecidos, misericórdia para com os "pecadores" e justiça para com os necessitados... Deus FEZ isso na real, na carne. Ele "fez questão", por assim dizer, de vir a este mundo e dar a Si mesmo por meio de Seu Filho para que todos nós, negros ou brancos, pobres ou ricos, instruídos e indoutos - gente de todos os tipos - entendessem que diante Dele todos somos miseráveis pecadores e carentes de Sua benignidade, não importando a cor da nossa pele, nem o nosso nível social ou mesmo a nossa sabedoria humana. 


No entanto, muitas vezes o que se vê não é a prática do Evangelho de Jesus Cristo, mas a substituição de uma vida de compaixão e graça diante das pessoas por uma conduta repleta de arrogância e/ou descaso com o outro em nome de uma audaciosa "supersantidade". Se o outro não tem a mesma "teologia" que a minha, se o outro não adota as mesmas práticas litúrgicas que a minha igreja local, se o outro adota técnicas de impacto social ou missionário diferentes daquelas que eu acho corretas ou ainda se ele não tem status ou não tem boa "aparência"... Nada feito. Embora existam coisas que, de fato, não devam ser toleradas, o fato de [porventura] estarmos do lado certo da moeda não nos dá o direito de nos enxergarmos como juízes ou como pessoas "acima do bem e do mal". Como dizem as próprias Escrituras:

Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala mal de seu irmão e julga a seu irmão, fala mal da Lei e julga a Lei. Ora, se você julga a Lei, não é mais observador da Lei, mas juiz.
Há um só Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir; Você, porém, quem é, para que julgue o seu próximo? [Epístola de Tiago, cap. 4, vs. 11-12]


Ao nos portarmos como "juízes", nos fazemos nossos próprios deuses. Julgamos o outro pela roupa que usa, pelo corte de cabelo, pelas músicas que escuta, pela teologia que adota como base de fé e prática, pelos relacionamentos interpessoais que vivencia (inclusive o namoro) e, desse modo, achamos que o papel de "salvar" ou "destruir" é nosso. Que pretensão estúpida! Eu fico com as Escrituras, que dizem: "...a minha glória, pois, não darei a outro...". Deus é Deus e ponto final. Apenas Ele e nenhum outro. 

Enfim, Deus é quem julga no fim das contas. E, diferentemente dos juízes humanos, Ele tem autoridade absoluta sobre tudo - se Ele quiser salvar e livrar, nada pode impedi-Lo de fazer isso mas, se Ele quiser destruir e condenar, ninguém pode impedi-Lo também. Nós, com nosso ousado e pretensioso orgulho, que nos faz frequentemente desprezar e zombar o nosso próximo, estamos totalmente vulneráveis à justiça divina. E, se existe algo que produz um temor profundo (ou até mesmo um certo terror em mim) é saber que estou à mercê de Deus e de Sua soberania. Como diz certa música, "...I am walking on a wire..." - portanto, se Ele cortar a corda, já era. 


Finalmente digo que eu, na busca por ser um cristão cada vez menos hipócrita e mais verdadeiro, sei que devo estar do lado da verdade mesmo que eu venha parecer "intolerante". Todavia, não existe "estar do lado da verdade" sem amor pois, "...se eu não tiver amor, nada me aproveitará...". E, se eu amo a Deus, tenho sobre mim a ordem de também amar o meu irmão, até porque quem diz que ama a Deus e não ama o seu próximo é mentiroso. Nesse sentido, peço a Deus que me livre de estar vivendo como um "mentiroso" e para que eu possa amar o outro por saber que Ele me amou primeiro. Nada de "apartheids religiosos" em nome de uma falsa piedade! Nada de "segregações" com capa de "vida justa"! Não!

Jesus, o Deus santo encarnado, mostrou que ser santo de verdade é ir até os pecadores perdidos em seus pecados e mostrar a eles como podem se tornar pecadores arrependidos e resgatados do domínio do pecado para o reino de Deus, a fim de que sejam santos como Ele é. Ele, o Justo, se deu uma vez por todas pelos pecados de todos nós, injustos, para que pudéssemos voltar para Deus. Agora, nos resta apenas responder ao Seu supremo ato de amor e reconciliação e ir a Ele, pois Ele diz que "...aquele que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora...". Com Ele não tem "apartheid" - a não ser que você O despreze; aí, no caso, o "apartheid" foi seu. 


Um dia muitos, de todas as tribos, povos, línguas e nações, estarão na eternidade com Aquele que deu a Sua vida para salvá-los de seus pecados. Enquanto você lê esse texto, ainda há esperança. Seja qual for a cor da sua pele, a sua condição social e seu grau de instrução, venha a Cristo! Arrependa-se de ter se "apartado" Dele pelo seu pecado e creia em Seu amor, o qual pode te resgatar para sempre. 




Pelo amor que nunca me deixará "apartar" Dele,




Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Guarda-me de mim mesmo - uma oração

Ó Eterno e Soberano,
Não ouso acreditar que posso te convencer.
Tu, que habitas na Luz inacessível,
E que fazes tudo o que Te apraz
Não estás vulnerável a qualquer influência.
Eu, portanto, como um mero pecador,
Ao me aproximar de Ti, visto que és santo e puro,
Devo olhar apenas para a minha própria miséria.
Nem mesmo a minha postura mais piedosa
Ou a atitude mais humilde
Interfere em Seus desígnios e propósitos.
Tu és Deus e isso diz tudo. 


Mas, apenas como uma confissão,
Suplico: guarda-me de mim mesmo
E protege-me de minha própria maldade!
Pois, ao tentar transformar pedras em pão,
Talvez eu esteja fazendo a coisa errada; ora, pedra é pedra.
Livra-me de buscar avidamente
A sensação de estar sempre com a razão
Pois, como Tu mesmo revelaste,
O orgulho precede a ruína
E a arrogância de espírito conduz à queda.
Sim, perdoa-me por sempre apontar a vaidade alheia
Em vez de lutar contra aquela que pulsa dentro de mim.


Derramo a minha alma ante a Ti
Pois não tenho outra Esperança.
Ajuda-me a estar realmente pronto e decidido
A mudar o que for preciso,
Pois, embora eu seja fraco e vacilante,
Tua graça é poderosa e suficiente.
Concede-me, ó Fonte de todo amor verdadeiro,
A honra de aprender a amar o outro
Até quando penso ter motivos para ignorá-lo.
Livra-me, igualmente,
De ser inchado pelo meu próprio saber
Ainda que este seja correto e justo.
Ora, não sabemos como convém saber,
Mas Tu conheces aqueles que Te amam.


Miserável homem que eu sou!
Quem me fará escapar de mim mesmo?
Às vezes, o sofrimento advindo do autoconfronto,
Traz o crescimento do qual tanto necessito.
Meu Deus e Amigo Fiel, que o meu coração se recorde,
Do quanto sou perdoado por Ti
A fim de ser amável e misericordioso
Com quem eu possa estar sendo cruel e impiedoso.
Não me permitas deixar o sol se pôr
Sem que a ira insistente e relutante seja removida.
Antes do final, antes de tudo, perdão.
Que eu inspire no outro o amor que anseio receber.


Perdão, Senhor!
Perdão por minhas palavras ásperas e implacáveis.
Eu, que não posso domar a minha língua,
E nem mesmo os meus pensamentos e revoltas da alma,
Disponho-me a Ti, a fim de ser manso e temperante,
Por meio do Seu Espírito que habita e trabalha em mim.
Eu estou em obras e, por isso mesmo,
Devo ser constantemente reformado e transformado.
Clamo a Ti do meu lugar de impotência
Para que eu seja um praticante do que me ensinas
E não apenas um conhecedor de Tua sã doutrina.


Embora não saiba os caminhos do futuro,
Bem sei que Tu me guias.
Que dos meus erros visíveis e ocultos
Seja eu purificado mediante o sangue de Teu Santo Filho.
E a cada caminho mau que, porventura, vier a trilhar,
Seja eu sondado por Ti
Para que meus passos débeis e um tanto inconstantes,
Permaneçam firmados no Caminho Eterno.


Finalmente, livra-me de pretensões egoístas;
Que eu seja desapegado de mim mesmo e busque o bem do outro.
Que Tua bondade seja sobre mim, ó Rei de justiça e de paz,
Para que toda aliança quebrada
Seja reconstruída e alicerçada no Amor que nunca acaba.
Estou à mercê de Tua compaixão e soberana vontade;
Faça-se em mim o que trará toda a glória apenas a Ti.




Soli Deo Gloria!