quarta-feira, 14 de maio de 2014

50 tons de incoerência...

Há tempos não passava aqui mas hoje será necessário.

Eu estou indignado. Revoltado. Furioso. Eu preciso protestar. 

Não posso perder tempo com introduções - eu preciso arremessar essa bomba atômica que está prestes a explodir dentro de mim. E, claro, eu não estou preocupado com o estrago que ela poderá causar. Simplesmente se afaste, se não puder aguentar o tranco.


Incoerência. Essa é a palavra do dia para este post.

Incoerência, segundo o Dicionário Online de Português, significa "estado do que é incoerente, discrepância, falta de lógica ou inconsequência". Na prática, incoerência pode ser relacionada a expressões como "dois pesos e duas medidas" ou mesmo "pimenta nos olhos dos outros é refresco". Resumindo, o incoerente é aquele que só defende o que lhe agrada ou combate em favor do que lhe é conveniente - tudo o que o incoerente quer é permanecer na sua zona de conforto e, assim, poder criticar e zombar de tudo e de todos que estão fora do seu "padrão de verdade absoluta"

Eu poderia falar de muitas incoerências, mas o único tipo de incoerência que pode me deixar revoltado da maneira que estou é a religiosa. Então, segure-se na cadeira. 


Parafraseando um livro que é recorde de vendas nos últimos 5 anos (chamado 50 tons de cinza, de temática adulta explícita), arrisco dizer que a incoerência religiosa também tem seus "50 tons" - talvez mais do que isso - , pois cada religioso cria em sua própria mente um "deus domesticável" que deve satisfações aos seus "caprichos pseudoteológicos" com base num zelo por costumes e tradições que, muitas vezes, nada tem a ver com o Evangelho que tanto acreditam ser parte de suas vidas. Em suma, dizem ter zelo por Deus mas não têm entendimento, se julgam sábios na Lei de Deus e nem entendem o que afirmam, destroem aqueles por quem Cristo morreu por causa de coisas banais e acabam se condenando naquilo que aprovam - logo, são infortunados e infelizes, embora se achem até mais dignos do céu do que os outros. 

Não existe esse papo atrevido e medíocre de dignidade própria - se enxerguem! A Bíblia diz exatamente o contrário na carta aos Colossenses, que afirma que "Deus nos fez dignos de participar da herança dos santos na luz..." [Colossenses 1:12]. Ou seja, se Deus não decidisse conferir essa dignidade, ninguém teria herança nenhuma com Ele - todos teríamos o peso de sua fúria e indignação no inferno, visto que ninguém seria tirado do império das trevas para ser transportado para o Reino de Cristo se Deus não estivesse afim de (bem como decidido) fazer isso. Se olhe no espelho. 


Para aliviar um pouco as tensões, acredito que a melhor maneira de continuar esse texto é mencionando uma canção chamada "Não fale", dos irmãos Arrais, como mostrado nos trechos a seguir:

Não fale que O encontra nas suas ondas de fé e não na Palavra
Não na Palavra...
Que mais há hoje é graça sem juízo
Que traga amor e paz, sem compromisso
Seguindo tradições de homens, não de Cristo...
Pois se tenho a Cristo eu tenho a Verdade, sim
No "assim diz o Senhor" e não no "eu acho ou sinto que"... [Não fale - Os arrais] 


Não existiu na história da religião (particularmente, da religião dita cristã) nenhuma época na qual as "ondas de fé" tomaram o lugar da "Palavra" como a época atual. Todo culto tem uma revelação nova, um "tipo fresco de unção", uma transferência sobrenatural e "profética" ou um novo manto "apostólico" - e, infelizmente, muitos acreditam que estão mesmo do lado da Verdade, ao lado de Cristo. Particularmente, eu creio que Deus sempre revelou, revela e revelará coisas aos que caminham com Ele, porém todas elas se encontram ou se baseiam em Sua inerrante, suficiente, completa e perfeita Palavra, a qual chamamos Bíblia. Isso significa que, se você acha que está tendo encontros com Deus (tremendo não?) através das "ondas de fé" produzidas por homens e não pela Palavra, você está sendo enganado - pois a Bíblia afirma que a Palavra de Deus é a Verdade, que somos limpos pela Palavra, que é pela Palavra que podemos crer em Deus e que a Palavra ilumina nossos pés e o nosso caminho. Se a Palavra de Deus é substituída ou se algo é acrescentado a ela como se ela não fosse o bastante, cairemos no erro e na ilusão de um Deus fictício. 

Seguindo tradições de homens e não de Cristo.


Se, por um lado, muitos que se dizem "seguidores do Cristo" inventam uma "novidade ungida" a cada culto, congresso ou conferência, existem aqueles que vivem uma "religiosidade Gabriela" - "...eu nasci assim, a minha igreja sempre foi assim, eu aprendi os usos e costumes assim, as minhas práticas são assim e eu vou morrer assim... Gabriela". Não há renovação da mente, não há iluminação do Espírito Santo para amadurecimento em Cristo, não há o prosseguir para o alvo... Só existe o "jeito Gabriela" de servir a Jesus. Eu não vou me adaptar. Me julguem. 

Tudo isso são tradições de homens! São ensinos de homens! Se Deus odeia isso, eu devo odiar também, pois está escrito:

Esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens.
Por isso uma vez mais deixarei atônito este povo com maravilha e mais maravilha; a sabedoria dos sábios perecerá e a inteligência dos inteligentes se desvanecerá. 
[Isaías 29:13-14]


Eu não tenho obrigação de seguir suas tradições. Eu não vou me submeter a nada que tenha apenas "aparência de piedade". Os "50 tons de incoerência" são tão fortes que, ao mesmo tempo em que se condena quem aprecia vinho alcoólico por questões medicinais ou mesmo por gosto pessoal, nada se diz sobre a gula. Além disso, ao mesmo tempo em que se dá a entender que a mensagem de Cristo é suficientemente poderosa para salvar o homem pecador, há uma demonização daquilo que Deus mesmo deu aos homens para a Sua própria glória (e que é útil e lícito), especialmente a arte (seja pintura, teatro e, especialmente, a música). Eu amo a arte e sei que ela reflete a imagem de Deus nos homens; logo, ela não precisa de justificativas [ela é válida simplesmente por mostrar a beleza da criatividade humana como evidência externa da Beleza do próprio Deus]. Assim, eu vou continuar falando sobre o Cristo que "me buscou onde a estrada era só escuridão" com minhas gírias, sem precisar adotar uma "moda monástica", por meio das músicas que escuto e, obviamente, exaltando a simplicidade de Seu glorioso Evangelho. Pode me julgar!

Ora, se você não gosta de rock, hip-hop, samba, baião, folk, blues dentre outros ritmos musicais [ou sataniza toda arte que não se encaixa na sua mente religiosa ou em seu "deus fantoche"], não destrua aquele por quem Cristo morreu por causa disso - cale-se por um momento e procure examinar a sua própria fé, a fim de perceber se você está mais confiado na sua justiça de trapos imundos em vez de estar rendido à suprema graça redentora do Filho de Deus. A Bíblia diz que todos nós devemos estar de boca fechada, pois todos somos condenáveis diante do Eterno - Ele é quem julga, Ele é quem dá o veredicto (ou melhor, já deu), Ele é quem dá as cartas do jogo. Deus continuará a fazer maravilhas que estão "fora de nosso sistema religioso" e vai continuar a confundir os "falsamente piedosos" e os "sábios" com a loucura da pregação da graça multiforme - Ele é Deus e, assim como Aslam de "As crônicas de Nárnia", Ele não é domesticado. 


Finalmente, o nosso problema se resume no que disse o físico Blaise Pascal: "Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança, e os homens fizeram Deus à sua própria imagem". Cada um faz na própria mente o "deus" que lhe convém - seja aquele espetaculoso com o "paletó ungido" ou aquele que, de tão "sacrossanto", só acredita num Deus que andou com pecadores e prostitutas porque a sua Bíblia diz, de forma que desacreditar disso lhe seria vergonhoso. Jesus afirma que existiram e existirão prostitutas e outros marginalizados que entraram e entrarão no Reino de Deus antes de muitos religiosos e aparentemente "cheios de boa moral" - por que ainda permanecer numa arrogância idiota? A minha resposta é a mesma de Paulo: "...onde está, pois, o motivo de vanglória? Foi excluído. Por qual lei? A das obras? Não, mas pela lei da fé" [Romanos 3:27]. Fé em Cristo é tudo o que Ele aceita como agradável para que sejamos agradáveis a Ele.

Eu não quero entrar no ritmo dos "50 tons da incoerência", pois o Deus Criador, Sustentador e Senhor de todas as coisas só tem uma Voz, um Tom, uma Palavra e uma Verdade - Ele não é Deus de confusão nem de antagonismos, mas é totalmente puro. Todas as coisas boas que existem são Dele, existem Nele e são para a glória Dele. Portanto, "não me submeterei nem por um momento, para que a verdade do Evangelho permaneça", ainda que fique só - sem a honra dos homens, mas ao lado de Cristo.


Quais são os tons que tem embalado sua vida? 
Os "50 tons de incoerência" ou o tom que vem da graça do Grande Maestro?




Pela alegria de ser embalado pelo Tom Supremo,



Soli Deo Gloria!

Um comentário:

  1. So Good!!! Às vezes vc se acostuma a conviver com isso, mas qd alguns estrapolam realmente a vontade de explodir é grande.
    Continua nessa fé ;)

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