sábado, 1 de março de 2014

Um grito chamado "aloha"...

Estamos no período do carnaval.

E, enquanto muitos (no Brasil e também fora dele) curtem, dançam, bebem e aproveitam o feriado prolongado - embora outros não façam o mesmo - , eu trabalho por aqui, escrevendo. Risos à parte, vamos em frente.

Nesse post, em particular, vou falar sobre outra "palavra de ordem" - não tão fundamental quanto o "viver sem fronteiras" - , mas também muito importante... Aloha!


ALOHA?

Aloha é uma palavra de origem havaiana usada como forma de "saudação" e/ou "despedida", significando "olá" ou "tchau" - analogamente ao "ciao" do italiano. Porém, de maneira mais abrangente, "aloha" era originalmente usada como demostração de "afeto, paz, misericórdia e compaixão". Portanto, partindo desse uso mais amplo da palavra, "aloha" nada mais é do que um grito em favor do afeto, da paz, da misericórdia e da compaixão - aspectos que, na verdade, não estão ligados somente à cultura do povo havaiano, mas refletem o caráter Daquele que criou os havaianos bem como todos os demais povos que existiram ou ainda existem. 


Afeto.

Afeto é uma palavra diretamente ligada a afeição, o que remete a questões da alma, do coração, das emoções e motivações que nos impulsionam na vida. Nesse sentido, é pertinente dizer que talvez não exista nenhuma época na história da humanidade em que o afeto se mostra tão raro, tão sufocado e tão ignorado como a nossa. Pensando bem, afeto ou afeição são aspectos da vida que só existem por causa do amor - logo, no fim das contas, as afeições dos homens estão obscurecidas pela falta de amor. A esse respeito, Jesus Cristo disse certa vez que "...por se multiplicar a maldade, o amor de muitos esfriará..." - ou seja, é o pecado, a iniquidade, a impiedade e a perversão crescente do coração humano que explica toda essa ausência de afeto em nosso mundo. Todos nós somos vítimas e algozes uns dos outros por causa dessa falta de afeto - ferimos e somos feridos, machucamos e somos machucados, desprezamos e somos desprezados. Porém, contra toda essa realidade da qual Jesus falou claramente, Ele mesmo nos intima a "...dar a outra face...", a "...amar aquele nos odeia..." e a "...fazer o bem a quem nos maltrata...", pois foi exatamente isso que Ele fez - Ele deu a Sua vida pelos pecadores, o Justo sofreu pelos injustos, o Santo veio ao mundo para salvar os perversos. Portanto, só poderemos praticar esse "afeto" quando nosso coração for preenchido pelo amor Daquele que é Amor. Aloha!


Paz.

Paz é uma palavra maravilhosa. Entretanto, a paz não é algo que tem sido parte da vida humana atualmente - vivemos dias hostis, cruéis, inquietos, opressores, cheios de fardos desnecessários. Ironicamente, preferimos estar subjugados a um estilo de vida cheio de "não toque, não prove e não manuseie" em nome de uma pretensiosa superioridade moral e espiritual a sermos livres da "armadilha do desempenho" e, assim, simplesmente vivermos em paz. Ou seja - na maioria das vezes, queremos fazer muitas coisas para termos a sensação de "dever cumprido", de que estamos "mandando ver", de que "fazemos e acontecemos" e também exigimos isso dos outros. Obviamente, devemos ser disciplinados em nossas responsabilidades e diligentes em nossa conduta cotidiana, porém cumprir deveres não deve nos impedir de amar e de importar com as pessoas. Eu prefiro ficar do lado de Jesus que curava pessoas no sábado judaico - atitude proibida pela própria Lei Divina - e, assim, mostrava que fazer o bem ao próximo era mais importante do que seguir regras. Eu quero a paz que vem da "liberdade com que Jesus Cristo me libertou", a paz que me faz "não estar debaixo de nenhum jugo de escravidão". De fato, Jesus disse que nos daria a Sua própria paz - uma paz que não é segundo o mundo e nem segundo os homens, pois é uma paz leve (sem opressão) e eterna. Aloha!


Misericórdia e compaixão.

Essas duas palavras se completam, pois misericórdia significa quase que literalmente "ser cordial com o miserável" e compaixão quer dizer exatamente "participar do sofrimento com o outro". Provavelmente, essas são duas das características mais essenciais da natureza divina - os salmistas diziam repetidamente que "...O Senhor é misericordioso e piedoso..." e que "...O Senhor é bom e a sua misericórdia dura para sempre...", bem como os evangelhos registram que Jesus "...olhava as multidões e tinha compaixão delas, porque andavam desamparadas e errantes...". Quando deixamos de praticar misericórdia ou compaixão, estamos indo na contramão do próprio Deus, pois as Escrituras também dizem que "...O Senhor é benigno em todos os Seus feitos..." - logo, se nos consideramos filhos de Deus e discípulos do único e verdadeiro Mestre, Jesus Cristo, não temos o direito de substituir um estilo de vida de misericórdia e bondade por qualquer outro tipo de espiritualidade, por mais aparentemente justa que seja. Não é possível amar a Deus se isso não estiver evidenciado no nosso amor pelo próximo; enfim, acho que cada um de nós precisa tomar certa dose de "vergonha na cara" e suplicar a Deus para que Ele nos ensine a ser mais misericordiosos e compassivos, pois assim seremos mais parecidos com Ele. Aloha!


Finalmente, o grito de "Aloha!" me faz lembrar de uma música não muito conhecida da Legião Urbana - banda de rock que fez parte de minha adolescência na escola em meio a aulas vagas e "filadas", rodas de violão com colegas e até apresentações artísticas com aquela banda ruim dos amigos - que diz:

"Nos querem todos iguais, assim é bem mais fácil nos controlar
E mentir, mentir, mentir... E matar, matar, matar
O que tenho de melhor: minha esperança..." 
[Aloha - Legião Urbana, A Tempestade]

Nos querem todos iguais - mais do que nunca, somos forçados a estar dentro de padrões, especialmente dentro de ambientes religiosos [temos que vestir as mesmas roupas da grife do pastor X, temos que ouvir as mesmas músicas do grupo Y, temos que pensar da mesma forma que os líderes espirituais A e B - ops, pensar não, porque na verdade "é proibido pensar" nesses lugares]. Com tudo isso, os que estão lá em cima nas posições de "autoridade espiritual" querem nos controlar de maneira mais fácil e, infelizmente, muitos são enganados e até defendem a sua situação de alienação. Desse modo, os "fariseus ungidos e cheios do poder de Deus" mentem e mentem, e também matam e matam a esperança de muitos, inclusive de quem está de fora de tudo isso. Eles querem ser os líderes, os chefes de todos, colocam fardos pesados que nem querem mover com o dedo, nem entram no reino de Deus e impedem muitos de entrar mas... Comigo não! Como a própria Legião Urbana disse em outra canção, "...não me entrego sem lutar, tenho ainda coração, não aprendi a me render, que caia o inimigo então...". Aloha!


Eu ainda penso, ainda sou livre e tenho uma "Esperança que salta os muros" do "autoritarismo e da hipnose espirituais" e que me faz viver "sem fronteiras pra ninguém e sem perder o rumo"! Minha voz não é a única que grita esse "Aloha" - acho que muitas outras vozes, ao longo dos séculos, ecoaram o mesmo grito ao ouvirem a Voz Daquele que disse que "nos faria verdadeiramente livres ao nos libertar". Como Ele mesmo disse: "...as minhas ovelhas Me conhecem e ouvem a Minha voz e, quando vieram muitos ladrões e roubadores, as ovelhas não os ouviram...". Em meio a tantas vozes que querem oprimir e controlar, eu ouço apenas Uma Voz - a voz do Bom Pastor, que me leva a pastos verdejantes e a águas tranquilas, que refrigera a minha alma e me guia pelas veredas da justiça, por amor do Seu Nome. Só me resta ir no embalo de uma certa canção que diz: " ...e eu vou cantando, e Deus me abraçando vai...".

E você? Se sente preso? Talvez você tenha percebido que estão tentando manipular você em nome de um controle humano e falsamente espiritual. Cristo te chama à liberdade, mas essa liberdade é para servirmos a outra Autoridade - a suprema Autoridade de todo o universo, a Autoridade cheia de amor e bondade, a Autoridade misericordiosa e que nos dá paz - Jesus Cristo.




Pela certeza de que meu "Aloha"! é ouvido por Ele,




Soli Deo Gloria!

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