sexta-feira, 7 de março de 2014

A estupidez de quem escreveu esse post...

Estou de volta.

Como certa canção diz, todo carnaval tem seu fim. Mas, na verdade, não vou falar de carnaval - quero falar de algo que tem sido gerado dentro de mim há algum tempo e que eu preciso colocar pra fora. E, quanto a isso, faço da frase de Che Guevara uma oração: "Hay que endurecerse, peró sin perder la ternura jamás". 


Talvez essa seja a sentença que mais tem expressado, de modo poético, o que tenho desejado para meu coração nos últimos tempos. Porque "endurecer sem perder a ternura"? Será que falar de "dureza e ternura" numa mesma frase de modo complementar faz sentido? Sem dúvida.

A nossa sociedade, como nunca antes, é a sociedade da pseudotolerância, da autocomplacência, dos "mimimis" e "não me toques" - uma sociedade confusa, diluída, onde todos são obrigados a aceitar tudo em nome da "política da boa vizinhança". Estamos sendo intolerantemente forçados a ser "tolerantes" e parece que quem enxerga e denuncia esse paradoxo sócio-cultural está do lado da "intolerância" e do "desrespeito". Sendo mais claro: vivemos uma verdadeira anarquia ideológica que tem afetado danosamente o modo de vida e o modo de funcionamento das relações humanas - ou seja, todos nos achamos donos de tudo, julgando ter o direito inviolável à felicidade segundo nossos próprios conceitos e, como o egoísmo e a injustiça são vomitados em nossas ações, todos acabam sendo infelizes e eternos insatisfeitos. É necessário se endurecer contra essa "falsa harmonia global" e encarar a realidade - devemos respeitar as pessoas e suas diferenças, mas exatamente por isso é necessário que haja respeito à liberdade de ser diferente e de expressar as diferenças sem retaliações e/ou discursos baratos e vazios em nome dessa "pseudotolerância". Endurecer, ser firme, ser livre pra ser autêntico e convicto - eis a questão.


Ternura.

Ternura é uma das palavras menos cultivadas hoje em dia. Ternura é praticamente coisa do passado. Pensando bem, a ideia latente e vigente em nosso tempo é a autossatisfação, ainda que isso implique a supressão da ternura e a exaltação da crueldade. Nesse sentido, normalmente o ato de "endurecer" resulta (ou é movido por) em frieza, insensibilidade e violência - logo, como encaixar ternura em tudo isso? A única alternativa conhecida e que ousa conciliar a ternura com o "endurecer" reside no ensino de Jesus Cristo, o qual certa vez derrubou mesas e "stands" de comércio no templo de Jerusalém impelido por um zelo incontido pela santidade divina bem como sempre foi firme e denunciador da hipocrisia dos mais religiosos ao mesmo tempo que demonstrou amor e bondade com os que menos mereciam importância ou compaixão. Jesus Cristo é o único que conseguiu, em sua perfeição, praticar o "endurecer sem perder a ternura" - logo, como sempre digo aqui, quem se considera seguidor Dele deve buscar fazer o mesmo... Mas, aí é que reside o sentido do título deste texto. O problema é que todos somos, em certa medida, estúpidos - principalmente eu mesmo. 


Quando falo de estupidez, não posso deixar de lembrar uma célebre música do rock brasileiro dos anos 90, chamada "Perfeição", que em certa parte de letra diz:

"...Vamos celebrar o horror de tudo isso com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou essa canção..."
[Perfeição - Legião Urbana]

Nesta letra, o poeta celebra, ironicamente (ou não, talvez), a estupidez humana, a estupidez das nações e várias coisas que, dentro do bom senso, não devem ser celebradas - como o analfabetismo, a violência, a maldade, a frieza dos corações, os roubos, a hipocrisia, a morte, a vaidade humana, a tristeza etc. Resumindo, a música ironiza tudo o que há de mau ao redor e, perto do seu final, fala sobre a estupidez do próprio poeta, denotando que tudo o que ele criticava era também de autoaplicação. Enfim - ninguém escapa da estupidez, pois até os melhores críticos daquilo que é injusto e incorreto são, seja na natureza ou nas atitudes, igualmente imperfeitos e injustos. Eu, de forma análoga, escrevo esse post a fim de reconhecer a minha própria estupidez, porém não busco parecer falsamente humilde - somente pretendo motivar quem passar por aqui a se avaliar e, dessa forma, vislumbrar e não negar que também está no mesmo barco que eu. 


Numa moldura clara e simples, sou aquilo que se vê. 

Quanto a isso, a única moldura clara e simples que nos permitirá ver quem de fato somos é aquela onde Deus está - sabendo-se que Ele nos criou à Sua imagem e semelhança, Ele nos conhece como de fato somos e, considerando o fato de que pecamos contra Ele ao decidirmos viver nossas vidas independentes Dele, ao nos confrontarmos com quem Ele é vemos, inevitavelmente, a extensão do nosso desvio - ora, Ele é a "Perfeição" em Pessoa, o Ser plenamente Perfeito. Logo, é impossível ver a nossa estupidez ser substituída pelo "endurecer sem perder a ternura" sem que haja uma reconciliação com o Criador, a qual só ocorre por meio do reconhecimento do quanto estamos "desviados da perfeição", do perigo que isso representa pra nossa eternidade e através de uma inteira confiança Naquele que, apesar de perfeito, se fez o mais indigno para que os imperfeitos e extraviados [como eu e você] fôssemos dignos da esperança da redenção - isto é, da esperança de voltarmos a ser semelhantes a Ele. Nada resume melhor essa mensagem do que o seguinte verso bíblico:

Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós para que, Nele, fôssemos feitos justos diante de Deus. [2ª epístola aos Coríntios, cap. 5, vs. 21]


Não preciso interpretar nada - o texto não poderia ser mais claro. Cristo não tinha pecado algum nem qualquer engano em Si mesmo e, mesmo assim, Deus o tornou pecado por nós - Deus Pai fez do Deus Filho o alvo da Sua ira santa e feroz que deveria ser colocada sobre nossas cabeças, e tudo isso para que fôssemos justos aos Seus olhos. Não há como descrever um amor tão constrangedor. Não é necessário acrescentar nada à sublime obra de Jesus Cristo para com os homens pecadores - Deus o tornou maldição para nos libertar de nossas maldições. A estupidez de quem escreveu esse post foi colocada sobre o Justo Filho de Deus; a sua também. Será que seremos estúpidos o suficiente ao ponto de ignorarmos um amor tão imensurável, irresistível e furiosamente atraente como esse? Agora que nós já sabemos, somos responsáveis.

O amor tem sempre a porta aberta.


Finalmente, enquanto estivermos por aqui, vivos, a Porta do Amor estará aberta pra quem for até lá e desejar, de fato, entrar por ela. Porém, se você não a atravessar antes de morrer, você não a encontrará depois da morte. Ou seja - aproveite enquanto você está lendo esse blog e entre por essa Porta - essa Porta tem Nome, e se chama Jesus Cristo, pois Ele disse: "...eu sou a Porta; se alguém entrar por Mim, será salvo..." [João 10:9]. Acredite que o Amor eterno Daquele que perdoou a cruel estupidez de quem escreveu esse post pode perdoar você também, se você se arrepender de seus pecados e crer no Filho de Deus como seu Salvador. Isto é - embora a minha estupidez possa espreitar e aparecer enquanto eu permanecer nesta vida humana e imperfeita, posso confiar no fato de que "...onde a minha estupidez foi abundante, mais abundante foi a Sua Graça...". Só me resta deixar ser controlado por essa Graça, para que minha estupidez não seja mais celebrada pelo meu próprio ego, mas sim cada vez mais subjugada por Aquele que sempre será o Senhor de mim. 




Pela graça de, apesar de estúpido, ser amado por Ele,



Soli Deo Gloria!

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