sexta-feira, 2 de agosto de 2013

"Jihad" contra quê?

De vez em quando a gente precisa parar um pouco pra pensar.

Nos últimos dias estou um tanto mais reflexivo - nem sempre precisamos estar online o tempo todo, escrevendo sobre tudo, comentando todos os posts que lemos ou cada foto bonita que vemos no Instagram... Parar às vezes é preciso


Desde minha viagem ao sertão da Bahia (precisamente, para a Chapada Diamantina) até os últimos dias do mês de julho em Minas Gerais, estive bem ausente do blog. Entretanto, meu período em Belo Horizonte me fez pensar sobre o tema desta postagem - mas não estranhem, eu não vou me ater a detalhes sobre a fé islâmica, até porque não conheço bem os seus princípios. Porém, como a expressão que dá título ao post é um tanto mais familiar (particularmente por causa da mídia), quero fazer um paralelo entre esta e o tema do texto. Vamos em frente, sem perda de tempo. 

"Jihad" é uma palavra árabe que significa "esforço" ou "empenho". Ela pode ser também entendida como uma luta, por meio da vontade pessoal, de se buscar e alcançar a fé perfeita. No contexto do Islã, existem dois tipos de "jihad": a Jihad maior (luta consigo mesmo, pelo controle da alma) e a Jihad menor (relacionada aos esforços para a propagação dos ensinos de Maomé às pessoas). Bem, acredito que a maioria de nós conhecemos "jihad" como sendo "guerra santa" mas, embora esse não seja o seu real significado, gostaria de focalizar esse aspecto. 


Eu, sem nenhuma dúvida, sou a favor da Jihad.
Não, pera! 
É isso mesmo, produção?

Sim, sem meias palavras ou sem rodeios.

Considerando o senso comum de que "Jihad" seria um tipo de "guerra santa", eu sou a favor - mais do que isso, eu preciso ir além do apoio; eu tenho que estar no campo de batalha! Bem - está certo que este blog é um blog de subversão, mas chegar ao ponto de se levantar a bandeira da guerra ao invés da "bandeira da paz" não seria subversão demais? Sim. Porém, é mais do que subversão exagerada - é questão de sobrevivência. Quer saber por quê? Siga.


Sendo mais preciso, eu sou a favor do que os muçulmanos chamam de "Jihad maior" - a luta contra si mesmo, pelo domínio da alma. Na verdade, os próprios seguidores de Maomé consideram este aspecto o mais importante da Jihad - pois, como disse certo teólogo, o meu maior inimigo sou eu mesmo. Podemos ter inimigos difíceis ao longo da vida - a falta de emprego, uma doença grave, um desafeto (ou muitos deles) ou até mesmo inimigos na esfera espiritual. No entanto, nenhum deles é mais difícil de ser vencido do que você mesmo. Como dizia o célebre Gandhi: aquele que não é capaz de governar a si mesmo jamais será capaz de governar outros

Curiosamente, não é somente o islamismo que traz em seus ensinos um incentivo forte em nome da luta contra si mesmo e contra os impulsos da alma. O cristianismo, conforme a mensagem bíblica, de forma até mesmo mais incisiva e "violenta", nos intima a "fazer guerra", a fazer "jihad" contra nós mesmos. Vejamos alguns exemplos:

"Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me". [Evangelho segundo Lucas, cap. 9, vs. 23].
"E aquele que não toma a sua cruz e não segue após mim não é digno de mim". [Evangelho segundo Mateus, cap. 10, vs. 38].
"Na verdade, na verdade digo a vocês que, se o grão de trigo não morrer ao cair na terra, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto". [Evangelho segundo João, cap. 12, vs. 24].
"...Mas se, pelo Espírito, vocês mortificarem as obras do corpo, vocês viverão..." [Carta aos Romanos, cap. 8, vs. 13]. 



Se a gente pensar bem, a mensagem das Escrituras não é aquilo que podemos chamar de "romântico". Existe uma tendência cruel e inflexível em seu conteúdo - uma tendência cruel que nos constrange a lutar uma guerra insana, violenta e árdua. Mas contra quem e contra o quê? 

Não é contra os outros. Não é contra os outros, repito. 

Antes de tudo e sobre tudo, a guerra para a qual a Bíblia nos chama a atenção é contra todo tipo de inclinação cruel, egoísta, violenta e má de nossas almas. De fato, o grande problema em nós é que estamos inclinados e treinados a combater sempre os erros e defeitos dos outros - mas não os nossos próprios. As palavras de Jesus Cristo registradas nos evangelhos de Mateus, Lucas e João e a breve mensagem de Paulo na carta aos Romanos (citadas acima) são duras e categóricas: façamos de conta que nós mesmos e que nossos interesses não existem, sem morte e sacrifício não existem bons frutos, vamos fazer morrer tudo que existe de mau e cruel em nós. Violento. Irredutível. Sem margens para amenizações. Não há como escapar. 


No entanto, existe algo que precisa ser esclarecido aqui: nós não somos capazes de lutar sozinhos contra nossos próprios impulsos. Nossas inclinações naturais são mais fortes do que nossa pretensiosa "força de vontade", pois a Bíblia também mostra que "o bem que quero fazer, isso não faço; mas o mal, que não quero, esse eu faço... mas não sou eu que faço, mas o pecado que habita em mim" - [adaptação de Romanos 7, vs. 19 e 20]. Porque somos todos pecadores, não podemos lutar contra nós mesmo sozinhos. Sempre iremos cair em algum erro em algum momento. É inevitável. O que fazer então?

Relembrando os versículos mencionados antes, pode-se notar que Jesus diz que quem toma a sua cruz a cada dia está seguindo a Ele - ou seja, minha caminhada e meu estilo de vida simplesmente se baseia em imitá-LO. Não é possível negar a si mesmo sem que Ele nos ensine a fazer isso - Ele vai à nossa frente e nós seguimos o Seu ritmo. Finalmente, a atitude de "fazer morrer" as obras do corpo (ou da natureza pecadora que cada um de nós tem) só é possível "pelo Espírito" - não tem nada a ver com "força de vontade" humana, mas com o poder do próprio Deus agindo dentro de mim. 



Eu, particularmente, já desisti de lutar sozinho contra mim mesmo - meu temperamento é inflexível e obstinado e minhas inclinações ruins são fortes e, muitas vezes, desmedidas. Só posso encerrar este texto mencionando outras palavras do apóstolo Paulo, que disse certa vez:

"Miserável homem que sou! Quem me livrará deste corpo de morte? Mas graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor..." [Romanos 7, vs. 23-24a]. 

Somos todos miseráveis. Somos todos impotentes contra nós mesmos. Mas Cristo é mais forte que o pecado que habita em nós. Ele é mais forte do que eu mesmo. Nele eu tenho todas as armas que preciso para lutar a "verdadeira Jihad" de cada dia.




Pela alegria de ser alistado para a verdadeira Jihad,





Soli Deo Gloria!

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