sábado, 10 de agosto de 2013

A questão não é você...

Aproveitando um tempinho vago nesse sábado agitado - comecei o dia 8h da manhã com aula de grego koiné até o meio-dia e, em seguida, fui ver um brother do Rio de Janeiro que estava de passagem por minha terra - para colocar novas ideias pra fora.

Eu não sei o que será de mim depois desse texto - desde que tenho pensado em escrevê-lo, a palavra que não sai de minha mente é serenidade. Preciso de serenidade, definitivamente. Logo vocês entenderão.


Sem muitos rodeios, queria começar dizendo que o tema desse post está baseado na frase que inicia um livro que li em minha adolescência e que, naquela época, foi muito importante para novos aprendizados. O autor começa o primeiro capítulo do livro com a frase "a questão não é você". Ao ler isso, já fui inteiramente instigado a ler o livro sem parar pois, numa sociedade cada vez mais massageadora de egos e caracterizada por uma "política de boa vizinhança" medíocre e sórdida (sem confrontos saudáveis que permitam mudanças radicais nas nossas almas e caráter), é bom ver alguém tirando o foco de onde ele não deve estar. Sacaram?

A questão não é você... 
A questão não sou eu...
A questão não somos nós... Será? Vamos ver.



No caso desse livro que li, o capítulo que começava com a frase-título desse post explica o porque que "eu não sou a questão"... Sendo mais claro, o mundo não gira em torno de mim [ou seja, ele não é "andreocêntrico" - se você não sabe, me chamo André], eu não sou a razão de ser das coisas nem sou digno de ser o centro das atenções. O mesmo acontece com você - se eu e você somos igualmente humanos, limitados, dotados de qualidades e defeitos e repletos de necessidades e anseios (não importando nossas diferenças sociais, intelectuais, étnicas, religiosas e ideológicas), você também não é o centro do universo. Sinto lhe informar mas, se você achava que sua vidinha mais ou menos determina ou define o curso das coisas ou é o padrão a ser imitado, desista. Nem a minha vida, nem a sua, nem a de ninguém está [ou estará] num nível suficientemente bom para tamanha pretensão. 

Entretanto, o que me fez pensar mais fortemente no tema desse texto foram algumas experiências das quais tirei algumas lições importantes e que deixo aqui nesta postagem - a primeira delas é que estamos muito acostumados a pensar que é o nosso jeito de se comportar ou as nossas ações visíveis que são poderosas em si mesmas para mudar o que está errado ao nosso redor. 


Isto é: "eu preciso ter cuidado com o que vão pensar a meu respeito, pois as pessoas irão mudar o que está de errado nelas ao verem o meu proceder". NÃO! Não é nada disso! Está tudo errado! Não é bem isso; deixe-me explicar.

Por mais que seja bom e louvável buscarmos ser bons exemplos para os que nos cercam, nosso coração inclinado às aparências e ao orgulho tende a se prender nas expectativas dos outros ou a supervalorizar o que fazemos. Infelizmente, eu percebo que o ambiente em que essa mentalidade é mais comum é o religioso - as pessoas religiosas (cristãs ou de outro segmento, por exemplo) estão treinadas a viver com base na premissa de que é o "seu testemunho de vida" ou o seu "bom comportamento" que vai trazer um sentido real para a vida daqueles que ainda estão "perdidos" por aí. Nos julgamos os "salvadores da pátria" ao olharmos pra nós mesmos e cairmos no engano de que somos bons, exemplares, cheios de virtude ou até mesmo "quase santos". NÃO! Não é isso, curiosamente (e felizmente), que a Bíblia diz, pois em certo lugar se lê:

"...Não me envergonho do EVANGELHO de Cristo, pois é O PODER DE DEUS para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego... Porque no Evangelho é revelada a justiça de Deus, a qual é de fé em fé... " [Romanos 1:16-17a]


No momento em que a Bíblia fala de salvação; ela diz que o evangelho é O poder de Deus - não há outra alternativa, seja ela o meu testemunho de vida, o meu bom comportamento social e entre as pessoas da igreja bem como os meus bons costumes etc... Apenas o contato com a real mensagem de Jesus pode tirar a humanidade da sua situação condenável e reconciliá-la com Deus. Não é a nossa "santidade" superficial, nem nossa "vida de congressos em congressos gospel", nem nossas camisas com "frases de efeito gospel", nem nossos livros de "formatações gospel" e nem mesmo a nossa "teologia superior" que muda coisa alguma. O poder de Deus está no próprio Deus revelado em Jesus Cristo no que chamamos de Evangelho. Sem mais. 

Finalmente, outra coisa que tem me preocupado é o fato de que, muitas vezes, o nosso zelo pela verdade e pelos bons princípios têm nos levado a cometer alguns erros que criticamos naqueles que, segundo nós mesmos, estão longe da "verdadeira verdade". Nos gloriamos porque "sabemos mais" sobre tal assunto do que o outro ou até mesmo nos julgamos melhores por achar que nossa postura zelosa é sinal de superioridade ou de mais "maturidade". Nos prendemos sutilmente a referenciais humanos (mesmo que esses sejam bons referenciais) e deixamos o coração ficar elevado e inchado. Conclusão: estamos contaminados por um vírus silencioso e não percebemos.


Prefiro praticar essas palavras do apóstolo Paulo:

"...O conhecimento incha, mas o AMOR edifica.
E, se alguém pensa que sabe alguma coisa, ainda não conhece como convém.
Mas, aquele que AMA a Deus, este é conhecido por Ele..." [1 Coríntios 8:1a-3]

O conhecimento é muito importante, mas alimenta o ego quando o coração de quem está recebendo é vaidoso. O amor edifica pois, por definição, o amor desarma o orgulho e a superioridade humana, nos deixando vulneráveis na medida em que revela quem de fato somos mas, depois disso, o amor tem poder para nos refazer naquilo que devemos ser. Na verdade, mesmo que tenhamos conhecimento, ainda não sabemos como deveríamos saber, mas Deus conhece aqueles que O amam. 


Ou seja: não tem nada a ver com o que eu sei, com a minha própria perspectiva de maturidade pessoal e com os meus conceitos. A questão não é o "meu saber", mas o amor que tenho por Aquele que é a sabedoria personificada - o Qual, graciosamente, me faz amá-Lo, pois eu só posso amar a Deus porque Ele me amou primeiro. Que maravilha é saber que não precisamos nos subjugar a um regime de "bajulação" exterior e interior; temos apenas que aprender a expressar por Ele e pelos outros o amor que Ele já derramou em nós - melhor dizendo, o amor que Ele nos deu ao derramar de Si mesmo dentro daqueles que creem, porque Ele é Amor. Eu não quero ser levado a pensar que ainda posso ser " o X da questão". E você?

A questão não é você.
A questão não sou eu.
A questão é que "...Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas; a Ele seja a glória eternamente. Amém". Sem mais. 




Pela alegria de saber que Ele é a razão de tudo,




Soli Deo Gloria!

Um comentário:

  1. Sabe tão bem que não pode confiar na própria vontade
    Pois a paz que eu carrego é uma carta que não fala nada...
    Nada... De mim!

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