quinta-feira, 3 de maio de 2012

Mais um maio começa...


Mais um novo mês começa.

Contrariando certa música do Kid Abelha que diz que “maio já está no final”, maio ainda está nos seus primeiros dias. Particularmente, este é um mês importante para mim, pois, há alguns 20 e poucos anos, eu nasci... De modo bem curioso, nasci num sábado que antecipava o dia das mães daquele ano (minha mãe sempre me disse que eu fui o presente dela aquele ano – mães corujas são assim mesmo) e, além disso, era dia 7. Enfim, meu nascimento foi no dia 7, no sétimo dia da semana. O que isso significa? Nada - a não ser para aqueles que acreditam em numerologia.


Por outro lado, é um mês como todos os outros: semanas atarefadas na universidade (talvez as mais atarefadas deste semestre), tempo (ou falta de tempo/vontade) para estudar, responsabilidades extra-acadêmicas etc. Na verdade, estou bastante ansioso para concluir todos os trabalhos e provas que irão tomar a maior parte de meu tempo durante esse mês para somente ficar esperando os resultados. Ora, eu gosto de ver as tarefas terminadas, porém, enquanto isso não acontece, tenho que lidar com a inquietude e com o stress. Lembrei-me de Nelson Rodrigues e seu bordão: “a vida como ela é” como também de uma amiga de longa data que costuma me recordar: “pois é, é a vida”.

Entretanto, a vida é realmente isso – um conjunto de coisas que se repetem todos os dias (às vezes, nos mesmos momentos), numa determinada intensidade e que, no final das contas, nos fazem desejar desesperadamente fugir de todo esse “casulo cotidiano”, ainda que seja por um fim de semana? Por que temos a tendência quase inevitável de repudiar a “rotina” e de supervalorizar a “quebra da rotina”? Por que consideramos como os melhores momentos da vida aqueles que [porventura] só aconteceram uma vez – uma viagem pra Europa, a lua-de-mel, o dia em que o jogo da final da Copa do Mundo foi visto ao vivo ou mesmo o primeiro encontro? Quem se arrisca a tirar a minha dúvida? [você pode fazer isso por meio de um comentário, se preferir.]


Antes disso, gostaria de dar o meu parecer.

Se pensarmos bem, tanto o cotidiano como a “quebra” da rotina fazem parte da mesma vida que cada um de nós tem para experimentar. Nós não vivemos uma “vida diferente” quando saímos da rotina; simplesmente aproveitamos nosso tempo com coisas que não são freqüentes em nossa realidade e, provavelmente, devido ao nosso apego pelo “novo” e pelo “incomum”, passamos a conferir maior relevância àquilo que é “diferente” ou “fora de época”. A vida (a única vida que temos neste planeta) inclui o que se denomina rotina e, exatamente por causa dela, inclui também o que chamamos “quebra da rotina”; ou seja, tudo faz parte da vida, de maneira que a melhor opção para nós é aproveitar ao máximo todos os momentos “happy-hours” que surgirem enxergando, ao mesmo tempo, os momentos aparentemente mais “chatos” e desgastantes como componentes deste bem que recebemos: a vida.

Finalmente, retomando a mesma música de Kid Abelha mencionada no início, pergunto: “o que somos nós afinal?” Somos criaturas dependentes de “mudanças na agenda” ou conseguimos ver beleza em contemplar o mar azul da janela do ônibus no caminho para a faculdade toda manhã? Reconhecemos o valor em se despertar antes das 7h para viver mais um dia repleto de desafios (a despeito do trânsito ruim e do coletivo lotado)? Será que reparamos nas flores e nas árvores que deixam nosso campus ou nosso local de trabalho mais bonitos e agradáveis? Mais ainda: temos notado as pessoas que estão ao nosso redor e nos importado com elas? E os nossos amigos? E a nossa família? Por mais que seja frustrante, é mais provável que tenhamos nos enclausurado em nós mesmos numa atitude de egolatria e/ou indiferença e, quase sem percebermos, nos tornamos cegos para o encanto de cada momento da vida, para a beleza de ser, de estar, de viver. Já dizia o poeta ao cantar a vida: “...eu fico com a pureza da resposta das crianças: é a vida, é bonita e é bonita...”


Viver e não ter a vergonha de ser feliz; cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Talvez o que o nosso mundo precise seja justamente um pouco disso - um pouco mais de simplicidade, de autenticidade, de verdade, de desprendimento da própria reputação – para que cada um de nós cultive a beleza de se aprender todos os dias, uns com os outros, nós com a natureza e, obviamente, todos nós aprendendo com Ele – o Grande Mestre, a Beleza Incomparável ou, como Ele mesmo disse:

“Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de Mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Evangelho segundo Mateus, cap. 11, vs. 29-30).


Viver com Ele e para Ele é algo verdadeiramente leve – sem restrições de preceitos humanos ou prisões impostas pela consciência dos outros. A única restrição é que, se vivemos para Ele e com Ele, é Ele mesmo quem dita o ritmo da música que deve mover cada passo nosso, como diz outro poeta e também amigo:

“... Batidas do meu coração dependem deste Maestro / E até o ar que eu respiro é Ele mesmo quem me dá / Em volta da mesa com os meus, celebro com vinho a vida / É Ele quem dá gosto a tudo, com Ele a alegria sempre está...” (É n’Ele – Stênio Marcius)


Enfim, Maio está apenas começando... Muitas coisas estão por vir e a minha única aspiração (para maio e para todos os outros meses que me restam de vida) é aquela registrada pelo Apóstolo Paulo, que diz:

“...Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem, porque as coisas que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas...” (2ª Epístola Aos Coríntios, cap. 4, vs. 18)



Seja na rotina ou fora dela,



Soli Deo Gloria!

Um comentário:

  1. Show, amei o texto! Amei mesmo!
    Sim, temos que dar valor as coisas simples da vida!
    "Somos criaturas dependentes de “mudanças na agenda” ou conseguimos ver beleza em contemplar o mar azul da janela do ônibus no caminho para a faculdade toda manhã?"

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