quarta-feira, 17 de junho de 2015

Sobre ficar esperando o amor passar...

Eis aqui, estou de volta.

Desde o último texto, um texto notadamente confessional, estive muito ocupado com algumas responsabilidades - estudo e processo seletivo para o ingresso no doutorado na minha universidade e, portanto, não tive tempo de passar por aqui - mas, agora que estou um pouco mais disponível, preciso escrever... Como sempre, espero que quem passar por aqui extraia algum proveito dessa leitura. 

Vamos, então, em frente. 


O tema dessa postagem, de modo análogo aos últimos posts publicados aqui, se baseia numa canção da Legião Urbana chamada "Se fiquei esperando meu amor passar", a qual também vem a calhar, dado o fato de que acabamos de passar pelo Dia dos Namorados - dia no qual os casais ficam um tanto mais carinhosos e românticos e, nessa era das redes sociais e dos compartilhamentos em tempo real, a nossa linha do tempo fica "doce igual caramelo", cheia de declarações apaixonadas e de fotos em locais turísticos, parques, jantares à luz de velas ou mesmo aquele "selfie" de rotina. 

Nesse sentido, embora eu também goste de demonstrar carinho e zelo pela mulher com quem estou namorando [o que não é o caso no momento, rs], não sou adepto a certas "frescuras" ou exageros - quem me conhece bem, sabe o quanto sou um "mar de doçura" - mas, mesmo assim, cada pessoa pode se manifestar seus sentimentos pelo outro de modo que todos (tanto quem se expressa quanto quem visualiza a expressão) se respeitem mutuamente. 

Porém não é exatamente de "namoro ou coisas afins" que desejo falar aqui.


A música mencionada acima fala de coisas muito interessantes quanto ao assunto "amor", e uma delas está no seguinte trecho:

"Quando se aprende a amar, o mundo passa a ser seu..."

Aprender a amar.

Certamente, não existe nada neste mundo para o que nós, seres humanos do século XXI, somos absolutamente ignorantes, enganados, equivocados, alienados e destituídos do que o real significado de amor - tanto na teoria quanto na prática. Para se falar de amor, uma boa dica é conhecer a perspectiva dos antigos filósofos (gregos e, mais tarde, os escolásticos medievais, por exemplo), conforme a qual a palavra "amor" pode ter quatro usos: o amor por coisas (o que pode ser chamado de afeto), o amor por pessoas com quem temos algum laço familiar ou de amizade (o "philéos" ou amor fraternal), o amor que envolve a atração sexual (o "eros", de onde vem o termo erótico) e o amor chamado "agápe", o qual se caracteriza por ser auto-doador, altruísta, desprovido de soberba e durável, sendo normalmente associado à essência da divindade. No entanto, tudo pode ser chamado de "amor" hoje em dia [inclusive o que só fomenta ódio, divisão, guerra e inimizade] - meus caprichos pessoais são traços de "amor", meus desejos sexuais ilícitos e pervertidos são "formas justas de amor", minhas "boas ações" são sempre atos de amor (mesmo que sejam só para autopromoção) e, o que ainda é mais grave, minhas ações de barganha religiosa ou espiritual [seja para buscar um alívio na consciência pela "sensação de dever cumprido" ou para tentar "convencer a Deus de minha suposta bondade inata"] são atitudes de amor sincero a Ele

Não - não estamos entendendo nada. 
Precisamos aprender o que de fato significa "amor" - urgentemente.


Resumidamente, nossos "caprichos" são só caprichos, nossos desejos sexuais egoístas e ilícitos são apenas "desejos sexuais egoístas e ilícitos", nossos gestos beneficentes para auto-exaltação não passam de tentativas medíocres de afirmação pessoal e vanglória fútil e, por fim, nossas tentativas de nos fazer espiritualmente aptos ou, em outras palavras, de nos recomendar a Deus por nós mesmos são pura insolência, arrogância e pretensão. Precisamos aprender a amar de verdade e, para isso, precisamos aprender com Aquele que é amor - Deus. Se você, porventura [ou seria desventura?], não acredita em Deus como Ele de fato é ou, no máximo, tem uma visão dele proveniente de sua própria cabeça, eu sinto muito - você não sabe o que é amor, você não é capaz de fazer qualquer ato que seja em amor e, finalmente, o amor que vem Dele não está em você

Logo, assim como a música afirma, o mundo "passa a ser de quem aprende a amar" - porém, quem aprende a amar com Aquele que é amor [o Qual diz de Si mesmo que é manso e humilde de coração e, por isso, convida a todos para aprenderem Dele], sabe que a melhor maneira de "possuir o mundo" é "fazendo uso dele como se dele não usufruísse, visto que a aparência do mundo passa" bem como se desapegando do que há de mau e injusto nele, pois está escrito que "...se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele..." [1 João 2, vs. 15b] e "...qualquer que se faz amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus..." [Tiago 4, vs. 4]. A esse respeito, se faz oportuna a citação adaptada de C. S. Lewis: "Pense apenas nas coisas desse mundo, e você perderá o mundo futuro; pense especialmente nas coisas do mundo futuro, e você aproveitará ambos". 


Mas talvez você se questione: se eu não creio em Deus ou possa ter uma visão errada de quem Ele é, como eu poderia resolver esse dilema? 

Simples - Deus não foi irresponsável a ponto de ter criado o universo e tudo o que nele existe [incluindo eu e você] sem ter Se revelado de maneira clara e indesculpável para Suas criaturas, como registrado pelo apóstolo Paulo:

Pois, desde a criação do mundo, os atributos invisíveis de Deus, tanto o Seu eterno poder quanto a Sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas que foram criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis. [Epístola aos Romanos, cap. 1, vs. 20]

Não seria possível ser mais claro - os atributos invisíveis de Deus [aqueles que não são comunicados por Ele a nada fora Dele, de modo que Deus é único e singular em Si mesmo] estão visíveis pra quem quiser ver, pois a natureza e o universo revelam explicitamente que Deus é Deus e, assim, todos os homens que permanecem na injustiça e no pecado não têm desculpa por rejeitarem a Ele. Isto é, se alguém ignora a Deus como se Ele fosse um "produto de mentes fracas que precisam de algo em que se apoiar" ou, como já foi expresso, cria o seu próprio "deus de estimação" [um deus manipulável, palatável aos próprios prazeres e que muda de forma e de caráter "ao gosto do freguês"], esse alguém não terá como se livrar da sua culpa, pois no fundo ele sabe que Deus é uma realidade, de forma que sua rebeldia contra Ele é deliberada - logo, ele se torna ainda mais culpado de sua impiedade e, assim, totalmente sujeito e vulnerável à ira divina. 


Mas Deus não Se revelou apenas na Sua criação - Ele foi mais além.

Deus, a fim de que não existisse qualquer dúvida dentro da mente de cada um de nós a respeito de Quem de fato Ele é, decidiu Se revelar através de Alguém - Jesus Cristo. Os textos sagrados dizem que o "Verbo" eterno "que estava no princípio com Deus e que é Deus, por meio de Quem todas as coisas foram feitas, em Quem estava a vida e a luz verdadeira que ilumina a todo homem que vem ao mundo e que veio para que todos os que cressem Nele fossem feitos filhos de Deus" se encarnou, se tornou homem, nasceu de uma virgem e, mais tarde, disse o seguinte, conforme registrado pelo evangelista João:

Se vocês conhecessem a mim, também conheceriam a meu Pai; e já desde agora O conhecem, e o têm visto.
Disse-Lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta.
Disse-lhe Jesus: estou há tanto tempo com vocês, e não têm me conhecido, Filipe? Quem me vê, vê o Pai, e como dizes tu: mostra-nos o Pai? [João 14, vs. 7-9]

Nesse texto, Jesus afirma ser Deus, o mesmo Deus que "revelou o Seu poder e divindade por meio das coisas criadas", de maneira que quem quiser saber quem é Deus - e, assim, conhecer Aquele de quem procede todo amor, visto que Ele é amor - precisa simples e tão-somente olhar para Jesus, pois também está escrito que "Ele é o resplendor da glória de Deus e a expressa imagem de Seu ser". Em outras palavras, quem também tem sua própria visão de Jesus e não se conforma com a realidade de quem Jesus é, conforme registrado nos evangelhos - um "revolucionário das minorias", um "mestre da moral" ou qualquer outra perspectiva - também demonstra não querer aprender Dele e, desse modo, continuará sem saber o que é o amor ou, no máximo, estará "esperando o amor passar" quando ele "já passou" há muito tempo


Finalmente, assim como muitos de nós hoje estão "esperando o amor passar" - neste caso, achar o que chamamos "alma gêmea" ou "pessoa certa" -, acredito ser oportuno frisar que o "amor" mais importante pelo qual devemos esperar ou anelar não é o amor de outra pessoa como nós [embora isso seja uma das melhores coisas da vida, de fato], mas sim aquele Amor que não depende de sentimentos ou sensações favoráveis para permanecer, o Amor que é em si mesmo benevolente, benigno, humilde, santo e eterno e, por isso, só pode ser encontrado no Criador, em Deus, em Jesus Cristo. Sobre isso, a canção que inspirou esse post, perto de seu final, inclui o trecho de uma canção/oração [se não me engano, católica] que diz:

"Cordeiro de Deus, que tirai os pecados do mundo
Tende piedade de nós
Cordeiro de Deus, que tirai os pecados do mundo
Dai-nos a paz..."

Não sei se o poeta da canção, de fato, acreditava nessas frases que ele estava entoando mas, de toda sorte, essa bela oração poderia também ser escrita da seguinte forma:

"Cordeiro de Deus, que tirou os pecados do mundo
Teve piedade de nós
Cordeiro de Deus, que tirou os pecados do mundo 
Deu-nos a paz..."


Sim, Jesus Cristo, o Filho de Deus, já veio para tirar os pecados do mundo - pois está escrito que "Ele se manifestou para tirar os nossos pecados, e Nele não há pecado". Ele é chamado de "Cordeiro de Deus" como figura da suprema pureza de Sua natureza, uma vez que apenas alguém totalmente santo e justo poderia substituir pecadores como eu e você numa cruz, a fim de morrer uma morte cruel e penal para salvar a todo aquele que olhar para Ele e, então, invocar o Seu nome. Sim, Ele já "teve piedade de nós" e agora nos resta apenas suplicar a Ele para que essa piedade que Ele demonstrou nos alcance, pois o nosso pecado nos faz totalmente carentes de misericórdia e compaixão, e apenas Deus pode ser para nós o que realmente precisamos - ser Redentor, Salvador, Resgatador, Justificador, Santificador e Senhor. 

O que estamos esperando então? 


Não precisamos "ficar esperando o amor passar", porque Ele já passou em nosso meio humano presencialmente há uns 2000 anos e, ainda hoje [já que Ele vive], está disposto a salvar a todo aquele que vier a Ele sabendo que nada tem em si mesmo para que se salve, a não ser confiar Nele como o único que pode salvá-lo. Ora, como diz um poeta que admiro, esse Amor que passou por nós é "um amor perfeito e justo, que sempre me espera" e que "está se espalhando" - isto é, veja os fachos de luz desse amor divino por meio dessas palavras postadas e, em vez de continuar esperando por algum "amor" que jamais te satisfará a alma, reconheça que Ele é totalmente capaz de fazer isso, pois "nEle reside toda plenitude da divindade" ou, de outra sorte, "nEle reside toda a plenitude do amor"





Pela certeza de que o Amor passou por mim e permanece,




Soli Deo Gloria!

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