sábado, 27 de junho de 2015

De "molduras boas" em "quadros ruins"...

Mais uma vez estou aqui.

Ainda estamos [pelo menos por aqui onde moro] no clima das festas juninas - muito milho, forró, licor, dentre outras coisas típicas - porém, dessa vez, não pretendo escrever nada relacionado a datas comemorativas [como no texto anterior]. Tenho outros objetivos.

Na verdade, acho que tenho sido sereno demais ultimamente. 

Está mais do que na hora de voltar a escrever com mais propriedade, inteireza e autenticidade - embora tudo que escrevo, seja terno ou inflamado, é conforme o que acredito e defendo. Em outras palavras, eu não espero ser amigável nem "politicamente correto" nos próximos parágrafos - para isso já temos o Brasil 247, a Revista Fórum, o Diário do Centro do Mundo e, claro, o mais novo "pombo-correio de Jesus Cristo", o humorista, intelectual e "apóstolo" Gregório Duvivier. Se você se ofender comigo, saia deste blog e vá adoçar sua mente com essas coisas


O título deste texto se inspirou numa frase que certa vez vi numa imagem na internet - acredito que esta foto ainda está salva na minha biblioteca de fotos do celular - , que dizia:

Molduras boas não salvam quadros ruins.

Na época em que descobri essa imagem, eu aplicava o seu sentido a coisas que não são pertinentes no momento atual mas, dessa vez - no caso, neste post -, existem duas aplicações dessa frase que me parecem mais oportunas. A primeira delas diz respeito a certas coisas que ouço, vejo e observo dentro do contexto religioso no qual estou inserido (seja direta ou indiretamente) e que me deixam violentamente indignado, furioso e um pouco pesaroso, diante do que algumas afirmações de Paulo nos textos sagrados vêm bastante a calhar:

"...Alguns falsos irmãos infiltraram-se em nosso meio para espionar a liberdade que temos em Cristo Jesus e nos reduzir à escravidão.
Não nos submetemos a eles nem por um instante, para que a verdade do evangelho permanecesse com vocês..." [Epístola aos Gálatas, cap. 2, vs. 4b-5]

Para que a verdade do Evangelho permaneça.

Desde os tempos dos primeiros cristãos [após a passagem de Jesus Cristo na terra, por assim dizer], houve pessoas dissimuladas, falsas e perversas, as quais são descritas nesta passagem como os que "espionam a nossa liberdade em Cristo para nos reduzir à escravidão". Isto é, eles parecem ser "irmãos", mas são falsos - são "quadros ruins em molduras boas" - pois, em nome de seus próprios interesses, querem impor sobre os outros fardos difíceis de se suportar bem como ensinar filosofias vãs e sutis baseadas em tradições de homens, tendo em vista justificarem a si mesmos diante de Deus ao mesmo tempo que induzem os demais a pensarem que somente assim eles também se justificarão diante Dele.


Não é nada disso!

Primeiramente, ninguém pode justificar a si mesmo diante de Deus - não importa o nível de santidade exterior, a aparente reverência, os "bons costumes", a "ordem e a decência litúrgica" e nem mesmo as melhores intenções interiores ou a mais estrita obediência aos preceitos divinos. Nada do que fazemos ou intencionemos fazer [nem mesmo quem somos ou o que pretendemos ser] poderia ou poderá jamais nos recomendar a Deus. Por isso, se algum de nós que está lendo esse texto acredita mesmo que é pelo fato de nossa espiritualidade ser a "mais puritana ou reformada" na teologia e na prática, ou porque não batemos palmas no culto, não ouvimos rock ou reggae e nem usamos de "meios seculares" para nossas "ações evangelísticas" que Deus nos vê como justos, está na hora de reconhecermos que não sabemos nada do verdadeiro evangelho - seja você pastor, teólogo, escritor, músico, missionário ou o que for; títulos não dizem nada. 

Mas o que nos ensina o evangelho? Vamos lá.

Ora, está escrito a esse respeito que essas pessoas têm "zelo por Deus, mas sem entendimento", as quais "ignoraram a justiça de Deus e quiseram estabelecer a sua própria justiça" [Romanos 10, vs. 2-3]. Isto é, até existe zelo por Deus, mas é um zelo vazio de entendimento, cuja insensatez e tolice se manifesta no fato de tentar estabelecer uma justiça diferente daquela que o próprio Deus já designou, a qual é Cristo. É medíocre - para não dizer soberbo, insolente, arrogante e até blasfemo - buscar substituir o sacrifício substitutivo do Filho de Deus como propiciação pelos nossos pecados [ou seja, o sacrifício que afasta de nós a ira de Deus, removendo o pecado] por quaisquer moralismos fúteis - tais como "não toques, não proves, não manuseies" ou outras coisas que perecem com o uso, pois são criados por homens [logo, não podem ser duráveis] e têm, no máximo, belas máscaras de sabedoria e de humildade, com aparente disciplina do corpo, sendo sem valor algum contra os impulsos de nossa natureza carnalque possamos seguir como causa de nossa justificação. Contra esse pensamento, lembro as belíssimas palavras de Lutero: "Senhor, Tu és a minha justiça, e eu sou o Teu pecado"


Portanto, Jesus Cristo, e tão-somente Ele, pode salvar e, de fato, salva o pecador dos seus próprios pecados, pois também se lê que "...com o Seu conhecimento, o meu Servo, o Justo, justificará a muitos, e levará a iniquidade deles" [Isaías 53, vs. 11], que "...o Filho do Homem veio para dar a Sua vida em resgate de muitos" [Marcos 10, vs. 45], que "...a vontade do Pai é que todo aquele que olhar para o Filho e crer nele tenha a vida eterna..." [João 6, vs. 40] e que "...no evangelho é revelada a justiça de Deus, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá pela fé" [Romanos 1, vs. 17]. Enfim, todo aquele que rejeita a justiça que Deus estabeleceu [ou seja, que rejeita Cristo] não está em comunhão com Ele e, se assim permanecer, sofrerá o juízo decorrente de ter rejeitado o Filho de Deus, pois "...aquele que rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" [João 3, vs. 36]. Eu não vou ceder nem por um instante; que a verdade do evangelho permaneça.

No entanto, existem outros quadros ruins "maquiados" por molduras boas.

Nossa sociedade hoje é a sociedade que mais fala de "boas energias", "boas vibrações" - ou "good vibes" -, de respeito, progresso, tolerância, igualdade e amor. Contudo, como escrevi na postagem passada, acredito cada vez mais concretamente que estamos mais ignorantes e enganados a respeito do que sejam essas coisas, especialmente o amor. Nesse contexto, vale citar o ocorrido ontem nos Estados Unidos da América - nação que foi construída pelo cristianismo e que se tornou grande e próspera por causa de seus valores cristãos seriamente cultivados nos séculos passados -, cuja Suprema Corte aprovou o casamento igualitário para todas as pessoas. Eu, em particular, sou a favor dos direitos civis para todos os cidadãos de bem, independentemente de credo religioso, etnia, comportamento sexual ou condição social. A aprovação gerou uma comoção mundial - ora, a maior nação protestante do mundo agora aprova o casamento entre pessoas do mesmo sexo! - e uma mobilização nas "redes sociais" com a hashtag "#LoveWins" e com fotos de perfil no Facebook com background nas cores do arco-íris. 

Vamos direto ao ponto: "Love Wins" não tem nada a ver com isso, e o arco-íris tem outro significado - um significado que a maioria desconhece. 


Ora, quando afirmamos "Love Wins" ou "o amor vence", pressupomos que havia uma batalha em curso e que, no final, o amor prevaleceu. No sentido em que a hashtag passou a ser usada, a batalha era entre os "fundamentalistas religiosos retrógrados e opressores" e as "vítimas oprimidas que só querer ser livres para 'amar'". De fato, as pessoas são livres para viverem suas vidas como lhes parece melhor e, por isso, são inteiramente responsáveis pelas decisões e escolhas que fazem, de modo que não são livres de suas consequências - tudo o que se semear, isso se colherá. Isto é, a despeito do discurso do "nós contra eles", tanto "opressores" quanto "oprimidos" prestarão contas de seus atos e palavras, seja nesta vida aqui seja depois que essa vida passar

Em contrapartida, eu também creio que o amor vence - na verdade, eu creio que o Amor já venceu, e essa vitória está mencionada em dois pequenos trechos do Evangelho de João:

Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. [João 12, vs. 31]

Tendo provado um caniço de hissopo com vinagre, Jesus disse: está consumado. [João 19, vs. 29-30 - adaptado]


Jesus foi categórico: Sua morte seria a sentença final de juízo sobre o mundo e de derrota sobre o príncipe deste mundo, que é satanás. Cristo, quando morreu na cruz, fez dos principados e potestades "um espetáculo público, e triunfou sobre eles". Ao proclamar "está consumado", Ele notificou a todos que realizou perfeitamente a obra que Deus, o Pai, havia confiado a Ele, o Filho. Nada ficou faltando, nada ficou "por fazer"; não houve lacunas, nem arestas com defeito, nem nada parecido. Sim, o amor venceu - mas, uma vez que Deus é amor, que Jesus Cristo é Deus e que Deus é santo, toda modalidade de amor só pode vir de Deus e, por isso, deve ser algo obrigatoriamente santo, puro e conforme à lei divina. Dessa maneira, o que a Bíblia chama de "pecado, abominação e paixão infame" não é "amor" - doa em quem doer - e, além disso, visto que Cristo é Aquele que prevaleceu contra todo poder e autoridade existente por meio de Sua morte de cruz, posso dizer que "o amor venceu" quando Deus lançou a Sua ira santa sobre o Seu Filho, ira devida ao meu pecado, ao seu pecado, ao pecado de gente que jamais lerá esse texto. O amor não foi "legalizado" no dia 26/06/15 nos EUA - o Amor é o Legislador do Universo, é a essência da Lei do Legislador, sendo provado pelo fato de que este Legislador se encarnou e se deu por nós, sendo nós ainda pecadores. 

E o arco-íris?

O arco-íris, conforme registrado nos textos sagrados, é um sinal de aliança entre Deus e a humanidade, indicando que Ele não mais destruiria o mundo com água, como fez no Dilúvio. Isto é, o arco-íris aparece depois que somente a família de Noé sobrevive a todos aqueles dias de chuva na terra (junto com os animais que estavam dentro da arca), enquanto todos os outros sofrem o juízo de Deus - pois toda a humanidade havia se corrompido, todos estavam cheios de violência e, por isso, Deus não poupou a ninguém, exceto Noé e sua família. Portanto, o arco-íris é um símbolo associado ao juízo de Deus sobre uma humanidade pecadora, porém também aponta para Sua bondade e graça - logo, não tem nada a ver com bandeiras, nem bottons, nem diversidades e afins. Aceite isto - molduras boas, mesmo coloridas e brilhantes, não salvam quadros ruins; novas nomenclaturas "socialmente aceitáveis" não fazem pecados se tornarem virtudes. 


Eu sei que este texto pode não ter sido tão agradável quanto os demais.

Na verdade, não tenho a intenção de ser "agradável", mas sim de ser verdadeiro - acredito que a verdade é, por si mesma, a única coisa que de fato confere graça - e, por isso, sei que isso pode me custar algumas coisas. 

No entanto, meu convite ao leitor é que repense seus conceitos - sejam de autojustificação diante de Deus por meio de uma religiosidade vazia e insensata ou mesmo de distorção daquilo que Deus disse. Deus deseja salvar pecadores - Ele veio para eles, para os doentes, para os que sabem que não podem nada de si mesmos -, mas enquanto os pecadores se acharem "justos" ou "justificáveis" a seus próprios olhos, Deus os resistirá. Ele se opõe aos orgulhosos, mas dá graça aos humildes

Abandone seus conceitos egoístas.

Renuncie a toda justiça própria.

Não pense que Deus é manipulável, ou que Ele toma a forma da cultura ao bel-prazer de quem assim o quer.


No fim das contas, nenhum homem pode escapar de Deus - seja aquele que se renderá voluntariamente a Ele e, assim, desfrutará da vida eterna, seja aquele que fará de conta que Ele não existe ou viverá em rebeldia expressa contra Ele -, pois todos nós estaremos diante Dele [seja no céu em alegria infinita e perpétua, seja no inferno em face de Seu furor, sob sofrimento eterno e sem qualquer alívio]. 

Ora, renda-se a Ele, olhe para Cristo e creia nEle, pois apenas Ele pode tornar um quadro ruim numa bela obra de arte, pois a Sua graça é que nos faz aptos "...para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas" [Efésios 2, vs. 10].





Pela certeza de que Ele todo dia restaura o meu ser,




Soli Deo Gloria!

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