Estou
de volta mas, contradizendo o contexto desses últimos dias, não pretendo
enfatizar o Natal neste texto. Acredito que mudar um pouco de foco pode ser
mais válido para a leitura de quem passar por aqui. Logo, vamos “seguir o
bonde”.
Sendo
explícito e direto, eu tenho refletido sobre duas canções da MPB (uma delas dos
anos 60-70 e outra mais recente, do ano de 2005) cujos versos se completam,
como segue:
“Além
do horizonte deve ter algum lugar bonito pra viver em paz...” [Além do
horizonte – Roberto Carlos e Erasmo Carlos]
“A
gente quer ver o horizonte distante...” [Horizonte distante – Los Hermanos]
Horizonte.
Eis
uma palavra que me remete coisas boas. Ora, visto que morei durante um bom
tempo no sertão nordestino e hoje moro numa cidade litorânea, sempre fui
privilegiado por visões bucólicas do horizonte. A cada nascer do sol ou fim de
tarde, ele estava ali à minha frente – colorido e terno, intrigante e belo.
Sim, contemplar o horizonte (ainda que esteja distante) me fez e me faz
bem. Além disso, desde criança ouvi a
respeito de lendas ou fábulas sobre “lugares além do horizonte” – como, por
exemplo, o chamado “Eldorado” – e fantasiava ao imaginar onde seria o “além do
horizonte” e como eu poderia chegar lá. Hoje, talvez, a passagem secreta para
esse “lugar” esteja por algum guarda-roupa mágico ou através de um jogar de
dados num tabuleiro esquisito. Bem, a imaginação é livre e cada um imagina como
achar mais divertido.
Por
outro lado, todo esse interesse do ser humano em “locais imaginários” ou
“cidades ideais” reflete, no fim das contas, uma busca pela felicidade e certa
esperança de que haverá um tempo de paz e alívio, ratificando a realidade de
que temos alguma impressão ou traço de eternidade em nossa natureza ou
consciência. Isto é, conforme disse certo sábio, “Deus pôs o senso de
eternidade no coração do homem...” e, por causa disso, ouso afirmar que
enquanto não há o reconhecimento de que existe eternidade e que, quer isso faça
sentido para nós ou não, em algum momento estaremos “além” de algum horizonte –
seja bom, seja mau.
A
gente quer ver o horizonte distante.
Eu não sei exatamente qual é essa
distância – mas a frase mostra o anseio do poeta por contemplar esse “horizonte
distante”. Na mesma letra, ele também diz: “só o amor é luz e há de estar aqui
até alto e amanhã...”.
Só
o amor é luz.
Sem
intenção, o escritor reitera numa mesma frase aquilo que já estava escrito há
muito tempo, pois o apóstolo João em uma de suas cartas escreveu que “Deus é
luz” bem como que “Deus é amor”. Resumindo, Deus é em Si mesmo (e ao mesmo
tempo) Amor e Luz – ou seja, Ele é perfeitamente bom e gracioso e Nele não há
engano ou trevas. Nesse sentido, aquele que conhece e reconhece Deus em sua
jornada experimenta o Seu amor e é iluminado por Ele. Logo, ao sermos tomados
por essa Luz, podemos saber quem de fato somos na medida em que se clareia
diante de nós quem Ele é.
O
amor há de estar aqui até alto e amanhã.
Aqui
onde? Podemos pensar em várias hipóteses, mas, provavelmente, esse “aqui” onde
o amor estará “até alto e amanhã” é em algum lugar “além de um horizonte
distante”. Sem papas na língua, se existe algum lugar bonito pra viver em paz
além do horizonte, lá deve haver amor hoje, amanhã e também depois de amanhã.
Não pode haver paz nem beleza se não houver amor, pois toda beleza e paz
verdadeiras são provenientes da mesma Fonte – Deus, que é Amor. Bem, se existe
esse lugar bonito, onde se vive em paz e o amor é permanente, a questão é se
nós estaremos lá ou não – ora, não basta saber que tudo isso existe e não estar
lá quando passarmos para o outro lado do horizonte da vida.
A
vida que experimentamos hoje pode acabar num piscar de olhos para qualquer um
de nós. Desse modo, aproveito e cito novamente o apóstolo João, que registrou
as seguintes palavras de Jesus Cristo:
Na
casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu teria dito a vocês:
vou preparar-lhes lugar. E, se eu for e lhes preparar lugar, virei outra vez e
os levarei para mim mesmo para que, onde eu estiver, vocês estejam também.
[Evangelho segundo João, cap. 14, vs. 2-3]
As
Escrituras afirmam que na “casa do Pai” [uma figura do céu] há muitas moradas,
o que nos indica que o “lugar bonito pra viver em paz” é exatamente onde Deus
está. Além disso, Jesus disse que Ele mesmo virá até nós e nos levará para Ele,
pois Seu desejo é que estejamos onde Ele estiver. No entanto, como Ele mesmo
disse logo antes de falar das “muitas moradas”, é necessário crer Nele para ter
a esperança de estar com Ele “além do horizonte” da vida de agora. Existe um
“Reino” pronto desde a criação do mundo para quem de fato ama a Deus e confia
inteiramente Nele.
Finalmente,
em outro momento, Jesus declara que no futuro Ele convidará muitos para
desfrutarem desse Reino e sentenciará muitos outros à condição de permanecerem
eternamente afastados de lá. Traduzindo – “além do horizonte” da vida existe
tanto o “lugar de paz e beleza” [céu] quanto o “lugar de tormento e tristeza”
[inferno]. Sabendo-se que todos nós, por sermos pecadores por natureza, estamos
naturalmente andando na direção do inferno, o imperativo de Deus é que “todos
os homens, em todo lugar, se arrependam, porque um dia o mundo será julgado com
justiça por meio Daquele que ressuscitou dos mortos”.
Deus
julgará o mundo com justiça por meio de Seu Filho, Jesus Cristo. Eu, você e
todos os demais homens estão incluídos nesse julgamento. Porém, a justiça
aplicada não será a mesma para todos, pois alguns serão agraciados com a
eternidade sem dor e de plena alegria na presença de Deus e outros serão
condenados de forma justa a uma eternidade de sofrimento fora da presença
amorosa de Deus. Se você não tem certeza de qual lugar “além do horizonte” te
espera no futuro, reconheça o amor de Deus demonstrado na morte de Cristo para
perdoar os seus pecados e tenha a viva esperança de estar um dia onde Ele
estiver.
E
aí, qual horizonte te espera?
Pela
alegria de saber que um Belo Horizonte me espera,
Soli Deo Gloria!
Super texto! Pra mim, falou e representou o natal. Até porque o natal significa a vinda de Jesus à Terra (Visto que Cristo não nasceu nesse dia) em oposição ao finado dia do deus Sol, que é algo nem um pouco próximo em honra e longevidade a Jesus. Afinal, além do horizonte, eu não vou precisar de sol, mas Deus a tudo iluminará (Ap 22:5). E Jesus veio pra podermos passar o horizonte com Ele, logo você não só falou, como representou muito bem o natal, grande rabi! Um abraço!
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