quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Serenidade de setembro...

Entramos em setembro.

Depois do meu último desabafo, espero ser mais sereno neste post - entretanto, não posso afirmar que serei; só o próprio post dirá.


Setembro é um mês que, desde 2001, é lembrado por todos em todo o mundo devido ao ataque terrorista às chamadas "torres gêmeas" do World Trade Center (WTC) em NY, nos Estados Unidos. Ontem completou-se 12 anos do episódio que parou o mundo no início do século XXI - aulas suspensas nas escolas e universidades, turbulência econômica, a incerteza quanto à segurança dos chamados "povos ocidentais" e, finalmente, as milhares de vidas ceifadas naquela manhã de 11 de setembro. Me lembro de chegar em casa do colégio e ver o exato momento em que a Torre Sul foi atingida - não entendi nada de início, mas depois uma mistura de sentimentos surgiram dentro de minha mente: euforia e susto, medo e até mesmo admiração pela engenhosidade dos autores de tamanha façanha contra a maior potência do mundo


Além disso, nessa última segunda-feira dia 09 levo outro susto - ao ligar a TV antes de ir para a faculdade, vejo a notícia da morte do Champignon, ex-baixista da banda Charlie Brown Jr., banda que somente neste ano já havia perdido dois de seus integrantes, dentre eles o seu vocalista e líder, o famoso Chorão. Curiosamente, após a morte do Chorão, Champignon havia comentado numa entrevista que uma provável explicação para a overdose de seu companheiro de palcos era a perda da fé e, como resultado, a perda do sentido de viver. Ironicamente, talvez o próprio Champignon se tornou a nova vítima dessa "perda de fé" e falta de sentido pra vida e deu fim a tudo com um tiro em si mesmo. Mesmo assim, alguns sem compaixão apenas condenam e dizem: "...olha só a vida que levavam, o fim era esse mesmo...". Triste - tanto a morte em si quanto a frieza daqueles que não sentem mais as dores do outro. 


Fazendo um paralelo entre as duas situações trágicas citadas, poderia ousar dizer que existem alguns tipos de "terrorismo". Nesse sentido, posso destacar o "terrorismo convencional", o qual é explorado e "sensacionalizado" pela mídia e que envolve organizações terroristas e seus ataques com homens-bomba a estações de metrô, a escolas e a instituições financeiras, por exemplo... Por outro lado, posso mencionar o que seria um tipo de "autoterrorismo" - isto é, aquele em que pessoas em suas buscas por algo (ou fugas, muitas vezes), fatalmente fazem mal a si mesmas, mal que às vezes é irreversível. Ver a situação das mortes de 3 músicos de uma mesma banda em menos de 7 meses me inquieta - pois eles fizeram sucesso [e ainda fazem], influenciaram a minha geração com sua arte, seus versos e suas músicas e, por isso, tinham muitos motivos para aproveitarem a vida da melhor maneira... Mas não. Talvez faltou uma certa "serenidade", a qual nada do que eles buscaram poderia dar a eles (agora, no entanto, já é tarde demais) e talvez ainda falte mais amor dentro daqueles que ficam olhando as notícias na TV e na internet com frieza diante da ruína e da crise existencial dos que o cercam. 

Por isso, me lembrei esses dias de uma canção da Legião Urbana, que diz:

"O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe...
Não entendo o terrorismo, falávamos de amizade..." [Sereníssima, V - 1991]


Serenidade.

Ao pensar nesta palavra, não estou falando de apatia ou inércia - pelo contrário, apatia é apatia e inércia é a 1ª Lei de Newton; isso nada tem a ver com serenidade. Serenidade me faz pensar em paz em meio às guerras do dia-a-dia. Serenidade implica entusiasmo e otimismo, apesar da consciência de que nem tudo pode sair como planejado. Serenidade é como diz a própria música: "...consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade..." - é como estar imerso nas loucuras da vida real e sendo ao mesmo tempo autor de algumas delas e, ainda assim, permanecer firme. A corda se move, o caminhante oscila de um lado pro outro mas... Algo não o deixa cair. Mais do que isso: o caminhante da corda-bamba sabe o que é que o sustenta. E, nessa certeza de que é possível ficar de pé a despeito das oscilações e vacilos, se prossegue no caminho. 


O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe.

Todo mundo sabe - inclusive eu e você - que nós, seres humanos, somos carentes de algo que nos dê alguma razão de ser ou existir. Mas, ao estarmos tão acostumados com nossas próprias vidas egocêntricas, nem percebemos mais que muitos dos que estão perto de nós todos os dias - no ônibus, na sala de aula, no trabalho, nos grupos sociais, na igreja etc. - possivelmente não tenham encontrado ainda o que pode satisfazer essa carência. Por mais que pessoas egoístas e indiferentes aos outros sempre tenham existido [desde que o mundo é mundo como o conhecemos hoje], acredito que ultimamente as coisas pioraram. Pessoalmente, acho que em tempos passados "falávamos de amizade" (melhor, vivíamos a amizade) mais do que falamos/vivemos hoje - a era em que amigos são aqueles que estão na sua lista do Facebook ou do seu Skype. 

Está faltando amor. 
Está faltando contato ao vivo e a cores. 

É preciso sair um pouco das "redes sociais" e ser social, ser humano - ora, quanto mais somos "humanos" no bom sentido da palavra, mais refletiremos sinais da imagem divina colocada pelo próprio Criador e, assim, talvez aqueles que nos cercam venham encontrar no Criador o que eles desesperadamente precisam: a razão de ser e existir.


Finalmente, pensar sobre serenidade me lembra um episódio da vida de Jesus, quando ele e seus discípulos estavam num barco em alto mar durante uma tempestade. Todos os discípulos ficaram amedrontados e Jesus estava dormindo o tempo todo. Ao ser acordado por eles, Jesus acalma a tempestade e diz a todos: "...Porque vocês são assim covardes? Vocês ainda não têm fé?..." [Evangelho segundo Marcos, cap. 4, vs. 40]. Fé. 

Provavelmente, não existe verdadeira serenidade se não houver fé. Porém, a questão não é apenas ter fé, mas onde essa fé é colocada. Depois das palavras duras de Jesus, o relato mostra que eles ficaram atemorizados e diziam uns aos outros: "...quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?..." [Marcos 4:41]. Essa experiência diante de algo que estava fora do controle deles fez eles notarem em quem a fé deles deveria estar posta, pois ninguém tem poder sobre a criação a não ser o criador dela. Jesus estava mostrando a eles que Ele mesmo era o Deus da criação e, dessa forma, era digno de toda confiança. Logo, tendo essa confiança segura, eles podiam permanecer serenos e em paz, abandonando a covardia.


Se você chegou a este blog e, por algum motivo, está "perdendo a fé" assim como pode ter acontecido com os músicos da Charlie Brown Jr., não seja um "terrorista" contra si mesmo - nem mesmo contra outro, caso ele esteja também perdendo a fé na vida. Reflita sobre o fato de Jesus ter poder sobre aquilo que está fora de seu controle - seu futuro, seus problemas sem solução e, acima de tudo, você mesmo. Não existe tempestade mais incontrolável do que aquela formada pelos pecados que cometemos a todo momento e, como não podemos deixar de ser pecadores por nós mesmos, precisamos de alguém que não apenas "acalme" a situação, mas sim dê um fim nela. A Bíblia diz que Jesus se manifestou para tirar os nossos pecados - isto é, remoção total, perdão absoluto, redenção completa e efetiva. Acredite na sua demonstração de amor na cruz para tirar os seus pecados, assim como para tirar os meus também. 

Se você entendeu isso e colocou sua fé Nele, fale para alguém que você conhece fazer o mesmo. Não seja um "terrorista", mas "fale da amizade" que pode mudar a vida de qualquer um de uma vez por todas - a amizade com o Eterno, com Aquele que acalma todas as tempestades da vida e que, acima de tudo, tem poder para perdoar nossos pecados, dando um ponto final ao lançar todos eles pra bem longe de todo aquele que Nele acredita. Ora, "sereno é quem tem a paz de estar em par com Deus". 




Pela serenidade de estar em paz com Ele,




Soli Deo Gloria!

Um comentário:

  1. Precisamos voltar a vida, a não abstrata vida, aquela que se encontra fora das redes sociais virtuais. "O mito da caverna" está novamente mostrando seus personagens aprisionados em meio as sombras do seu mundo sem luz.

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