Embora, ó Deus, eu não seja poeta
- E, muito menos, um profeta -,
A Ti ouso dirigir estas palavras
Que, desprovidas da apropriada erudição,
Talvez nem devessem ser publicadas.
Contudo, consciente do que me é devido,
Arrisco-me a registrá-las nesta imprecação,
A qual, advinda de santa indignação,
Possa ser útil aos angustiados e contritos .
Sê servido, pois, em usares tais "linhas mal traçadas"
E, assim, o "vento não as levará embora".
Com mais um ano chegando ao seu final
- Do qual muitos podem se declarar "sobreviventes" -,
Somos cercados, repentina e simultaneamente,
Pela curiosa e famigerada "magia do Natal".
Das cidades iluminadas, confraternizações e presentes,
Às viagens, decorações e ritos religiosos,
São todos emblemas de nossos grandes anseios,
Os quais não podem ser, por nós mesmos, satisfeitos,
Visto que expressam uma realidade sobrenatural.
Infelizes, portanto, são aqueles cujos olhos
Estão apenas no que é fugaz e transitório,
De forma que ignoram o "maior dos paradoxos",
No qual "Aquele que os céus não podem conter"
Fez-se "contido" sob a terna forma de um bebê.
Tal mistério é, na verdade, história bem antiga,
Cujo enredo foi, passo a passo, revelado
Em figuras, símbolos, oráculos e profecias
Até que o "caminho reto" fosse, enfim, preparado.
Para isso um precursor havia de ser enviado,
A fim de converter os corações desobedientes,
Os quais, assim, seriam conduzidos à sabedoria
Que, encarnada, em breve se manifestaria.
Nascida, então, a "Voz que clamaria no deserto",
Ouviu-se o louvor de quem estivera mudo,
Em cujas palavras a "velha esperança" foi cantada -
Lá do alto, o "Sol Nascente" nos visitaria.
Bendito, pois, seja Aquele que assim prometera
E, em Sua fidelidade, cumpriria a Sua palavra.
O Redentor prometido havia, enfim, chegado -
Nascido de uma virgem, sob a vigência da Lei divina,
Com o fim de salvar aos que debaixo dela estavam
Para que, por livre graça, fossem por Deus adotados.
Seu nascimento, pois, tinha em vista a Sua morte,
A qual seria revertida por triunfante ressurreição
E, após subir ao céus para estar à destra de Seu Pai,
Hoje aguarda o dia em que subjugará Seus inimigos
Uma vez que a Ele foi dado todo o juízo.
Logo, o Natal traz tanto "a melhor das boas notícias"
Quanto "a mais implacável de todas as sentenças",
Pois o Menino-Deus, o Verbo Encarnado,
Seria causa de exaltação e de abatimento,
Assim como um "sinal de contradição" para Seu povo
Para que dos corações fossem manifestos os pensamentos.
Até quando, todavia, teremos de esperar pelo momento
Em que todo o mal será, finalmente, vencido,
Visto que os soberbos caminham por toda a parte
Na medida em que a vileza entre nós é elogiada?
O salário dos pobres é retido com fraude
E criminosos são "eleitos" para governar nações;
Invasores bárbaros são chamados de "refugiados"
E assassinar bebês se tornou "questão de saúde pública";
Uma sanha genocida é alardeada como "resistência"
E a extinção de uma etnia virou "reparação histórica".
Mas que tipo de "reparo" causa tão-somente miséria?
Como um "direito reprodutivo" interrompe uma vida?
Quem "faz resistência" através do terror e do extermínio?
E que democracia pode ser preservada por bandidos cínicos?
Atenta, ó Deus, para o nosso estado de humilhação
Como fizeste outrora, nos dias acima mencionados,
Para que cantemos o Teu amor firme e fiel,
O qual durará para sempre, por dias infindos.
De que "cada dia a mais é um dia a menos"
Para os malfeitores e suas "artimanhas",
Pois aquele que conhece o Teu Santo Livro
Sabe que, no fim, "tudo vai terminar bem".
Contudo, ó Senhor Deus dos indignados,
Não tardes em consumar os Teus desígnios,
Para a perpétua felicidade de Teus filhos
E a devida justiça contra todos os impenitentes.
Assim, que as luzes de Natal em nossas cidades
Sejam um alento em meio ao "faroeste caboclo"
Que, passo a passo, se faz mais "onipresente"
A tal ponto que "fotografias em família"
Podem se transformar em "atestados de óbito".
Que o brilho delas, pois, nos remeta à Verdadeira Luz
Que, ao vir ao mundo, a todo homem ilumina,
Para que, assim, conheçamos os caminhos da vida.
Não permitas, igualmente, ó Doador de todo bem,
Que sejamos enredados pelos "feitiços de Mamom"
E, assim, distraídos pelo consumismo e "glamour",
Nos esqueçamos da Dádiva que Tu dás (e és),
Substituindo-Te pelo que é vazio e inútil.
Ao contrário, ensina-nos que os "presentes trocados"
São "vislumbres" Daquele que por Ti nos foi dado,
Como prova inequívoca de um amor sem medida
Do qual nenhum dos Teus poderá ser separado.
Assim, dos centros comerciais bem enfeitados
Aos icônicos "mercados de Natal" europeus
- Agora profanados por "inimigos de Cristo"
E até atacados por terroristas cruéis e assassinos -,
Sejam eles holofotes para o Deus que se fez homem,
Para que estes sejam a Deus reconduzidos.
Como as sentinelas aguardam pelo romper da manhã,
Uma vez que "a noite vai alta e o dia já vem"
Clareando, cuja luz dissipa as trevas ainda restantes
Até que nenhuma sombra de morte, enfim, se ache.
Por isso Te invocamos, ó Sabedoria Eterna,
Para que por Ti sejamos libertados da ignorância
E aprendamos o caminho da prudência;
Senhor e Guia nosso, que outrora Te revelaste com poder,
Manifesta-Te, neste tempo, em nosso favor
E, assim, seremos resgatados com braço forte;
Tu, que estás erguido como Estandarte dos povos,
Faze calar os soberbos que contra Ti se levantam
E não demores em salvar os que em Ti confiam;
A Ti, que tens a Chave e o Cetro nas mãos,
Suplicamos: redime da prisão os que são cativos,
Pois para isso foste, por Deus, ungido;
Ó Estrela do Nascente, cujo brilho ofusca o sol,
Resplandece a Tua face sorridente sobre nós
Para que todos os que Te virem sejam salvos;
Rei das nações, por Quem todos os homens anseiam,
Reúne Teus escolhidos em uma nova humanidade
E salva aqueles que, um dia, do pó da terra formaste.
Vem, pois, ó Emanuel,
Que és verdadeiro Homem e verdadeiro Deus,
E assumiste, em humilhação, a nossa natureza,
Para nunca mais deixar de ser como um de nós -
Vem outra vez e habita em nosso meio,
Pois assim nos prometeste em Tua eterna aliança,
A fim de que todas as lágrimas sejam enxugadas
E toda justa vingança seja por Ti executada.
Tu nos estenderás o Teu amor e a Tua salvação,
Pois és o nosso Rei, Legislador e Juiz,
Esperança de Israel e de todos os gentios
De modo que todos os povos Te louvarão.
Tomarás, ao fim, a primazia que só a Ti é devida,
Pois o Natal - bem como todas as coisas - são Tuas,
Para que por todos os homens sejas temido
E os Teus filhos dispersos sejam, finalmente, reunidos
Para a glória e louvor de Teu Amado Filho.
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