quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Sobre lembrar de não se esquecer...

Mais uma vez, estou aqui.

No entanto, dessa vez, novamente estarei escrevendo sobre algumas impressões dos últimos dias - assim como no penúltimo texto publicado aqui, embora tenham sido menos dias que aqueles anteriores -, de forma que o post será mais descritivo, ainda que inclua algumas reflexões breves sobre o assunto.

Logo, é hora de olhar para o teclado do computador e "caminhar" com as mãos por ele.


Primeiramente, o título desse texto remonta a um pequeno trecho/verso de uma de minhas canções favoritas de toda a vida - a música "Vou me lembrar", da Banda Resgate. Todavia, não falarei exatamente sobre a canção em si, mas sobre algumas coisas das quais eu "devo me lembrar de não me esquecer"

Lembrar de não se esquecer.

Antes de falar sobre os acontecimentos em si, é pertinente ressaltar que nós, pessoas do século XXI, fazemos parte de uma geração na qual a informação [e também a desinformação, por assim dizer] é produzida e transmitida quase que em tempo real - muitas, muitas informações, a toda hora, a todo minuto - e, por isso, estamos sem tempo de assimilar tudo que recebemos e, obviamente, desaprendemos gradativamente a refletir e meditar sobre o que lemos, ouvimos e vemos. De certo modo, a multiplicação de todas essas coisas estão exercendo um efeito ruim sobre nós, visto que não paramos mais para pensar e avaliar o que nos cerca e que é comunicado a nós e, portanto, a cada conjunto de novas "informações" [ou "desinformações"] que recebemos, tendemos a ser "levados com a correnteza" sem perceber que estamos sendo tragados por ela - em outras palavras, "quando todos estão pensando da mesma forma, é sinal de que ninguém está pensando". Nesse contexto, estamos dentre aqueles que não apenas se esqueceram do que comeram ontem, mas não se lembram mais dos bons valores dados pelos pais, dos bons conselhos de amigos verdadeiros e, especialmente, de quem somos e para que [ou quem] vivemos - ou deveríamos viver


A esse respeito, vale a pena relatar minha última experiência dentro de meu círculo social universitário - no último feriado, eu e mais cerca de 60-70 estudantes participantes do Movimento Estudantil Alfa e Ômega [ou Vida Estudiantil na LAC, ou Agape na Europa etc.] nos reunimos para um "acampamento", cuja temática era "Sem Perder o Rumo". Lá estávamos nós - pessoas diferentes, de contextos familiares, sociais e econômicos diferentes [até mesmo morando em países diferentes, pois havia um "italiano" entre nós] buscando saber ou trazer de volta à memória qual é esse "rumo" do qual não devemos nos perder ou, caso já estivéssemos meio "perdidos do rumo", como voltar a ele o quanto antes. 

Por tudo isso, a primeira coisa a se pensar é: Rumo? Que, como e onde? 

Numa realidade como a nossa, tão intoxicada pela ideia de que "tudo é relativo" e na qual "a 'sua verdade' é a 'sua verdade' e a 'minha verdade' é a 'minha verdade'", falar de um "rumo" a se seguir - como se não houvesse outros "rumos" igualmente válidos - soa intolerante e retrógrado. Mas é isso mesmo que você leu - tudo começa com a constatação de que só existe Um rumo, como diz certa canção da Banda Crombie:

"Um é o Caminho que sigo
Uma Verdade vivida
Uma morte é preciso mas a vida é infinda..." [Um, Crombie]



Ou, sendo ainda mais implacável, usarei as palavras de um certo Mestre:

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. [Jesus Cristo, conforme João 14, vs. 6]

De certa maneira, cada um de nós é responsável pelos "rumos" que seguimos ao longo da vida, mas é totalmente leviano e desonesto dizer que todos os rumos [quando estes são absolutamente diferentes entre si] levam ao mesmo lugar ou, como se ouve por aí, "todos os caminhos levam a Deus"... Não levam não, amiguinho - o Único Caminho seguro para Deus é Jesus Cristo, pois enquanto todos os outros ícones espirituais "apontam caminhos" para que os homens sigam, Jesus fez o que ninguém fez: Ele apontou para Si mesmo, Ele disse SER o Caminho. Portanto, enquanto o rumo que estamos seguindo na vida não for esse - ou seja, enquanto não irmos em direção ao Filho de Deus -, estaremos "como ovelhas sem pastor" e "desamparados e sem rumo" [Mateus 9, vs. 36], vivendo "conforme o curso natural da vida" e sendo "escravos de nossas próprias imaginações vãs" [Efésios 2, vs. 2] enquanto acreditamos ser livresNesse sentido, esses dias de acampamento me fizeram "lembrar de não me esquecer" da razão pela qual eu fui feito e, sobretudo, de Quem me fez, uma vez que está escrito que "Ele nos criou para a Sua glória" [Isaías 43, vs. 7], de modo que "...tudo o que eu fizer, deve ser feito para a Sua glória" [1 Coríntios 10, vs. 31]

No entanto, não basta saber o rumo a se seguir, é preciso saber como seguir esse rumo.


Ora, estamos falando de Deus - Ele não é nosso "coleguinha" da faculdade, nem o nosso pai ou mãe e nem mesmo pode ser equiparado com qualquer ser humano nobre, uma vez que Ele mesmo diz: "...a quem pois vocês me compararão, para que Eu lhe seja semelhante? Diz Aquele que é Santo" [Isaías 40, vs. 25] - e, por isso, o conselho é que devemos viver "de modo digno da vocação com que fomos chamados" [Efésios 4, vs. 1], "como Cristo andou" [1 João 2, vs. 6], "de modo sóbrio, justo e piedoso" [Tito 2, vs. 12] e "como servos de Deus" [2 Pedro 2, vs. 16]. 

Em suma, embora Ele também tenha nos chamado à liberdade - de forma que não mais nos colocamos debaixo de jugo de escravidão [Gálatas 5, vs. 1] e nos desvencilhamos de toda tradição humana, uma vez que essas coisas perecem e são totalmente incapazes de refrear nossas más inclinações [Colossenses 2, vs. 20-23] -, essa liberdade deve ser usada corretamente. Trazendo para o contexto citado, o convívio com pessoas diferentes me ajudou muito a me "lembrar de não esquecer" de que, assim como a minha liberdade não deve ser julgada pela consciência do outro e que eu não devo ser criticado por algo que faço para a glória de Deus [ainda que a pessoa não "goste" disso], eu também devo saber lidar com essas diferenças e não agradar a mim mesmo, e sim buscar o bem do outro. Ora, a graça de Deus é "multiforme" e, por isso, não sou eu - e nem ninguém - quem determina como e onde ela se manifesta, senão Ele mesmo ou, como disse A. W. Tozer: "Coisa terrível é a ideia de que os homens podem servir a Deus do jeito deles". 


Em último lugar, algo de que fui "relembrado de não esquecer" foi sobre o que deve me mover a continuar no "rumo" - pois não é o bastante saber qual rumo seguir nem como colocar isso em prática, mas o motivo pelo qual devo seguir. E, quando o assunto é Deus, somente três coisas "permanecem", mas uma delas é maior que as outras duas - o amor. Mas... espere um pouco: não pense que quando falo de amor estou me referindo a toda essa parafernalha pós-moderna, onde "tudo" é chamado de amor - mais uma vez, "boas intenções" ou novas "construções sociais" não fazem pecados se tornarem virtudes -, porém falo do amor do próprio Deus, que é Amor [1 João 4, vs. 8b]. E, nesse caso, eu direi algo que irá talvez transtornar a sua mente: a Bíblia afirma que "Deus é amor", correto? Contudo, por que Deus é amor? O que faz com que Deus seja amor em Sua essência? 

Você pode estar dizendo aí do outro lado da tela: Deus é amor porque Ele me ama! 
NÃO. Não é por isso. 

A resposta da pergunta é: Deus é amor porque Ele ama a Si mesmo antes e acima de qualquer outra coisa em todo o universo, pois se Deus amasse outra coisa mais do que a Si mesmo - visto que Deus é o Ser mais excelente que existe e, por isso, é o único digno de glória e adoração -, Ele seria um idólatra e isso é inaceitável. Além disso, o fato de Deus amar a Si mesmo antes e acima de tudo mostra que Ele é um ser eternamente feliz e, por isso, apenas quando o ser humano está unido a Ele é que é possível desfrutar de genuína felicidade. Quanto a isso, está escrito que o Pai ama o Filho desde "antes da criação do mundo" [João 17, vs. 24] e que o Filho desfrutava da glória do Pai "antes que o mundo existisse" [João 17, vs. 5]. 


Finalmente, Deus não apenas permaneceu em total felicidade em Si mesmo [Pai, Filho e Espírito Santo], mas Ele provou [e ainda prova] o Seu amor por nós por ter enviado Seu Filho pra morrer por nós, o Justo pelos injustos, o Santo pelos pecadores, o Amado pelos desprezíveis, o Belo pelos repugnantes - e aí está a última lição: visto que Deus me amou dessa maneira, eu também devo amar ao próximo [1 João 4, vs. 11] e, ao amar a meu próximo, eu devo fazer com que ele também conheça esse Amor profundo, esse Amor que salva, seja no meu campus, seja em algum lugar do Brasil ou da América Latina, seja no Caribe ou África, seja na Europa [=D] ou em qualquer outro lugar, para que aqueles que me cercam também sejam levados a amar a Deus como Ele merece ser amado, como disse o John Piper:

"Missões existe porque a adoração não existe" - ou seja, a razão principal para se compartilhar sobre Cristo não é "contabilizar pessoas salvas" nem mesmo levar as pessoas a conhecerem a Cristo para se livrarem do inferno, mas sim proclamar a glória de Deus diante delas para que elas, por meio de Cristo, sejam reconciliadas com Deus e, assim, também vivam para a glória do Seu Criador e Salvador


Enfim, em meio a manhãs de oração, música e reflexões interessantes, momentos de aprendizado, muita diversão e talentos revelados, novas e preciosas amizades, oração por sonhos missionários [So1o Europe!], oportunidade de transmitir conhecimento e o resgate de momentos "inolvidables" [Solo Uno, Solo Uno!!!!], resta-me apenas pedir a Deus que me mantenha "no rumo" ou, em outros termos, que me faça permanecer Nele, para que eu dê muito fruto e o Pai seja glorificado. 





Pela alegria de ir "sem perder o rumo",




Soli Deo Gloria!

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