sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Com a terra que sujou a calça...

De volta, aqui estou novamente.

Dessa vez quero ser mais breve no texto, embora os últimos dias desse mês de agosto (que ainda não acabou, pra variar) tenham sido repletos de experiências novas e marcantes - experiências que me moveram a escrever esse post. Logo, vamos em frente. 


O título desse texto está baseado numa canção da banda Crombie, que diz em certo lugar:

"Muitos sonhos por realizar
Mas ainda temos pouca idade
Com a terra que sujou a calça, vivemos sem vaidade..." [Crombie - Sem Vaidade]

Muitos sonhos por realizar.


Nesse sentido, acredito que [talvez] a fase da juventude (depois da infância) seja o momento da vida em que os sonhos ainda estejam surgindo a todo vapor - sonhamos com o curso superior de maior aptidão, depois com a carreira profissional, em seguida com um relacionamento estável e, com base nessas coisas e em outras, almejamos a realização pessoal. Porém, nem sempre todos os desejos e aspirações se concretizam e, exatamente por esses "imprevistos", muitas vezes, muitos sonhos permanecem "por realizar"

Por outro lado, certos sonhos acabam se realizando, ainda que tenhamos "pouca idade" (não é mesmo Andressa? rs) e, ao longo da longa jornada da rotina, a materialização desses anseios aos quais me refiro conferem (ou ratificam) o real sentido dessa existência - sentido esse que começa fora de mim mas, curiosamente, se manifesta em mim e, ao mesmo tempo, passa por mim para alcançar o outro ao meu redor, devendo finalmente retornar à Fonte de onde veio. Compartilhar. Doar-se. Subverter o mal com a Verdade. Viver a Eternidade no dia-a-dia. Missão. Jesus Cristo


Com a terra que sujou a calça.

De fato, tenho aprendido e me certificado que o poeta Renato Russo estava certo quando afirmou que "são as pequenas coisas que valem mais". Num mundo em que a busca insaciável e incessante da maioria dos seres humanos é pelas coisas "grandiosas" e "cheias de glamour", eu até gosto de viver "na contramão", mesmo que isso "soe bem estranho". Por exemplo, pegar uma van nas primeiras horas da manhã de um sábado na companhia de amigos a fim de passar uma semana (de férias para alguns ou [forçadamente] de perda de trabalho para outros) a fim de parar no meio de uma rodovia federal tão-somente para trazer esperança e levar amor a pessoas nunca vistas antes - não uma esperança perecível ou um amor passageiro, mas uma Esperança que salta os muros da efemeridade e um Amor que furiosamente persevera e permanece vivo - é o tipo de coisa que faz minha vida valer a pena. Como se atribui a Leonardo da Vinci: a simplicidade é o grau mais elevado de sofisticação.


Na prática, muita coisa aconteceu: visitas a locais carentes, trabalhos sociais, algumas conversas intrigantes com gente desiludida e outras desafiadoras com gente pretensiosa, andanças por escolas, bate-papos em esquinas e/ou feiras populares e promoção de cultura e arte. Muitos talvez se impressionem com essa lista de atividades, mas para mim todas essas coisas só têm algum valor por causa da "Inspiração" que me levou (assim como a meus amigos) a ser parte disso - "Inspiração" essa que é também o alvo principal e final do que foi feito. Sendo claro: Deus, que é Amor e que é Esperança, é a causa de todas essas coisas e, se existe algo digno de receber mérito, esse algo é Ele. Ora, quando se fala de missão, me lembro de certo poema hebraico que diz:

Cantem ao Senhor e bendigam o Seu nome; anunciem a Sua salvação de dia em dia.
Anunciem entre as nações a Sua glória, e entre todos os povos as suas maravilhas.
Porque grande é o Senhor, e digno de todo o louvor; mais temível que todos os deuses.
Porque todos os deuses das nações são vaidade; mas o Senhor fez os céus. 
[Salmo 96:2-5]


O compositor desse cântico é claro: a glória de Deus deve ser anunciada a todas as nações e todos os feitos Dele devem ser tornados conhecidos entre os povos - simplesmente porque Ele é grande, digno de ser louvado e mais temível do que todos os outros "deuses". Simples assim.

Ou seja - todas as vezes em que a "terra sujou a nossa calça", a cada passo dado no chão desse sertão [que é maior que o mundo, como dizia João Guimarães Rosa], o que deve ficar na mente de cada um de nós é que somos "peregrinos em terra estranha" e andarilhos rumo a uma pátria diferente. Quem deixa a terra sujar a calça tem que viver "sem vaidade" - isto é, não deve se deixar levar pelos "deuses das nações" (ou mesmo pelos ídolos do seu próprio coração) e reconhecer que tudo aquilo que pode fazer vem de Deus, é feito por meio Dele e é para Ele. Dele viemos, Nele vivemos e para Ele seremos conduzidos, se formos parte do reino Dele


Vivemos sem vaidade. 

No fim das contas, para mim é isso que vale - "perder tempo" ao gastar meu tempo fazendo o que Ele me pediu para fazer, "perder tempo" ao doar meu tempo para que outros também conheçam a Ele. Fazer isso com amigos, pelo querido sertão e, de quebra, comendo sanduíches gigantes e experimentando água do Mar Morto... Não tem preço! Enfim, quero que a terra continue a sujar minha calça (pode ser a neve também, pode ser a chuva), contanto que eu "viva sem vaidade" e esteja fazendo a vontade Dele.





Pela alegria de viver sem vaidade,




Soli Deo Gloria!

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