sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sobre o tempo...

Caros leitores,


Como disse na postagem anterior, minha jornada pela Itália chegou ao fim... De fato, foi uma experiência incrível, mas a vida continua. Ora, se pensarmos bem, viver é, por si só, uma experiência incrível... Simplesmente viver.

Quando penso sobre isso, me lembro de um poeta da música popular brasileira que disse certa vez: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz... Cantar, cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”... Ironicamente, o poeta a quem me refiro não conseguiu experimentar aquilo que poetizou em sua música por muito tempo mas, de qualquer sorte, seu legado pode e deve inspirar em nós a vontade de aproveitar ao máximo o nosso pequeno tempo de vida... Pequeno sim pois, como diz outro poeta (nesse caso, dos tempos bíblicos), “...somos como a erva que cresce de madrugada e que à tarde se seca...” e que “...os nossos anos passam como um conto ligeiro...” – Salmos 90:5-6 e 9. Drasticamente, a efemeridade de nossa vida é mais real do que o computador que você está usando para ler esse texto. Simples assim.


Como se percebe, nossa vida é tão efêmera de modo que esse pode ser o meu último post neste blog. Talvez muitos outros posts venham ser publicados aqui (ou não!)... E, embora eu não deseje isso (sinceramente), existe a possibilidade de ser essa a sua última visita neste blog – chocante, não é? No entanto, como não sabemos o momento exato em que essa efemeridade deixará de ser teórica para ser concreta, prefiro levar mais a sério o adágio popular “nada como um dia após o outro” ou, como diz uma banda chamada Crombie (da qual gosto muito), “[...] eu vivo um dia de cada vez que é pra eu não me perder...”. Ou ainda, mencionando as palavras de Jesus Cristo conforme a narrativa do Evangelho segundo Mateus: “Não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo; basta a cada dia o seu próprio mal”. Tudo em seu tempo.

Curiosamente, a principal razão que me levou a falar sobre efemeridade nesse post foi o resultado das lembranças de minha passagem pela Itália somadas aos momentos vividos nos últimos dias até agora. De fato, pensar no fato de que nossa vida é como “um sopro que logo aparece e depois se desvanece” não é nem um pouco confortável. Desde os tempos mais antigos, o homem procura encontrar a solução para o problema da efemeridade da vida de múltiplas formas – quem nunca ouviu falar do “elixir da longa vida” ou da “pedra filosofal”? Sendo mais claro, o ser humano não suporta a realidade da morte, visto que todos estão sujeitos a ela... Todos, inclusive eu e você! Eu não sou (e não quero parecer) pessimista mas, de certa maneira, a cada dia de vida que temos nos aproximamos do dia em que a morte nos alcançará. Os nossos aniversários não indicam mais um ano de vida, e sim menos um ano! Então, o que fazer diante disso? Existe alguma alternativa?


Vamos começar assim.

O rei Salomão disse certa vez em seus pensamentos e provérbios que Deus “[...] fez tudo formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração deles, sem que o homem possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim... Já tenho conhecido que não há coisa melhor para eles do que se alegrarem e fazerem bem na sua vida e também que todo homem coma, beba e desfrute do fruto de seu trabalho, pois isso é um dom de Deus” – Eclesiastes 3:11-13. A eternidade está impressa em nossa consciência e, por isso, não conseguimos nos conformar com a realidade da morte. Nós não entendemos perfeitamente porque isso existe e como isso funciona, mas o fato é que existimos (ou fomos criados por Deus) para sermos eternos, de forma que a irreversibilidade da morte nos causa desespero e angústia. Logo, a maioria de nós procura “jogar para escanteio” todos esses questionamentos para curtir a vida e o que ela tem de melhor, certo?

Na verdade, a própria Bíblia diz que desfrutar das coisas boas da vida é um dom de Deus, entretanto o mesmo Salomão diz que “[...] se o homem viver muitos anos e em todos eles se alegrar, também deve se lembrar dos dias das trevas, porque serão muitos... tudo quanto sucede é vaidade” – Eclesiastes 11:8. Os dias bons devem ser aproveitados, porém os dias ruins serão muitos e também devem ser lembrados, como diz outro poeta: “[...] Quem foi que disse que a vida é um mar de rosas? Rosas têm espinhos...”. Mas você pode se perguntar: “Eu existo para ser eterno? Como assim?” Bem, vou tentar (tentar mesmo) responder essa sua provável indagação.

De forma bem simples, partindo-se do conceito de que Deus é eterno e de que Ele me criou à Sua imagem e semelhança, de algum modo há uma “centelha de eternidade” dentro de nós. Se essa “centelha” realmente existe, nossa vida não deve ser limitada a algumas poucas décadas ou, muito raramente, a pouco mais de um século... Embora “quase tudo seja temporal por estar sujeito ao ‘sujeito chamado tempo’...” (parafraseando o pessoal do Crombie), eu não consigo não acreditar na eternidade e no fato de que Deus nos criou e imprimiu a eternidade em nós... No fim das contas, por mais que você tenha uma opinião diferente, a verdade é uma só e independe da sua ou da minha opinião.


Além disso, desfrutar da eternidade não significa necessariamente desfrutar dela com Deus, pois a eternidade traz consigo duas realidades diametralmente opostas: vida eterna x morte eterna. Considerando-se que Deus é o criador da vida, a morte eterna indica total ausência de Deus e sofrimento sem fim... Tudo isso pode ser uma grande falácia, mas eu não quero correr o risco de ignorar toda essa história e, então, passar a eternidade distante Daquele que me criou e que me deu “a vida, a respiração e todas as demais coisas” para estar sob tormento, tormento eterno. A Bíblia diz que “...todo aquele que crê no Filho de Deus tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho de Deus não verá a vida, porque a ira de Deus permanece sobre ele...” – João 3:36. Isto é, uns tem a vida eterna, outros estão sob a ira de Deus. De que lado você está? Dos que crêem no Filho (Jesus Cristo) e têm a vida eterna ou dos que estão sob a condenação divina em virtude do pecado?

Por enquanto, eu estou caminhando passo a passo, sabendo que minha vida tem uma razão de ser e que esta razão é “glorificar a Deus e desfrutá-Lo plena e eternamente”. E em outro lugar: “E a vida eterna é esta: que Te conheçam, a Ti somente, como o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” – João 17:3. Você já se deu conta do real propósito de sua existência?

Se a vida eterna consiste em conhecer a Deus (que é eterno), eu só posso concluir que eu fui feito para ser eterno! Logo, faço minhas as seguintes palavras:


“O tempo que vivo aqui é o tempo de agora...
O tempo que está por vir, que venha sem demora...” (Crombie – Sobre o tempo)



Soli Deo Gloria!

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