Das profundezas, a Deus, eu suplico,
Onde a fé já parece estar ausente,
No entanto, perante Ele eu insisto
Para que, enfim, me torne mais crente -
Em nenhum outro, mas só em Seu Cristo,
Cuja justiça dura eternamente.
Assim, eu não "jogarei a toalha"
Diante do "triunfo dos canalhas".
Num mundo onde "o crime compensa",
A integridade parece tolice;
O mal, contudo, é quase "onipresença",
Como Chesterton outrora já disse;
Por isso, a fim de que o bem vença,
É preciso audácia e "expertise":
Com audácia, luta-se o bom combate
E com sapiência, derrota-se a maldade.
Mas, uma vez que esta se espalha
Incontida pelos cantos do mundo,
Como as chamas duma antiga fornalha
Feita por um grande rei furibundo,
Embora também sutil, qual navalha
Cujo corte é letal e profundo:
Terias Tu, pois, nos abandonado
Ao bel-prazer dos nossos adversários?
Creio, assim, ser bem mais que auspiciosos
Os tempos de Advento e de Natal,
Os tempos de Advento e de Natal,
Já que os dias são maus e trabalhosos
Durante essa vida dura e mortal.
O primeiro, torna-nos esperançosos;
O último, é como um "dom divinal" -
Da expectativa ao arrependimento,
Até ver da promessa o cumprimento.
Muitos, pois, desde tempos mais antigos,
Aguardaram com grande expectativa,
Em face de aflições e de perigos,
A chegada, qual estação estiva,
De uma Aurora Nascente, Rei-menino,
Que lhes fosse por esperança viva:
Veio, pois, até nós o Emanuel,
P'ra redimir de Deus o Israel.
Nascido de mulher, o Homem-Deus,
Nascido sob a Lei, mas sem pecado,
Proclamou ao mundo o "Reino dos céus"
Após ter Seu caminho preparado.
Embora inocente, morreu entre réus,
Dentre os homens, o mais humilhado -
Até que, enfim, dos mortos ressurgiu
Visto que nenhuma corrupção viu.
Para que assumisse Sua posição
De Rei, para que diante de Deus
Fizesse pelos Seus intercessão,
A fim de salvar os que escolheu
Com definitiva perfeição.
Seja Seu nome p'ra sempre bendito
Por Seu amor constante e infinito.
No entanto, nada disso existiria
Se o Verbo não se tornasse homem,
Cuja natureza resgataria
Mediante Sua graça, a qual consome
Toda a resistência e rebeldia
De uma vida inútil, vil e infame -
Logo, é no Natal que se inaugura
A consumação da vida futura.
A cada novo dia, hora e instante,
Cuja aparição será repentina
- Qual raio, pelos céus insinuante, -
Para fazer a ceifa e a vindima
De todos os injustos e arrogantes:
Aqui findarão as "democracias"
Pois haverá "uma só Monarquia".
Que venha o Teu reino, sem mais demora,
Sabedoria de Deus, Senhor Nosso;
Chave de Davi, das ovelhas a Porta,
Raiz de Jessé, emblema dos povos;
Ergue-Te, Sol Nascente, pois é hora
De engrandecerem-Te os gentios todos.
Vem, Emanuel, e não Te demores,
E, assim, Tu sararás as nossas dores.
Nos chamas a viver com confiança
De que, em breve, a Suprema Alegria
Não será mais apenas "esperança".
Hoje vivemos por fé, não por vista;
Amanhã, ganharemos nossa herança -
Isto é, a amável "visão beatífica",
Que torna a eternidade vera vida.
Destruídos, pois, serão Teus inimigos,
Ante o toque da última trombeta,
Redimidos, todavia, os Teus amigos,
Para que vivam nos novos céus e terra.
Eis que é chegado o domínio do Cristo,
Para o qual não mais haverá fronteiras:
A "Perfeição Eminente-Iminente",
Na qual seremos "felizes p'ra sempre".
Soli Deo Gloria!
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