sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Sobre legionários, embaixadores e um veredicto...

Após cerca de um mês sem qualquer suposta "inspiração", estou aqui.

Embora não pretenda proclamar-me alguém "inspirado" - no sentido próprio do termo -, posso afirmar que, finalmente, acredito ter algumas idéias e reflexões dignas de serem expostas

Minhas últimas semanas foram repletas de responsabilidades acadêmicas mas, nesse momento, deixo de lado a Química de Produtos Naturais para tentar escrever a respeito de assuntos mais comuns a todos - ora, não é a maioria das pessoas que se interessa por quimiotaxonomia, bioatividade de metabólitos especiais ou mesmo por semissíntese de compostos orgânicos

Portanto, let's go to the target! 

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O tema do texto de hoje é uma combinação de reflexões baseadas numa canção da Legião Urbana chamada "Metal contra as nuvens" com certos aspectos relacionados à realidade militar (em particular, no contexto do antigo Império Romano) e demais apontamentos subsequentes. Espero ser bem-sucedido nesse intento!

Inicialmente, é importante destacar que a canção mencionada possui uma letra que é considerada por alguns (especialmente por aqueles que apreciam a banda que a compôs) como uma epopéia em forma de ode - i.e., um tipo de composição literária que apresenta elementos típicos de guerra e batalha numa estrutura de versos cujas rimas se repetem como que "a longa distância" (falo como leigo, pois não sou da área de literatura) - e, por isso, creio que vem a calhar para o propósito dessa postagem. Logo, sem mais perda de tempo, gostaria de começar citando um dos diversos trechos interessantes da referida canção, onde se diz:

"Sei o que devo defender
E, por valor, eu tenho e temo
O que agora se desfaz... [...]
Por Deus, nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais..."

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Em primeiro lugar, o trecho supracitado é antecedido da declaração "...não sou escravo de ninguém / ninguém, senhor do meu domínio...", a qual denota o tom incisivo do autor quanto à sua autonomia frente a uma "tirania hipotética". Isto posto, pode-se notar que, na porção acima, a idéia principal é a de que esse indivíduo que não é "escravo de ninguém" e que "sabe o que deve defender" se vê diante da deterioração da realidade que o cerca, a tal ponto de externar a sua própria solidão a Deus e de dizer (quase que num paradoxo) que "...é a própria fé o que destrói...", cuja conclusão melancólica é que vivemos dias desleais. 

Em certo sentido, é justo e válido afirmar que não devemos nos submeter a qualquer tirania [sejam aquelas abertamente cruéis e despóticas ou, particularmente, aquelas que se apresentam como "fórmulas mágicas de tolerância, liberdade e emancipação popular" mas que não são outra coisa senão que "ditaduras dos oprimidos e ofendidos"assim como que vivemos, de fato, dias desleais - nos quais a "cultura da morte" é o mais novo "direito inalienável", em que há uma "lógica no assalto" [seria a "lógica de Robin Hood" ou simplesmente uma "pseudo-filosofia" da inveja e da canalhice?], onde a antiga "...pureza da resposta das crianças..." está sendo extinta/substituída por uma nova linguagem porca e destruidora expressa em termos como "criança viada" ou qualquer desgraça análoga e, sobretudo, a verdadeira fé [a fé pela qual se alcança redenção e que não destrói, a fé que é seguida de bons frutos em vez de obras torpes que nem se podem mencionar] está sendo corrompida a fim de ser finalmente posta em ostracismo, sendo usurpada por aquilo que posso denominar de "nova religião do pensamento único" ou "nova fé dos céticos iluminados", a qual está em franca expansão desde os últimos séculos e que, nos lugares e contextos onde foi/tem sido proeminente, deixou e ainda deixa o seu rastro de mentiras incontáveis, de sangue inocente derramado, de roubos quase imensuráveis e de destruição massificada e, muitas vezes, irreversível. No entanto, embora muitas vezes eu me sinta como o poeta da canção - sozinho, desamparado, com a esperança desaparecendo como o sol em seu ocaso -, eu sei que não estou totalmente abandonado, pois o Deus a quem talvez o escritor evocou em sua canção [até porque há somente um único Deus verdadeiro] sempre socorre aqueles que O invocam, até mesmo dentro do ventre de um peixe grande ou das covas mais profundas. 

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Outro trecho da canção que gostaria de incluir nesse texto é mostrado a seguir:

"Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha cela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa... 
[...]
Quase acreditei
Que, por honra, se existir verdade,
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo..."

Provavelmente, o significado desse trecho da canção é referente ao contexto do Brasil na época em que ela foi composta e lançada (1991) - um momento político delicado no qual o país experimentava uma inflação altíssima (porém bem menor do que a atualmente vigente na Venezuela) e a iminência do impeachment do presidente eleito cerca de dois anos antes devido a supostos escândalos de corrupção. Em seguida, houve diversas "manifestações populares" favoráveis ao referido impeachment (que se concretizou algum tempo depois) e, já em 1994, medidas econômicas foram elaboradas a fim de se controlar a inflação mediante o nascente "Plano Real", o qual contribuiu para a adesão popular ao presidente que seria eleito nesse mesmo ano. No entanto, a situação atual do Brasil não é muito diferente daquela vivenciada pelo autor [em muitos aspectos, eu diria que é muito pior e lamentável - ora, em vez de ouvirmos canções como essa, as "taquaras rachadas" que se auto-declaram "cantoras" ou quaisquer agressões estéticas semelhantes são elevadas ao patamar de excelência [não deveria ser patamar de "excrescência"?] -, pois em toda parte vemos corrupção sistêmica e terror generalizado [de tal sorte que o "crime organizado" parece ser a coisa mais organizada do país], além da degeneração da inteligência e da identidade nacionais, o patrocínio de obras internacionais e até de "ditaduras amigas" com o dinheiro gerado pelo povo e inumeráveis mazelas que parecem ser tão intrínsecas a nossa realidade de forma que não nos incomodamos mais com elas. 

Em contrapartida, nesse momento específico do país, em que estamos às portas do que creio ser "a eleição mais importante de nossa história", faço alusão aos versos acima ao afirmar categoricamente que, de fato, "existe verdade" [verdade "verdadeira", em contraste com as "pseudo-verdades relativas" ou mesmo com a "pós-verdade"] bem como "existem os tolos" - muitos tolos! - e "existe o ladrão" - mais precisamente, muitos ladrões! -, ladrões esses que são até deificados pelos tolos que "militam em suas militâncias" e se alimentam do roubo das pessoas que dizem defender, de maneira que o que me resta é "guardar o meu tesouro" para estar preparado para prováveis novas mentiras futuras. Na verdade, outrora eu também era parte desses "tolos" aos quais me referi - visto que "já acreditei nas falsas promessas dos tais ladrões" -, todavia hoje o verso bíblico contido no relato da história do cego de nascença curado por Jesus Cristo que diz "...eu era cego, mas agora vejo..." é mais do que oportuno, pois tal "visão" recebida pode ser igualmente considerada um "milagre". 

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Uma das estrofes mais pertinentes da canção para este texto está mostrada abaixo:

"É a verdade o que assombra
O descaso, o que condena
A estupidez, o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais... 
[...]
Tenho sentidos já dormentes
O corpo quer, a alma entende
Esta é a "terra de ninguém"
Eu sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos..."

Nesta parte da canção, o compositor fala sobre o "assombro causado pela verdade", a "condenação decorrente do descaso" e a "destruição proveniente da estupidez", de modo que o que ele vê é a ausência de coisas que um dia existiram mas que, "right now ou maintenant", não existem mais. Diante desse quadro um tanto desanimador, ele diz ter seus "sentidos dormentes", cuja dormência também parece afetar a sua própria alma [pois "o que o corpo quer, a alma entende"], porém com certo ar de nobreza ele não "joga a toalha" e conserva-se firme, pois "sabe o que deve defender" e, por isso, "resiste" - resistindo com bravura, pois quem deseja ter uma "espada nas mãos" denota saber que está num campo de batalha e que está pronto para matar e também para morrer. De certa maneira, esse mundo em que vivemos é uma "terra de ninguém", especialmente quando todos acham que devem "empoderar-se" para que a mais nova "divindade do panteão pós-moderno" conhecida por "igualdade" seja estabelecida - ora, é evidente que, quando todos acham que devem "mandar em tudo", ninguém manda em nada e, quando ninguém manda, sempre existem os mais espertos que mandam em tudo e dão a impressão de que todos estão "empoderados". 

De modo semelhante ao letrista da canção, muitas vezes eu tenho vívidas impressões de que estou numa "terra de ninguém", na qual "todos querem mandar em tudo e em todos em nome da igualdade entre todos" e onde o descaso condena, a estupidez destrói e a verdade [verdade? e isso existe ainda?] é a única coisa que assombra, entretanto, como nos últimos versos, "eu sei que também devo resistir" e também "quero uma espada em minhas mãos" - contudo, eu não quero nem preciso de uma espada qualquer, pois, diferentemente da maioria das pessoas que me cercam [cuja "luta" é baseada em calúnias, assassinato de reputações, desinformação massificada, "hatred speeches" contra supostos "discursos de ódio" e, sempre que necessário ou por bel-prazer, na morte de todo e qualquer inimigo e/ou empecilho à "causa"], assim está escrito:

"As armas de nossa guerra não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição de fortalezas, anulando sofismas e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo..." [2 Coríntios 10, vs. 4-5]

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Nesse trecho das Escrituras, o apóstolo Paulo afirma que, embora aqueles que seguem a Jesus Cristo estejam nesse corpo (i.e., na "carne"), eles não militam segundo a carne - ou seja, o seu modo de batalhar não é como o modo de batalhar dos que não temem a Deus [os quais, na verdade, estão em constante guerra contra Ele] - e, por isso, as armas de todos os discípulos de Cristo não são como as armas do "mundo que está no Maligno" mas, pelo contrário, são armas que, pelo poder de Deus manifestado através do legítimo uso delas, são poderosas para destruir fortalezas [as quais são "fortalezas de idéias, raciocínios e pensamentos"], de tal modo que todas as falácias podem ser desmascaradas e lançadas ao chão em pedaços assim como toda mentalidade rebelde e "autônoma" de Deus pode ser completamente subjugada aos pés de Cristo, o Senhor de todas as coisas, para Quem tudo existe e em Quem nós vivemos, a fim de que todos [a começar de mim mesmo] Lhe prestem a devida obediência, obediência que só pode ser justa à luz de Sua Palavra revelada e, especialmente, pela mediação de Seu Evangelho, a Boa-Nova de redenção para todos que se arrependem de seus pecados e se voltam para Deus em fé

Como resultado disso, eu não posso deixar de mencionar o seguinte trecho da mesma canção:

"Não me entrego sem lutar
Tenho ainda coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então!..."

Nesses versos, o autor faz referência a valores como coragem, honra e perseverança, de maneira que o seu desejo final é que o "inimigo caia". Como às vezes escrevo aqui, eu posso aplicar esse verso tanto para mim mesmo [já que dominar a si mesmo é mais difícil do que conquistar cidades fortificadas, conforme as palavras do sábio rei Salomão] bem como para os demais "inimigos do lado de fora" - os quais só crescem em número e em poder a cada novo dia -, de forma que a única coisa que realmente importa, no fim das contas, é lutar com Deus contra os inimigos dEle, cuja "incursão militar" se dá por meio de embaixadores, como se lê a seguir:

"Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou Consigo mesmo por meio de Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação,
Pois que Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados, e nos encarregou da palavra da reconciliação,
De sorte que somos embaixadores de Cristo, como se Deus rogasse por nosso intermédio. Rogamo-vos, pois, por Cristo, que vos reconcilieis com Deus...". 
[2 Coríntios 5, vs. 18-20]

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Nessa passagem, o apóstolo Paulo usa uma figura relativa ao contexto do Império Romano, em que numa situação de tentativa de conquista de um determinado reino por outro, o reino invasor inicialmente buscava condições de paz através de embaixadores que enviavam esses termos ao reino a ser invadido, de tal sorte que, se este reino não se submetesse estritamente aos termos propostos por aquele, nada poderia impedir a invasão e a conquista do reino que tentou estabelecer a paz mas, em contrapartida, sofreu resistência. 

Ou seja, Cristo é o Rei do Reino de Deus, o Rei dos reis, o Rei do reino que nunca será destruído, o qual é como uma grande pedra que destrói todos os demais reinos [por mais poderosos que sejam] e se torna como uma grande montanha que enche toda a terra, conforme o relato profético do cap. 2 do livro de Daniel. Logo, o texto acima diz que Deus em Cristo estava reconciliando o mundo Consigo [uma vez que todos são pecadores e estão em inimizade contra Ele] sem levar em conta os pecados dos homens e, portanto, quando a mensagem do Evangelho de Cristo é anunciada pelos "embaixadores do Rei", Deus está levando os "termos de paz" ao "reino dos homens" - ou, nas palavras de Agostinho, à "Cidade dos Homens" - e, caso esses homens não se rendam aos termos de Deus a fim de que Ele mesmo estabeleça a paz com eles, chegará o momento em que Deus invadirá a "Cidade dos Homens" para destruir tudo e todos que não se renderam a Ele e recusaram a paz que Ele poderia concedê-los. Em suma, não é possível ter paz com Deus fora dos termos Dele, os quais estão somente baseados na obra de Cristo, que morreu pelos nossos pecados e, pelo seu sangue, adquiriu eterna redenção para todos os que confiam e põem a sua esperança somente Nele. 

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Desse modo, diferentemente da nossa realidade atual quando pensamos no papel de um embaixador - papel mais diplomático ou conciliador, ao invés de um papel mais "ameaçador" -, um embaixador de Deus é o "porta-voz de um veredicto", veredicto pelo qual Deus faz notória a Sua salvação a quem tem ouvidos para ouvir, mas também anuncia juízo a todos os que recusam deliberadamente a salvação que Ele garante e oferece. Isto é, todos aqueles que "não aprenderem a se render a Deus" cairão diante Dele, pois está escrito que, quando vier o "grande Dia da Ira do Cordeiro", ninguém poderá subsistir, a tal ponto que pedirão para que as montanhas caiam sobre eles para que sejam escondidos da "face Daquele que está assentado no trono" - sem dúvida, eu não posso imaginar nenhum desespero maior do que esse.

Finalmente, por outro lado, para os que "aprenderem a se render" diante Daquele que outrora era "inimigo" mas, agora, pode ser chamado de "Amigo", a "história não estará pelo avesso e sem final feliz", pois, assim como em "As crônicas de Nárnia", perto do final da última estória, a antiga Nárnia desaparece e dá lugar a uma nova Nárnia (a "verdadeira Nárnia", diga-se de passagem), essa "terra de ninguém" passará - ora, "tudo passa, tudo passará" - a fim de dar lugar a "novos céus e nova terra, em que habita a justiça", nova terra sobre a qual descerá dos céus a Nova Jerusalém, a santa cidade, habitação final de todos aqueles que foram reconciliados com o Arquiteto dela, cuja glória a iluminará para sempre. A partir de então, não será mais necessária a luz do sol nem a da lua (pois não haverá noite) e, como diz a canção aqui apresentada, teremos somente "coisas bonitas pra contar", visto que a "eternidade futura" estará "apenas começando". 

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Qual tem sido o seu tipo de fé? Uma "fé que destrói" - à semelhança da fé dos "céticos iluminados" - ou uma fé verdadeira na Verdade?

Em quais promessas você tem acreditado? Nas promessas dos "ladrões disfarçados de defensores dos pobres e oprimidos" [ou dos "lobos em pele de ovelhas"] ou nas promessas do Único que pode cumprir tudo o que promete?

Quais tipos de espada você tem desejado ter nas mãos? Espadas que derramam sangue inocente ou que destroem o mal para que o bem seja louvado?

Finalmente, até quando você continuará sem "aprender a se render" diante do veredicto divino, pelo qual Ele te anuncia a paz a fim de que, crendo Nele, você seja livrado do Seu juízo implacável?




Pela certeza de ter paz com o Rei Supremo,



Soli Deo Gloria!

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