quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

O que você vai contar [para seus netos]?

Após quase dois meses de ausência, finalmente pude voltar aqui.

Nesse tempo, estava muito atarefado com outras coisas e, realmente, não consegui dar atenção ao blog. Talvez, por outro lado, faltou inspiração mesmo. Mas, na verdade, não é isso que importa agora.

De fato, este deve ser o último texto do ano [para alegria de muitos!] e é preciso "trabalhar enquanto é dia, pois a noite logo vem, quando ninguém pode trabalhar".

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O título desta postagem é inspirado numa propaganda de TV "não muito recente", a qual falava sobre a idéia de "aproveitar bem a vida" e "curtir os amigos e os bons momentos", cujo final trazia a pergunta "o que você vai contar para os seus netos?", indicando que uma vida sem boas aventuras ou lembranças agradáveis será "sem graça" quando estivermos mais próximos da morte. Na verdade, nem todas as coisas das quais a propaganda falava eram de fato "boas" em si, mas acredito que esse senso de "ter o que transmitir" para as gerações futuras é mais do que urgente.

Nesse sentido, uma observação honesta e cuidadosa [ainda que rápida] de nosso mundo nos permitirá concluir que "nunca antes na história" [parafraseando um nobre canalha, carinhosamente apelidado de "nine fingers"] houve tão pouco respeito e apreço pela tradição, pela herança cultural, familiar, religiosa, civilizacional, literária, artística ou qualquer espécie de legado que nos remeta aos "tempos passados" - ora, a moda é "fazer revolução", é "desconstruir padrões", é "ser diferente", é "quebrar o tabu", é a onda do "meu corpo, minhas regras" com todo tipo de jargão infantil que não passa de histeria auto-hipnótica de quem acha que "seu cabelo é o novo poder social" bem como que o DCE de sua universidade é o "supra-sumo intelectual" do país e o "detentor da verdade e da moral"... Mas a verdade e a moral são construções sociais dos cristãos euro-americanos fascistas! Enfim, adaptando uma citação do filósofo Sir. Roger Scruton - esse sim, digno de ser mencionado como "nobre" -, não vou perder meu tempo dando atenção a quem só merece riso ou desprezo, pois o que interessa é: em uma época em que tudo que tem sustentado nossa sociedade e civilização está sendo destruído à velocidade da luz, "o que eu vou contar 'para meus netos'"? ou, em outros termos, o que eu tenho feito para preservar o que recebi de bom dos meus antepassados? 

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Desse modo, creio que podemos aprender com a tradição israelita/judaica [que também é estendida à tradição cristã] ao mencionar o seguinte trecho dos Salmos, onde se lê:

Não me abandones, ó Deus, agora que estou velho e de cabelos brancos, para que eu possa falar de Tua força aos nossos filhos e do Teu poder às gerações futuras. [Salmo 71, vs. 18]

Nesse salmo, o rei Davi [que o escreveu] já estava idoso e, portanto, ao longo deste texto faz declarações como "...em Ti está a minha confiança desde a minha mocidade..." (vs. 5), "...desde o ventre materno dependo de Ti; Tu me sustentaste desde as entranhas de minha mãe..." (vs. 6) e "...desde a minha juventude, ó Deus, Tu tens me ensinado, e até hoje eu anuncio todas as Tuas maravilhas" (vs. 17), as quais mostram claramente que, aquilo que ele havia aprendido a respeito de Deus a partir de sua infância foi conservado por ele até a sua velhice, de modo que o seu interesse era que isso fosse preservado para que seus descendentes também tivessem o mesmo conhecimento que ele tinha

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Ora, nossos dias estão cada vez mais perversos e tenebrosos, pois comemorar o Natal já tem se tornado um "discurso de ódio islamofóbico" em alguns países da Europa [enquanto isso, o Islam através de seus "embaixadores" continua sendo a causa de mortes, estupros, atentados e toda sorte de crimes na Europa e na América do Norte - ah, e o que dizer dos efeitos nefastos do Islam no próprio Oriente Médio?], tradicionais canções cristãs de Natal estão tendo suas letras mudadas para "não ofender os imigrantes muçulmanos" na Noruega, os "jogos públicos de estupro coletivo" feitos por imigrantes africanos e árabes na Alemanha e na Suécia tem sido tolerados [mas, o que pode ser mais perverso do que alguns tweets denunciando esse tipo de crime bárbaro?] em nome da "tolerância e respeito ao diferente"... E o que dizer de todos os ataques meticulosamente engendrados contra a estrutura convencional de família, a perversão infantil pela erotização precoce intencional feita pela mídia e pelos meios de educação públicos e, obviamente, a desonestidade e desinformação generalizadas expressas na adulteração da história em prol de uma determinada hegemonia ideológica e culturalIsto é, gradativamente todos os símbolos e ícones que são associados ao divino, à Bíblia e ao legado cultural cristão estão sendo eliminados do Ocidente e, dessa maneira, se faz pertinente levar a sério a missão de "contar para os filhos, netos e quem mais estiver ao alcance" sobre o que já nos tem sido dado há 2000 anos [o que pode chegar perto de 4000 anos, contando com a herança judaica].

Mas... o que exatamente devemos "contar"? 

Embora eu tenha destacado algumas situações recentes específicas que mostram o ataque direto a tudo que aponta para o cristianismo e às suas tradições instiladas na sociedade ocidental [cuja importância deve ser salientada], meu objetivo principal é me deter ao conteúdo do próprio texto bíblico, o qual nos informa sobre o que devemos "contar" para a nossa gerações e para aquelas que virão: a força e o poder de Deus.

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Força e poder.

Inicialmente, força é uma palavra relacionada à capacidade de realização e de resistência [na física, essa capacidade é relativa ao conceito de trabalho, sendo matematicamente representada através de um ou mais vetores, de modo que possui intensidade, direção e sentido]. Nesse contexto, poder é um termo usualmente referente à idéia de autoridade, habilitação para algo, controle e domínio. Portanto, quando as Escrituras falam a respeito da "força e do poder de Deus", elas querem nos dizer que Deus tem capacidade plena para realizar todo o trabalho/obra que quiser [inclusive com "intensidade, direção e sentido" específicos] bem como que Ele é livre para exercer controle total sobre toda a realidade a Ele exterior, de forma que não há qualquer disputa entre Deus e qualquer outra criatura no universo quanto ao domínio absoluto sobre tudo o que existe, pois "...o Senhor estabeleceu o Seu trono nos céus, e o Seu reino domina sobre tudo" [Salmo 103, vs.19].  

Nesse caso, quando o salmista suplica a Deus para que "não o abandone a fim de que ele possa proclamar a força e o poder divino à geração presente e às futuras", ele afirma seu anseio de fazer com que todos os que o cercavam enquanto ele estava vivo bem como alguns dos que ficariam vivos após sua morte pudessem conhecer a Deus como Ele de fato é - um Deus forte, poderoso, soberano e que não é afetado pelas circunstâncias mas sim as governa em Sua providência, de modo que em seguida ele escreve:

Tua justiça chega até as alturas, ó Deus, Tu, que operas grandes coisas. Quem é semelhante a Ti, ó Deus? [Salmo 71, vs. 19]

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Justiça elevada. Grandes obras. Deus incomparável.

Pensar nessas três assertivas - "justiça elevada", "grandes obras" e "Deus incomparável" parece bastante oportuno há 3 dias do Natal, pois talvez esse seja um dos momentos que mais expressam com perfeição a união desses três conceitos, pois é no Natal que lembramos com mais vivacidade que, num dado momento da história, o "mistério que esteve oculto desde todos os séculos e por todas as gerações", o "grande mistério da piedade", foi então "manifestado na carne" - sim, o Verbo Eterno, que estava no princípio com Deus e era Deus, sem O qual nada do que foi feito se fez, em quem estava a Vida, que trazia consigo a Luz verdadeira que ilumina a todo homem, o Qual, embora esteve no mundo, não foi conhecido pelo mundo, que veio para os Seus e foi rejeitado por eles, mas que concedeu o poder de serem feitos filhos de Deus a todos os que crêem em Seu nome, que habitou entre nós de modo que vimos a Sua glória, sendo cheio de graça e de verdade, de Quem recebemos plenitude e "graça sobre graça" e que nos fez conhecer o Deus que nunca foi visto por alguém. Ele, chamado Cristo [que significa ungido, escolhido], ao nascer da virgem Maria naquela estalagem em Belém da Judéia, em meio aos animais e sem qualquer ostentação, recebeu o nome Jesus, pois "Ele salvaria o Seu povo dos pecados deles". Ou seja, o "Deus incomparável" veio à terra em forma humana, como um bebê judeu, para realizar a maior das "grandes obras" do Eterno - a redenção dos pecadores que outrora andavam "como ovelhas sem pastor, desgarrados e errantes" - a fim de que a "justiça elevada" desse Deus fosse satisfeita, justiça pela qual nenhum pecado deixou ou deixará de ser punido bem como nenhum pecador arrependido de seus pecados deixou ou deixará de ser perdoado. 

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Finalmente, ainda que o Natal seja um período onde normalmente trocamos presentes, ornamentamos nossas casas com os enfeites típicos, viajamos de férias ou fazemos a ceia com a família - tudo isso é lícito e tem o seu valor -, o Natal ["Navidad", "Noël", "Natale", "Christmas" etc.] é algo maior e mais significativo do que isso, pois [embora Jesus possa não ter nascido no dia 25 de dezembro] é nesse momento que somos levados a recordar a gloriosa intervenção divina - por assim dizer, claro, já que a história não ocorre à parte de Deus - por meio da qual uma virgem [ou provavelmente "jovenzinha", no original] concebeu por obra do Espírito de Deus "...que a envolveu com a Sua sombra..." e, assim, ocasionou a manifestação de um anjo que anunciou a alguns pastores...

Não temais! Eis que vos trago boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: hoje, na Cidade de Davi, vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. [Lucas 2, vs. 10-11]

... a qual foi acompanhada de uma grande multidão do exército celestial, que louvou a Deus dizendo:

Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens a quem Ele concede o Seu favor. [Lucas 2, vs. 14]

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Em suma, Deus manifestou o Seu favor aos homens de uma maneira singular através da Encarnação, de modo que incontáveis anjos O louvaram por tal ato de misericórdia. Eis a "velha notícia" que é sempre "nova" quando me lembro dela [a qual estão buscando extinguir da minha civilização a todo custo, ou mesmo desvirtuá-la como fazem com a Páscoa], notícia essa que devo desejar compartilhar com alegria e zelo, não apenas mediante esse post e nessa época do ano, mas ao longo de toda a vida - pois, se não houvesse Natal [ou melhor, se não houvesse a Encarnação] não haveria qualquer esperança quanto a experimentar "vida eterna" e, com ela, o fim de todo o mal, pois por intermédio dela Deus... 

"...Ergueu uma poderosa salvação para nós... salvando-nos de nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam, para mostrar sua misericórdia aos nossos antepassados e lembrar Sua santa aliança: [...] resgatar-nos da mão de nossos inimigos para O servirmos sem medo, em santidade e justiça diante Dele, todos os nossos dias... por causa das ternas misericórdias de nosso Deus, pelas quais do alto nos visitará o Sol Nascente, para brilhar sobre aqueles que estão vivendo nas trevas e na sombra da morte, e guiar nossos pés no caminho da paz..." [Lucas 1, vs. 69, 71-72, 74-76 e 78-79]

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E você? Se identifica com essas palavras? Se identifica com o Salvador revelado nelas?

Se sim, o que você vai esperar para começar a contar para seus contemporâneos sobre a força e o poder de Deus, manifestos plenamente por meio da Encarnação do Verbo?

E, caso você já tenha família (filhos, netos etc.) e também se identifica com o que leu aqui, você vai se esquecer de que está escrito que devemos ensinar essas coisas aos filhos e aos filhos de nossos filhos "...deitando e levantando, colocando-as nos umbrais das portas e atando-as até mesmo ao próprio corpo..." para que eles saibam que "o Senhor é o nosso Deus, o Deus único, a Quem devemos amar de todo coração, alma e forças"?




Pela alegria de ter o que contar ao mundo,




Soli Deo Gloria!

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