sábado, 25 de outubro de 2014

É sempre mais do mesmo?

Mais uma vez, estou por aqui. 

E, novamente, estamos às vésperas de um dia em que novos representantes serão eleitos em alguns estados brasileiros - sem contar, obviamente, o próximo presidente da república.

Enfim, nesse contexto pós-campanha eleitoral, gostaria de expressar minhas ideias a esse respeito, tendo como fundamento a minha liberdade de consciência dentro da esfera dos princípios de vida e conduta que procuro seguir. Logicamente, não agradarei a todos - e não faço a menor questão disso - mas, sinceramente, espero contribuir para a reflexão dos leitores de forma positiva.  


Primeiramente, o título desse post remonta a uma canção da Legião Urbana (mais uma vez eles sendo atuais e pertinentes) chamada "Mais do mesmo", a qual fala de drogas, chacinas de adolescentes, tiroteios no fim do túnel, doentes nas enfermarias e índios mortos - nada que seja estranho à nossa realidade brasileira. Diante desse quadro socialmente nefasto e desafiador para qualquer governante ou representante político (assim como para a própria sociedade em si) e levando em conta o que vimos nessa campanha eleitoral, algumas coisas precisam ser ditas, e com certa urgência. Vamos em frente.

De um lado, temos o grupo liderado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), encabeçado pelo ex-presidente Lula e pela candidata à reeleição Dilma Rousseff. A história do PT, nos seus primeiros anos, inspirou muitos brasileiros (particularmente jovens, estudantes, marginalizados e também intelectuais) a sonharem e/ou lutarem com/por uma sociedade menos desigual, onde a miséria fosse combatida de perto e os ignorados fossem notados, em que a corrupção e a repressão fossem erradicadas e houvesse o fim da "luta de classes" criticada pelo marxismo - enfim, uma sociedade onde "tudo" fosse de "todos" e o Estado fosse o guardião dessa condição social. Porém, após a chegada do PT ao governo do país, em 2003, não vimos somente avanços sociais importantes (seja no combate à pobreza, em favor da inclusão social, da educação, da ciência e tecnologia, da cultura etc. - ora, vamos parar de hipocrisia e reconhecer as coisas boas que estão acontecendo no país na gestão do PT), mas muitos daqueles que se diziam invulneráveis à perversão pelo poder foram tão corruptos quanto aqueles que já estavam no poder antes - ou, quem sabe, mais corruptos. No entanto, muitos de nós fomos tão magnetizados pelo "totalitarismo assistencialista e idealista" - típico dos segmentos de esquerda, como se viu nos exemplos da União Soviética, dos demais países da "Cortina de Ferro" e mesmo no contexto do nazi-fascismo da Alemanha e da Itália (ironicamente, o nazi-fascismo nunca foi de direita) - dessa ala política a ponto de que, por exemplo, qualquer crítica ao Lula ou ao PT seja equiparada a "blasfêmia" ou a "infâmia". Somos quase que adeptos de uma "religião PTista" na qual a figura do Lula e (por consequência) também da Dilma são praticamente "messiânicas", a ponto de dizermos: "...ai daquele que tocar no PT...", "...nunca vai haver presidente como o Lula...", "...só o PT olhou pra nossa região, que era esquecida pelos tucanos..." e "...não troque o certo pelo duvidoso, quero Dilma de novo..." - isto é, inconscientemente, agimos como se o PT fosse o "redentor social" do Brasil e, se o poder mudar de lado, estamos fadados à destruição. 

Não, não há nenhum atributo messiânico em qualquer movimento esquerdista, não existe um "Estado-Deus" que fará de tudo um "Novo Éden", não existem outros "Messias" além daquele que já veio à Terra, viveu uma vida santa e movida por compaixão pelos pecadores, que morreu e ressuscitou para resgatar aquele que crê Nele e cujo Reino não é desse mundo. Ninguém deve ousar substituí-Lo ou usurpar a posição que é somente Dele, Jesus de Nazaré, o Cristo, o Messias. 


Por outro lado e, ao mesmo tempo, no mesmo contexto de "polarização messiânica", temos o grupo do PSDB, cujo representante mais proeminente é o candidato Aécio Neves. Aécio e os que estão apoiando sua candidatura tomaram posse/lançaram mão da ideia forte e cativante de "...não vamos desistir do Brasil..." ou "...a mudança já começou..." e, do mesmo modo que o grupo do PT, arrogam para si mesmos o rótulo de "alternativa messiânica" para o Brasil. Uma oratória aparentemente convincente mas muitas vezes desrespeitosa e insolente, a conversa agradável e repleta de lisonjas para o povo que está cansado de tudo - e que, por isso, está vulnerável a acreditar em qualquer coisa que aparente ser "o novo, o diferente ou a mudança" - e a postura imponente que lembra o Fernando Collor do final dos anos 80 ou mesmo o Getúlio Vargas do período populista da década de 1950. Em nome da propaganda de que todos os problemas do Brasil são "culpa do PT" e de que eles/o PSDB são/é o "remédio" ou a "vacina" eficaz contra tudo isso, eles se mostram como uma espécie de "antagonismo restaurador de todas as coisas" - ora, todos os outros são "levianos" e agem como ignorantes, visto que "quem estuda não vota na Dilma" (ops, tem ou não tem vírgula aqui?). No entanto, esse grupo da "mudança" é o mesmo que já passou vários anos no poder no Brasil e "deu no que deu" (e só quem viveu os anos 1990 sabe do que estou falando) e que, por exemplo, estabeleceu uma "ditadura democrática" no estado de São Paulo (já são 20 anos de PSDB no poder por lá), estado que hoje sofre - como nunca antes - com a falta de água e a incompetência do poder público estadual de sanar essa demanda por um bem natural essencial à vida, sem contar (é claro) os diversos escândalos de corrupção [tanto os descobertos quanto os engavetados], de obras superfaturadas, dentre outros. Aqui também não tem qualquer traço messiânico, pois, como já foi dito acima, Deus, o Pai, já escolheu e designou o Redentor e Restaurador de todas as coisas - o Seu Filho amado, em Quem a Sua alma se alegra

Resumindo, o sujo falou do mal lavado desde o começo desta campanha - já dizia a Luciana Genro rs - e, sarcasticamente, o povo que foi às ruas em junho do ano passado mostra, sem qualquer sombra de dúvida, que não quer mudança nenhuma, uma vez que os mesmos que eles diziam que deveriam sair do poder foram colocados pelo próprio povo na condição de continuar lá. Resta-me apenas, juntamente com Renato Russo, "celebrar nosso governo, celebrar nosso estado que não é nação e celebrar o voto dos analfabetos".


Em contrapartida, tenho total consciência de que nem todos os que se posicionam a favor de um dos candidatos mencionados são alienados politicamente, socialmente ou são cidadãos que desperdiçam sua cidadania - acredito na capacidade da população brasileira de, em linhas gerais, ponderar de modo responsável sobre política e sobre o voto consciente e, dessa maneira, muitos brasileiros de livre consciência e intencionando o melhor para seu país, votarão na Dilma ou no Aécio amanhã - assim como nos respectivos governadores de seus estados. Todavia, muitos que se julgam "intelectuais" - e que, muitas vezes, não passam de "haters ideológicos" e "filósofos baratos de facebook" - farão sua opção política pura e simplesmente porque determinado candidato defenderá os "meus direitos" (ou seriam caprichos minoritários?) e lutará para resguardar os "fracos e oprimidos" dessa sociedade judaico-cristã-ocidental repressora, intolerante, machista, preconceituosa, fundamentalista e "fulanofóbica"

Nesse sentido, para tristeza de todos esses supostos "progressistas libertários" que tentam excluir a ideia de Deus da vida a todo e qualquer preço, se existe uma base para tudo o que experimentamos na esfera de direitos humanos inalienáveis, respeito, liberdade de consciência e estado ou sociedade laica como conhecemos atualmente, é o cristianismo ou, mais amplamente, a noção de um Deus ou de divindades como padrão/padrões de justiça ou de virtude - sem medo de ser feliz, basta sabermos um pouquinho de história para comprovarmos que coisas como os primeiros códigos de leis, bem como a noção do direito e, mais recentemente, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, têm sua origem (guardadas as devidas proporções, por assim dizer) em sociedades monoteístas ou mesmo politeístas (como a greco-romana). Portanto, se você fala tanto em "Direitos Humanos", agradeça aos cristãos (opressores, violentos, intolerantes e preconceituosos) dos primeiros anos dos Estados Unidos da América pela existência desses direitos. Se você se julga parte de uma minoria oprimida e, mesmo assim, estuda numa universidade (ora, isso já faz de você um privilegiado), agradeça aos árabes e também aos cristãos (sejam católicos ou protestantes, os quais são todos igualmente alienados das coisas do intelecto, ignorantes acerca da ciência e avessos à educação de qualidade) pela existência delas. Enfim, está na hora de parar de se fazer de vítima e encarar a vida como ela é. 


Finalmente, o que posso concluir a respeito do momento atual do Brasil é que, no fim das contas, é "sempre mais do mesmo", pois "é isso que todos nós queremos ouvir". Lembrando o que disse o Rei Salomão em seu livro:

Gerações vem e gerações vão, mas a terra para sempre permanece.
O sol se levanta e o sol se põe, e depressa volta ao lugar de onde nasceu.
O vento sopra para o sul e vira para o norte; dá voltas e voltas, seguindo sempre o seu curso. 
Todos os rios correm para o mar, contudo o mar nunca se enche; ainda que sempre corram para lá, para lá tornam a correr.
Todas as coisas trazem canseira. O homem não é capaz de descrevê-las; os olhos nunca se fartam de ver, e nem os ouvidos de ouvir.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que foi feito, se fará novamente, de modo que não há nada de novo debaixo do sol. [Eclesiastes 1:4-9]


Todas as coisas trazem canseira e, embora não saibamos descrevê-las, sempre queremos "mais do mesmo", pois nunca nos satisfazemos. E, como vimos nesse período de eleição, nos tornamos insaciáveis de "críticas aos que pensavam diferente de nós", não nos cansamos de "demonizar as outras opções políticas diferentes da nossa" (o que dizer das hashtags #AécioNever ou #ForaCorruPTos ?) nem de ver os escândalos envolvendo aqueles que queremos fora do poder [fazendo disso o nosso triunfo ideológico] ou de ouvir com atenção quase subserviente a nossos "profetas salvadores da pátria" nos debates e vídeos da internet. Como diz a própria Bíblia no texto acima, na nossa esfera humana da vida, tudo vai continuar na mesma - o que foi feito, se fará de novo e o que foi no passado, também será agora no presente e o será no futuro. Não há nada de novo  debaixo do sol - de modo pleno e absoluto, não tem nada essa história de "governo novo, ideias novas" ou mesmo de que "eu não sou o candidato de um partido, mas sou o candidato da mudança", porque não haverá mudança! A mudança que estes dois pólos políticos dizem ser capazes de fazer (assim como os seus súditos companheiros e parceiros o acreditam) não pode ser feita [e não será vista] enquanto o Reino de Deus não for estabelecido plenamente à nossa vista - eu, particularmente, não acredito que as coisas aqui na Terra conspirarão para melhor em todos os aspectos (pelo contrário, acho que podem e irão piorar mais, pelo menos por enquanto), mas como alguém que crê e que recebeu um Reino que não pode ser abalado e que um dia virá para destituir todos os outros supostos "reinos", devo viver de modo a sinalizar a presença desse Reino aqui e agora, pois está escrito:

Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus respondeu: o Reino de Deus não vem de modo visível;
Nem se dirá: "aqui está ele" ou "lá está"; porque o Reino de Deus está no meio de vocês. [Evangelho segundo Lucas, cap. 17, vs. 20-21]

Mas foi assim que Deus cumpriu o que tinha predito por todos os profetas, dizendo que o Seu Cristo haveria de sofrer.
Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados, para que venham os tempos de descanso da parte do Senhor... Pois é necessário que Ele permaneça no céu até que chegue o tempo em que Deus restaurará todas as coisas [...] [Atos dos apóstolos, cap. 3, vs. 18-21]


O Reino de Deus está entre nós. Essa conversa de um Deus deísta - que criou o universo e que não está mais nem aí pra Sua própria criação - disfarçada de teologia intelectual e contrária à "ameaça do possível comunismo cristão" não cola, pois Deus é um Deus presente, que se revela, que age, que trabalha sustentando a Sua criação original (manchada e danificada pelo pecado) assim como já tem trabalhado para a redenção dessa criação - está escrito que Ele restaurará todas as coisas e que o Seu eterno propósito foi fazer convergir na pessoa de Cristo todas as coisas [sejam as terrenas, sejam as celestiais], porém Ele fará isso por meio da Boa Nova, da Sua mensagem, do Evangelho de Cristo, que é o Evangelho do Reino. Nada pode restaurar a nossa condição caída e deplorável senão a graça de Deus, e não existe graça plenamente poderosa e redentora fora do Evangelho, fora da simples pregação do Deus que amou o mundo e que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha vida eterna

Ou seja, não é o PT e muito menos o PSDB que pode mudar ou melhorar qualquer coisa por aqui; a verdade é o que diz João Alexandre em sua música "Em nome da justiça" - só com muito amor a gente muda esse país, só o amor de Deus p'ra nossa gente ser feliz"





Pela esperança de que o Reino Dele virá,





Soli Deo Gloria! 

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