terça-feira, 22 de julho de 2014

Você tem sede de quê?

Voltei, enfim. 

Depois do maior período de afastamento deste blog - para os mais atentos, por motivos óbvios - estou aqui. E, como sempre, estou pra valer. 

Diferentemente do último texto publicado aqui (pouco antes do início da Copa do Mundo do Brasil vencida merecidamente pela Alemanha, diga-se de passagem), esse post [assim como os próximos que virão, eu espero] será menos saturado de veneno, sarcasmo e acidez - porém as verdades continuarão sendo ditas. Vamos em frente. 


Muitas coisas aconteceram desde então e, a fim de sintetizar todas as efervescências, reflexões, "autoconfrontações" e novos aprendizados, decidi nomear esse post fazendo alusão a uma famosa música dos Titãs, cuja letra diz em certo momento: 

Você tem fome de quê? Você tem sede de quê? [Comida - Titãs]

Fome. 


Dentre as diversas necessidades humanas, uma das mais fundamentais é a de alimento. Sentimos fome. E sentimos várias vezes por dia - normalmente, esse número varia de 3 a 5 vezes, porém os mais "vorazes" sentem fome o dia todo [não é Yasmin? haha] e, enquanto essa fome não é saciada, não há paz nem quietude. Nesse sentido, alguns sentem fome quando se fala de pizza ou lasagna, outros quando o assunto é feijoada ou acarajé, outros sentem a "barriga roncar" com o cheiro do pão-de-queijo ou mesmo da pipoca na panela. Sendo sincero, eu sinto fome só de estar escrevendo sobre isso (risos) mas, nesses últimos dias, tenho tido fome por outras coisas - coisas que não podem ser compradas no supermercado, nem no melhor restaurante ou mesmo naquela cafeteria premiada pelas revistas de gastronomia

Justiça.


Talvez não exista palavra mais ignorada, ultrajada, pisada e desconhecida atualmente do que "justiça". Embora ela seja usada em discursos eleitorais (ou seriam eleitoreiros?), em diálogos sociológicos e acadêmicos e também em exposições teológicas ou mensagens religiosas, em todas essas esferas (provavelmente) a maior parte das pessoas não sabe o que é justiça. Quando penso em "justiça", me vêm à mente palavras como "retidão", "integridade", "inteireza", "equidade" e "pureza". Logo, uma vez que na sociedade vigente tem se multiplicado a violência, o suborno, a falsa piedade, a incoerência e a corrupção (de modo que as pessoas nem tem uma noção razoável do real significado de justiça), ter "fome de justiça" parece se tornar cada vez mais "utópico" e ilusórioEm contrapartida, vejo nos registros das palavras de Jesus Cristo [conforme escreveu o evangelista Mateus] a revolucionadora declaração: 

Bem-aventurados os que tem fome... de justiça, porque eles serão fartos. [Evangelho de Mateus, cap. 6, vs. 6]

Originalmente, a expressão "bem-aventurado" significa "extremamente feliz" ou mesmo algo superior a isso. Logo, a afirmação de Jesus implica que os que anseiam por justiça [seja ela de ordem humana, social e, especialmente, de ordem espiritual, remetendo-se à Palavra de Deus e à Sua vontade] como quando se sente fome serão saciados - isto é, eles experimentarão a justiça, a justiça que vem do próprio Jesus. Nisso está a "alegria abundante" - desejarmos aquilo que Deus ama [pois Deus ama a justiça e firmou o Seu reino em justiça] de modo que, fazendo o bem ao outro e agradando a Deus, experimentamos a verdadeira felicidade


Sede.

Por outro lado, outra necessidade básica de cada um de nós é "matar a sede". Uns conseguem "matar a sede" com coca-cola (é bom demais, mas em mim dá mais sede), outros matam com um "ovomaltine", outros matam com uma boa limonada, eu gosto de matar com água mas... Tem gente que sofre porque não pode "matar a sede" na hora que ela precisa ser saciada. Recentemente, a sede de todos [particularmente de nós, brasileiros] era pela taça da Copa do Mundo, porém somente os alemães puderam "saciar" essa vontade naquele 13 de julho no Rio de Janeiro. Mas, quanto aos sertanejos, aos que moram nas periferias das grandes metrópoles, africanos e tantos outros espalhados em todo o planeta, todos eles precisam ter sua sede (nesse caso, de água) satisfeita. Entretanto, da mesma maneira que a "fome de justiça" dos parágrafos anteriores, minha sede principal atualmente também não pode [e nunca poderia nem poderá] ser satisfeita por nada que seja humano, temporal, material e efêmero

Deus.


De acordo com a chamada "pirâmide de Maslow", a hierarquia das carências humanas funciona de modo que as necessidades fisiológicas ou materiais devem ser supridas antes das necessidades sociais, que devem ser supridas antes das necessidades emocionais e psicológicas e [estou certo Monara?]... Finalmente, necessidades de ordem espiritual são as últimas da lista. Nesse caso, o ser humano só deveria pensar no lado espiritual de sua vida depois que todas as demais necessidades fossem satisfeitas. Porém, a proposta das Escrituras é bem diferente, pois nelas podemos ler qual é [era ou deve ser] o maior anseio do homem:

Como a corça anseia pelas correntes das águas, assim a minha alma anseia por Ti, ó Deus.
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e verei a face de Deus? [Salmo 42, vs. 1-2]

O escritor desse poema hebraico expressa de maneira clara e intensa que Deus era o seu supremo anseio. Ele se compara à corça - animal típico dos desertos do Oriente Médio, capaz de sentir/perceber cheiro ou presença de água a quilômetros de distância ou mesmo em profundidades razoáveis - quando menciona seu desejo por Deus, querendo ratificar que a sua necessidade mais essencial, mais fundamental, primordial e indispensável é ELE. Ele se pergunta "quando irei e verei a face de Deus?" num tom que pode expressar algo como "não vejo a hora de estar na presença Dele, de desfrutar da comunhão com Ele, de conhecê-Lo mais profundamente...", fato que inverte num ângulo de 180° a pirâmide de Maslow - pois, agora, nenhuma necessidade de ordem emocional, social, fisiológica ou outra qualquer poderá ser suprida sem que a necessidade de Deus seja primeiramente satisfeita


Finalmente, existe algo a mais aqui: mesmo após a necessidade de Deus ser satisfeita, a verdade expressa por toda a Escritura é de que também as outras carências humanas só poderão ser satisfeitas exclusivamente pelo próprio Deus, pois está escrito que "é Ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas" [Atos 17:25], que "na Tua mão está o engradecer e o dar força a tudo... ...porque tudo vem de Ti, e do que é Teu te damos" [1 Crônicas 29, 12 e 14] e que "Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas" [Romanos 11:36]

Enfim - o alimento, as roupas, a moradia, a família, educação, saúde, segurança, infra-estrutura, lazer, justiça social, respeito entre povos e etnias e, sobretudo, a paz e a esperança de que, após o fim dessa vida de agora, virá a eternidade na companhia Daquele que se deu para morrer por pecadores - sim, mais importante e crucial do que todas essas necessidades que Ele pode nos suprir, é a nossa necessidade de redenção dos pecados e de salvação da ira que virá, da qual somos livres por meio de Jesus Cristo, que veio ao mundo para salvar os pecadores e que ressuscitou para justificação de todo aquele que Nele crê.


Eu tenho fome de ver o fim da corrupção na política, o fim dos subornos e da impunidade, fome de ver famílias estruturadas, de uma educação de qualidade, de um sistema de saúde eficiente, de ver o fim de guerras inúteis e de ver pessoas que dizem conhecer a Deus não negá-Lo mais com suas más obras. Eu tenho fome de justiça! Eu tenho sede de amor e de paz, de ver pessoas desesperançadas encontrarem a razão de suas vidas, de ver orgulhosos abandonando seus pedestais e se dobrando diante da verdade de que todos somos miseráveis e necessitados, sede de ver gente de todos os povos, tribos, nações e línguas vendo a glória do Criador de todas elas. Eu tenho sede de Deus!

Jesus disse que "todo aquele que vem a mim nunca terá fome e que todo aquele que crê em mim nunca terá sede". Ou seja - sempre que percebermos que ainda somos incompletos, carentes e necessitados, podemos ter a certeza de que em Cristo nós somos totalmente satisfeitos. 

E você? Tem fome de quê? Tem sede de quê?






Pela alegria de ter minha sede plenamente satisfeita Nele,




Soli Deo Gloria!

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