terça-feira, 13 de março de 2012

Los Hermanos para os teólogos da prosperidade...

Mais uma semana se inicia e, conforme a minha práxis, aqui estou eu.

Assim como busquei no post anterior, pretendo neste novo texto ser menos prolixo (isso é um problema para mim, confesso) e dizer tudo que deve ser dito... Na verdade, o assunto que pretendo tratar aqui está tão difundido na esfera social (e, particularmente, religiosa) de nossos dias que, provavelmente, escrever menos possa ser mais relevante do que "encher linguiça". Bem, vamos ao que interessa.

Talvez você esteja estranhando o título deste post. Sim, essa é uma reação natural, pois o que a teologia da prosperidade teria a ver com essa banda carioca de estilo misto samba-rock-mpb, famosa no Brasil inteiro por uma música que fala de um amor mal-resolvido por uma "Anna Júlia?" Aparentemente nada. Mas esse é o "x da questão": não tem a ver aparentemente. Mas, antes de mostrar o porquê do título deste post, gostaria de resumir um pouco o que é/seria a denominada Teologia da Prosperidade (fonte: "A demonologia da prosperidade - Maurício Zágari: http://apenas1.wordpress.com).

 

A Teologia da Prosperidade (ou Teologia da Confissão Positiva) surgiu no início do século XX e tem tudo para ser muito mais ligada às religiões não-cristãs do que ao Cristianismo. Simplesmente porque suas raízes estão na Nova Era. Tudo começou com uma mulher chamada Mary Baker Eddy, fundadora do movimento herético de Nova Era chamado Ciência Cristã, que afirma que “a matéria e a doença não existem e que tudo depende da nossa mente”. Foi quando, nas décadas de 1930 e 1940, um pastor chamado Essek William Kenyon passou a admirar os ensinamentos heréticos de Mary Baker Eddy, sabe-se lá por quê. Ele acabou fazendo uma grande salada religiosa, em que misturava as heresias de movimentos não-cristãos (como Ciência da Mente, Ciência Cristã e Novo Pensamento) com partes do Cristianismo, tornando-se assim pai do chamado “Movimento da Fé”.  Todas essas religiões afirmavam que, graças ao poder da mente, “tudo o que você pensar e disser se transformará em realidade”. É quando entra na história o homem que disseminou isso entre as igrejas cristãs: Kenneth Hagin.

 
O próximo ensinamento que Hagin herdou de Kenyon, que por sua vez herdou das religiões de Nova Era, é o das “promessas da doutrina da prosperidade”. Segundo essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e riqueza, o que tornaria doença e pobreza “maldições da lei”.  Usando Gálatas 3:13-14, Kenneth Hagin diz que fomos libertos da maldição da lei, que seriam: pobreza, doença e morte espiritual. Ele tomou emprestadas as maldições de Deuteronômio 28 contra os israelitas que pecassem. Citando Pr. Elinaldo, “Hagin diz que os cristão sofrem doenças por causa da lei de Moisés”. Depois que inventou seus absurdos, Hagin foi pastor de igrejas de diversas denominações até que fundou sua própria organização, o Instituto Bíblico Rhema. Uma curiosidade é que o inventor da Teologia da Prosperidade foi inclusive acusado de plágio, por ter escrito livros com total semelhança aos de seu mentor, Essek Kenyon. Sua explicação? “Não é plágio, recebi diretamente de Deus”. Tá me entendendo, sim ou não?

Pois é. Aí Kenneth Hagin começou a escrever um monte de livros, onde afirma, entre outras coisas, que “recebe revelações diretamente do Senhor” (Hagin, Compreendendo a Unção, p. 7). E esse lixo teológico passou a ser devorado por legiões de pessoas, que começaram a propagar a Teologia da Prosperidade. Como seus argumentos trazem soluções imediatas aos problemas da vida, foi fácil arrebanhar multidões. Mas, se você analisar bem, a Confissão Positiva e a Teologia da Prosperidade tentam com suas práticas fazer Deus de escravo – afinal, por esse pensamento, se as pessoas “declaram pela fé”, “decretam em nome de Jesus” e coisa que o valha, o Onipotente e Soberano Criador do Universo não tem o que fazer a não ser obedecer suas criaturas como uma vaquinha de presépio. É só ter fé e vai chover dinheiro.

 

Diante dessa afirmação, 'o que tem mesmo a ver Los Hermanos e a Teologia da Prosperidade?" Bem, quando penso na referida corrente "teológica" - digo, entre aspas, porque algo que inverte ou mesmo deturpa os valores das Escrituras não tem nada de divino, de modo que a expressão TEO-logia não faz o menor sentido - sempre me recordo de uma música de Los Hermanos que diz:

"[...]
Olha lá!
Quem sempre quer vitória perde a glória de chorar...
Eu, que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar pra não faltar amor..."
(O Vencedor - Los Hermanos)

Quem sempre quer vitória perde a glória de chorar. Sim, pois chorar faz parte de ser "ser humano" e isso é glorioso, uma vez que revela a nossa limitação e fraqueza e, como resultado, nos faz ver que precisamos de algo superior a nós mesmos. Quem "quer brincar de ser Deus" a cada "eu declaro", "eu determino" e "eu profetizo em nome de Jesus" ditos em orações vazias de devoção e de amor por Ele, em músicas biblicamente pobres e sem beleza artística e até em livros sem profundidade e feitos para o mercado acaba enganando a si mesmo, visto que deixa de perceber quem de fato é o Senhor e quem é o servo, quem é que "dá as cartas" e quem é que segue as ordens... Você já reconheceu qual é o seu lugar? Eu sou lembrado do meu todos os dias (João 13:12-17).

 

A cada diz tenho percebido como nós, ditos cristãos, temos nos afastado da simplicidade que há em Cristo (2 Coríntios 11:3). Ou, como certa vez disse o Oficina G3: 

"...Tantas coisas vejo, tantas coisas observo... mas será apostasia ou cauterização? 
Nem a mente, nem o coração... Não consigo falar... Vergonha? Pode ser..."

Mas, na verdade, todo esse desvio em relação à verdade das Escrituras já estava predito nas próprias Escrituras; logo, enquanto vivermos, todas essas coisas nos farão companhia... Porém, eu ainda tenho esperança. 

Jesus disse que edificaria a Sua igreja (Mateus 16:18). Portanto, não posso duvidar da Sua palavra e do Seu poder para cumprir a Sua vontade nas vidas daqueles que Lhe pertencem, pois a Bíblia diz que "...Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, [...] a fim de apresentá-la a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível..." (Efésios 5:25 e 27). Ele está trabalhando; Ele não vai parar de trabalhar; Seu plano se cumprirá integralmente. 

Finalmente, entre ser um vencedor segundo a "Teologia da Prosperidade" (ou seria "demonologia da prosperidade"?) ou ser um "perdedor" segundo a mesma ótica, fico com o Los Hermanos, levando a minha vida devagar - um dia de cada vez - pra não faltar amor... Ou melhor, levarei minha vida devagar pra não deixar de desfrutar Daquele que é Amor, pois, como os mesmos "Hermanos" disseram em outra música: "...sereno é quem tem a paz de estar em par com Deus". Sublime.

Exatamente. Estar ligado a Ele é suficiente para que eu seja sereno [apesar das intempéries da vida] e completo [mesmo que eu seja, em mim mesmo, tão incompleto e incerto]. Enfim, Los Hermanos para os teólogos da prosperidade é o pedido do dia!




Soli Deo Gloria! 

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