Estou
de volta. Demorei, mas retornei.
Depois
de alguns dias viajando em missão pela Chapada Diamantina por causa do Projeto
Férias no Sertão, tenho muito que contar. Mas prometo tentar não ser prolixo
(risos).
Primeiramente,
depois de começar o ano em missão pela Itália entre os universitários de
Mantova e de Verona, ir ao interior da Bahia foi uma experiência bastante
diferente e enriquecedora. Embora eu tenha, de fato, uma empatia com o
continente europeu (particularmente com a Itália) no que se refere a missões,
foi radical ver que tão perto de mim existem necessidades tão gritantes. Mais
do que isso: ver que uma minoria parece se importar com essas necessidades foi
ainda mais chocante. Graciosamente, em contrapartida, Deus me juntou a um
pequeno grupo de sete pessoas para dar um pouco de alívio a essas pessoas tão
sofridas. Sofridas sim, mas quase sempre com um sorriso no rosto. Um sorriso de
esperança, mesmo sem perspectivas visíveis. Deus nos surpreende sempre.
Além
disso, conhecer uma das regiões mais privilegiadas em beleza natural do Brasil
foi um bônus. Era muito bom acordar e, logo ao sair de casa, ver uma serra logo
adiante, um rio passando acolá (embora bem seco, era bonito de ser ver), flores
exóticas e coloridas no quintal e um céu tão estrelado no meio da estrada que
me fazia deitar na carroceria da “saveiro” sem me preocupar em sujar a roupa
somente para contemplá-lo... Sim, ver tamanha beleza me fez lembrar o que se lê
nas Escrituras:
“Os
céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das Suas
mãos”. [Salmo 19:1]
“Porque
os atributos invisíveis de Deus, tanto o Seu eterno poder como a sua natureza
divina, podem ser vistos claramente e são compreendidos pelas coisas criadas,
para que os homens fiquem indesculpáveis”. [Romanos 1:20]
Com
todas essas coisas diante de nossa equipe do Projeto, fizemos uma ação sustentável
em uma das manhãs, conclamando as pessoas da igreja e da comunidade para
limparem um dos rios da cidade. Foi bom ver crianças, jovens, adultos e idosos
gostando de fazer uma boa ação pela natureza do lugar onde vivem. Verdadeiramente,
é bom ser útil em todas as esferas da vida: cuidar da criação é também vontade
de Deus e também expressa a Sua graça entre as pessoas que nos cercam.
Por
outro lado, nossa equipe fez muitas outras coisas (na verdade, muitas
loucuras):
-
Saímos em uma das madrugadas abordando as pessoas que encontrávamos na rua,
iniciávamos um diálogo, tocávamos uma música e falávamos um pouco sobre o amor
de Deus;
-
No dia de feira no centro da cidade, lá estávamos nós: distribuindo abraços
grátis fantasiados de palhaços ou tocando música na medida em que fazíamos uma
conexão com alguém, sempre procurando compartilhar um pouco do Evangelho [o
mais belo de tudo era ver como Deus operava por meio de nós – uns enfatizavam o
amor e o cuidado de Deus, outros (como eu) destacavam o demérito humano e como
Deus é gracioso para com os pecadores etc.];
-
Conhecemos um projeto de apoio a crianças e adolescentes através do esporte (Escola
do Biro-Biro) e o projeto Passo a Passo (que foi iniciado por missionários
italianos e que hoje conta com apoio da comunidade e de alguns italianos) ---
até no Projeto Sertão a Itália me persegue;
-
Fizemos uma série de visitas, programadas ou inesperadas - Dona Cida e Bryan,
Dona Ana, Dona Maria e Seu Antônio, Dona Irene, Seu Manoel, Seu Ivanildo etc.
Jovens, crianças e idosos. Fomos até várias famílias carentes para levar cestas
básicas (até mesmo em lugares onde não existe luz elétrica), convivemos com problemas
de alcoolismo, conhecemos um boteco onde tocava folk (essa vai pro Hanier Ferrer!)
e até um terreiro de umbanda... Realmente, o Evangelho é para homens de todas
as classes, etnias, culturas e estirpes, pois está escrito:
“Pois,
enquanto os judeus pedem sinais, e os gregos buscam sabedoria, nós pregamos
Cristo crucificado, o que é escândalo para os judeus e loucura para os gentios
mas, para os que são chamados, tanto judeus como gentios, lhes pregamos Cristo,
poder de Deus e sabedoria de Deus”. [1 Coríntios 1:22-24]
Não
importa a condição social. Não importa a cor. Não importa a etnia. Ricos e
pobres, brancos ou negros, afrodescendentes ou europeus. Se “todos pecaram e
estão destituídos da glória de Deus”, todos precisam igualmente do Evangelho.
Todos estão no mesmo estado de condenação diante de Deus. Todos precisam de
nossa compaixão. Por mais que alguns precisem de ajuda mais do que outros
(devido às condições socioeconômicas), todos têm a mesma necessidade crucial: conhecer
a Deus por meio de Jesus Cristo. Enfim: missão integral é levar o evangelho
todo para todo homem – levar tudo o que o Evangelho ensina (tudo mesmo) e
tornar concreto todo esse ensino em cada canto. Simples assim.
Além
disso, servimos à igreja no louvor em um dos cultos e fizemos um encontro com
os membros do ministério de louvor da igreja. Como disse anteriormente em outro
momento, é muito gratificante servir a Deus com outros servos dEle em cada
lugar que visito e poder ser uma inspiração para outras pessoas. No tocante ao
nosso grupo, tivemos bons tempos devocionais, momentos de comunhão e até roda
de chimarrão na praça em meio ao compartilhar de experiências de uns para com
os outros. Graça. Bondade. Deus nos incluindo em seu soberano propósito. A Ele seja
a glória.
No
fim das contas, percebi nesses poucos dias o quanto Deus é um Deus presente.
Pessoas que abriram a porta de suas casas, dividindo seu espaço e
compartilhando de seu mantimento. Encontros com pessoas ignoradas pelos demais,
mas por quem Deus nos deu um amor sincero. Amizades que, pela graça de Deus,
serão para a vida inteira (não é, Aninha? Já tenho hotel quando for a BH! Kes
kara... hahaha). Bem, o que pode representar esse tempo no Projeto Férias no
Sertão da melhor forma é o trecho de uma música da Legião Urbana, onde se diz:
“Dai-me
de beber, que tenho uma sede sem fim...” (Renato Russo em "A Fonte")
Esse
é o grito de cada sertanejo. Esse era o grito que cada um de nossa equipe ouvia
por trás de cada pessoa. Sede de água, pois a seca está assolando todos os
arredores – rios, cachoeiras e córregos estão minguando. Sede de alimento, pois
nunca se sabe se a comida vai durar mais do que uma semana. Mas, acima de tudo,
sede de Deus. Ora, se a sede é uma “sede sem fim”, ela só pode ser saciada por
Aquele que é infinito, ilimitado e imensurável – Jesus Cristo. Pois Ele disse:
“Mas
aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a
água que Eu lhe der se tornará nele uma fonte a jorrar para a vida eterna”.
(João 4:14)
“E
Jesus lhes declarou: eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca terá fome, e
aquele que crê em mim jamais terá sede”. (João 6:35)
“...Se
alguém tem sede, venha a mim e beba. Pois, como diz a Escritura, rios de água
viva correrão do interior de quem crê em Mim”. (João 7:37b-38)
Pela
certeza da saciedade da sede,
Soli Deo Gloria!
Muito bom ler esse relato e saber que fiz parte em oração por vocês junto a Deus.
ResponderExcluirQue Ele continue a abrir nossos olhos e corações para todas as deficiências de nosso país - e além; e que abra corações necessitados.
Glórias a Deus pelas vidas que se dedicam com base somente no amor e provisão de Deus!
[linda essa passagem de 1 Coríntios, não?!]
tem foto de pedra e de agua e nao tem foto minha... tirando isso, AWESOMEE! :)
ResponderExcluirGeo