E
lá se foi mais um mês do ano. Estamos em agosto. Não se assuste. 2013 vem logo
ali.
Depois
de um texto bastante leve, no qual relatei resumidamente as minhas experiências
no Projeto Férias no Sertão em Andaraí/Chapada Diamantina (BA), vou ser um
pouco mais confrontador neste texto. As últimas circunstâncias que vivi me
inspiraram a escrever o texto que se segue. Se tiver coragem, pode continuar.
Se não, é melhor voltar ao mural de seu facebook para evitar ficar com raiva de
mim. Sério.
Desde
ontem, estou com uma frase em minha mente: eu sou o meu maior problema. Não
apenas isso: cada um de nós é o maior problema de cada um. Se pensarmos bem,
por mais que existam ocasiões complicadas de serem superadas ou problemas cujas
soluções, muitas vezes, se mostram quase impossíveis, nada é mais difícil com
que se lidar do que nós mesmos. São os nossos defeitos, os nossos traços de
personalidade, o nosso caráter (ou seria mau caráter?) que, no mais íntimo, são
a causa mater dessas ocasiões
complicadas e desses problemas insolúveis. São nossas atitudes erradas,
individualistas e desmedidas que implicam ou que justificam todas essas coisas.
Como dizia Renato Russo na música “A montanha mágica”: “[...] Não é
coincidência a minha indiferença, sou uma cópia do que faço...”. Nada mais,
nada menos.
Por
outro lado, como os próprios versos da música dizem, nossas más ações são
evidências de quem somos. Isto é: o meu modus
vivendi é resultado de quem sou. É o meu caráter que determina as minhas
ações e, na medida em que essas ações se repetem, meu caráter é cada vez mais
conformado a um determinado molde. Nesse sentido, me recordo de Fernando
Pessoa, que em um de seus poemas (não me lembro se ele escreve como “Pessoa” ou
como um de seus heterônimos) disse: “[...] Põe quanto és no mínimo que
fazes...”. Entretanto, para pormos o quanto somos no mínimo que fazemos de modo
benéfico, é necessário que haja bondade e virtude em quem somos... É aí que
entra a má notícia: nós não temos virtude ou bondade em nós mesmos ou por nós
mesmos. No fim das contas, até as nossas melhores ações podem ter uma pitada de
maldade. Logo, se colocarmos tudo quanto somos no mínimo que fizermos com base
em nossos conceitos e inclinações, a ruína é total. Já dizia o sábio Rei
Salomão: “Há caminhos que para o homem parecem direitos, mas o seu fim são os
caminhos da morte”. (Provérbios 14:12). Não poderia ser mais claro.
Saímos
durante todo o dia para resolvermos nossos afazeres ou para nos divertirmos e
não nos importamos com algumas necessidades de nossa própria casa. Marcamos um
cinema ou um restaurante por ocasião de nosso aniversário e, às vezes, não
convidamos os nossos parentes para compartilharem de bons momentos conosco.
Pensamos apenas no nosso almoço de domingo a despeito da pouca comida para as
outras pessoas da casa. Por outro lado, lançamos no rosto dos outros as coisas
que fazemos em favor delas com aspereza e com orgulho. Somos estúpidos com
aqueles que, muitas vezes, suportam nossos defeitos e estão sempre ao nosso
lado. Ao julgarmos os outros como “pessoas que se fazem de vítimas”,
ironicamente nos fazemos de vítimas. Na verdade, esses exemplos são os menos
problemáticos. Como sempre salta à minha memória quando penso a respeito desses
assuntos, somos piores do que julgamos ser, como Renato disse em outras
duas músicas:
“Nos
deram espelhos e vimos um mundo doente...” [Índios, 1986]
“Este
é o nosso mundo: o que é demais nunca é o bastante...” [O Teatro dos Vampiros,
1991]
Os
espelhos que seguramos nas mãos mostram a enfermidade do mundo. Nós somos, de
certa maneira, o vírus que se espalha a cada nascimento. Desculpe a dureza das
palavras, mas o mundo está doente. A maldade, a crueldade, a falsidade, a
injustiça, o orgulho, a inveja, a mentira, a violência, a corrupção e a
indiferença crescem assustadoramente e preenchem as capas dos jornais, a TV e
as páginas da internet. E, por falar em TV, a música “O Teatro dos Vampiros”
foi feita em “homenagem” (se é que eu posso usar essa palavra) à televisão. Com
toda razão. Esse é o nosso mundo: ganância, avareza, poder. Eu sou o centro do
universo. Eu preciso estar nos holofotes. Eu quero sempre mais que ontem. Eu
quero sempre mais que hoje. Eu quero sempre mais. Estamos em maus lençóis –
tecidos em nosso próprio tear.
Para
todos os fins, eu não posso pensar em “eu sou o meu maior problema” sem citar
as palavras de Jesus Cristo registradas pelo evangelista Mateus, onde se lê:
“Portanto,
pelos seus frutos vocês os conhecerão. Porventura, colhem-se uvas dos
espinheiros e figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz frutos bons e
toda árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos nem
uma árvore má pode dar frutos bons. Toda árvore, pois, que não dá bom fruto, é
cortada e lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos vocês os conhecerão”.
[Mateus 7:16-20]
Assim
como uma árvore boa não pode dar maus frutos, pessoas nas quais existe um bom
caráter não podem praticar ações injustas. E vice-versa. Portanto, como todos
nós somos maus por nós mesmos [ver Salmo 14, Salmo 53, Isaías 64:4, Romanos
1:18-32 e 3:9-20] e, por isso, estamos inclinados a fazer o que é mau contra
Deus e diante das pessoas [Romanos 8:5-8], precisamos de uma mudança radical em
quem somos. Se não passarmos por esse processo de transformação radical,
continuaremos a ser como árvores más e sofreremos duras consequências. O
evangelista João registra algumas das palavras mais “insanas” de Jesus, que
disse:
“Em
verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus. [...] Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer
da Água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da
carne é carne; o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te
ter dito: necessário é nascer de novo”. [João 3:3, 5-7]
É necessário uma mudança profunda. Uma mudança sobrenatural. Uma mudança que não
é possível sem Deus. Só Deus pode mudar a maldade de quem sou na virtude que
vem apenas Dele mesmo. O que se chama de “novo nascimento” nada mais é do que
um morto voltando à vida. A morte que há em mim é substituída por Cristo, que é
a própria vida (Efésios 2:1 e 5 e Colossenses 3:3-4). Sabendo do risco que
todos nós corremos por desacreditar da Bíblia, o que nos cabe é o
reconhecimento de que “somos os nossos maiores problemas” e que o Evangelho
[isto é, Deus encarnando em Cristo para salvar os pecadores] é a solução para
cada um de nós, pecadores, injustos, maus, egoístas e fadados a caminhar nos
caminhos da morte [1 Timóteo 1:15].
Por
mais que sejamos complicados e necessitados de inúmeros “reparos”, ainda existe
uma esperança. Aquele cujos caminhos são incompreensíveis e cujos propósitos
não podem ser impedidos não dorme. Ele está trabalhando desde o princípio. Ele
não se cansa. Ele completará o que Ele começou em cada um que verdadeiramente
está Nele e caminha com Ele, pois está escrito:
“Tendo
por certo isto: Aquele que em vocês começou a boa obra é fiel para
aperfeiçoá-la até o dia de Jesus Cristo”. (Epístola aos Filipenses, cap. 1, vs.
6)
PS: ano que vem terá PROJETO ITÁLIA 2013! Só me resta usar, a partir de agora, um desfibrilador ambulante.
Pela
esperança de “deixar de ser um problema”,
Soli Deo Gloria!
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