sábado, 26 de maio de 2012

Vou para o reino de Nárnia...


Mais uma semana desse maio chega ao fim e, dessa vez, pretendo escrever sobre algo mais cotidiano... Espero me inspirar daqui pra frente.

A situação caótica em que algumas cidades do país se encontraram (ou ainda se encontram) devido às paralisações de rodoviários e professores (como em Salvador/BA), trens e metroviários (na capital paulista) – sem contar os transtornos do trânsito, das chuvas, do descaso da saúde pública e da violência – tornou essa semana uma semana peculiar. Não tão positivamente peculiar (pelo menos sob os aspectos mencionados), mas, de qualquer sorte, completamos mais uma semana vivos - motivo suficiente para sermos mais gratos por aquilo que temos. De fato, por mais que nossas críticas contra os serviços públicos sejam normalmente pertinentes (metrô lotado ou a falta do metrô, poucos ônibus circulando pela cidade para atender à população etc.), a ausência total desses serviços é ainda mais prejudicial. Surpreendentemente, até aquilo que é ruim ou inadequado tem seu lado bom. Na verdade, as coisas “ruins” acabam contribuindo para o nosso bem-estar; enfim, para o nosso bem. 


Mas... Como as coisas ruins podem ser benéficas? (talvez seja essa a sua pergunta agora – uma pergunta perfeitamente lógica).

Vamos começar.

Nós não gostamos do caos. Não gostamos de desordem (o que diriam os amantes da termodinâmica agora?). Não gostamos quando as coisas saem do nosso controle e, por isso, somos inseridos numa situação de desconforto. Não gostamos de ver nossos planos frustrados, nem mesmo de mudar de ideia por causa de imprevistos (eu que o diga)... Gostamos de ter o controle, gostamos da ordem e da lei (enquanto elas nos agradam, é claro), do conforto e da “sombra com água fresca”... Mais do que isso, não aceitamos quando as coisas acontecem de uma maneira diferente daquela que planejamos e, na pior das hipóteses, transferimos a “culpa” ou a responsabilidade para os outros, para a sociedade e até para Deus. Ora, às vezes não dizemos: “Ai meu Deus, por que isso teve que acontecer? Por que vai chover logo no dia de minha prova do concurso da Petrobras? E essa greve na minha universidade? Eu preciso terminar meu doutorado...” Me desculpem a postura enfática, mas a melhor resposta para essas perguntas é: as coisas acontecem como devem acontecer e, como nenhum de nós se chama “Deus”, não temos direito de contestar nada. Simples assim.


No entanto, você pode ainda me questionar: “...essa sua afirmação é muito drástica e sem fundamento... por que eu devo concordar com isso?” Ótimo, você está indo no caminho certo. É bom ser questionador, desde que os questionamentos tenham como alvo a descoberta das verdadeiras razões por trás das coisas. Eu também sou questionador e, nesse sentido, meu objetivo é sempre compreender as coisas como de fato são, mesmo que essa compreensão seja restrita aos limites de minha humanidade. Sem mais delongas, vamos às respostas.


Hoje mesmo, pouco tempo antes de começar a escrever esse texto, li no mural do facebook de uma colega – Clarinha, obrigado! rs - o seguinte registro atribuído ao profeta Isaías (o qual está presente no livro do Antigo Testamento que leva o seu nome):

“Ai dos que querem esconder profundamente o seu propósito do Senhor! Fazem as suas obras às escuras e dizem: Quem nos vê? E quem nos conhece? Vocês pervertem tudo, como se o oleiro fosse ao barro e a obra dissesse do seu artífice: Ele não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Ele nada sabe”. (Isaías 29:15-16)

Quando li esse texto bíblico, a primeira coisa que me veio à mente (eu até comentei na postagem) foi a soberania total de Deus. E, se a soberania Dele é total, somente Ele tem soberania. Nem eu, nem você, nem nenhum homem, por mais poderoso e influente que seja, é soberano. No fim das contas, os títulos relativos aos monarcas, faraós, imperadores, príncipes, ditadores e senhores feudais ao longo da história são um imenso sofisma, uma falácia, uma fábula para boi dormir... Como essa minha amiga mesma disse, “é uma burrice tentar ser Deus”, pois enganar a si mesmo é coisa de gente insensata e inconsequente.



Ou seja, só Deus é soberano e, como resultado, Ele é quem controla as coisas e, de um modo chocantemente insano, gerencia e determina a ordem em todo o “caos” que nos cerca – as greves, a violência urbana, a seca no sertão, o problema da saúde pública, a desestruturação da família, a inversão de valores, a injustiça social, a corrupção na política, as catástrofes naturais, a crueldade com as crianças e idosos e, finalmente, o pior caos que existe: o nosso coração perverso e desesperadamente corrupto, como disse o profeta Jeremias em seu livro (17:9). Como também está escrito: “...o Senhor estabeleceu o seu trono nos céus e o seu reino domina sobre tudo...” (Salmos 103:19). Tudo é TUDO.

Além disso, o “caos” sempre vai nos acompanhar porque, enquanto nós vivermos por aqui, conviveremos com a imperfeição ou, como poetizou Renato Russo: “...o caos segue em frente com toda a calma do mundo...”. E, se o caos segue em frente passo a passo, a cada novo dia enfrentaremos dissabores - mas momentos bons também existirão. Logo, o que nos resta é estar atentos para aproveitá-los e, se formos prudentes, olharemos para as coisas ruins com outro olhar – pois um grande sábio disse certa vez:

“No dia da prosperidade, desfrute do bem, mas, no dia da adversidade, considere; porque também Deus fez este em oposição a aquele, para que o homem nada ache que tenha de vir depois dele” (Eclesiastes 7:14).


Deus fez todas as coisas – as que são boas e as que nos parecem ruins – para não cairmos na presunção de esperar que o futuro seja como gostaríamos que ele fosse. Jesus disse certa vez que “basta a cada dia o seu próprio mal” e, nesse sentido, nos ordenou a buscarmos o reino de Deus antes de qualquer outra coisa e, dessa forma, as outras coisas nos seriam acrescentadas. Isto é, eu não tenho que pensar em correr desesperadamente atrás das coisas para desfrutar delas, mas sim devo ter minha mente completamente direcionada para o que de fato importa: o reino Dele, a vontade Dele, o conhecimento Dele. O resto é bônus.

Finalmente, quero dizer que o “caos” vai acabar um dia. Está escrito: “...eis que faço novas todas as coisas. E ele me disse: escreve, pois estas palavras são verdadeiras e fiéis” (Apocalipse 21:5). Chegará o dia da mudança para Pasárgada, onde “se é amigo do Rei e onde a ternura é a ordem e a lei...”, o dia em que o “reino de Atlântida” não será apenas uma lenda ou uma lembrança presente nas ruínas de Pompéia/Itália, em que o “reino de Nárnia [e Cair Paravel]” estará fora das crônicas de C. S. Lewis ou além dos acordes e versos de Jorge Camargo e Gladir Cabral... E, sabe de uma? A melhor notícia que eu poderia te dar é que o passaporte está garantido, pois o próprio Rei pagou o preço dele com seu próprio sangue para nos levar para lá, para perto Dele (Efésios 1:7-9, Colossenses 1:12-14, 1Pedro 1:18-20 e 3:18a).


Entretanto, é necessário que você reconheça que você é indigno de participar dessa viagem (mais do que isso, que você merece ser enviado para outra viagem bem diferente, uma viagem sem volta e para um sofrimento sem fim, a exemplo da destruição das cidades de Sodoma e Gomorra – Romanos 9:29 e Salmos 103:10) e que é também incapaz de fazer qualquer coisa que te faça merecer ou alcançar esse passaporte. Arrependa-se e acredite no amor Dele, na bondade Dele manifesta na morte de seu Filho (Marcos 1:15 e Romanos 5:6-8), pois o “País de Aslam” é o destino seguro de todos os que se arrependem, negam a si mesmos e passam a viver, se mover e existir Nele.



Pela esperança infalível no Reino,



Soli Deo Gloria! 

Um comentário:

  1. Uhuuul! Lindo!
    Estava lembrando da poesia do Manuel Bandeira essa semana!
    Sim, Vou-me embora para Nárnia...

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