Mais
uma semana desse maio chega ao fim e, dessa vez, pretendo escrever sobre algo
mais cotidiano... Espero me inspirar daqui pra frente.
A
situação caótica em que algumas cidades do país se encontraram (ou ainda se
encontram) devido às paralisações de rodoviários e professores (como em
Salvador/BA), trens e metroviários (na capital paulista) – sem contar os
transtornos do trânsito, das chuvas, do descaso da saúde pública e da violência
– tornou essa semana uma semana peculiar. Não tão positivamente peculiar (pelo
menos sob os aspectos mencionados), mas, de qualquer sorte, completamos mais
uma semana vivos - motivo suficiente para sermos mais gratos por aquilo que
temos. De fato, por mais que nossas críticas contra os serviços públicos sejam
normalmente pertinentes (metrô lotado ou a falta do metrô, poucos ônibus
circulando pela cidade para atender à população etc.), a ausência total desses
serviços é ainda mais prejudicial. Surpreendentemente, até aquilo que é ruim ou
inadequado tem seu lado bom. Na verdade, as coisas “ruins” acabam contribuindo
para o nosso bem-estar; enfim, para o nosso bem.
Mas...
Como as coisas ruins podem ser benéficas? (talvez seja essa a sua pergunta
agora – uma pergunta perfeitamente lógica).
Vamos
começar.
Nós
não gostamos do caos. Não gostamos de desordem (o que diriam os amantes da
termodinâmica agora?). Não gostamos quando as coisas saem do nosso controle e,
por isso, somos inseridos numa situação de desconforto. Não gostamos de ver
nossos planos frustrados, nem mesmo de mudar de ideia por causa de imprevistos
(eu que o diga)... Gostamos de ter o controle, gostamos da ordem e da lei
(enquanto elas nos agradam, é claro), do conforto e da “sombra com água
fresca”... Mais do que isso, não aceitamos quando as coisas acontecem de uma
maneira diferente daquela que planejamos e, na pior das hipóteses, transferimos
a “culpa” ou a responsabilidade para os outros, para a sociedade e até para
Deus. Ora, às vezes não dizemos: “Ai meu Deus, por que isso teve que acontecer?
Por que vai chover logo no dia de minha prova do concurso da Petrobras? E essa
greve na minha universidade? Eu preciso terminar meu doutorado...” Me desculpem
a postura enfática, mas a melhor resposta para essas perguntas é: as coisas
acontecem como devem acontecer e, como nenhum de nós se chama “Deus”, não temos
direito de contestar nada. Simples assim.
No
entanto, você pode ainda me questionar: “...essa sua afirmação é muito drástica
e sem fundamento... por que eu devo concordar com isso?” Ótimo, você está indo
no caminho certo. É bom ser questionador, desde que os questionamentos tenham
como alvo a descoberta das verdadeiras razões por trás das coisas. Eu também
sou questionador e, nesse sentido, meu objetivo é sempre compreender as coisas
como de fato são, mesmo que essa compreensão seja restrita aos limites de minha
humanidade. Sem mais delongas, vamos às respostas.
Hoje
mesmo, pouco tempo antes de começar a escrever esse texto, li no mural do
facebook de uma colega – Clarinha, obrigado! rs - o seguinte registro atribuído ao profeta
Isaías (o qual está presente no livro do Antigo Testamento que leva o seu
nome):
“Ai
dos que querem esconder profundamente o seu propósito do Senhor! Fazem as suas
obras às escuras e dizem: Quem nos vê? E quem nos conhece? Vocês pervertem
tudo, como se o oleiro fosse ao barro e a obra dissesse do seu artífice: Ele
não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Ele nada sabe”. (Isaías
29:15-16)
Quando
li esse texto bíblico, a primeira coisa que me veio à mente (eu até comentei na
postagem) foi a soberania total de Deus. E, se a soberania Dele é total,
somente Ele tem soberania. Nem eu, nem você, nem nenhum homem, por mais
poderoso e influente que seja, é soberano. No fim das contas, os títulos
relativos aos monarcas, faraós, imperadores, príncipes, ditadores e senhores
feudais ao longo da história são um imenso sofisma, uma falácia, uma fábula
para boi dormir... Como essa minha amiga mesma disse, “é uma burrice tentar ser
Deus”, pois enganar a si mesmo é coisa de gente insensata e inconsequente.
Ou
seja, só Deus é soberano e, como resultado, Ele é quem controla as coisas e, de
um modo chocantemente insano, gerencia e determina a ordem em todo o “caos” que
nos cerca – as greves, a violência urbana, a seca no sertão, o problema da
saúde pública, a desestruturação da família, a inversão de valores, a injustiça
social, a corrupção na política, as catástrofes naturais, a crueldade com as
crianças e idosos e, finalmente, o pior caos que existe: o nosso coração
perverso e desesperadamente corrupto, como disse o profeta Jeremias em seu
livro (17:9). Como também está escrito: “...o Senhor estabeleceu o seu trono
nos céus e o seu reino domina sobre tudo...” (Salmos 103:19). Tudo é TUDO.
Além
disso, o “caos” sempre vai nos acompanhar porque, enquanto nós vivermos por aqui,
conviveremos com a imperfeição ou, como poetizou Renato Russo: “...o caos segue
em frente com toda a calma do mundo...”. E, se o caos segue em frente passo a
passo, a cada novo dia enfrentaremos dissabores - mas momentos bons também
existirão. Logo, o que nos resta é estar atentos para aproveitá-los e, se
formos prudentes, olharemos para as coisas ruins com outro olhar – pois um
grande sábio disse certa vez:
“No
dia da prosperidade, desfrute do bem, mas, no dia da adversidade, considere;
porque também Deus fez este em oposição a aquele, para que o homem nada ache
que tenha de vir depois dele” (Eclesiastes 7:14).
Deus
fez todas as coisas – as que são boas e as que nos parecem ruins – para não
cairmos na presunção de esperar que o futuro seja como gostaríamos que ele
fosse. Jesus disse certa vez que “basta a cada dia o seu próprio mal” e, nesse
sentido, nos ordenou a buscarmos o reino de Deus antes de qualquer outra coisa
e, dessa forma, as outras coisas nos seriam acrescentadas. Isto é, eu não tenho
que pensar em correr desesperadamente atrás das coisas para desfrutar delas,
mas sim devo ter minha mente completamente direcionada para o que de fato
importa: o reino Dele, a vontade Dele, o conhecimento Dele. O resto é bônus.
Finalmente,
quero dizer que o “caos” vai acabar um dia. Está escrito: “...eis que faço
novas todas as coisas. E ele me disse: escreve, pois estas palavras são
verdadeiras e fiéis” (Apocalipse 21:5). Chegará o dia da mudança para
Pasárgada, onde “se é amigo do Rei e onde a ternura é a ordem e a lei...”, o
dia em que o “reino de Atlântida” não será apenas uma lenda ou uma lembrança
presente nas ruínas de Pompéia/Itália, em que o “reino de Nárnia [e Cair Paravel]” estará fora
das crônicas de C. S. Lewis ou além dos acordes e versos de Jorge Camargo e
Gladir Cabral... E, sabe de uma? A melhor notícia que eu poderia te dar é que o
passaporte está garantido, pois o próprio Rei pagou o preço dele com seu
próprio sangue para nos levar para lá, para perto Dele (Efésios 1:7-9,
Colossenses 1:12-14, 1Pedro 1:18-20 e 3:18a).
Entretanto,
é necessário que você reconheça que você é indigno de participar dessa viagem
(mais do que isso, que você merece ser enviado para outra viagem bem diferente,
uma viagem sem volta e para um sofrimento sem fim, a exemplo da destruição das
cidades de Sodoma e Gomorra – Romanos 9:29 e Salmos 103:10) e que é também
incapaz de fazer qualquer coisa que te faça merecer ou alcançar esse
passaporte. Arrependa-se e acredite no amor Dele, na bondade Dele manifesta na
morte de seu Filho (Marcos 1:15 e Romanos 5:6-8), pois o “País de Aslam” é o destino seguro de todos os que se arrependem, negam a si mesmos e passam a viver, se mover e existir Nele.
Pela
esperança infalível no Reino,
Soli Deo Gloria!
Uhuuul! Lindo!
ResponderExcluirEstava lembrando da poesia do Manuel Bandeira essa semana!
Sim, Vou-me embora para Nárnia...