Mais
um novo mês começa.
Contrariando
certa música do Kid Abelha que diz que “maio já está no final”, maio ainda está
nos seus primeiros dias. Particularmente, este é um mês importante para mim,
pois, há alguns 20 e poucos anos, eu nasci... De modo bem curioso, nasci num
sábado que antecipava o dia das mães daquele ano (minha mãe sempre me disse que
eu fui o presente dela aquele ano – mães corujas são assim mesmo) e, além
disso, era dia 7. Enfim, meu nascimento foi no dia 7, no sétimo dia da semana.
O que isso significa? Nada - a não ser para aqueles que acreditam em
numerologia.
Por
outro lado, é um mês como todos os outros: semanas atarefadas na universidade
(talvez as mais atarefadas deste semestre), tempo (ou falta de tempo/vontade)
para estudar, responsabilidades extra-acadêmicas etc. Na verdade, estou
bastante ansioso para concluir todos os trabalhos e provas que irão tomar a
maior parte de meu tempo durante esse mês para somente ficar esperando os
resultados. Ora, eu gosto de ver as tarefas terminadas, porém, enquanto isso
não acontece, tenho que lidar com a inquietude e com o stress. Lembrei-me de Nelson Rodrigues e seu bordão: “a vida como
ela é” como também de uma amiga de longa data que costuma me recordar: “pois é,
é a vida”.
Entretanto,
a vida é realmente isso – um conjunto de
coisas que se repetem todos os dias (às vezes, nos mesmos momentos), numa determinada
intensidade e que, no final das contas, nos fazem desejar desesperadamente
fugir de todo esse “casulo cotidiano”, ainda que seja por um fim de semana?
Por que temos a tendência quase
inevitável de repudiar a “rotina” e de supervalorizar a “quebra da rotina”?
Por que consideramos como os melhores momentos da vida aqueles que [porventura]
só aconteceram uma vez – uma viagem pra Europa, a lua-de-mel, o dia em que o
jogo da final da Copa do Mundo foi visto ao vivo ou mesmo o primeiro encontro?
Quem se arrisca a tirar a minha dúvida? [você pode fazer isso por meio de um
comentário, se preferir.]
Antes
disso, gostaria de dar o meu parecer.
Se pensarmos bem,
tanto o cotidiano como a “quebra” da rotina fazem parte da mesma vida que cada
um de nós tem para experimentar. Nós não vivemos uma “vida diferente” quando saímos
da rotina; simplesmente aproveitamos nosso tempo com coisas que não são
freqüentes em nossa realidade e, provavelmente, devido ao nosso apego pelo
“novo” e pelo “incomum”, passamos a conferir maior relevância àquilo que é
“diferente” ou “fora de época”.
A vida (a única vida que temos neste planeta) inclui o que se denomina rotina
e, exatamente por causa dela, inclui também o que chamamos “quebra da rotina”;
ou seja, tudo faz parte da vida, de maneira que a melhor opção para nós é
aproveitar ao máximo todos os momentos “happy-hours” que surgirem enxergando,
ao mesmo tempo, os momentos aparentemente mais “chatos” e desgastantes como
componentes deste bem que recebemos: a vida.
Finalmente,
retomando a mesma música de Kid Abelha mencionada no início, pergunto: “o que
somos nós afinal?” Somos criaturas
dependentes de “mudanças na agenda” ou conseguimos ver beleza em contemplar o
mar azul da janela do ônibus no caminho para a faculdade toda manhã? Reconhecemos
o valor em se despertar antes das 7h para viver mais um dia repleto de desafios
(a despeito do trânsito ruim e do coletivo lotado)? Será que reparamos nas
flores e nas árvores que deixam nosso campus ou nosso local de trabalho mais
bonitos e agradáveis? Mais ainda: temos notado as pessoas que estão ao nosso
redor e nos importado com elas? E os nossos amigos? E a nossa família? Por mais
que seja frustrante, é mais provável que tenhamos nos
enclausurado em nós mesmos numa atitude de egolatria e/ou indiferença
e, quase sem percebermos, nos tornamos cegos para o encanto de cada momento da
vida, para a beleza de ser, de estar, de viver. Já dizia o poeta ao cantar a
vida: “...eu fico com a pureza da resposta das crianças: é a vida, é bonita e é
bonita...”
Viver
e não ter a vergonha de ser feliz; cantar a beleza de ser um eterno aprendiz.
Talvez o que o nosso mundo precise seja justamente um pouco disso - um pouco mais de simplicidade, de
autenticidade, de verdade, de desprendimento da própria reputação – para que
cada um de nós cultive a beleza de se aprender todos os dias, uns com os
outros, nós com a natureza e, obviamente, todos nós aprendendo com Ele – o
Grande Mestre, a Beleza Incomparável ou, como Ele mesmo disse:
“Tomem
sobre vocês o meu jugo e aprendam de Mim, pois sou manso e humilde de coração,
e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Porque o meu jugo é suave e o
meu fardo é leve”. (Evangelho segundo Mateus, cap. 11, vs. 29-30).
Viver com Ele e
para Ele é algo verdadeiramente leve
– sem restrições de preceitos humanos ou prisões impostas pela consciência dos
outros. A única restrição é que, se
vivemos para Ele e com Ele, é Ele mesmo quem dita o ritmo da música que deve
mover cada passo nosso, como diz outro poeta e também amigo:
“...
Batidas do meu coração dependem deste Maestro / E até o ar que eu respiro é Ele
mesmo quem me dá / Em volta da mesa com os meus, celebro com vinho a vida / É
Ele quem dá gosto a tudo, com Ele a alegria sempre está...” (É n’Ele – Stênio Marcius)
Enfim,
Maio está apenas começando... Muitas coisas estão por vir e a minha única
aspiração (para maio e para todos os outros meses que me restam de vida) é aquela
registrada pelo Apóstolo Paulo, que diz:
“...Não
atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem, porque as coisas
que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas...” (2ª Epístola Aos
Coríntios, cap. 4, vs. 18)
Seja
na rotina ou fora dela,
Soli Deo Gloria!
Show, amei o texto! Amei mesmo!
ResponderExcluirSim, temos que dar valor as coisas simples da vida!
"Somos criaturas dependentes de “mudanças na agenda” ou conseguimos ver beleza em contemplar o mar azul da janela do ônibus no caminho para a faculdade toda manhã?"