Sim.
Maio começou e já se passaram 10 dias.
Como
havia comentado na postagem anterior, num dia 7 de maio, há alguns poucos anos
(risos), eu nasci. Logo, na segunda-feira dessa semana, fiz mais um aniversário,
com direito a ter que esperar 45 min na fila do banco pela manhã, a ter aula de
Estereoquímica no meio da tarde (se quiser saber o que é “estereoquímica”, leia
o post “O maior segredo” do mês de março) e, depois da aula [ora, era meu
aniversário], peguei o primeiro taxi que vi na frente e caminhei em direção ao
meu presente do dia: show da turnê de 15 anos do Los Hermanos! De fato, eu não
merecia um presente e tanto como esse. Não é verdade, Juli Oliveira?
Depois
desse breve resumo do meu 7 de maio, gostaria de aproveitar esse post para
falar sobre uma frase de uma daquelas músicas (que fizeram o público – contando
comigo, claro - curtir intensamente aquele breve momento de “contemplação da
boa arte”), que diz:
“...É
preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê...”
Aqui
está você. Talvez por acaso você tenha encontrado esse blog enquanto navegava
na internet em seu Twitter ou Facebook e, de repente, conhece a música à qual
me referi e, nesse caso, deve gostar muito dela...
Sim, a frase tem o seu tom lúdico e, por isso, parece e soa bela aos ouvidos... Mas, na verdade, ela é mais do que lúdica ou esteticamente bem
construída. Quer ver?
A
estrada vai além do que se vê. Nem eu, nem você, nem ninguém tem percepção
completa das coisas. Podemos pensar, porventura [ou seria desventura?], que
somos (mesmo que em certa medida) sensatos, coerentes e suficientemente cientes
de como a vida funciona e de como ela deve ser aproveitada... Será mesmo? Se
refletirmos, ainda que brevemente, a respeito da realidade ao nosso redor, a
única conclusão “sensata” é a de que a insensatez e a estupidez é o nosso
“cartão de visitas”. A violência, a injustiça social, o egoísmo, a ganância, a
desonestidade, o orgulho, as disputas por poder, a indiferença em relação ao
próximo e o desamor exponencial são evidências pontuais disso. Como dizia certo
poeta, é hora de “celebrar a estupidez humana”. Infelizmente.
A
estrada vai além do que se vê e é preciso força pra perceber. Eu não sou capaz,
por mim mesmo, de perceber (nem mesmo) que eu não posso perceber as coisas
como, de fato, elas são... Não há em mim quaisquer habilitações para que eu
conheça plenamente as respostas para as perguntas mais centrais da vida (De
onde viemos? Para onde vamos? Quem somos?) e seus desdobramentos. Logo, eu e
você estamos fadados a vivermos uma ilusão, perdidos em nossos pensamentos
imprecisos e imperfeitos? Como conseguir essa “força pra perceber”? Melhor,
quem tem essa “força” que pode nos ajudar a perceber a realidade com mais
verdade e “de verdade"?
Quando
penso nisso, me lembro de um personagem dos tempos bíblicos conhecido por seu
temperamento melancólico e emotivo [curiosamente, ele é conhecido como “profeta
chorão”, devido a seus cânticos de lamento pela destruição de sua amada
cidade], o qual escreveu:
“Eu
sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho, nem do homem que caminha o
dirigir os seus passos” (Livro de Jeremias, cap. 10, vs. 23).
Eu
não sou o dono do meu destino. Você não é o dono de seu destino. Eu não posso
dar um passo sozinho. Você não pode dar um passo sozinho. Se a Bíblia estiver
certa (como ela mesma testifica de si mesma), é Deus quem controla o nosso
caminho e dirige os nossos passos, não importa quem sejamos. Como também já
disse outro personagem bíblico, conhecido por sua sabedoria peculiar:
“O
coração do homem considera o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos”
(Livro dos Provérbios, cap. 16, vs. 9).
Por
mais que pensemos sobre as nossas decisões por sermos seres racionais [“Cogito,
ergo sum”, já dizia Descartes], no fim das contas é Deus quem continua sendo o
“Senhor” de nossos passos, de nossos caminhos, de nosso destino. Ou melhor,
Deus nunca deixou de ser Deus sobre nada que existe no universo, pois um dos
salmistas disse:
“Antes
que os montes nascessem ou que Tu formasses a terra e o mundo, sim, de
eternidade a eternidade, Tu és Deus” (Salmo 90, vs. 2).
Ele
é Deus desde sempre e continuará sendo Deus para sempre. Essa é a única razão
(na verdade, não poderia existir razão mais nobre) pela qual “a estrada vai
além do que se vê”: Ele é eterno e, por isso mesmo, tem propósitos eternos. Se
Ele é Deus sobre tudo que existe desde sempre e para sempre, Seus planos
eternos sempre se cumprem e, desse modo, nossa “estrada” não pode acabar ali na
próxima esquina. Certamente, tem algo além do próximo quarteirão, além da saída
da cidade... Nem eu nem você podemos ver, mas está lá. Está na hora de “sairmos da caverna” e do mundo das idéias e
irmos para fora... Está na hora de irmos ao encontro Dele, pois “Ele é antes de
todas as coisas e todas as coisas Nele encontram seu propósito” (Colossenses
1:17). Não há sentido algum sem Ele; não há qualquer razão de ser sem Ele. Ele
é o princípio e o fim, o Alfa e o Ômega, o “tudo em todos”. Somente Ele tem a
“força” de que precisamos para “perceber” o fim da estrada.
Finalmente,
você pode perguntar: qual é o final dessa estrada? Talvez a melhor resposta
seja aquela escrita pelo Apóstolo Paulo na sua primeira carta aos coríntios,
que diz: “...as coisas que o olho não viu e o ouvido não ouviu, e que não
subiram ao coração do homem, são essas que Deus preparou para aqueles que O
amam...” (1 Coríntios 2:9). Eu não tenho a mínima noção disso. Você não tem. Eu
não posso ter essa noção, pois é muito superior a qualquer coisa que eu posso
imaginar como nobre, preciosa e agradável. Você não pode ter. Porém, na
verdade, isso não importa. O que importa é reconhecermos o caminho certo para
essa “estrada que vai além do que se vê” – ou seja, conhecer a Ele e
reconhecê-Lo é o que importa.
Pela "estrada que vai além do que se vê",
Soli Deo Gloria!
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