Mais um ano se iniciou.
Desse modo, novas coisas também surgiram - um novo governo (e, com ele, determinadas mudanças já começaram e devem continuar a ocorrer), novos desafios individuais (p. ex., no andamento dos estudos), novas prioridades a serem buscadas e, obviamente, muitas aspirações e desejos a serem alcançados ao longo do ano até o 31 de dezembro.
Todavia, outras coisas continuam as mesmas - torço para o mesmo time de futebol, continuo com os mesmos gostos para arte, música e leitura, ainda tenho fascínio pelas ciências naturais e exatas (especialmente a química, a astronomia e a matemática) e, como não poderia deixar de ser, não têm me faltado motivos para publicar outros textos que não gostaria de ter que escrever.
Porém, como a vida não consiste somente na satisfação das paixões e prazeres mas, igualmente, em tomar atitudes necessárias (ainda que muito árduas e dolorosas), acredito que preciso organizar essas idéias e colocá-las aqui... Espero que valha a pena.
Há duas publicações compartilhei aqui um texto que não gostaria de ter escrito (contudo, escrevê-lo foi necessário). Agora, novamente, tenho outras razões bastante sérias para escrever um texto nascido na angústia e temperado com uma santa indignação. A esse respeito, é importante destacar que o principal público-alvo dessa postagem é o cristão [genuinamente cristão, reitero] e que, portanto, reconhece a Bíblia como a Palavra de Deus inerrante e suficiente nas matérias do conhecimento de Deus, do homem, da vida, da salvação e da eternidade. Se algum leitor não reconhece essas coisas como verdadeiras (ou, no mínimo, não faz de conta que reconhece), pode continuar a ler o texto caso o mesmo desperte algum interesse, embora o objetivo principal já tenha sido explicitado.
Sem mais perda de tempo, o título deste texto se refere a uma expressão que descreve, em medida razoável, uma das características mais típicas dessa geração atual - a qual é aqui denominada "burrice presunçosa" - juntamente com uma adaptação da famosa frase do Oráculo de Delfos presente no templo do deus mitológico grego Apolo, a qual originalmente diz "...Γνώθι ςεαυτόν..." ou "...conhece-te a ti mesmo!...".
Logo, o que seria essa "burrice presunçosa"?
Será mesmo verdade que essa expressão se aplica consideravelmente à sociedade hodierna?
Em caso afirmativo, quais seriam as suas evidências concretas?
A expressão "burrice presunçosa", em termos sucintos, seria uma postura soberba e insolente motivada por uma sabedoria pretensiosa, falsa ou falaciosa - em outras palavras, seria "dar uma de sabichão para disfarçar a própria ignorância" ou "se fazer de inteligente enquanto não se é mais do que uma 'besta quadrada'". Isto posto, basta uma observação cuidadosa das idéias ou modelos sociais que norteiam (ou seria "manipulam?") quase todos os comportamentos, crenças e valores (será que isso ainda existe?) da nossa sociedade/civilização atual para se notar que a estupidez humana [a mesma que foi outrora ironicamente celebrada na canção "Perfeição", da Legião Urbana] tem triunfado sobre quase todos e quase tudo. Ora, num mundo em que já se defende a "lógica do assalto", onde o vento pode ser "estocado" [já que a sua velocidade é diferente a depender da hora do dia!], onde "nascer já significa poluir" (pelo menos na França) e, mais gravemente, onde o genocídio infantil mesmo às vésperas do nascimento já é um "direito inalienável" (conforme lei recentemente aprovada no estado norte-americano de New York), é evidente que a insensatez e a vileza encontram cada vez mais proponentes e adoradores, os quais "andam soberbamente por toda parte" enquanto espalham o seu maldito rastro de roubos, burrice, psicopatia e sangue inocente derramado.
Além disso, o aspecto mais importante para esse texto se refere ao fato de que, mesmo diante do quadro nefasto que foi resumidamente apresentado no final do parágrafo anterior, o número daqueles que se consideram "cristãos verdadeiros" mas que estão agindo como se a fé que dizem professar não delimitasse o que deve ser feito diante de (ou crido em relação a) tal quadro ou mesmo como se fossem "ateus práticos" não cessa de crescer à minha volta. Como resultado, acho que estou a me dar conta de que a "burrice presunçosa" supracitada é um "privilégio" não apenas dos estudantes e professores das faculdades de linguagens, ciências humanas e pedagógicas deste país ou mesmo da "mídia mainstream" [embora eu conheça e reconheça muitas pessoas da área das ciências humanas e afins que são muito talentosas ou mesmo "mentes brilhantes"] mas também das igrejas, as quais atualmente estão, em grande parte, contaminadas por muitos "burros presunçosos", os quais se gloriam de sua própria estultícia [até porque alguns deles nem devem saber o que significa a palavra "estultícia" ou, se sabem, não percebem que a carapuça serve para si mesmos] e se comportam à semelhança dos "fariseus" [que amam citar como exemplos negativos de religiosidade] ao "...coar mosquitos e engolir camelos...", assim como ao "...exibirem-se como belos sepulcros caiados..." ou "...fazendo daqueles que os seguem duas vezes mais filhos do inferno do que eles mesmos...". Será mesmo que eles ignoram a advertência de Cristo que diz "...Serpentes! Raça de víboras! Como vocês escaparão da condenação ao inferno?..."? [Mateus 23, vs. 34].
Para ilustrar, gostaria de mencionar um episódio no qual um grupo de cristãos (entre os quais eu estava) recentemente discutiu a respeito do assunto "modéstia na maneira de se vestir" a partir de um texto publicado mais especificamente para jovens e mulheres cristãs, dado o atual contexto do verão e das roupas que normalmente são usadas mais freqüentemente nesta época (quase sempre, menos compostas e mais sensuais). No referido texto, o argumento básico era de que, visto que os homens são muito atraídos pelo que vêem [e, dessa maneira, citando o apóstolo Tiago, "...cada um é tentado pelo seu próprio desejo mau, sendo por este arrastado e seduzido..." Tiago 1, vs. 14], as mulheres cristãs deveriam ser mais cuidadosas na maneira como se vestem, tanto para não levar o outro a pecar lascivamente quanto para não se comportar de maneira leviana e desagradável a Deus - ainda que, hoje em dia, muitas mulheres que dizem servir a Deus vivem à luz da falácia mundana do "meu corpo, minhas regras" e, por isso, são como aqueles a quem o apóstolo Paulo repreende na carta a Tito, dizendo que "...confessam que conhecem a Deus, mas o negam com as suas obras, sendo detestáveis, desobedientes e desqualificados para toda boa obra..." [Tito 1, vs. 16]. Obviamente, isso não implica a ausência de responsabilidade masculina em relação ao controle de seus desejos e cobiças bem como não o isenta de sua culpa, pois todo pecador é responsável pelo pecado cometido e deve reconhecer a sua decorrente culpabilidade.
No entanto, eu tive o infortúnio de acompanhar diversas argumentações espúrias e idiotices do tipo "...façam um favor ao mundo: excluam esse texto!...", ou "...um homem não tem 'lugar de fala' quando o assunto é o 'sofrimento feminino' em relação ao tipo de roupa que a mulher cristã é condicionada pela religião a usar...", ou "...quem disse que a mulher tem que deixar de usar a roupa que quiser porque o homem não consegue se controlar?..." e até mesmo "...eu me alegro de ser como essas mulheres que não se submetem a tais padrões com a mesma alegria que não compartilho de suas idéias...", sendo essa última frase uma menção absolutamente insolente de uma dessas tais "cristãs" a uma outra que tinha o pensamento mais alinhado com o texto em questão.
Nessa situação, os argumentos anteriores foram expostos em meio a determinadas réplicas que, apesar de às vezes bem incisivas ou mesmo mais ásperas, desmascararam a completa inépcia dessas tais "cristãs" em perceber a própria ignorância e a extensão da perversão de sua cosmovisão cristã/bíblica por idéias anticristãs e nocivas, uma vez que o ensino bíblico [particularmente de Jesus e dos apóstolos] é de que "...ninguém pode servir a dois senhores, pois amará a um e odiará ao outro, e se dedicará a um e desprezará o outro..." [Mateus 6, vs. 24] e de que "...embora vocês tenham sido escravos do pecado, vocês passaram a obedecer de coração à forma de doutrina que lhes foi transmitida, de sorte que vocês foram libertados do pecado e foram feitos servos da justiça..." [Romanos 6, vs. 17-18]. Portanto, se alguém arroga ser ou se declara servo de Deus e acha "opressivo demais" o simples fato de que Aquele que é supostamente seu "Senhor" possui "padrões de modéstia para o vestuário", tal pessoa não corresponde à sua posição de "servo" ou "escravo" ou, no mínimo, está servindo a um "deus" que não passa de uma projeção de si mesma e que, portanto, não é o Deus verdadeiro. Isto é, se alguém continua obstinado nesses pensamentos, tal pessoa não é mais que um idólatra.
No Cristianismo, Jesus é o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores; logo, quem quiser "cantar de galo" achando que pode "mandar no pedaço" ou "fazer o seu próprio reino" terá que se dobrar diante Dele - por bem ou por mal. Em outras palavras, se Jesus é Rei, o Cristianismo não é uma "democracia" na qual todos podem exigir "direitos máximos" e Deus faz o papel do "Welfare State" a fim de ser o provedor de todos os caprichos e chiliques de quem quer que seja - Ele não deve nada a ninguém, Ele ordena e exige o que Ele quer, e a quem é servo só resta a obediência voluntária e satisfeita, visto que "...o Senhor é bom e a Sua benignidade dura para sempre..." [Salmo 136, vs. 1]. Diante disso, vale relembrar as notáveis palavras de Cícero que, ao olhar para sua época, declarou o famoso moto "O tempora, O mores!", que em latim significa "que tempos, e que costumes"!
Mas o pior ainda está por vir.
Se você imaginou que ter de lidar com a "burrice presunçosa" de supostas mulheres "cristãs" desinformadas quanto aos males do secularismo atual seria a parte mais odiosa desse texto, você "errou!" [como diria o Fausto Silva] ou "...achou errado, bênção!...", em referência aos meus amigos do "Choque de Crutura" [vide Cru Salvador no Youtube]. No entanto, voltando ao que interessa, nesse mesmo episódio que estou relatando eu tive de "suportar com muita longanimidade um vaso de ira" [quem lê, entenda] que, ao se deparar com um dos meus poucos comentários durante a conversa, onde eu afirmei que
"...quando se trata de doutrina bíblica
não há liberdade de opinião -
pois, ou nos submetemos à verdade de Deus
ou adotamos um deus conforme nossa conveniência...",
Em resposta escreveu dois "textões" [típica atitude de quem quer "lacrar"] dizendo que eu era um "ingênuo equivocado" por ignorar completamente o fato de que a tal "verdade bíblica" à qual me referi não pode ser comprovada devido à multiplicidade de interpretações do seu conteúdo e a subseqüente gama de correntes teológicas distintas e muitas vezes antagônicas entre si. Ora, se existem tantas interpretações e linhas teológicas diferentes, essa história de "verdade bíblica" é evidentemente uma "convenção dos tempos de trevas da religião" ou um "pensamento ortodoxo conservador retrógrado", pois "pensadores independentes" não são ingênuos a esse ponto.
Inicialmente, a pessoa que afirmou tais coisas nunca me viu nem sequer uma vez na vida e muito menos participou de qualquer roda de discussão ou de uma conversa numa cafeteria para saber o mínimo a respeito de minhas idéias ou de minhas influências intelectuais e teológicas. Logo, as opiniões contidas acima não passam de especulações desprezíveis e mentirosas, pois eu sei bem que a história do Cristianismo mostra claramente a quantidade de dissensões e disputas pelas doutrinas corretas, bem como as incontáveis idéias ditas "heterodoxas" e heresias que surgiram e têm surgido até hoje, além das variadas filosofias do pensamento cristão [desde a Patrística, a Escolástica, os movimentos pré-Reforma, a Reforma Protestante e todos os segmentos que a compuseram ou a sucederam, os movimentos decorrentes de avivamentos ou mais "escatológicos", o pentecostalismo e o neopentecostalismo (com todas as suas peculiaridades)], dentre outros. Se ao menos houvesse um diálogo saudável entre nós, tal pessoa se certificaria de que não sou um "ingênuo equivocado" como talvez ainda acredite [embora isso não importe muito agora] e, mais do que isso, poderia talvez se dar conta de algo que se chama "doutrina da perspicuidade das Escrituras", segundo a qual a Bíblia é suficientemente clara quanto a todas as doutrinas fundamentais que devem ser conhecidas pelo ser humano - o conhecimento de Deus, do universo criado, do homem e de sua natureza, do pecado e suas conseqüências, do plano de redenção, da natureza, vida e obra de Jesus Cristo, da igreja e, finalmente, do juízo e glorificação eternos.
Por tudo isso, a existência de múltiplas linhas de pensamento sobre a Bíblia e sobre o que ela afirma não indica que ela não seja confiável como "Palavra de Deus" ou que não existe essa coisa de "verdade bíblica", mas sim ressalta a limitação humana no ato de conhecer a Deus exaustivamente e de compreender os Seus desígnios devidamente, pois está escrito:
Disse ainda o Senhor a Jó: "aquele que contende com o Todo-poderoso poderá repreendê-Lo? Que responda a Deus aquele que O acusa!"
Então Jó respondeu ao Senhor: "sou indigno; como posso responder-Te? Ponho a mão sobre a minha boca". [Jó 40, vs. 1-3]
Mas como pode o mortal ser justo diante de Deus? Ainda que quisesse discutir com Ele, não conseguiria argumentar nem uma vez em mil.
Sua sabedoria é profunda, Seu poder é imenso. Quem tentou resistir-Lhe e teve paz? [Jó 9, vs. 2-4]
Por outro lado, é necessário dizer que não existe o que se entende por "pensador independente", pois todo indivíduo que começa a desenvolver o seu intelecto (e, talvez, uma vida intelectual posterior) sempre parte do que já foi produzido e, assim, constrói suas idéias e reflexões. Além disso, considerando-se que todos nós somos criaturas feitas à imagem e semelhança de Deus e, dessa maneira, nossa racionalidade e capacidade de adquirir e de produzir conhecimento provêem Dele, todo ser humano só é capaz de pensar e aprender alguma coisa pela providência divina, visto que também está escrito que "...o Senhor é quem dá a sabedoria; da Sua boca vem o conhecimento e o discernimento..." [Provérbios 2, vs. 6]. Qualquer coisa diferente disso é conversa para iludir trouxas.
Contudo, é possível que alguém até afirme que "Deus dá sabedoria ao homem" ou que "Deus conhece todas as coisas" sem ter a correta compreensão das implicações dessas declarações, pois se é Deus quem nos concede sabedoria por ser o possuidor dela, toda suposta "sabedoria" que negue a verdade divina ou a realidade bem como qualquer postura de contumácia ou incredulidade diante do que o próprio Deus testifica como sendo verdadeiro não passa de tolice ou, nos termos desse texto, de "burrice presunçosa". Nesse sentido, vale ressaltar que Deus "assume o risco" [por assim dizer, obviamente] de permitir que seja dito que "...a Tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos Teus juízos dura para sempre..." [Salmo 119, vs. 160] e que "...toda palavra de Deus é pura, e é escudo para os que confiam Nele... Nada acrescentes às Suas palavras, do contrário Ele te repreenderá e tu serás achado mentiroso..." [Provérbios 30, vs. 5-6], de modo que se esse tal "livro sagrado" chamado Bíblia não for deveras a palavra revelada pelo Deus único e verdadeiro, Ele se mostrou fraco [por não ser capaz de preservar o Livro no qual se lê que veio por inspiração Dele] e irresponsável [por permitir que Seu nome fosse relacionado indevidamente com um livro não confiável]. Apesar disso, para quem é do tipo que pensa que a Bíblia "contém a Palavra de Deus, mas não o é", que "muitas coisas que estão escritas são contextuais e produtos de construção social das épocas antigas" ou que "a interpretação da Bíblia deve ser feita à luz dos avanços das ciências naturais, sociais e históricas, pois o nosso conhecimento do mundo é bem mais amplo que aquele dos escritores bíblicos", estes argumentos não são razoáveis - mas isso não faz diferença. No fim das contas, "Deus sempre será verdadeiro e todo homem mentiroso" e, por isso, não convém responder a indagações de pseudointelectuais enfatuados para me igualar a eles em sua imbecilidade e insensatez.
Em terceiro lugar, é sempre pertinente salientar o que está escrito na epístola do apóstolo Tiago, como mostrado a seguir:
Quem é sábio e tem entendimento entre vós? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com humildade e mansidão de sabedoria.
Contudo, se tendes no coração amarga inveja e sentimento faccioso, não vos glorieis disso nem mintais contra a verdade.
Pois essa sabedoria não vem dos céus, mas é terrena; não é espiritual, mas é diabólica.
Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa.
Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois pacífica, amável, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.
[Tiago 4, vs. 13-17]
Em outra publicação, eu usei essa mesma passagem bíblica para falar sobre a distinção entre a sabedoria carnal e a sabedoria que vem de Deus mas, apesar dessa "aparente repetição", não conheço melhor trecho para ratificar que aqueles que são, de fato, sábios segundo a sabedoria divina, o demonstram pelo seu proceder por meio de obras realizadas com humildade, de tal modo que a atitude constante de um sábio é "suspeitar de si mesmo ao invés de suspeitar da verdade". Mais do que em qualquer outra época da humanidade, é cada vez mais comum ver pessoas que sempre "suspeitam de tudo" e que acham que podem dar "opinião sobre tudo", mas que jamais duvidam de si mesmas. Tudo é passível de crítica, de dúvida, de descrédito ou de desprezo, exceto as suas próprias idéias e inquirições. Nesse contexto, são perfeitamente aplicáveis as palavras do filósofo brasileiro Olavo de Carvalho que, no filme baseado em seu livro "O Jardim das Aflições", disse que "...somente os idiotas procuram ter idéias próprias; os sábios desejam ter as idéias verdadeiras...", de maneira que a aquisição da sabedoria sempre envolve a consciência do que é atribuído ao filósofo grego Sócrates, i.e., de que "...tudo que sabemos é que nada sabemos...". No mais, o texto diz que, se alguém traz no coração inveja ou sentimento faccioso [ou ambição egoísta], não deve se gloriar nisso nem negar a verdade, pois a "sabedoria" que é acompanhada dessas más obras e afeições é terrena e não celestial, animal e não espiritual, demoníaca e não divina, uma vez que não pode existir nada além de perversidade e confusão onde há inveja e espírito contencioso.
Em contrapartida, a sabedoria que vem do alto, do céu - i.e., de Deus por meio de Cristo, o qual foi feito para nós da parte de Deus "nossa sabedoria" - é, antes de tudo, pura [santa, sem contaminação, sem mácula, assim como o Deus que a concede], mas também pacífica [não promove perturbação, mas alívio e refrigério], amável [expressa amor por Deus e, conseqüentemente, possibilita o amor entre os que a experimentam], tratável [produz humildade, espírito ensinável e mansidão tanto em quem compartilha como em quem aprende], cheia de misericórdia e de bons frutos [é abundante em generosidade, compaixão e boas obras], sendo sem parcialidade nem hipocrisia [não promove partidarismos e nem é falaciosa ou falsa].
Destarte, eu não quero ser alguém que, na contramão da mensagem do Oráculo de Delfos, se esquece de "conhecer a si mesmo" para "enganar a si mesmo" ao formar no imaginário uma concepção mentirosa a respeito de si, embora o verso "...engana-te a ti mesmo!..." esteja sendo endossado por cada vez mais pretensos "sábios dos tempos modernos", os quais acreditam estar iluminando a si mesmos com uma luz da qual Cristo disse que "...se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão tais trevas!..." [Mateus 6, vs. 23]. Em outros termos, aquele que possui uma sabedoria que é biblicamente chamada de diabólica está agindo de acordo com aquele de quem vem essa tal "sabedoria" e, assim, revela-se como alguém que não pertence a Deus e que, logo, não O têm como Pai, assim como os judeus do capítulo 8 do evangelho segundo João, dos quais Jesus diz que "...tinham o diabo por Pai e queriam satisfazer a vontade dele..." [João 8, vs. 44], bem como diziam que eram filhos de Deus e que O conheciam, porém Jesus disse que eles eram mentirosos, que eles O desonravam e que, se fossem de fato filhos de Deus, eles O amariam em vez de desejarem matá-Lo [João 8, vs. 42, 49 e 55].
Ora, se "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria", quem não O teme jamais poderá começar a ser sábio e, nesse caso, ninguém poderá temê-Lo verdadeiramente sem confiar em Sua Palavra a ponto de guardá-la no coração para não pecar contra Ele. De modo análogo, se "...não há sabedoria, nem discernimento, nem conselho que possa se opor ao Senhor..." [Provérbios 21, vs. 30], qualquer atitude de descrença e de ceticismo diante daquilo que Deus disse [i.e., diante de Sua palavra] não prevalece, pois está escrito que "...Ele conhece os pensamentos dos sábios, os quais são fúteis..." [Salmo 94, vs. 11] e que "...Ele apanha os sábios na própria astúcia deles..." [Jó 5, vs. 13] - em suma, Ele torna louca a pretensa "sabedoria" dos que se julgam "instruídos" e se gloriam de sua "vasta formação", pois até "...a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens..." [1 Coríntios 1, vs. 25].
Ora, se "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria", quem não O teme jamais poderá começar a ser sábio e, nesse caso, ninguém poderá temê-Lo verdadeiramente sem confiar em Sua Palavra a ponto de guardá-la no coração para não pecar contra Ele. De modo análogo, se "...não há sabedoria, nem discernimento, nem conselho que possa se opor ao Senhor..." [Provérbios 21, vs. 30], qualquer atitude de descrença e de ceticismo diante daquilo que Deus disse [i.e., diante de Sua palavra] não prevalece, pois está escrito que "...Ele conhece os pensamentos dos sábios, os quais são fúteis..." [Salmo 94, vs. 11] e que "...Ele apanha os sábios na própria astúcia deles..." [Jó 5, vs. 13] - em suma, Ele torna louca a pretensa "sabedoria" dos que se julgam "instruídos" e se gloriam de sua "vasta formação", pois até "...a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens..." [1 Coríntios 1, vs. 25].
Finalmente, recordarei aqui o relato do apóstolo Paulo que, ao escrever aos cristãos de Corinto [importante cidade do mundo helenístico antigo em virtude de seu comércio portuário, de sua filosofia e sua religiosidade], afirmou que
"...Quando estive entre vocês, não fui com discurso eloqüente nem com muita sabedoria para lhes proclamar o Evangelho de Deus.
Pois nada decidi saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado. [...]
Minha mensagem e minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do poder do Espírito,
Para que a fé de vocês não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus..."
[1 Coríntios 2, vs. 1-2 e 4-5]
A partir dessa passagem, o ensino bíblico é muito claro: Paulo, o apóstolo de descendência israelita, da tribo de Benjamim, fariseu de fariseus e irrepreensível quanto ao zelo da Lei divina [e que, além de tudo, era cidadão romano e profundo conhecedor da cultura greco-romana], ao se deparar com uma comunidade politeísta e onde a filosofia florescia por todos os lados, não quis "dar uma de super-intelectual" nem exibiu sua eloqüência aos moradores daquela cidade quando lhes pregou o Evangelho, pois seu único interesse entre aqueles que "buscavam sabedoria" era Jesus Cristo - e este crucificado. Paulo poderia sim usar de outra abordagem em sua mensagem [como fez brilhantemente no Areópago de Atenas, conforme consta nos Atos dos apóstolos], todavia aqui ele afirmou enfaticamente que "...sua mensagem não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria...", indicando que testemunhar de Jesus Cristo não é a mesma coisa que "...fazer um discurso convincente..." ou que "...lançar mão de uma boa oratória, mas repleta de sofismas....", porém envolve a demostração notória do poder do Espírito Santo, pois somente dessa maneira a fé "...se firmará no poder de Deus em vez de na sabedoria humana...". Nesse sentido, o mesmo Jesus Cristo declarou que Deus "...ocultou essas coisas dos sábios e entendidos e as revelou aos pequeninos, porque assim foi do agrado do Pai..." [Mateus 11, vs. 25-26], de modo que, embora a verdadeira piedade implique uma intelectualidade saudável e que se aperfeiçoa no conhecimento de toda verdade, os mistérios do reino de Deus não são adquiridos por iluminação própria, mas conforme Cristo disse a Pedro após sua confissão: "...não foi carne ou sangue que te revelaram isso, mas meu Pai que está nos céus..." [Mateus 16, vs. 17]. Ou seja, nenhum de nós pode aprender nada sobre nada [e, especialmente, nada sobre Deus] sem que Deus no-lo revele, na medida em que Ele concede de Sua própria luz para que as trevas nas quais todos nós estamos [quando ausentes Dele] sejam derrotadas e, sabendo-se que Jesus Cristo é a Luz do mundo, somente aqueles que O seguem "deixarão de andar em trevas para possuírem a Luz da vida" [João 8, vs. 12].
E quanto a nós?
Será que não temos nos comportado como "burros presunçosos", nos gloriando em nossas pretensões sem perceber que "toda vanglória desse tipo é maligna"?
Além disso, temos nos dado conta de que o autoengano é mais sutil e perigoso do que normalmente se imagina? Será que estamos "enganando a nós mesmos" sem dar o devido valor à verdade de Deus - ou seja, à Sua palavra?
No mais, a sua sabedoria tem se revelado celestial ou demoníaca?
Finalmente, caso você tenha percebido maus frutos advindos de sua "intelectualidade", até quando vai permanecer sem arrependimento e no engano, sem reconhecer que "Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus", de sorte que Deus escolheu salvar os que nEle crêem pela "loucura da mensagem da cruz", a qual "destrói a sabedoria dos sábios e aniquila a inteligência dos instruídos"?
Pela certeza de que Nele sou verdadeiramente sábio,
Soli Deo Gloria!
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