Embora não seja habilidoso com as palavras
Venho a Ti, a Quem elevo a alma.
Não ouso pensar que posso fazê-lo
De qualquer modo, seja por fora, seja por dentro,
Pois Tu estás no céu e eu estou na terra.
Portanto, devo saber a Quem me dirijo,
Para não encher a boca com frivolidades
Visto que o mundo já está farto delas -
Preserva-me Tu, ó Ensinador de todas as coisas,
No caminho da prudência e da humildade
A fim de não me perder de Ti.
Sejas Tu gracioso para conosco, Eterno,
Pois, às vezes, nos enredamos em confusões,
Desvarios, até mesmo loucuras vãs
Nas quais somos como que enclausurados.
Sim, eis que nos lançamos em nossas cavernas
E, tendo somente a escuridão por companhia,
Forjamos nossas próprias realidades -
Realidades que não vão além das sombras,
Quando os raios de sol ali brilham.
Ecoa-se, então, o grito: "liberdade, liberdade!"
Mas, quem vai ouvir essa voz? Quem?
No meio das ilusões a nosso redor
Resplandece Tua face, Luz do mundo,
Para que nossas trevas sejam iluminadas.
Em contrapartida, ainda que no "mito antigo",
A liberdade é alcançada por mérito próprio,
Na vida real, ninguém "se liberta" - mas é libertado.
Sábio é o poeta que disse:
"You can understood dependence
When you know the Maker's hand".
Logo, volto meus olhos para Ti, Destra Fiel,
A fim de relembrar que sou dependente,
Na certeza de que todo aquele que Te contempla
A Ti é atraído, e por Ti é resgatado.
Sim, eu sei que, na solidão da peregrinação,
"Fugindo" dos que me desejam a morte,
E até mesmo nas "covas e cavernas da terra",
Sei que ouvirei a voz do alto a me dizer:
"O que fazes aqui? Sê valente!".
Com a graça que provém de Ti, ó Força minha,
Sei que posso "andar na luz"
- Mesmo que não haja "luz" alguma -
Uma vez que "nem as trevas me escondem de Ti".
Logo, se para Ti "luz e trevas são a mesma coisa",
Não há quem de Ti possa escapar -
Rico ou pobre, jovem ou velho,
Branco ou negro, homem ou mulher,
Religioso ou ateu, instruído ou incauto -
Todos sempre estão em Tua presença,
Embora não da mesma maneira,
Pois "Teus olhos estão sobre os justos"
Porém "Teu rosto é contra os que fazem o mal".
Mostra-Te, pois, a nós, ó Eterno,
Pois "na Tua Luz veremos a luz".
Felizes são aqueles aos quais Tu te revelas,
Pois jamais qualquer poderia conhecer-Te
Se não Te fizesses ser achado de nós.
Portanto, sê auxílio daqueles que Te procuram,
Para que o façam de todo o coração
E não apenas se aproximem com os lábios.
Contudo, por meio Daquele que enviaste,
Já foste propício a nós, vermes vis,
Inclinados ao mal e amantes das trevas,
A fim de nos converteres a Ti,
Para que sejamos "amantes da Luz".
Doce é este chamado, pelo qual recebemos vida,
Vida plena, vida "ad eternum",
A qual está protegida em Ti
E de modo algum será perdida ou tirada.
No entanto, não terá fim a longa jornada,
Até que se completem os dias determinados
Conforme no Teu livro foi registrado.
"Portami via", pois, para o destino final,
- Até a Cidade Celestial -
Seguro em Teus braços carinhosos.
Por enquanto, sobrevirão pântanos e cansaço,
Montes, vales e falsos atalhos,
Inclusos os inimigos destruidores e os tormentos,
Quando, de repente, tudo estará consumado -
Onde havia pecado e sofrimento,
A santidade será o eterno ornamento,
Para que a felicidade Daquele que é Santo
Seja a inspiração de nosso canto:
"Regna il Signore, il nostro vanto".
Soli Deo Gloria!
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