2015
está chegando ao fim.
No
entanto, antes de findar o ano, gostaria de escrever algumas coisas – coisas
que talvez se façam pertinentes num momento em que uma etapa se encerra e outra
está prestes a começar. Vamos em frente, sem olhar para trás.
Primeiramente,
o título dessa postagem é baseada em versos de duas canções – “Tudo novo de
novo”, do Paulinho Moska e “O tempo não para”, de Cazuza. Não irei falar
diretamente com base em trechos dessas músicas, mas buscarei refletir a
respeito dessas palavras de uma maneira diferente, incluindo o que acredito ser
realmente importante.
Um
museu de novidades.
Em
poucas palavras, essa expressão nos remete à repetição do que já se passou,
ainda que haja a aparência de novidade. Ora, todos sabemos que os museus são
locais nos quais a história é preservada, particularmente mediante a produção
artística, religiosa e intelectual, de modo que falar de “um museu de grandes
novidades” parece um contrassenso ou soa no mínimo irônico. Todavia, ao
pensarmos mais cuidadosamente sobre a vida humana e sobre o nosso tempo
presente, o poeta de fato está certo – as “novidades” que vemos, na verdade,
simplesmente assumiram “novas molduras”, mas o quadro é o mesmo. Ou, como foi
registrado pelo antigo rei Salomão, um homem conhecido pela sua sabedoria: “...o
que foi, isso é o que há de ser, e o que se fez, isso tornará a ser feito, de
modo que não há nada de novo debaixo do sol” [Eclesiastes 1, vs. 9]. Não tem
como fugir, “não há nada de novo debaixo do sol”.
Não
há nada de novo.
Mas
“espere um momento!” – você pode me perguntar. Não há nada de novo? O autor
desse blog está enlouquecendo! Basta olhar ao redor para ver que nossa
sociedade é aquela em que as novidades surgem por minuto, a passagem do
anonimato para o sucesso está à distância de um post e também aquilo que hoje é
a “moda do momento” deixa de ser moda no semestre posterior. Tudo se renova
muito rapidamente – logo, faz sentido dizer que “não há nada de novo debaixo do
sol”? Será que isso não passa de uma filosofia ultrapassada de um livro
retrógrado que não deve ser “levado ao pé da letra” e que deve ser superado
pelos “novos paradigmas”?
Não,
“infelizmente” não.
No
fim das contas, o argumento apresentado nesse “livro antigo e retrógrado” é bem
mais amplo, pois lá pode-se ler que “uma geração vai e outra vem, mas a terra
para sempre permanece” (vs. 4), que “o sol nasce e se põe, e volta ao lugar de
onde nasceu” (vs. 5), que “o vento vai para o sul e faz seu giro para o norte,
e continuamente vai girando e fazendo os seus circuitos” (vs. 6), que “todos os
rios correm para o mar, mas o mar não se enche; para o lugar para onde os rios
vão, para lá tornam a ir” (vs. 7) e que “todas essas coisas se cansam tanto,
que ninguém o pode declarar; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos de
ouvir” (vs. 8). Ou seja, o escritor do texto mostra, a partir da dinâmica de
alguns processos naturais, que as coisas se repetem incessantemente, mas nós
não cansamos de vê-las nem de ouvi-las – sempre fomos, de certa maneira e desde
o princípio, como que “viciados no ‘mais do mesmo’” [ainda que esses fenômenos
citados sejam, em si mesmos, dignos de apreciação] e, quanto à “explosão de
novidades” que caracteriza o nosso mundo, pode-se ver que ela acaba por revelar
que “não nos cansamos de ver nem de ouvir novidades”, assim como os filósofos
estóicos e epicureus mencionados no episódio da visita do apóstolo Paulo na
Acrópole de Atenas, no Areópago (Atos 17, vs, 16-21). É sempre mais do mesmo...
não é isso que queremos ouvir?
Tudo
novo de novo.
Por
outro lado, ao se aproximar o fim de um ano (logo, o início de outro), temos o
hábito de fazer planos para o futuro, promessas de mudar determinadas coisas em
nós mesmos bem como de sonhar com novos patamares na vida pessoal – é o “tudo
novo de novo”, pois provavelmente, nos anos anteriores, fizemos as mesmas promessas,
estabelecemos os mesmos projetos e metas e talvez as mesmas aspirações pessoais
vieram à nossa mente. No entanto, tenho uma novidade (mais uma) para te contar
– não adianta fazermos planos, promessas ou termos determinados anseios, pois
em outro lugar do mesmo “livro antigo” se lê que “...qual de vocês, com todos
os seus cuidados, pode acrescentar uma hora ao curso de sua vida?” [Mateus 6,
vs. 27]. Nem eu, nem você, nem ninguém pode garantir para si mesmo nem o
próximo segundo, pois “...os nossos anos se acabam como um conto ligeiro”
[Salmo 90, vs. 9] e “...Tu os levas como uma corrente de água; são como um
sono; são como a erva que cresce de madrugada; de madrugada, cresce e floresce,
mas à tarde corta-se e seca” [Salmo 90, vs. 5-6] – Deus é quem tem poder sobre
a vida e sobre a morte, e a parte que nos cabe é a efemeridade e não a
segurança própria, de forma que “toda vanglória como essa é maligna” [Tiago 4,
vs. 16].
Então
– talvez você pensou dentro de si – quer dizer que eu não tenho o controle
sobre minha vida? “Minha vida, minhas regras”, ora essa! Não amiguinho –
primeiramente, a vida não é sua [pois no mesmo "Livro" se lê que “nEle vivemos, nos movemos e
existimos” – Atos 17, vs. 28] e, além disso, uma vez que não é você (nem eu,
por consequência) que tem o nome de “Deus” sobre si, as regras que vigoram são
as Dele e ponto final, pois está escrito que “...o nosso Deus está nos céus e
faz tudo o que Lhe agrada” [Salmo 115, vs. 3]. Ele está acima, Ele faz tudo o
que Ele quer.
Finalmente,
refletir a respeito do “tudo novo de novo” sempre me recorda uma outra
“novidade” – que chamo de “novidade antiga”, aproveitando o contexto dessa
postagem -, a novidade que “nos ilumina a escuridão”, que “devemos ouvir todos
os dias porque nos esquecemos dela todos os dias”, que “não perde o seu
frescor” e que, onde chega, faz “tudo novo, e novo sempre”. Mas, que “novidade”
é essa afinal?
Há
poucos dias passamos pelo Natal e, no Natal, é comum resgatar à memória essa
referida “novidade” – a “Boa Novidade” ou “Boa Nova”, a novidade que é chamada
de “evangelho eterno”, a qual nada mais é que a notícia de que “nasceu na
Cidade de Davi o Salvador, que é Cristo, o Senhor” [Lucas 2, vs. 11], o qual
salvaria “...o seu povo dos pecados” [Mateus 1, vs. 21], de quem se diz que
“...o povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz, e aos que estavam
assentados na região da sombra da morte, raiou a luz” [Mateus 4, vs. 16], de
forma que devemos “atentar, com maior diligência, para as coisas que temos
ouvido...” [Hebreus 2, vs. 1], visto que essa mensagem é “...mais doce do que o
mel à boca” [Salmo 119, vs. 103] e “...poderosa para salvar a alma” [Tiago 1,
vs. 21]. Ditas essas coisas, talvez não estejamos dando a devida importância a
essa “novidade antiga” e, assim, ainda que escutemos sobre ela, ignoramos o seu
doce e irrecusável convite de ir ao Filho de Deus para ser aliviado por Ele e
ser salvo da ira futura, pois estamos convictos de que teremos o amanhã – um
amanhã que pode não chegar.
Não
espere o amanhã, não “aguarde a banda passar cantando coisas de amor” sem dar
ouvidos ao Amor Verdadeiro, amor que consiste não no fato de termos amado a
Deus, “mas em que Ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos
pecados” [1 João 4, vs. 10] – isto é, Deus satisfez a Sua própria justiça ao
apaziguar Sua ira em Si mesmo, na pessoa de Jesus Cristo, de modo que “...a
palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração...” [Romanos 10, vs. 8]
a fim de que você não permaneça rejeitando a Deus, pois para os que rejeitam, a
sentença é que “...quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do
unigênito Filho de Deus” [João 3, vs. 18] e que “...quem rejeita o Filho não
verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” [João 3, vs. 36].
Atenda
ao “convite irrecusável” e olhe para o Salvador, o Deus que se fez homem,
nascido de mulher para salvar os pecadores – ou seja, ouça e dê crédito à “Boa
Novidade”, pois ela traz consigo a esperança de que “...as coisas velhas já
passaram, e eis que tudo se fez novo” [2 Coríntios 5, vs. 17] e que Deus, que
está assentado sobre o trono, fará “...novas todas as coisas” [Apocalipse 21,
vs. 5], cujas palavras são chamadas de “verdadeiras e fiéis”, uma vez que Ele
anuncia “...o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda
não sucederam” [Isaías 46, vs. 10]. Em suma, apenas em união a Ele o “tudo
novo” faz sentido, novo que sempre “se renova”, pois “ainda não sabemos o que
haveremos de ser, mas guardamos a esperança de que um dia seremos semelhantes a
Ele”.
Pela
certeza de que tudo se fez novo com Ele,
Soli Deo Gloria!
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