Eis-me aqui, de volta, após três semanas.
Depois de ter feito muitas coisas nesses últimos dias, decidi colocar algumas das idéias que insistiram em fervilhar na mente - idéias que não fazem parte do "senso comum" atual, provavelmente.
Mas isso não interessa muito no fim das contas. Na verdade, não interessa quase nunca.
Ora, como disse o teólogo medieval Tomás de Aquino: "quem diz verdades, perde amizades".
Esse post, de maneira sucinta, tem seu título inspirado numa canção do compositor Stênio Marcius chamada "O avesso da história", na qual ele retrata de maneira poética a experiência de conversão do apóstolo São Paulo ao cristianismo emergente na sua época, cristianismo este que antes ele perseguia de modo ferrenho e implacável. No entanto, a minha idéia nessa postagem não é falar sobre a letra da música em si, mas aplicar o seu título a fim de discorrer sobre outro tipo de "avesso da história" ou, em outras palavras, a respeito de mais uma das "inversões ou subversões" de nossos dias - dias cada vez mais maus, como se pode ver em cada esquina, em qualquer telejornal e, particularmente, nas redes sociais, onde "todos sabem de tudo" e "dão opinião sobre tudo", ainda que não saibam de nada.
Vamos começar do início.
Primeiramente, o "avesso da história" ao qual me refiro está relacionado ao diálogo entre Jesus Cristo e um mestre da Lei judaica, conforme registrado no evangelho de Marcos, como segue:
Um dos mestres da Lei aproximou-se e os ouviu discutindo. Notando que Jesus lhes dera uma boa resposta, perguntou-Lhe: "De todos os mandamentos, qual é o mais importante?"
Respondeu Jesus: "O mais importante é este: Ouve, ó Israel; o Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor.
Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças.
O segundo é este: "Ame o seu próximo como a si mesmo". Não existe mandamento maior do que estes. [Marcos 12, vs. 28-31]
Nessa passagem, o ensino de Jesus é claro: após a pergunta do mestre da Lei - o que seria equivalente a um rabino em nossa época -, Jesus cita a célebre declaração sempre relembrada e citada pelos judeus como algo que jamais deve ser esquecido por eles, como se lê em Deuteronômio 6, vs. 4-5: "Ouve, ó Israel: o Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças". Jesus não começa a sua resposta dizendo o que os homens devem fazer ou pelo mandamento em si, mas Ele reafirma que Deus, e somente Deus, é o Senhor - o único Senhor. Isto é, o mandamento de amar a Deus está baseado no fato de que não há nenhum outro Deus verdadeiro além de "Yahweh" ou "Adonai", chamado no Novo Testamento de "Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo" ou de "Pai nosso, que está nos céus", de modo que qualquer pessoa que não está ciente do fato de que somente Deus é Deus jamais poderá amar a Deus como Ele é digno de ser amado.
Todavia, Deus não deve [e nem aceita] ser amado de qualquer maneira, como se Ele fosse "igual a nós" ou, no máximo, "mais um Deus dentre tantos outros" - ora, Ele é único e, por isso, o texto afirma que Deus deve ser amado de todo o coração [palavra que no hebraico tem o sentido tanto de afeições/sentimentos quanto do intelecto/mente], de toda a alma [ou todo o ser] e de todas as forças [com todo o empenho e dedicação]. Portanto, esse amor que cada criatura deve a Deus não deve ser oferecido a nada nem a ninguém que não seja Ele; mas, se algum de nós tem amado dessa maneira qualquer outra coisa diferente de Deus, somos todos idólatras, pois assim estamos "mudando a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível" ou "mudando a verdade de Deus em mentira, honrando e adorando mais à criatura do que ao Criador". Não é o que eu penso, nem é o que você acha, muito menos não tem nada a ver com a opinião dos modernos "pseudointelectuais"; tem a ver com o que a Bíblia, a palavra eterna de Deus e que, por isso, é o livro mais odiado que existe, diz. E ponto.
Por outro lado, Jesus faz menção de outro mandamento, registrado em Levítico 19, vs. 18, que diz: "Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor". De maneira semelhante, o amor ao próximo também está baseado no fato de que Deus é o Senhor, porém não existe nenhuma ordem para se amar o próximo "de todo o coração, de toda a alma e de todas as forças"... Mas esse é que é o problema.
Nesse nosso mundo "pós-moderno", onde "o que é demais nunca é o bastante" e onde "os assassinos estão livres e nós não estamos", nada está mais "na moda" do que "o outro" ou mesmo o "amor ao próximo" [LOVE WINS!] - os direitos "do outro", o respeito ao "diferente" etc. -, embora tudo isso seja, quase sempre, uma "modinha" para ser exibida nas redes sociais ou em qualquer outro lugar a fim de que todos vejam o quanto somos "defensores das baleias e dos outros animais em extinção", o quanto nos indignamos com a fome nos países pobres ou mesmo que somos contra todo tipo de "preconceito, racismo, fascismo, patriarcado, imposição religiosa e 'whatever'...". Realmente, eu fico "comovido" ao ver muitos de nós lá, buscando ser "os relevantes", os "progressistas defensores do amor no combate à intolerância" e "promotores da revolução rumo ao Admirável Mundo Novo" -, os quais erroneamente têm direcionado o amor que é devido apenas a Deus para o homem e, assim, fazem do próprio homem usurpador da glória e do lugar que pertence somente a Ele.
Mas... cadê o problema?
Em tese, os que não arrogam para si mesmos qualquer traço de religiosidade ou fé - especificamente a fé cristã - têm, de certo modo, o dever de amar a Deus menos seriamente do que aqueles que dizem que são seguidores de Cristo, que dizem fazer parte do povo Dele. Logo, quando vejo que os cristãos estão fazendo da verdade divina [ou dos valores contidos nas Escrituras] tão-somente um fundamento "um tanto mais elevado" para "reparações de supostas dívidas históricas", para "ações filantrópicas ocasionais" ou ainda para alcançar "reconhecimento social" - não foi isso que Jesus disse sobre o modo correto de fazer boas obras? Veja no seu evangelho em Mateus 5, vs. 16 e Mateus 6, vs. 1-5] - eu sou levado a concluir que eles podem não ser, de fato, cristãos, visto que estão "obedecendo" aos dois grandes mandamentos "pelo avesso", amando ao próximo "de todo o coração, de toda a alma e de todas as forças" e "amando a Deus como a si mesmos". Eis "o avesso da históra"; avesso esse que é simplesmente inaceitável.
Deus é um Deus único e, sendo "o Senhor", deve ser amado de uma maneira singular - em outros termos, com um tipo perfeito de amor - e, nesse caso, nenhum ser humano pode amar a Deus como Ele merece. DESISTAMOS - eu falei pra todos desistirmos - de uma vez por todas de nos esforçar para amar a Deus como Ele requer de nós. Porém, não parece injusto Deus nos ordenar fazer algo que não somos capazes de obedecer sozinhos? Seria injusto, se as mesmas Escrituras não nos dissessem essas duas coisas:
"...O amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado..." [Romanos 5, vs. 5b]
"Nós amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro". [1 João 4, vs. 19]
Deus é a fonte de todo amor do qual precisamos para amá-Lo como Ele nos prescreve nesses dois mandamentos, de forma que apenas pela presença e ação do Seu Espírito isso é possível e, como resultado do amor Dele por nós e em nós, podemos também amá-Lo - ou seja, o alvo final do amor de Deus não é a criatura [isso mesmo, Deus não é amor porque Ele nos ama, mas porque Ele antes disso ama a Si mesmo, uma vez que não existe nenhum ser mais excelente do que Ele no universo e, dessa forma, o Seu amor deve voltar para Ele através de nós] e sim o Criador, "o qual é bendito eternamente". Ora, Ele é o Pastor que "guia pelas veredas da justiça, por amor do Seu nome", Ele é Aquele a cujo nome deve se "dar glória, por amor da Sua bondade e da Sua fidelidade" e, graciosamente, Ele é Aquele "que por amor de Si mesmo apaga as nossas transgressões, e não se lembra dos nossos pecados" por meio da morte do Seu Filho Jesus Cristo na cruz, que "se deu espontaneamente por nós para nos remir de toda iniquidade" e nos reconciliar com o Pai "quando ainda éramos Seus inimigos". Se você ainda não deu atenção a essas coisas, volte-se para Ele agora mesmo e confie Nele para ser salvo - salvo não somente do inferno eterno, mas de algo pior do que isso [o que pode ser pior do que seus pecados?], de uma vez para sempre.
Finalmente, essas palavras são principalmente para mim mesmo, pois eu sou um desses que se considera seguidor de Cristo e, portanto, tenho o dever [um doce dever, na verdade] de amar a Deus como o único Deus e, com base no amor a Deus e através do amor do próprio Deus em mim, amar o próximo como a mim mesmo. Não devo amar a nada nem a ninguém com todo o meu coração, alma, entendimento e forças a não ser a Quem me criou para Sua glória, que me amou com amor eterno, que me escolheu para Si mesmo desde a fundação do mundo e, mesmo sendo eu pecador, fará de mim alguém conformado à imagem santa de Seu amado Filho. Enfim, que cada leitor desse texto deseje sinceramente conhecer a Deus "como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo", para que assim experimente a vida, a verdadeira vida, a vida eterna - ora, Deus é "Somente Um", "Only One", "Solo Uno"; quem lê, entenda.
Pela alegria de poder amar a Quem me amou primeiro,
Soli Deo Gloria!
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