segunda-feira, 25 de junho de 2012

Por que as verdades tem autonomias?

Bem... vamos começar.


Primeiramente, o que é a verdade?



Sendo bastante simples, a verdade é aquilo que é, por si mesmo, legítimo, digno de crédito, autêntico, genuíno. Desse modo, a verdade independe do que eu penso ou do que deixo de pensar. A verdade não é invalidada se eu desacredito dela pois, de acordo com sua própria definição, ela é válida por si mesma. No mesmo sentido, a verdade não é verdade somente porque eu ou você acreditamos nela ou a defendemos. A verdade é "verdade" e ponto final. A verdade existe independentemente das opiniões, já dizia a minha quase-irmã Eluane. 

Mas não é assim que as coisas têm funcionado. Na verdade (risos), desde muito tempo que as "verdades têm autonomias". 


Hoje, provavelmente como nunca antes na história, a verdade se tornou a "verdade de cada um". Ou seja, a verdade foi transformada em "várias verdades" e, como resultado dessa pluralização, nós perdemos o senso de "verdade x mentira", de "certo x errado", de "bom x mau". Ora, não é "verdade" que aquilo que pode ser bom e apreciável para mim pode ser terrivelmente ruim e desprezível pra você? Por exemplo, eu sou corintiano e gosto de ser assim mas, se você não é corintiano, certamente você acha tudo isso um completo desatino, quase uma estupidez... certo? Sendo bastante sincero, não vejo problema algum no fato de pessoas torcerem para times de futebol diferentes, por exemplo - a diversidade é que faz o futebol ser divertido - mas, em contrapartida, esse princípio do "é bom para você, mas não é bom para mim" ou do "faz sentido para você, mas não faz o menor sentido para mim" talvez seja o sinal mais evidente do principal problema de cada ser humano: o desconhecimento da verdade e a aversão profunda por ela. 


Exatamente. As "verdades" estão cada vez mais "donas de seus próprios narizes" ---> melhor, os homens estão se achando cada vez mais donos de si mesmos e estão moldando, a seu bel-prazer, seus compêndios de "verdades", pelas quais "matam por amor", subornam em nome do "populismo político" ou se deixam subornar em troca de "pequenos privilégios" e, de modo vergonhoso para mim (como cristão), pedem ofertas especiais ou fazem megacampanhas  nas igrejas em nome de "cruzadas evangelísticas" ou "obras sociais" [tendo em vista, quase sempre, o enriquecimento próprio e ilícito] e, em âmbito mais restrito, demonizam o que não é do seu gosto pessoal (a música dita "secular", a literatura clássica e filosófica, certos tipos de alimentos e bebidas etc.), e sacralizam a sua "cultura religiosa" (a música gospel, a literatura de seu segmento religioso, as suas roupas dos cultos e reuniões de domingo etc.). Nós amamos nos sentir mais coerentes do que os outros. Amamos "ter a razão" em tudo. Amamos nos enganar e fingir brincar de Deus, que é o único que, verdadeiramente, está "acima de toda razão" [créditos ao Lucas Souza].


Por outro lado, precisamos reconhecer algo: a realidade da verdade está impressa em nossa consciência. Por mais que a "liberdade de pensamento" e a "tolerância" sejam alguns dos deuses desta sociedade, sempre estamos em busca da verdade. Precisamos de "verdades" para que a nossa vida tenha alguma razão de ser. Pensando bem, até aqueles que dizem que a vida não tem sentido algum e que não é possível se conhecer a verdade sobre alguma coisa de forma completa - os agnósticos e niilistas, por exemplo - não escapam da realidade da verdade, pois essa é a verdade deles (do ponto de vista ontológico, eu não posso conhecer nada perfeitamente e, por isso, a vida é sem sentido). Os que dizem que todos estão "errados" devem estar "certos" disso, não é? Portanto, não há como escapar. Embora as "verdades" sejam cada vez mais "autônomas", o ponto em comum é que todos os homens, sem exceção, acreditam em alguma verdade - seja ela qual for, seja ela uma verdade ou até mesmo uma mentira.


Finalmente, quando penso sobre a verdade, me lembro de um discurso registrado no Evangelho segundo João, onde se diz:

"Tornou, pois, a entrar Pilatos na audiência, e chamou a Jesus e disse-lhe: Tu és o Rei dos Judeus?
Respondeu-lhe Jesus: tu dizes isso de ti mesmo ou outros te disseram isso de mim?
Pilatos respondeu: porventura sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes  entregaram-te a mim. O que fizeste?
Respondeu-lhe Jesus: o meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse desse mundo, os meus servos pelejariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas agora o meu reino não é daqui. 
Disse-lhe, pois, Pilatos: logo tu és rei? Jesus respondeu: eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
Disse-lhe Pilatos: o que é a verdade?" (João 18:33-38a)

A pergunta de Pilatos é, provavelmente, a pergunta mais transformadora que pode existir. Se alguém encontra a resposta para essa pergunta, certamente a mudança será radical. A pergunta paira no ar... o que é a verdade? Que verdade é essa da qual Jesus disse que daria testemunho? Quem se atreve a me dizer? 


Na "verdade", foi Jesus mesmo quem já deu a resposta, quando falou: Eu sou o caminho, a verdade e a vida: ninguém vem ao Pai senão por mim. (João 14:6)



Ou seja: Jesus veio testemunhar de Si mesmo, pois Ele é a verdade (que afirmação estarrecedora, não? Muito audaciosa, eu diria!)... Um homem afirmando ser A VERDADE... Realmente, é além da minha compreensão, da sua compreensão, da compreensão de qualquer um. Todo o intelectualismo morre. Todos os anos de academia, PhD's., estudos e reflexões morrem. Jesus diz ser a verdade e que todos os que são da verdade (isto é, todos os que pertencem a Ele) ouvem a sua voz. Se alguém ainda não ouviu a voz de Jesus Cristo, esse alguém está na mentira. Simples assim. A única alternativa para este drama é Jesus ser um grande mentiroso ou um lunático pois, se Ele é quem diz ser, não há como ficar indiferente. Não; não são as verdades que têm autonomias... é A VERDADE que tem TOTAL SOBERANIA, pois está escrito: "...seja Deus sempre verdadeiro e todo o homem mentiroso...". (Romanos 3:4).




Pela verdade e em nome da verdade,



Soli Deo Gloria!

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