quarta-feira, 6 de junho de 2012

In-com-un...

Caros leitores remanescentes,

Depois do último texto ter sido deveras ácido e impopular, eu não vou mudar muito de ideia e continuarei a exprimir meu lado intelectualmente corrosivo (risos) nesse novo post... Mas, sinceramente, pretendo que meu radicalismo e minha expressividade sejam relevantes pra quem ler. 

Bem, vamos lá.


Estamos próximos de mais um feriado prolongado (algo típico dos brasileiros, que amam mais um dia de folga - ora, como brasileiro, eu também aprecio e aproveito esses momentos mais livres). Porém, esse é mais um daqueles feriados dos quais, normalmente, poucos entendem o significado - eu mesmo, na verdade, não sei porque esse período do ano é chamado de Corpus Christi (se alguém souber a história referente a essa data e quiser falar sobre isso aqui no blog, eu agradeceria muito). No fim das contas, tudo isso se torna, simplesmente, em mais um tempo livre estendido, no qual o nosso objetivo máximo é aliviar o estresse do dia-a-dia de trabalho, vida estudantil (dentre outros afazeres) e, enfim, parar por alguns momentos e "viver do ócio". 

No meu caso, eu estarei saindo de minha rotina acadêmica e me deslocando (ou seria "me deslogando"? rs) pra um lugar bem tranquilo a fim de aproveitar o feriado com muitos amigos num acampamento para universitários (não é nada disso que você está pensando) - um tempo de muita diversão, diálogos interessantes, boa música e, claro, procurando conhecer mais Àquele que é razoavelmente lembrado pelo seu "corpus" mas que, em contrapartida, está vivo e reina sobre tudo (Romanos 14:9). 


Por falar nisso, eu gostaria de fazer alguns destaques em relação ao título deste post.

Talvez você comece me corrigindo o português, pois o correto é dizer "incomum" e não "incomun", não é? Mas a minha intenção foi, de fato, escrever "errado", para que o post faça mais sentido. 

Incomum é uma palavra derivada do latim incommune e significa, basicamente, "não comum" ou "fora do comum". Fazendo um paralelo com o tema "mediocridade" do texto anterior, "ser incomum" pode ser exatamente o oposto de "ser medíocre". Entretanto, ser incomum é algo incomum pois, como já foi dito aqui, a mediocridade nos persegue a cada minuto ou, sendo ainda mais drástico, ela está em cada ato, cada gesto, cada respiro e sorriso nosso. Provavelmente, a única atitude não-medíocre de nossa parte é o reconhecimento de nossa própria mediocridade (Lucas 18:13). 


Em determinado sentido, não há ninguém incomum. Todos nós somos seres humanos. Todos, de certa forma, temos os mesmos traços de caráter - sejam bons ou ruins, do ponto de vista humano -, temos as mesmas aspirações (ainda que cada um procure satisfazê-las de formas diferentes) e, logicamente, temos as mesmas carências. Embora, devido ao nosso orgulho e necessidade de autoafirmação, tenhamos um apego compulsivo por "ser original" e por "ser diferente" (ou, pelo menos, parecer isso), continuamos a ser quem somos: seres humanos únicos, porém humanos como os demais. Me lembro de certa música, que diz: "...tanto clichê deve não ser..." Será? Pode ser.

Na verdade, a nossa busca desesperada por aparentar uma originalidade e por exibir uma "incomunidade" ratifica, de modo bastante irônico, que somos iguais aos outros:  medíocres, inflados em si mesmos, "autojustificadores", ávidos pelos holofotes e por estar no centro das atenções... enfim, comuns. 


Pensando bem, o que há de mais "incomum" em nossa sociedade (ou uma das coisas mais raras) é a compreensão, por nossa parte, de que somos todos iguais, embora diferentes. Os diversos movimentos sociais (sejam minoritários ou não) almejam a atenção e o respeito de todos - até mesmo por meio de uma pseudo-tolerância - e, por outro lado, nas relações do cotidiano, também procuramos o mesmo: proeminência, primazia, relevância, destaque, glória. Amamos nos achar nossos próprios "deuses" e, nesse engano desprezível, perdemos tempo e não nos focamos naquilo que, de fato, interessa - a consciência de que somos uma COMUNIDADE de seres humanos criados para conhecer a Deus e, como resultado desse conhecimento "incomum", vivermos uma vida incomum (Mateus 16:24-26).

Mas, como assim? Conhecer a Deus implica uma vida incomum?

Conhecer a Deus implica uma vida incomum porque, no esquema de Deus, viver é resultado do morrer. Isso mesmo! Você não está lendo coisas. Viver segundo Deus começa com a morte. 

Sabendo que fomos criados por Deus à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26-27), temos, de algum modo, sinais de sua obra criadora em nós (pensamos, temos vontade, somos criativos, temos consciência etc.). No entanto, após o episódio do Éden de Gênesis 3 (no qual o homem pecou conscientemente e, dessa maneira, é responsável por sua situação atual de condenação diante de Deus - Romanos 3:9-20), todos nós morremos. Mais do que a morte física, a vida de Deus saiu de nós porque o pecado passou a nos escravizar (João 8:34) e nos tornamos amantes de nós mesmos e seguidores do príncipe das potestades do ar (uma nomenclatura associada a satanás) - ver Efésios 2:2-3. Na contramão dessa situação catastrófica, Jesus aparece e diz que, se alguém quiser segui-Lo, deve negar a si mesmo e tomar a cruz. É mais do que negar os seus projetos de vida, é mais do que negar os seus desejos. VOCÊ deve desaparecer do mapa. EU também devo desaparecer do mapa, pois "aquele que quiser salvar a sua vida a perderá e quem perder a sua vida por amor de Mim a salvará". Simplesmente. Do ponto de vista de Deus, é preciso morrer pra viver. 


Mas, como isso funciona?

Simples: todos nós estamos mortos se estamos sem Deus (Efésios 2:11-12), pois Ele é o autor da vida (Atos 17:24-25). Por outro lado, a Escritura diz que "...Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou..." (2 Coríntios 5:15). Essa é a mensagem de Deus: Ele nos criou, nós o rejeitamos por achar que podíamos ser nossos próprios "senhores" e nos tornamos "zumbis" e, há alguns bons séculos, Ele (por meio de Seu Filho Jesus) deu Sua vida para que os homens voltem à vida para viver Nele e por Ele. Pode haver algo mais "incomum" do que  viver Naquele que é o Criador e Supremo Maestro do universo? "Nele vivemos, nos movemos e existimos", já dizia o Apóstolo Paulo a respeito de Cristo - citação inicialmente usada pelos poetas gregos em referência a Zeus, principal divindade do panteão grego. 

Finalmente, a vida "incomun" com Deus envolve INtimidade, COMunhão e UNidade (conhecê-Lo acima de tudo, caminhar com outros que o conhecem e torná-Lo conhecido àqueles que não O conhecem - tudo isso em comunidade, vivendo a nossa humanidade). O esquema é esse: reconheça que você está morto em si mesmo e que a única saída pra esse dilema é crer no poder de Deus em te dar essa vida incomum porque, embora você não perceba, ela é o que você mais precisa. (Efésios 2:4-7).


Pense nisso, pois a vida InComUn é a maior aventura que você pode experimentar!




Pela vida incomum Nele,



Soli Deo Gloria!


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