segunda-feira, 2 de abril de 2012

Por que as mentiras tem "teologias"?

Caros leitores,

Já estava na hora de eu colocar a minha cabeça para funcionar e escrever algo de mim mesmo por aqui... não é mesmo?

De vez em quando, no meio da minha rotina mesmo, eu penso em alguma coisa interessante - normalmente, em frases de músicas que escuto em meu mp3 - e tento poetizar em cima daquela mensagem, de modo a fazer com que vocês, amigos leitores, pensem um pouco sobre si mesmos, sobre a vida e, mais do que tudo, sobre Aquele que é a razão de ser dela. 

Mas, sem mais delongas, vou deixar os pensamentos fluírem!


Ontem foi 1º de abril, um dia conhecido como o "Dia da mentira". Na minha época de escola (particularmente, na escola primária - do 1º ao 5º ano), era muito comum ver os meus colegas tentando "pregar peças" uns nos outros nesse dia. Normalmente, eles diziam coisas como: "você foi chamado pra ir na sala da diretoria", ou "hoje vai ter prova surpresa de matemática, você sabia?". Bem, às vezes eu também era alvo dessas "peripécias" - o que quase sempre me chateava - mas, depois de um tempo, comecei a estar na defensiva e desconfiava de tudo o que era dito na escola no 1º de abril. Resultado: os meus amigos da escola nunca mais conseguiram me "passar pra trás". Dilemas superados, enfim.

Mas o título deste post contém uma questão muito mais controversa e instigante do que as antigas "peripécias" do "Dia da mentira", tão comuns na minha, na nossa tenra infância. Mas, antes de considerarmos essa pergunta, devemos pensar no seguinte: o que é teologia? Terminologicamente, teologia é uma palavra resultante da junção de dois termos gregos (teos = Deus e logos = tratado, estudo); logo, a palavra teologia significa "estudo sobre Deus", "tratado sobre Deus" ou algo semelhante. Eu, por outro lado, prefiro dizer que "teologia" é um meio que nos ajuda a chegar a um "conhecimento de Deus" em certo nível, pois a Bíblia diz: "...Porque em parte conhecemos e em parte profetizamos... Agora conheço em parte; mas então conhecerei como também sou conhecido..." (1Coríntios 13:9 e 12b). Ora, se a "teologia" é o "estudo sobre Deus" ou mesmo algo pelo qual podemos ter certo "conhecimento de Deus", faz sentido dizer que "mentiras tem teologias", visto que em Deus só existe verdade? (ver Romanos 3:3-4, João 14:6,17 e 1 João 5:6). Como solucionar esse paradoxo?


Para começar, gostaria de dizer que a teologia, como forma de conhecimento, é um produto da mente humana (não quero dizer com isso que todas as teologias estão erradas, nem que todas estão corretas - o princípio aristotélico da "não-contradição" afirma que só pode existir um conceito realmente correto dentre conceitos antagônicos entre si) e que, por ser assim, leva consigo as impressões dos pensamentos e indagações humanas; na verdade, a teologia é também filosófica em seu sentido mais ontológico, ou seja, ela é filosófica em sua essência. Ora, se a teologia é um produto dos questionamentos e das reflexões dos homens, as múltiplas manifestações teológicas podem estar (e normalmente estão) repletas de inverdades, de distorções, de mentiras. Por quê? "...Não há um justo, nem um sequer. Não há quem entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram e juntamente se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há sequer um. A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; veneno de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e amargura; os seus pés são ligeiros para derramar sangue inocente; em seus caminhos há destruição e miséria; eles não conheceram o caminho da paz e não há temor de Deus diante de seus olhos" (Romanos 3:10-18). Simplesmente por isso. Está claro.

Os homens estão com a sua mente cauterizada em relação a Deus (Efésios 4:17-19). Logo, eles não podem criar um conceito correto de Deus a não ser que o próprio Deus se revele a eles (Mateus 11:25-27, João 1:18). Mas, na prática, o que significa dizer que "as mentiras tem teologias"? Quando penso nisso, não posso deixar de lembrar a legitimamente triste e lastimável realidade que se destaca no meio dito "cristão": escândalos morais, fazendas avaliadas em milhões de reais, dívidas exorbitantes para com funcionários de televisão, manipulação das massas em nome do enriquecimento próprio, "entrevistas" com o diabo para mascarar uma disputa por mais fiéis e espaço na mídia, os dólares não declarados, o "endeusamento" do homem e a inconcebível "diminuição" da soberania divina... Enfim, o que mais se vê pode ser resumido com "desobediência à verdade e a obediência à iniquidade" (2Tessalonicenses 2:9-12). Sim, as mentiras tem teologias; se pensarmos bem, isso já era uma realidade desde os tempos bíblicos, pois Jesus disse os judeus que o rejeitaram: "...Porque não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra... Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos do vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira... Mas, porque vos digo a verdade, não me credes..." (João 8:43-45). Esses judeus se julgavam filhos de Abraão (ou parte do povo de Deus) porque conheciam a Lei e também com base na justiça própria, mas Jesus disse quem eles eram de fato. As mentiras tinham e ainda têm suas teologias. 


Mas, em tudo isso, a minha preocupação é comigo mesmo. Será que minhas teologias são todas verdadeiras? Que Deus tem norteado a minha vida? Que concepção de Deus eu tenho construído? Uma coisa é certa: a nossa concepção de Deus norteia todos os aspectos da existência. Se a minha perspectiva Dele não é verdadeira (isto é, se o Deus em quem eu creio é diferente do Deus da Bíblia - logo, esse Deus é uma grande mentira), tudo o mais estará comprometido. Ora, como disse Pascal: "Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança e, em troca, os homens fizeram Deus à sua própria imagem". Parece-me que cada um de nós tem um "deus particular" dentro da mente e, especialmente por causa disso (assim eu creio), o mundo está nessa "crescente entropia comportamental e conceitual", onde a crise de identidade seja, talvez, o mal do século. Seguramente, a única resposta para esse dilema é: conheçamos a Deus e, consequentemente, conheceremos quem de fato somos e qual é o nosso lugar no grande filme da vida - cujo roteiro Ele mesmo escreveu, o qual Ele mesmo está dirigindo e do qual é também o Protagonista. Sim, pois a Escritura diz: "...porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas; a Ele seja a glória para sempre, amém" (Romanos 11:36). Não há meio termo. 

Existem muitos aspectos dos quais gostaria de tratar sobre o tema deste post. Por isso, acho que os próximos textos darão continuidade a essa temática. Finalmente, meu desejo é que todos os amigos que visitam esse blog (assim como eu mesmo) sejam motivados a caminharem na verdade todos os dias e em cada momento, como diz certa música: "...Vivo a eternidade no meu dia-a-dia...", e ainda outra: "...Quero te ver como Tu és, não como imagino mas como Tu és... Quero ouvir Tua Palavra, não como imagino mas o que ela diz...". Nada mais consolador do que saber que esse "caminhar na verdade" não depende de minhas forças, mas da operação Dele em nós, como está escrito: "...E sabemos que o Filho de Deus é vindo, e que Ele nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro, e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo; este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1João 5:20). 


Em meio às "mentiras que têm teologias", que Ele nos ajude a permanecer na verdade e lutando pela verdade, pois "nada podemos contra a verdade, a não ser a favor da verdade"! 




Soli Deo Gloria!

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