Caros leitores,
Como disse no post anterior, pretendo apresentar nos próximos textos uma série de reflexões sobre as "mentiras" das diversas manifestações teológicas que, mais do que em qualquer outro tempo na história, têm sido cada vez mais comuns no meio religioso e, especialmente, no meio cristão.
No texto anterior, eu mencionei alguns aspectos que têm me preocupado, os quais, por outro lado, fazem parte do que as próprias Escrituras já haviam dito que aconteceria, como está escrito: "...pois chegará o tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si mesmos doutores conforme os seus próprios maus desejos; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas" (2Timóteo 4:3-4). Logo, de certa forma, aqueles que Deus tem, por sua Graça, conservado na verdade e na simplicidade que há em Cristo, não devem se perturbar com todas essas coisas pois, como já comentei em algum texto (como a própria Bíblia diz), Jesus está edificando a Sua Igreja como Ele mesmo disse que faria (vide Mateus 16:18). E, se Jesus disse que edificaria a Sua Igreja, a vontade de Jesus não pode ser frustrada (Jó 42:2).
Bem, neste texto, quero me deter em um aspecto que, no fim das contas, é o epicentro de todo desvio da verdade, a essência de toda heresia, a fonte de toda "mentira" teológica: a nossa concepção errada de quem Deus é. Especificamente, quero tratar sobre a inversão dos papéis, ou melhor, a inversão da realidade, segundo a qual Deus é soberano, mas não é tão soberano assim... Ou seja, Deus tem seus planos mas, no fim das contas, sou eu quem determino o meu destino. Na verdade, é a minha vontade que prevalece, sou eu quem dou os passos fundamentais e ajudo Deus a cumprir o propósito Dele em mim e, obviamente, se eu não quiser, Deus não pode fazer nada em minha vida. Será?
Em primeiro lugar, só existem duas alternativas: ou Deus é absolutamente soberano ou chamá-Lo "Deus" não faz o menor sentido. Por exemplo, se Ele é 80% soberano e 20% dependente das vontades humanas, Ele pode ser considerado como qualquer outra coisa, menos como Deus. Mas, será mesmo que a "diminuição" da soberania de Deus (ou mesmo a anulação dela) por parte de nós, seres humanos, é a raiz de todo desvio da verdade? E, em caso positivo, o que justifica(ria) essa minha afirmação tão categórica?
Biblicamente falando, não há qualquer margem para dúvidas sobre a soberania absoluta de Deus. As Escrituras dizem: "O nosso Deus está nos céus e faz tudo o que lhe apraz" (Salmos 115:3), "O Senhor estabeleceu o Seu trono nos céus e o Seu reino domina sobre tudo" (Salmos 103:19), "O Senhor fez todas as coisas para os seus próprios fins; até o ímpio, para o dia do mal" (Provérbios 16:4), "Eis que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar e nada se lhe deve tirar; e Deus faz isso para que haja temor diante Dele" (Eclesiastes 3:14). Existem muitas outras referências que corroboram o que estes versículos mencionados dizem: Deus faz sempre o que Lhe agrada, o trono Dele está nos céus e Ele domina sobre tudo, Ele fez todas as coisas para fins específicos e, diante disso, nada pode ser acrescentado ou removido, visto que o que Ele faz dura eternamente e, por isso, todos os homens devem temê-Lo, honrá-Lo e reverenciá-Lo como Ele é: o Deus soberano, o Rei eterno, o Senhor de todas as coisas.
Quando penso no real significado da soberania de Deus, a primeira coisa que me vem à mente é uma absoluta "falta de reação". Na verdade, a soberania de Deus nos paralisa, nos constrange, nos deixa sem chão, nos impressiona, nos envergonha; enfim, ela nos humilha. Portanto, uma vez que somos, de fato, insignificantes e pequenos diante do Criador (Isáias 40:12-26), a compreensão do real significado da soberania de Deus nos incomoda, exatamente por nos fazer enxergar quem realmente somos, e não aquilo que gostaríamos de ser e que, na verdade, nunca seremos - seres autossuficentes, independentes dos outros e, claro, independentes e sem qualquer responsabilidade para com Deus. Queremos ser nossos próprios deuses - queremos decidir nosso destino, queremos replicar com Deus quando sua Palavra diz aquilo que não gostaríamos que ela dissesse, queremos definir os destinos das outras pessoas e, o pior de tudo, queremos dizer o que Deus deve fazer - ; porém, como é se de esperar, o resultado sempre é o mesmo de Gênesis 3: caímos no engano da serpente e tentamos nos esconder de Deus sem sucesso algum. Deus é Deus; nós não somos. Como disse Pascal: "Deus fez o homem à Sua própria imagem e semelhança; em troca, o homem fez Deus conforme à sua imagem".
Finalmente, a soberania de Deus traz consigo um dos conceitos mais importantes (se não for o mais importante) das Escrituras: a glória de Deus. Está escrito: "Porque dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória eternamente, amém" (Romanos 11:36). Isto é: o fim de todas as coisas é a glória de Deus, é o próprio Deus. Um catecismo do qual gosto muito diz: "O fim supremo do homem é glorificar a Deus e gozá-Lo plena e eternamente" - Catecismo Maior de Westminster. Não há como "acertar o alvo" da existência se buscamos algo diferente da glória de Deus; não há como se desfrutar de Deus e de sua companhia se não for pela glória de Deus e para a glória do próprio Deus. Como diz uma certa música:
"[...]
Então, me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada
Quando se parte rumo ao nada?
[...]"
(A seta e o alvo - Paulinho Moska)
Não há satisfação para nós quando estamos caminhando para "lugar nenhum". Não adianta dizer "relaxa, eu sei o que estou fazendo", se o fim de tudo é uma grande ilusão. "...nEle (em Deus) vivemos, nos movemos e existimos...", é o que diz a Escritura.
Sendo bem categórico e um tanto drástico, não são as nossas intenções que definem o que glorifica a Deus ou não; é a glória de Deus que deve definir o que devemos intencionar fazer ou não fazer (1 Coríntios 10:31). O que importa é agradar a Deus e não aos homens (Atos 5:29, Gálatas 1:10). E mais do que isso: como diz certo escritor que admiro muito, "Deus é mais glorificado em você quando você está mais satisfeito Nele". O que podemos fazer que mais pode glorificar a Deus é nos satisfazermos Nele, é priorizarmos conhecer a Ele; enfim, é amá-Lo de todo o coração, alma, entendimento e forças (Mateus 22:38, João 17:3).
Eu não entendo a soberania de Deus mas, exatamente pelo fato de Ele ser totalmente soberano e, ao mesmo tempo, perfeito e justo em todos os Seus caminhos, assim como longânimo e bondoso em todos os Seus atos (Salmos 145:4-8 e 17), posso confiar no Seu controle sobre tudo o que me cerca e saber que Ele fará sempre o melhor que poderia se feito... Um dia, porém "veremos face a face e conheceremos como somos conhecidos..." Você já se deu conta disso?
Não há satisfação para nós quando estamos caminhando para "lugar nenhum". Não adianta dizer "relaxa, eu sei o que estou fazendo", se o fim de tudo é uma grande ilusão. "...nEle (em Deus) vivemos, nos movemos e existimos...", é o que diz a Escritura.
Sendo bem categórico e um tanto drástico, não são as nossas intenções que definem o que glorifica a Deus ou não; é a glória de Deus que deve definir o que devemos intencionar fazer ou não fazer (1 Coríntios 10:31). O que importa é agradar a Deus e não aos homens (Atos 5:29, Gálatas 1:10). E mais do que isso: como diz certo escritor que admiro muito, "Deus é mais glorificado em você quando você está mais satisfeito Nele". O que podemos fazer que mais pode glorificar a Deus é nos satisfazermos Nele, é priorizarmos conhecer a Ele; enfim, é amá-Lo de todo o coração, alma, entendimento e forças (Mateus 22:38, João 17:3).
Eu não entendo a soberania de Deus mas, exatamente pelo fato de Ele ser totalmente soberano e, ao mesmo tempo, perfeito e justo em todos os Seus caminhos, assim como longânimo e bondoso em todos os Seus atos (Salmos 145:4-8 e 17), posso confiar no Seu controle sobre tudo o que me cerca e saber que Ele fará sempre o melhor que poderia se feito... Um dia, porém "veremos face a face e conheceremos como somos conhecidos..." Você já se deu conta disso?
Soli Deo Gloria!
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